Flor Vermelha escrita por magalud


Capítulo 3
Capítulo 3 - Galatea


Notas iniciais do capítulo

Proserpina é apresentada a toda Hogwarts.



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Durante o resto do sábado e praticamente todo o domingo, Severus (ou Proserpina) ficou trancafiado no dormitório feminino. Ele teve lições de etiqueta à mesa, vestuário feminino, artigos cosméticos para pele, unhas e cabelos, comportamento feminino, práticas bruxas para minimizar cólicas menstruais, flerte e provocação para meninos.


- Você não vai usar seu conhecimento para tirar vantagem de alguma menina depois que voltar a ser homem, vai, Severus?


- Claro que não.


- Prometa. Prometa sob pena de ser obrigado a fazer uma cirurgia plástica Muggle!


- Claro que eu prometo, Narcissa. Caso você não tenha notado, eu não gosto de mulheres. Não nesse sentido, quero dizer.


- Mesmo? - Ela olhou para ele, um olhar clínico. - E você não tem nenhum sentimento por Lucius? Quer dizer, nesse sentido?


- Quando eu era mais novo, eu tive uma quedinha por ele. Mas agora não! Juro que não.


Ela sorriu:


- Claro que teve, querido. Quem não teria? Meu Lucius é perfeito, um sonho para qualquer homem ou mulher. Mas ele é meu, entendeu? Se você se insinuar para meu Lucius, você nunca mais vai recuperar aquilo que perdeu. E, se recuperar, eu arrancarei com minhas próprias mãos.


- Eu disse que não tinha mais nenhuma queda por ele - defendeu-se Severus. - Somos bons amigos, só isso.


- Ótimo. Então, pronto para amanhã enfrentar as feras?


- Tenho medo - confessou ele, baixinho. - Será que vou me lembrar de tudo isso?


- Bobagem, você vai se sair muito bem. No primeiro dia, tente ficar comigo o mais que puder. Apesar de termos horários diferentes, vou tentar estar com você o máximo possível. Lembre-se de dizer que, em Durmstrang, as meninas não têm tantas preocupações com a apresentação pessoal e a vaidade é desencorajada.


- Certo. Vai ser uma grande desculpa para não usar perfume. Todos esses que você sugeriu me dão dor de cabeça. E acho que eles podem até interferir com minhas poções.


- E os cabelos? Já aprendeu como prendê-los?


- Não posso só usar uma fivela?


- Assim vai ficar sem vida, desvalorizado. Agora que seus cabelos estão limpos e um pouco alongados, por que não simplesmente usar um enfeite? Aqui. - Narcissa pegou uma fivela numa caixinha e levou Severus até um espelho para as duas se olharem. - Prenda assim, de lado.


Severus suspirou, olhando Proserpina no espelho. Com os dedos ágeis da mão muito magra, ele prendeu a fivela com uma flor vermelha, preservada graças a um feitiço. Calendula officinalis, lembrou mentalmente. Saber o nome da flor lhe trouxe alívio. Aquilo o fez lembrar que ele ainda era Severus, por baixo de todo aquele aparato feminino. Foi um pequeno conforto a que ele se deu direito naquele momento.


Internamente, ele estava apavorado. Tanto que nem sequer dormiu naquela noite.


No dia seguinte, após colocar a saia cinza, as meias ¾ com o friso verde de Slytherin, a gravata de sua casa e olhar-se no espelho demoradamente até acertar a fivela com a flor vermelha, Severus seguiu Narcissa até o Salão Principal. Os demais Slytherins observaram a moça desconhecida ainda que familiar. Mas, como bons membros da casa, nada comentaram abertamente, especialmente quando Narcissa desencorajou os mais curiosos com olhares reprovadores.


A atenção de todos foi desviada pela voz do diretor Dumbledore, animadamente cumprimentando:


- Bom-dia. Após um final de semana revigorante, vamos retornar às nossas atividades com afinco e alegria. Hoje, especialmente, gostaria que me ajudassem a dar as boas-vindas a Proserpina Prince, prima de Severus Snape.


