Flor Vermelha escrita por magalud


Capítulo 1
Capítulo 1 - Metamorphosis




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  Prólogo

Como tudo começou



Com o velho livro de Poções de sua mãe de um lado e um bloquinho de anotações do outro, Severus Snape adicionou a urze e a alcaravia de maneira cerimoniosa. Ele observou a mistura no caldeirão adquirir uma leve nuance de dourado, e em seguida, desprender vapores finos.


Graças à permissão especial do Prof.Slughorn, Severus podia usar o laboratório após o horário do jantar. Era o horário que ele mais gostava do dia: sem precisar se preocupar com o tempo que passava ao caldeirão, ele podia experimentar à vontade. Com privacidade e tranqüilidade, Severus aperfeiçoava as poções que conhecia e tentava criar novas bases, novas filosofias de cozimento.


- Escondido, Snivellus?


Num impulso, ele se virou, já com a varinha na mão, encarando Sirius Black.


- O que você quer, Black? Ninguém o chamou aqui.


- Então, o aluninho queridinho, o favorito de Slughorn, está escondido no laboratório?


- Não estou escondido, se é que isso lhe interessa. Eu tenho permissão para fazer poções até o horário de recolher.


- Só os queridinhos ganham privilégios - zombou Sirius.


Severus olhou em volta, indagando:


- Onde está o resto da sua gangue de arruaceiros? Você não tem medo de me enfrentar sozinho? Afinal, vocês só atacam na proporção de quatro para um.


- Estão estudando. Idéia de Remus. Posso perguntar o mesmo, Snivellus. Onde estão os seus candidatos a Death Eaters mirins? Fazendo rituais de magia das trevas? É isso que está preparando? Uma poção do mal?


Sirius deu um passo à frente, e Severus ameaçou com a varinha:


- Parado, Black!


- Hum, então é uma poção importante?


- Vá embora - disse Severus, olhando o caldeirão, que começava a borbulhar. - Deixe-me em paz. Se eu errar o que estou fazendo, vão ter que retirar os seus restos das paredes com uma pá.


- Ui, que medo! - continuou zombando e se aproximando. - O que está fazendo, Snape? Não seria um xampu para cabelos oleosos, não?


Severus voltou-se para ele, o rosto crispado:


- Suma daqui!


- Está bem, está bem! Fique com suas poções, seu seboso. Namorada,que é bom, nem pensar!


- Fora!


Rindo, brincando, Sirius deixou o laboratório. Severus ainda tremia quando adicionou o heléboro. Black lhe dava nos nervos, mas felizmente ele não tinha estragado a poção.


Mal sabia ele.



Capítulo 1 - Metamorphosis

À noite, Severus teve um sono agitado. Ele não sabia o motivo, mas teve sonhos esquisitos, suou muito, e parecia acometido de estranhas dores e letargia. Os companheiros de dormitório levantaram-se e saíram, mas Severus não estava acordado o suficiente para responder. Todos estavam especialmente excitados pelo fato de ser um fim de semana de visita a Hogsmeade, então ninguém quis esperar por ele.


Quando finalmente despertou, Severus pensou em ir à ala hospitalar, depois da horrorosa noite. Só que ele não sabia que a noite horrorosa não terminara no amanhecer.


Ele finalmente se levantou da cama, caminhando até o armário com uma sensação estranha no corpo. Era como se ele repentinamente tivesse perdido o senso de equilíbrio. Ou melhor: ele tinha mudado de centro de gravidade e agora não sabia direito como caminhar.


O mistério se resolveu (ou aumentou) quando ele tirou o camisolão. Ao olhar distraidamente para o espelho, ele viu em seu peito dois pequenos, redondos, mas inconfundíveis seios.


Severus deu um grito e um pulo para trás. Deu outro grito quando os ditos seios balançaram suavemente com o movimento.


Não era possível!


Os suores voltaram. Ainda mais quando Severus se deu conta de que precisava confirmar o pior.


Sem poder evitar estremecer levemente, ele levou uma mão hesitante até o meio das pernas. Por cima da cueca branca, arriscou um toque leve, esperando a silhueta familiar de seu pênis.


Não foi o que sentiu. No seu lugar, sua mão tocou num monte suave e cacheado, que terminava numa fenda suave, bem abaixo.


Sem se dar conta do que fazia, Severus gritou novamente.


O mundo parecia girar, e estava tudo fora do eixo. Num ato de desespero, ele ficou nu diante do espelho, sem poder tirar os olhos da sua nova imagem. Seus olhos primeiros se fixaram no óbvio: ele tinha seios e uma... uma... vagina. Embora ele achasse, com certeza, que muito tempo se passaria até que ele tomasse coragem de examinar .


Mas então ele ergueu os olhos e viu que seu rosto também tinha mudado. Não muito. O mesmo nariz em gancho, o cabelo preto escorrido. Mas os olhos estavam diferentes. As sobrancelhas pareciam também mais altas, ou finas. O queixo certamente estava mais brando, as maçãs do rosto mais rosadas e altas.


