10 de fevereiro de 2015 às 09:30 da manhã de sexta-feira...

Já estava com quase um mês de aula, já havíamos feito uma prova e a maioria delas já haviam sido marcadas. Eu estava saindo da aula de química analítica quando ouvi Diego falar.

– ei, menina apresada perai. – ele falou e eu parei de andar.

– fala logo que eu tô com fome e o lanche já vai sair. – cruzei os braços.

– eu queria falar com você. Não aqui, poderia vir comigo um instante? Prometo que te pago um lanche depois. – não achei que tivesse problema então eu o acompanhei até um lugar mais reservado.

– que era? – perguntei.

– eu terminei com a minha namorada. – ele disse, eu fiquei bastante surpresa com a notícia.

– er? E... e, então?

– mas foi porque ela descobriu que eu tô gostando de outra garota. – ai meu Deus, um dos meus melhores amigos, eu olhei pro lados um pouco apreensiva. Ele finalmente vai me dar bola?! Meu subconsciente se perguntava. – eu tô apaixonado pela Mila, e não sei como dizer pra ela, Scar você tem que me ajudar. – eu comecei a ri, por um momento pensei que fosse por mim. Ele me olhou muito confuso. – do você tá rindo? Era pra você me ajudar e não pra tirar onda.

– eu sei, eu sei. – falei respirando e parando de rir. – desculpa Diego não era de você, é que lembrei de uma situação que... bem não importa. – segurei as mãos dele. – eu vou te ajudar sim, - soltei e fomos andando para a área de convivência. E também pra ser sincera eu nunca fui com a cara daquela sua namorada. – sorri. Deu tempo de ele comprar meu lanche, depois que acabamos de comer voltamos pra sala. – com licença – falamos os dois, o professor Thomas, já estava em sala.

– podem entrar. – ele disse. – pelo menos não foram 40 minutos de atraso hoje não é?! – ele completou, Diego que se dirigiu para a fila detrás riu. Eu fiquei na primeira, Thomas continuou com sua aula, de vez enquanto, eu tinha a impressão que ele me encarava, mas deve ser coisa da minha cabeça, Diego me mandou um bilhetinho, aproveitei que o professor estava e costas e abaixei pra pegar, estava escrito: “como irá me ajudar?” eu escrevi em outro papelzinho: “não sei ainda, o que você tem em mente?” mandei o bilhetinho, alguns minutos depois, vem outro: “só quero que seja especial, que não assuste ela.” Minha vez de escrever: “eu já sei, mas depois eu te conto.” enrolei o papelzinho, quando vi ele ser puxado da minha mesa.

– “Depois eu te conto” – meu professor que havia pego o bilhetinho. – não me parece a atividade que eu pedi. – ele aponta pro quadro.

– não é. – eu disse um pouco envergonhada.

– pra quem era o bilhete? – ele pergunta no tom bem humorado.

– pra mim professor. – Diego responde.

– Huuuuuuummm – toda sala imediatamente despertou.

– Silencio turma. – Thomas disse calmamente, percebi uma mudança em sua expressão. Apesar de calmo, agora parecia sério, ele entrega o bilhete ao meu colega e volta para frente da lousa. – continuando galera...

– ei Scar. – Guilherme disse, ele estava do meu lado. – tenha vergonha e deixe isso pra depois da aula. – ele riu.

– cala boca Guilherme. – tentei acompanhar a atividade, eu e Diego poderíamos ter dito que não era nada, mas isso só ia alimentar o imaginário da turma, então achamos melhor deixar quieto. Algumas horas depois a aula acaba, já estava recolhendo meu material, quando olhei para perto da porta e vi Diego conversar com o professor.

– é, desculpa por atrapalhar sua aula professor, e não culpe a Scar, eu que comecei mandando os papeis.

– eu sei. – Thomas disse, eu sorri lá mesmo onde eu estava. – relaxa garoto. – ele fala, Diego sai, na minha mesa eu peguei tudo e fui caminhando até a saída, para minha surpresa ele ficou na frente da porta.

– mais um que não está acostumado a receber “nãos”? ou pra este, é um sim? – ele fala com esboço de um sorriso entre os lábios.

– na verdade, ele está querendo a minha ajuda para receber um “sim”, mas de outra garota. – eu disse.

– ah, desculpe atrapalhar seu dia como cupido, mas eu precisava dar aula, e precisava da sua atenção.

– eu peço desculpas não era o momento apropriado. – olhei para baixo, e depois pra ele. Sorri, por causa do silencio que estava entre nós, somente seus olhos que não paravam de olhar. – eu tenho que almoçar agora. – eu disse na tentativa de fazer com que ele saísse da frente da porta, e deu certo, ele afasta pro lado. – tenha um ótimo fim de semana professor.

– você também Scarlett. – ele retornou para dentro da sala e eu ia continuar a andar quando vejo a Ivy no fim do corredor voltando.

