Até Que Eu Morra - Dramione escrita por Srt Florencio
— As férias de Natal estão chegando — disse Hermione numa tarde em que ela e Malfoy se sentaram perto do lago.
— Sim — concordou Draco.
—Você vai para casa?
— Não — seu olhar baixou para a pedra que girava entre seus longos dedos — Minha mãe está viajando e aquela mansão não me trás boas lembranças.
— Nem a mim — Hermione estremeceu, aquela memória que ela queria esquecer passando por seus olhos, e Draco levou uma de suas mãos até seu ombro, querendo reconfortá-la, alguns dos outros alunos que estavam ali, aproveitando o tempo livre e o Sol relaxante, tentaram disfarçar os olhares que dirigiam a eles. Já faziam semanas que os dois haviam deixado claro que não eram mais inimigos, mas ainda assim os outros estudantes continuavam a ficar perplexos todas as vezes que os viam juntos, ou seja, quase sempre.
— E você? — questionou Draco — Irá deixar o castelo?
— Eu gostaria, mas meus pais foram para a França e eu não me sinto bem ficando só em casa, me lembra coisas que não deveria.
Os dois ficaram em silêncio, observando a Lula Gigantes brincar na superfície do lago. Aquele era um dos poucos dias que poderiam ficar do lado de fora do castelo, a chuva havia tomado conta de toda a região, impedindo-os de dar um passo sequer para fora das paredes de pedra.
— Você imagina que teria sido diferente? — Malfoy quebrou o silêncio.
— O que quer dizer?
— Eu não sei, se teria sido diferente se eu tivesse sido mais forte, não fosse tão deslumbrado com a ideia de seguir o Lorde das Trevas e de carregar a Marca Negra com orgulho.
Granger suspirou. Tinha pensado tanto naquilo, não em Malfoy tendo sido diferente, mas se todas as circunstâncias tivessem sido.
— Não importa, Draco. Tudo o que aconteceu era porque devia acontecer. Se as coisas tivessem sido diferentes não estaríamos aqui agora — Hermione segurou o pulso de Malfoy, aquele que continha a marca que o denominava um Comensal da Morte — Todos nós temos cicatrizes que a guerra deixou e que são impossíveis de remover. Você possui a Marca Negra e eu a cicatriz que Bellatrix cravou em minha pele — puxou a manga da veste para cima, revelando a palavra Sangue-ruim cravada fortemente em sua carne — E eu a carrego com orgulho, faz parte de quem sou e você deve se orgulhar de quem você foi, não importa se era mau ou não.
Draco fixou seus olhos naquelas marcas, ambas lado a lado e tão diferentes uma da outra, uma feita por desprezo e a outra por poder. Ele e Hermione eram tão diferentes, completamente opostos, e ainda não conseguia entender como tinham chegado ali, naquela situação de cumplicidade. E ele disse exatamente isso para ela.
— Sei que nós temos um passado e que ele é todo ruim, lembranças que eu preferia esquecer, porque você não foi o melhor garoto que eu poderia conhecer, mas que eu nunca irei conseguir. Porém o que importa mesmo é o momento de agora, que estamos reconstruindo uma história e provando que o preconceito é algo muito melhor quando deixado para trás.
— Você é realmente muito boa com as palavras, me fez me sentir menos mau — brincou Malfoy.
Hermione fez uma careta — Certo, temos dois períodos de Trato das Criaturas Mágicas agora e se quisermos chegar antes do Hagrid precisamos ir andando.
Draco suspirou, não estava afim de ter que enfrentar aulas com o meio gigante amigo de Hermione, eles não eram mais inimigos, haviam deixado claro isso, mas ainda não tinham estipulado que tipo de relação ambos mantinham e ficar dois períodos recebendo olhares enviesados do homem que, com toda certeza, não gostava dele, realmente não fazia parte de seus planos. E ele também não era um grande fã do professor.
— Temos mesmo? — perguntou, uma careta formando-se em seu rosto.
— Vamos Malfoy! Já perdemos muitas aulas importantes pesquisando sobre aquela criatura — sua voz caiu um tom — E nos beijando nos corredores. Não quero levar bomba nos NIEM’s.
— Eu voto para nos beijarmos de novo, já que você é uma terrível sabe-tudo e não precisa frequentar as aulas para se dar bem nas provas.
— Draco! — Hermione riu, o som flutuando pelos gramados de Hogwarts e chamando a criatura presa no fundo da Floresta Proibida.
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