Então ele se deu conta da suave curva que estava em sua cintura. Não era muita coisa, apenas uma pequena curva, sem arestas, sem as angularidades masculinas.


"Que merda", pensou ele. "Virei uma mulher."


Ficou imaginando como isso tinha acontecido. Uma maldição, talvez. Uma poção? Mas quando alguém teria posto alguma coisa em sua bebida...?


Foi aí que ele gelou.


Black. O desgraçado provavelmente tinha ficado encarregado de distrair Severus enquanto alguns dos amigos levitavam ingredientes no caldeirão, ou o atingiram com maldições silenciosas. Ou ambos.


Severus tinha que fazer alguma coisa. Aquilo não podia ficar assim.


Contudo, ao invés de ir à enfermaria falar com Madame Pomfrey, Severus achou mais interessante ir a Hogsmeade. Ele iria pedir ajuda para uma pessoa que certamente não se negaria a fazer um favor a um velho amigo.


Atravessar os corredores de Hogwarts foi uma tarefa difícil, mantendo o rosto baixo e escondidos de todos com quem ele cruzava. As suas roupas de sempre pareciam cair horrivelmente mal, num corpo cheio de curvas e saliências até então inexistentes. Ainda bem que os seios eram pequenos, porque os botões da camisa já estavam querendo estufar. Quando chegou ao portão da frente, ele mostrou a permissão a Filch e disparou o mais rápido que pôde rumo à pequena vila bruxa.


Severus sabia que seu amigo estaria de pé, à frente de Madame Puddifoot, esperando não por ele, mas por sua prometida, que estudava em Hogwarts. Os dois sempre se encontravam nos finais de semana de visita a Hogsmeade, por isso Severus sabia que não tinha como se arriscar a não encontrar o amigo.


Dito e feito, ele estava lá, com seu ar superior e enfiado em suas roupas elegantes. Então Severus se aproximou do amigo:


- Lucius, por favor, ajude-me.


O aristocrata ergueu uma sobrancelha:


- Desculpe, moça, mas nós nos conhecemos?


- Sou eu, Severus! - ele cochichou. - Estou numa enrascada.


- Severus? - Lucius tentou esconder um risinho. - Mas o que aconteceu com você?


- Não sei ainda, mas eu vou descobrir.


Nesse momento, a voz maviosa e gélida de Narcissa se fez ouvir:


- Lucius, querido, vejo que encontrou alguém conhecido.


- Sim, Narcissa. Na verdade, é alguém que você também conhece.


Narcissa encarou a jovem, que enrubesceu. Após alguns segundos de um silêncio embaraçoso, a moça do último ano confessou:


- Ela me parece conhecida, Luc, mas sinceramente...


- Essa, querida, é ninguém menos do que Severus Snape.


A mais nova das irmãs Black levou uma mão ao peito afetadamente. E sussurrou:


- Não...! Não pode ser...


- Infelizmente é verdade - confirmou Lucius, virando-se para Severus. - Algum suspeito? Não, não me diga. Os de sempre: Potter e sua turma.


- Sirius Black estava envolvido - confirmou Severus. - Mas podemos presumir que os demais também estavam nisso.


- Isso tem que ter uma resposta. Mas primeiro, precisamos desenvolver uma estratégia. Não devemos deixar que eles saibam que ganharam. O primeiro passo é permanecer em Hogwarts.


Narcissa continuava olhando para Severus:


- Você vai ter que ir para o dormitório feminino. Mas essas suas roupas são um desastre. Absolutamente abomináveis. Imprestáveis, totalmente. Hum... - Ela abriu as capas dele, e Severus soltou um grito de protesto. - Fique quieta, garota. Eu acho que posso fazer de você uma mulher.


Lucius sorriu:


- Severus, acho que Narcissa acaba de eleger você seu novo projeto.


Severus viu que Narcissa não parava de encarar seu corpo, suas roupas, um olhar clínico nos olhos azuis.


- O que isso quer dizer?


Ela respondeu:


- Quer dizer, minha querida, que você precisa urgentemente de um banho de loja.


- Mas... eu não sou uma garota de verdade!...


- Eu sei! - concordou Narcissa enfaticamente. - Mas agora você vai ser. Vou fazer esse patinho feio desabrochar num lindo cisne. Luc, você se importa se nosso compromisso for abreviado, meu amor?


Ele beijou-lhe a mão, cavalheiresco:


- Claro que não, minha flor exótica. Faça o que precisar para deixar Severus linda e glamorosa. Ou melhor, não chame nossa menina de Severus, nem de Severina. Ela será Proserpina Prince, uma prima de Severus. Tenho certeza de que seus talentos farão um milagre da metamorfose. Não poupe despesas, querida. Eu quero que Proserpina tenha do bom e do melhor. Meu amigo Severus confia em mim para cuidar de sua prima.


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