Flor Vermelha escrita por magalud


Capítulo 2
Capítulo 2 - Chrysalis


Notas iniciais do capítulo

Começa a transformação de Severus em Proserpina



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Severus Snape jamais previra, em toda a sua vida, uma ocasião em que estaria medindo seus seios para decidir o tamanho da taça de seu sutiã. Mas aquela não foi a única indignidade: havia uma infinidade de peças para combinar e misturar por cima ou por baixo da roupa.


Lingerie, por si só, era um mundo à parte. Homens só tinham que escolher entra samba-canção e sungas, mas mulheres tinham calcinhas, calçolas, calçonetes, tangas, biquínis, fio dental, com rendas, com laços, básicas, eróticas (ele se recusou sequer a ver essas), além de chemises, camisolas, anáguas, combinações. Para não mencionar meias-calças, meias ¾, estilo arrastão, meia pernas, 5/7, cintas-ligas. Felizmente, Narcissa explicara, o mundo bruxo abolira os espartilhos e cintas de definição femininas.


Nunca o dia pareceu tão comprido. Afinal, além de lingerie, Severus recebeu um enxoval completo de roupas, calçados e acessórios, e também produtos de toucador - e ele sequer sabia o que era um toucador até Narcissa explicar.


Por diversas vezes, ele entrou em pânico. Como era de sua índole, ao entrar em pânico, ele gritava e resmungava, mas Narcissa explicou que isso não era apropriado para uma dama, e que uma Prince era, acima de tudo, uma dama.


Aquilo o deixou furioso. Não bastava tudo que estava acontecendo: agora ele tinha que controlar também seu temperamento! Afinal, ele era uma dama. A indignidade!...


Ao final do dia, porém, Severus, enfiado num vestido discreto verde-escuro de gola alta e num rabo de cavalo, além de escarpim preto de salto baixo com uma discreta meia-calça cor natural, foi levado por Narcissa até o diretor Albus Dumbledore. O resto das compras tinha sido devidamente encolhido numa elegante sacolinha da boutique Trapos Felizes.


- Não me deixe - pediu Severus, repentinamente sentindo-se vulnerável.


Narcissa sorriu:


- Não se preocupe, Proserpina. Eu estou aqui.


Com um sorriso triste, sentindo-se marginalmente reconfortado, ele entrou atrás dela no escritório do diretor de Hogwarts.


Dumbledore estava de pé, acariciando um bebê Fawkes que, pelo que aparentava, tinha acabado de renascer. A seu lado, Horace Slughorn, enrolando os bigodes, observou as duas moças entrarem. Dumbledore gesticulou para que elas se sentassem:


- Queria me ver, Srta. Black?


- Sim, diretor. Professor Slughorn. Obrigada por nos receberem, mas o assunto é da maior gravidade.


- Essa visitante está envolvida, quero crer.


Severus enrubesceu, arrasado, e encolheu-se o mais que pôde em seu vestido verde.


- Essa visitante - frisou Narcissa - é Severus Snape, meu colega do sexto ano.


Os dois professores se entreolharam discretamente, sem emitir qualquer som. Aquilo, de alguma maneira, não tranqüilizou Severus, que abaixou a cabeça, além de mortificado.


Dumbledore indagou, com cuidado:


- Gostaria de explicar, Srta. Black? Quem sabe o Sr. Snape?


- Ainda não conseguimos saber o que aconteceu, Prof. Dumbledore. Severus suspeita de um atentado.


- Um atentado? - repetiu Slughorn. - Você tem certeza, meu... er... rapaz?


Severus apenas assentiu, mas Dumbledore pediu:


- Conte-me tudo, Severus.


Severus obedeceu, incluindo suas suspeitas de que a poção pudesse ter sido sabotada ou ele sofrido uma maldição ou praga. Ele também não deixou de recordar que Potter e seus amigos já tinham armado para ele anteriormente. Dumbledore lembrou, suavemente:


- James Potter salvou-o uma vez, se você se recorda, Severus.


- Isso não fez de nós melhores amigos - redargüiu Severus, num impulso, vermelho. Ele se deu conta de que tinha respondido ao diretor e pediu: - Desculpe.


