Darkness Heiress escrita por HannahHell


Capítulo 14
Capítulo 14: Vincent




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“Foi há muito tempo, não consigo lembrar ao certo detalhes fúteis como dia, mês ou ano. Lembro apenas que eu era pequena, deveria ter uns cinco ou seis anos. Lembro que foi na época em que aprendi a ler e estava me aventurando pela biblioteca do orfanato.

Eu gostava de ficar nos jardins do orfanato, em baixo de uma laranjeira pois era um lugar fresco de cheiro agradável e que criava um ambiente perfeito para uma boa leitura. Costumava colocar uma toalha na grama e me sentar lá com as costas apoiadas no tronco.

Um dia quando a laranjeira estava em flor e eu lia compenetrada um livro trouxa, alguém sentou ao meu lado.

Era um garoto uns dois anos mais velho que eu no máximo, tinha cabelos vermelhos e olhos cinza, tinhas sardas pintando toda a região do seu nariz e bochechas, era alto o suficiente para que eu tivesse de olhar para cima toda vez que ia conversar com ele, mas isso não me desagradava.

-Você tem cheiro dessas flores, sabia? – ele me disse com um sorriso de orelha a orelha – o que este lendo, menina das laranjeiras?

-’Romeu e Julieta’ – respondi, não conseguia olhar nos olhos dele sem me sentir desconfortável.

-Em que página está?

-Na dois, peguei este livro hoje.

-Então eles mal se conheceram ainda - ele deduziu e olhou para o dicionário que eu a toda hora abria para descobrir o significado de uma palavra nova – quer ajuda?

O encarei por alguns momentos, tentando me sentir irritada, como normalmente acontecia quando se ofereciam para me ajudar, porém, não senti nada, então concordei com um aceno de cabeça.

Lembro que ele se sentou do meu lado e colocou o dicionário no colo, esperando para procurar uma palavra que eu não conhecesse.

Seu nome era Vincent, Vincent Maxwell, e ele era gentil demais para merecer estar num orfanato.

Por alguma razão eu  lia aquele livro cada vez mais lentamente, só para que ele passasse mais tempo comigo. Ao mesmo tempo, comecei a ler outras obras de Sheakespeare: ‘Macbeth’, ‘Hamlet’ e ‘A Tempestade’.

Eu, por alguma razão, não queria terminar de ler ‘Romeu e Julieta’, mas ao mesmo tempo queria continuar a ler livros na companhia de Vincent.

Até que um dia, depois de dois meses, quando eu já havia terminado de ler as três obras que havia começado a ler para me atrasar. Bem neste dia, quando eu estava obstinada a terminar o livro que começou toda esta história, ele não veio.

Era uma tarde de verão. Disso eu me lembro bem, o sol estava forte, o céu estava sem nuvens. Parecia que eu estava em um forno. Naquele dia eu o esperei, esperei, esperei, mas ele não veio.

Nos dias seguintes ele também não apareceu. Primeiro eu fiquei com raiva dele. Não cheguei mais perto do jardim, devolvi o livro e o dicionário para a biblioteca e procurei a Senhorita Cole pedindo para ela me levar até ele.

Eu queria mostrar para ele que ninguém me abandona, ensiná-lo que eu merecia um aviso e não ficar sentada de baixo de uma árvore a tarde inteira e ter o rosto queimado pelo sol.

Mas toda esta vontade passou quando ela me levou até a enfermaria. Neste momento eu senti algo que eu nunca havia sentido até aquele momento: preocupação e medo.

Cada passo que eu dava a angustia ia crescendo, nos leitos não havia ninguém, até que, deitado na última cama, eu o avistei. Estava pálido, magro e com olheiras, eu não sei o porquê, mas ao vê-lo desse jeito senti uma necessidade de saber o que ele tinha, se ele ia ficar bom, eu queria que ele ficasse bom. Precisava de alguém para procurar as palavras no dicionário e para me explicar os versos que eu não entendia.

-Ele tem um tipo incomum e agudo de pneumonia, agravada pela asma – a enfermeira me contou de olhos baixos.