Centenas de olhos se voltaram para Severus. Ele sentiu o rosto ficar quente e baixou o olhar. Dumbledore continuou:


- A Srta. Prince vai assistir às aulas no lugar do primo, que precisou se ausentar da escola por motivos particulares. Peço que tratem nossa convidada de maneira cortês e civilizada, fazendo-a experimentar em primeira mão a conhecida hospitalidade de Hogwarts. E agora, vamos comer!


A comida apareceu magicamente, e Severus abaixou a cabeça para evitar os olhares. Isso, claro, não impediu ninguém de encará-lo. Os murmúrios se espalhavam em todas as mesas.


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- Aquela ali é a prima do Snivellus?


- Desde quando ele tem prima?


- Por Merlin. Ela parece ser tão feia quanto ele. Snivella!


Lily olhou feio para Sirius e James, que trocavam piadinhas sobre a prima de Severus. Peter ria baixinho, encolhido.


- Vamos poder verificar isso de perto depois do primeiro período - lembrou Sirius. - A segunda aula é dupla: Poções com Slytherin.


- Ih, gente, acho que alguma coisa aconteceu - alertou Peter. - O Prof. Dumbledore está indo para lá.


Lily comentou:


- Fico imaginando o que aconteceu com Severus.


Sirius deu um risinho:


- Vai ver que ele cozinhou mal uma poção...


James caiu na gargalhada. Imediatamente Lily verbalizou sua indignação:


- Você fez alguma coisa com ele, não foi? Dá para ver pela sua cara, James Potter, que você aprontou uma para Severus! O que vocês fizeram?


- Certamente nada que fosse levar o Seboso ao hospital! - protestou Sirius. - Só aproveitamos que Remus está... indisposto. Ele teria estragado tudo. E pior: iria visitar o Seboso em St, Mungo\'s.


- Se é que ele foi para lá.


- Quantas vezes eu vou ter que dizer? - indagou Lily. - Eu sou monitora! Preciso reportar coisas desse tipo. Se vocês aprontam essas coisas, eu sou obrigada a dizer aos professores!


- É por isso que a gente não conta para você.


Uma voz diferente interrompeu a discussão:


- Talvez, então, seja esse o motivo pelo qual vocês terão que se explicar no meu gabinete.


Os quatro ergueram o olhar para dar de cara com o Prof. Dumbledore, como eles jamais viram: um rosto desaprovador para seus alunos preferidos. O diretor continuou:


- Espero os três logo após o primeiro período. Não se atrasem. Avisarei o Prof. Slughorn que vocês deverão chegar tarde para a aula de Poções. - Ele deu um pequeno sorriso. - Srta. Evans, tenha um bom dia.


Os três marotos se entreolharam, cabisbaixos. Será que teriam ido longe demais?



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Narcissa se encontrou com Proserpina no Grande Salão, na hora do almoço, e indagou:


- Teve alguma dificuldade para achar a sala de aula?


- Não, todos pareceram bem atenciosos. Obrigado, er, obrigada por isso.


- Não tem problema, querida. Verdade que você esteve com Madame Pomfrey?


Proserpina soltou um pequeno suspiro.


- Sim. Ela me disse que eu poderia ficar com o humor um tanto volátil. Há um pequeno problema com hormônios.


- Mesmo?


- Sabe, eles estão ligeiramente instáveis.


- Oh, isso explica muita coisa. Mas lembre-se do que eu disse: uma dama precisa sempre manter o equilíbrio. Nunca deve perder a pose. Mantenha a classe a todo custo.


Proserpina olhou em volta e baixou os olhos:


- Aqui é tão diferente de Durmstrang. O Prof. Dumbledore acabou de me dizer que ele está trabalhando para ajudar o primo Severus na sua dificuldade. Devo ajudá-lo eventualmente também.


- E os Gryffindors? Que foi feito deles?


- Não confessaram, mas o Prof. Dumbledore preferiu não arriscar. Todos eles estão de castigo, menos o monitor.


- Mesmo? Mas ele deveria ser punido, justamente por ser um monitor.


- O Prof. Dumbledore garantiu que ele estava incapacitado na hora do ataque ao primo Severus. Portanto, não teve nada a ver com isso.


- Ainda assim, não me parece certo. - Narcissa ergueu o nariz perfeito. - De qualquer forma, estarei esperando você logo após a última aula. Acho que Hogwarts não é segura para nossa casa, ultimamente.



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