– Scarlett, como você é lesada. – ela disse chegando até mim.

– eu estava distraída Ivy.

– como sempre, pois bem, hoje à tarde nós vamos vir pra cá estudar.

– “nós” quem? – perguntei.

– eu e você boba. – ela riu. – se ficarmos em casa, só vamos ficar nas conversas do Whatsapp e não vamos nos concentrar por isso vamos vir pra cá ta bom? – antes que eu pudesse responder ela me dar um abraço. – sabia que ia concordar. Te vejo mais tarde, as 13:45. Agora preciso ir, - ela falou descendo as escadas.

– ta bom. – eu disse mas já era tarde e eu já estava sozinha, ela sempre me faz ri. Já em casa eu terminei meu almoço, 12:30, só tenho que está lá as quinze prás duas, fiquei no celular por um tempo e quando deu a hora fui me arrumar. Coloquei um vestidinho, prendi o cabelo e coloquei uma sapatilha, saí apressada de casa, Ivy odiava quem à deixava esperando. Chegando na biblioteca, não vi ninguém, no mesmo instante o celular toca. Ivy.

– onde tu tá? Já cheguei. – eu disse me encostando em uma das estantes.

– eu tô presa no banco, o dinheiro da minha bolsa saiu, mas a fila tá horrível Scar, desculpa não vai da tempo eu ir hoje não. - ela ri um pouco – olha que incrível a vida de universitária. Uau, meu Deus, é ótimo. O caralho que é ótimo. – ela falou, tava estressada. Eu ri baixinho.

– relaxa tá, pois bem eu vou estudar aqui. – pra que eu fui falar isso, ela imediatamente gritou.

– ta doida? Você não vai estudar sozinha coisa nenhuma, aí você aprende tudo e eu fico burra é?! Não, você vai esperar por mim, deixa pra estudar amanhã então. – eu já tava rindo, ela doida.

– que ótima amiga você não é?! Tá querendo que eu fique de recuperação?

– se você ficar de recuperação eu também fico, mas olha pelo lado bom Scar, estaremos juntas. – nós duas rimos em seguida ela se despediu, e desligou. Guardei o celular e quando virei tive um susto com quem eu encontrei lá. Thomas.

– que susto você me deu. – eu disse rindo.

– cadê a sua amiga? - ele perguntou cruzando os braços, seu charmoso sorriso de canto enfeitava seu rosto.

– ela nem pôde vir e... – parei por um momento. – como o senhor sabia?

– digamos Scarlett que descrição não é o ponto forte da Ivy, ouvi ela comentar hoje de manhã perto da sala de aula.

– de fato. – eu ri. – e você o que faz aqui?

– também gosto de ler. Inclusive... – ele descruza seus braços e caminha em minha direção, chega tão próximo que consigo sentir sua respiração. Ele pega um livro da estante que estava atrás de mim. – Thomas Hardy. – disse ele me dando um pouco mais de espaço.

– é, parece ótimo. – falei ofegante, a parte insana da minha mente queria ter agarrado em sua nuca pra e ter tirado dos seus lábios aquele seu sorriso, já a parte racional, queria se esconder. Ele devolve o livro pra estante, mas próximo de mim.

– você confia em mim? – ele pergunta me tirando dos meus pensamentos. Nem precisei pensar em sua reposta, ela apenas saiu.

– sim. - senti os dedos da sua mão se entrelaçarem nos meus, ele me puxou até a última estante da biblioteca, a cada passo que eu dava sabia que caminhava para minha insanidade, e as borboletas no meu estômago alertavam sobre isso, quando chegamos ele soltou minha mão e ambas as suas tocaram meu rosto, nossa comunicação foi apenas através de nossos olhos, ele me encarava, mas dessa vez sem seu típico sorriso, bem devagar eu subi minha mão até seu rosto, e pronto, era o consentimento que ele esperava, com vontade seus lábios tocaram os meus, e agora com minhas duas mãos eu o puxava para o mim, quando senti suas mãos descerem até a minha cintura e com força elas me agarrarem para o mais próximo possível do seu corpo, nunca senti tanto desejo em só beijo, e eu pude notar que não foi só da minha parte, infelizmente o ar foi necessário, ele parou o beijo mordendo o lábio inferior da minha boca.

– as vezes as melhores histórias não estão nos livros Scarlett, e o melhor dessas historias não escritas, é você não precisar lê-las, é vive-las. – suas mãos ainda acariciavam meu rosto.

– o senhor é meu professor. – eu disse me desencostando da estante.

– então ninguém poderá ficar sabendo?! Ok?! – eu assenti depois sorri de leve.

– eu preciso ir. – eu disse.

– é claro. Até mais. – ele me puxou para mais um beijo e depois eu sai timidamente, tenho muito que agradecer a Ivy por não ter vindo.