Divergentes escrita por Nightshade


Capítulo 3
Primeira Noite




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Tínhamos que pular de novo.

Alguns andares abaixo se encontraria a entrada para o complexo da Audácia; nós teríamos que pular do telhado, sem saber se havia algo lá embaixo para aparar nossa queda...

Karen estava sorrindo, mas eu sentia meu rosto empalidecer.

– Com medo, colorida? – ouço uma voz sussurrar em meu ouvido. Viro meu rosto levemente para trás e vejo o garoto de olhos verdes escuros. Será que ele nunca tira aquela expressão zombeteira do rosto?

Fui tomada por uma impulsividade que não poderia ser minha. Eu vi a garota da Abnegação começar a se mexer, mas avanço até a beirada da mureta. Seria isso mesmo? Eu seria a primeira a pular?

Sentia o vento bagunçar meus cabelos, e vendo a altura comecei a me sentir enjoada.

– Ah, quer saber? – ouço a voz de Karen exclamar e em seguida alguém correr.

Antes que eu possa me virar para ver o que estava acontecendo, Karen pula correndo, e me levando junto. Karen saltou e me empurrou. Ela cai rindo, e eu caio gritando.

Caímos em um buraco e somos engolidas pela escuridão; por um momento penso que morremos, mas logo atingimos algo duro, mas que cede ao nosso peso. Mexo meus braços, nada quebrado. Suspiro. Uma rede.

Karen já é tirada da rede, por um cara alto, de olhos profundos e azuis escuros.

– Obrigada. Karen sorri.

Em seguida ele me ajuda também; me sinto um pouco tonta.

– Duas da Amizade? Pulando juntas e sendo as primeiras? – uma garota de cabelos pretos ri.

– Qual é o nome de vocês? – o cara pergunta.

– Karen James. – Karen sorri.

– Amélia Johanson. – minha voz sai fraca.

– Faça o anuncio, Quatro. – a garota de cabelos pretos.

O nome do garoto é Quatro?

– Primeiras a pular: Karen e Amélia. – uma multidão de preto surge, e comemoram. Quatro se vira para nós duas – Bem – Vindas a Audácia.

***

Só havíamos Karen e eu da Amizade. Agora eu começava a me perguntar se havia feito a escolha certa. Sentia alguém me encarando e olhei para trás; qual era o problema daquele garoto? Sorria zombeteiramente todo o tempo... aposto que estava me esperando tropeçar para apontar e começar a rir.

A Audácia nos forneceu roupas, e teríamos que queimar as nossas antigas. Todos juntos. Algumas pessoas já começavam a tirar suas roupas, mas eu enrolava com os botões de meu vestido.

– O Quatro não vai trocar de roupa também não? – Karen me pergunta ao meu lado, decepcionada.

– Não – rio de seu jeito – isso é só para iniciandos transferidos.

– Que pena... – ela tira seus sapatos – Mas será que eu posso trocar de roupa na frente dele?

Me limitei a rir novamente e a tomar coragem para tirar meu vestido.

– Belas pernas, Careta. – vi o cara que me ajudara duas vezes falar para a garota da Abnegação, Tris. Era impressionante o como ele elogiava ao mesmo tempo zombando.

Me concentro em colocar as calças de couro preta e tiro meu vestido, um pouco sem jeito.

– Retiro o que eu disse. – escuto a voz dele falando baixo, mas ainda assim audível – Isso que são belas pernas.

Olho para o lado e o vejo me encarando de cima a baixo. Sinto meu rosto enrubescer e deixo meus cabelos longos esconder meu rosto.

– O Peter disse que você tinha belas pernas, ou eu ouvi errado? – Karen sussurra surpresa.

– Não sei. – sussurro de volta, sem levantar meus olhos, enquanto amarro meus sapatos.

– Você está vermelha! – Karen riu – Não acredito que está desenvolvendo uma paixonite pelo bonitinho ordinário!

– Quieta! – minha voz saiu ríspida, mas isso apenas fez Karen rir mais.

***

Um pouco mais tarde, já deitada na cama, em um quarto em que todos os iniciandos transferidos dormiam juntos, eu estava pensando no dia de hoje.

Minha escolha de sair da Amizade e ir com Karen para Audácia. Minha vida na Amizade era tudo que uma pessoa poderia querer: calma, musical, artística, sem preocupações e em paz. E só nós duas fomos as transferidas da Amizade...

Senti meus olhos se encherem de lágrimas, se eu quisesse chorar, agora era a hora; poderia abafar o choro no travesseiro, mas minhas lágrimas caem silenciosamente.

Ouço soluços abafados, e olho ao redor; que desfalecia dessa forma era Al, um garoto transferido da Franqueza... fiquei surpresa e com pena. Ele deveria estar realmente muito sentido.

Olho para a cama que fica ao lado da dele; Tris estava acordada e mais próxima, mas estava impassível a tristeza de Al. Fiquei com raiva. Será que ela não tinha nada da Abnegação em si?

Me levantei, com cuidado para não fazer barulho, e fui até Al. Me agachei em frente a sua cama e apertei sua mão e o abracei por trás, para mostrar que ele não estava sozinho.

– Sh, está tudo bem... – falava, enquanto ele apertava minha mão.

Aos poucos ele ia parando de chorar, mas continuava segurando minha mão. Me sentei no chão, segurando sua mão, e encostei minha cabeça no colchão da cama. Iria ficar com uma bela dor de pescoço no dia seguinte, mas não teria coragem de sair de perto de Al, levando em consideração o estado em que ele estava, para voltar para minha cama.

Fechei os olhos.

***

– Acorda! Temos que ir para a sala de treinamento! – sinto Karen arrancar minhas cobertas.

– Mais cinco minutos. – reclamo, me virando na cama.

Então algo me desperta. Cama? Eu estava sentada no chão ao lado da cama de Al, não em minha cama.

– Você me trouxe pra cá? – perguntei a Karen.

Ela me olhou de forma estranha.

– Acordei agora. Você estava dormindo aí... – ela franziu as sobrancelhas – Por que?

Balanço a cabeça para clarear meus pensamentos.

– Depois eu explico. – falo.

Com certeza alguém me levou de volta para minha cama; e ainda teve o cuidado de me cobrir.


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