-Por que ele não está no hospital? – eu queria saber o por que da incompetência daquela mulher. Se ela não sabia o que ele tem, levasse para quem sabia.

-Não há leitos no Hospital Municipal e não temos dinheiro para pagar um particular – ela me contou séria.

Senti meus olhos embaçarem, mas eu não queria chorar – ele... Vai sobreviver? – minha voz saíra num fio, e segurei a mão dele. Ela estava gelada, mas ao colocar a mão na sua testa, senti que estava queimando de febre, respirava com muita dificuldade.

A enfermeira não respondeu, apenas abaixou a cabeça com um olhar triste. Sempre fui inteligente, soube na hora que isso fora um “não”.

Soltei a mão dele e fechei os olhos respirando fundo para não deixar nenhuma lágrima cair – quanto tempo ele tem?

A mulher me encarou e suspirou – dias, talvez horas, não há como saber ao certo. Apenas que não é muito tempo.

Saí dali e fui até o jardim, sentei embaixo da laranjeira e fiquei por lá tanto tempo que acabei adormecendo.

Quando acordei, descobri que a enfermeira estava certa, ela não tinha muito tempo. Quando acordei ele havia morrido. A primeira coisa que fiz foi queimar todas as árvores e, antes que alguém viesse corri para o meu quarto.

No dia seguinte foi o enterro dele, este fora o primeiro e último dia em que eu derramei uma lágrima” Catherine terminou, seus olhos estavam desfocados, e Dumbledore podia jurar que vira neles um brilho de tristeza.

“Catherine, por que você é assim?” Dumbledore tinha uma voz um tanto curiosa “quero dizer, você já teve experiências tristes e felizes o que te deixou deste jeito?”

“Depois desse dia eu percebi que sentimentos não levavam a nada, e... Escondi meus sentimentos, junto com as lembranças dele, na esperança de que um dia eu esquecesse tanto dos sentimentos quanto de Vincent” ela piscou e voltou a sua inexpressão habitual, qualquer brilho que demonstrasse algum sentimento foi apagado “ mais alguma coisa antes que o efeito acabe?”

Ela se sentia irritada, queria calar sua boca, mas as palavras saíam sem que ela pudesse as controlar.  Gostaria de poder estar em posse de suas varinhas, pelo menos assim, poderia dar um jeito naquele velho enxerido.

“Você terminou de ler ‘‘Romeu e Julieta’’?” Dumbledore falara de uma maneira que parecia que a resposta para essa pergunta resolveria todo o quebra-cabeça por trás de Catherine.

“Sim, no primeiro dia de aula, eu li aquele livro do começo ao final, mas na época eu não entendi as ações dos personagens.” Contou inexpressivamente sem entender qual a importância das perguntas.

“Agora você entende?” Dumbledore tinha um brilho estranho no olhar, algo que parecia com uma criança prestes a descobrir um grande segredo.

“Um pouco” ela respondeu, mas depois respirou fundo e assumiu um semblante sério “Dumbledore, posso lhe pedir um favor?”

“Depende.”

“O senhor poderia espalhar que estou morta? Não quero os comensais atrás de mim, isso me atrasaria muito. De qualquer modo, quando eu sair daqui, juro que nunca mais me verão” Catherine explicou calmamente, mas Dumbledore viu que estava sendo muito difícil para o orgulho dela pedir-lhe isso.

“Certo, a partir de hoje, você estará morta” ele sorriu e se levantou indo até a porta “Catherine, uma última coisa, por que você começou a entender aquele livro?”

Ela deu um sorriso debochado e uma risada arrogante “Velhote lerdo, o efeito já acabou, não falarei mais nada” gabou-se vitoriosa.

Dumbledore suspirou e saiu do quarto sem dizer mais nada.


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Notas finais do capítulo

Embora curtinho, eu adoro esse capítulo.
Adorei escrever o lado humano da Cath *-* e acho que agora poderei escrever feliz sobre o futuro já que todas as partes importantes do passado dela foram exibidas *-*
espero que tenham gostado e comentem bastante
Ah e direi uma coisa sobre o próximo capítulo: ele será impressionante heheh



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