- Entendo que esteja bastante perturbado, meu rapaz. O Prof. Slughorn e eu vamos conversar a esse respeito e traçar uma linha de ação. Até lá, peço que a Srta. Black providencie acomodações no dormitório feminino de Slytherin.


Se é que isso era possível, Severus ficou ainda mais mortificado. Narcissa ponderou:


- Se me permite uma sugestão, diretor, não poderíamos poupar Severus de mais humilhação do que ele já está sentindo? Ninguém precisa saber o que ele está passando, além dos eventuais culpados e das pessoas que estão nessa sala.


Slughorn indagou:


- E o que sugere, Srta. Black?


- Poderíamos dizer que Severus precisou ir para casa e sua mãe insistiu que sua prima Proserpina viesse para Hogwarts.


- Proserpina Snape?


- Proserpina Prince, claro. Todos sabem que Snape não tem irmãos. E que o lado bruxo da família são os Prince, não os Snape.


- Claro, claro.


Dumbledore assentiu:


- Parece-me uma boa solução. Não vejo por que não adotá-la. Se Severus concordar, é claro. Ah, desculpe. Eu quis dizer Proserpina.


Deprimido, Severus concordou em silêncio, assentindo.


- Excelente! - disse Slughorn. - Não se preocupe, meu caro Severus. Segunda-feira teremos uma resposta sobre o curso da ação. Mas pode ficar tranqüilo. Vamos tomar todas as providências para que seu sofrimento seja o mais breve possível.


O grandalhão virou-se para Narcissa:


- Até lá, eu gostaria de pedir à senhorita que agisse como cicerone da nossa cara Proserpina aqui em Hogwarts. Eu a apresentarei oficialmente no café da manhã de segunda-feira.


- Ótimo, porque até lá ela precisa ser devidamente preparada. Para ser apresentada como um membro da mui nobre família Prince, ela precisa de umas pequenas aulas.


Severus sentiu um frio na espinha.


- Mas... mas...


- Não se preocupe, Proserpina, querida. Eu estarei aqui para ajudá-la, de bom grado.


Finda a reunião, Severus seguiu Narcissa até as masmorras. Era quase noite, perto do horário do jantar, e não havia muita gente no salão comunal.


- Vamos para o dormitório - convidou Narcissa.


Severus tremeu um pouco. Ele jamais tinha ido ao dormitório feminino, e sabia que Hogwarts tinha proteções contra a entrada de rapazes na área das moças. Por outro lado, ele alimentava a idéia de que talvez aquilo tudo fosse um grande engano, e que ele ainda retivesse uma parte de sua masculinidade. Então, imaginou Severus, se ele fosse impedido de entrar, talvez ele não fosse completamente uma menina. Talvez ele pudesse ser homem.


Suas ilusões desmoronaram quando nada o impediu de chegar até o dormitório das meninas. Ele ficou ainda mais triste.


A rigor, o local não era tão diferente do dormitório dos rapazes. Ao menos fisicamente. Havia menos bagunça de roupas espalhadas e nada de cartazes pelas paredes. Também cheirava muito melhor, notou Severus. Narcissa tirou as compras encolhidas da sacola e começou a colocá-las em cima de sua cama.


A chegada de um elfo doméstico interrompeu os pensamentos de Severus. A criatura se dirigiu a Narcissa:


- Senhorinha Black, Blimpy vem a pedido de Mestre Dumbledore, para arrumar local da Senhorinha Prince.


- Excelente - disse Narcissa, olhando para o elfo como se estivesse sujo. - Precisamos de uma cama extra e um espaço para os pertences de Proserpina.


- Sim, Senhorinha!


Num piscar de olhos, uma outra cama apareceu no dormitório, sem diminuir o espaço para todas as moças que dividiam o aposento. Em seguida, Blimpy começou a expandir os pertences trazidos de Hogsmeade e arrumá-los esplendidamente num armário conjurado na hora.


Assim que Blimpy terminou seu trabalho e foi dispensado com um pedido de trazer o jantar no dormitório, Narcissa voltou-se para Proserpina com um sorriso predatório e convidou:


- Então, Severus, vamos fazer de você uma dama?



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