Divergentes escrita por Nightshade
Em meu vestidinho vermelho escuro e com o arco amarelado segurando meus cabelos para trás, me sentia deslocada ali no meio da Audácia. Aliás, nunca gostei de correr com vestido, mas precisava. Karen corria ao meu lado, seguíamos o pessoal da Audácia, não sabíamos ao certo para onde íamos. Havia um cara da Erudição transferido e uma garota da Abnegação...
– Vamos ter que pular para dentro do trem! – exclama Karen, animada. Ela estava se divertindo com tudo aquilo.
Tentei esconder meu leve nervosismo.
Corremos seguindo o vagão aberto; apesar de Karen ser a mais baixa, ela dá um belo salto e entra no trem, como os outros. Eu salto, não muito bem, admito, mas consigo segurar a barra da porta e sinto duas mãos fortes me equilibrar e trazer para dentro.
Ainda em adrenalina, olho para as roupas que o rapaz estava usando, que eram camisa branca e calça preta. Transferido da Franqueza, com certeza. Em seguida olho seu rosto. Puxa, pela primeira vez posso chamar alguém de charmoso, pois era isso que ele era; os olhos verdes intensos, os cabelos escuros e ondulados e traços angelicais. Mas suas sobrancelhas levemente arqueadas e o leve sorriso não me pareciam muito angelicais. Mas mesmo assim ele era bonito.
Abro a boca para o agradecer, mas ele fala primeiro.
– Belo salto, colorida. – sorri zombeteiro, e outras duas pessoas riem com ele, uma garota alta e forte e um garoto que apesar que forte, parecia idiota.
Sinto meu rosto arder de vergonha e vou para o lado de Karen, que parecia preste a voar no rapaz de olhos verdes.
– Quer que eu arrebente o bonitinho ordinário? – ela perguntou, respirando forte.
– Não, ele me ajudou. – respondi, observando a diferença de tamanho entre os dois.
– Você é muito gentil para o seu bem... – Karen apertou meu ombro.
Sorri para ela.
***
– Vamos ter de pular do trem. – Karen me avisa.
– Como é? – sussurro a pergunta de modo esganiçado.
– Do trem para o telhado. – ela aponta com o polegar – Vamos, vai ser divertido!
Karen segura minha mão e corre comigo até a abertura do vagão e saltamos. Quero dizer, ela salta, eu salto e grito. Minha aterrisagem não foi muito boa; por um segundo achei que ia cair nos trilhos, pois pisei na beirada, mas novamente mãos me seguram e me puxam da beirada. Me encontro outra vez sendo ajudada pelo “bonitinho ordinário”.
Ele me encara, ainda segurando meus braços, e sorri de modo zombeteiro.
– Estou começando a achar que não ensinam a agradecer na Amizade. – alarga o sorriso.
– Obrigada. – digo gentilmente, sorrindo de volta para ele.
O rapaz adquire uma expressão confusa por um segundo, e então me solta com um leve empurrão e se volta para implicar com a garota da Abnegação.
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