Lá estava eu, na sala da academia sentado em uma das carteiras mais próxima da Sakura -chan, com a roupa toda encharcada. Quis me aproximar mais, mas parei ao ser fuzilado por um olhar mortal dela.

Como se ela estivesse me dizendo. – Não se aproxime mais, falhado. – Ou talvez seja apenas coisa da minha estúpida cabeça.

– Esquece ela moleque, esse tipo de garota só merece estar no inferno. – Disse a Kyuubi.

– Não se preocupe, eu tenho o plano para pegar ela. – Disse eu.

– Olha se queres ter garotas, babando aos seus pés eu posso te ajudar. – Recomendou a Kyuubi.

– Achas que não aguento arranjar uma sozinho? – Questionei.

– Eu estive te observando durante esses treze anos, e se há um assunto que menos entendes é sobre mulheres. –

– Como é que podes ter tanta certeza? Por acaso também lês os meus pensamentos? – Questionei.

– Não preciso ler seus pensamentos para saber, que és a pessoa mais chapada que alguma vez conheci. –

– Isso é um insulto ou é um elogio? –

– A propósito, tem alguém vindo para aqui e parece ser bem poderoso. – Alertou a Kyuubi.

– O que te levou a pensar isso? –

– Parece que para além de possuir uma boa quantidade de chakra, também parte dela está misturada com os dos Uchihas, cujos poderes são sinistros. –

Conclui que, quem está vindo é com certeza o novo Sensei, mas isso não quer dizer que, por ser Sensei chega a hora que lhe apetecer, já faz quase três ou quatro horas que esperamos por ele, parece até que estamos aqui a manhã inteira.

De repente começamos a ouvir passos de alguém, caminhando lentamente que se aproximava cada vez mais da nossa sala. Por meio de cada passo que dava, era possível alegar que ele estava nem ai para a hora de sua chegada.

Vimos a porta sendo aberta lentamente, até que se revelou um jounnin de cabelo grisalho, que cobria a parte do seu nariz e boca, e sem esquecer da bandana que cobria o seu olho esquerdo.

– Esquisito?! – Pronunciou Sakura baixinho, que logo perguntou – Quem é você? Estás perdido senhor? – Disse num tom de zombaria.

– Não…não, eu sou o vosso novo Sensei, Hatake Kakashi. – Respondeu o grisalho.

– Sensei?! E são horas de chegar, já faz um bom tempo que estamos a tua espera. – Disse eu.

– Já faz um bom tempo? Vejam só quem falou se não é o falhado da turma que também costuma chegar atrasado. – Pronunciou Sakura outra vez baixinho, mas consegui ouvir novamente.

As vezes ela, chega mesmo a se tornar irritante.

Sasuke no entanto apenas nos olhava sem ligar muito o que dizíamos ou fazíamos. Seria bom também, se as vezes ele se importasse um pouco com as pessoas que o rodeiam.

– Desculpem lá o atraso, é que… estava ajudando uma velhota a carregar algumas coisas e…- Pausou ao perceber que não havia nos convencido nadinha e continuou – Mas isso agora não importa, eu estarei esperando por vocês no telhado, vê se não atrasam molengas. – Declarou Kakashi sumindo em um Shunshin.

Quando o Kakashi Sensei sumiu, deixou a Sakura -chan irritada até a flor da pele, era como se ela desejasse estrangula-lo até a morte. Sasuke por outro lado, se levantou e foi o primeiro a sair da sala, e ia em direcção ao telhado. Que não tardou nada, fomos atrás dele.

Enquanto subíamos pelas escadas, o único som que se ouvia era dos nossos passos, totalmente descompassados. Ninguém teve a audácia de falar nada, como se cada um estivesse perdido em um mundo encantado.

– Moleque?! Pergunta ai naquele Uchiha Maldito e nessa ruiva, o que estavam a fazer na sala antes de chegares. – Disse a Kyuubi.

– Estas a falar a sério?! E mesmo se estivessem fazendo alguma coisa invulgar duvido que falem a verdade. -

– Quês ou não resolver esse assunto?–

– É claro que quero, mas… –

–Então para de empatar e pergunte logo. – Disse a Kyuubi, me interrompendo.

Dei duas tossidelas quando já estávamos no telhado. Para chamar a atenção deles, mas acabei sendo ignorado ainda mais.

– Sasuke…Sakura -chan?! – Disse eu, vacilando ao ser fitado pelos seus olhares.

– V-vocês fizeram algo juntos, enquanto eu ainda não se encontrava na sala de aula? – Questionei desconfortável, e só não corei por causa do que a Kyuubi faria comigo se não perguntasse.

Os dois que estavam pararas, se entreolharam por uns segundos e as suas bochechas ficaram rosadas, coisa que achei impossível de acontecer, por apenas cruzarem os seu olhares por uns segundos.

– Não. – Falaram os dois simultaneamente e continuaram a caminhar.

– Vês, não aconteceu nada. – Disse eu para a Kyuubi, mesmo já percebendo que eles escondiam algum segredo.

– Mentiram para ti moleque. – Disse a Kyuubi.

– Deves estar a delirar ou algo do género. -

– Moleque tens muito que aprender porque a um velho ditado " Aquele que não fala com os lábios, fala com as pontas dos dedos, nós nos traímos por todos os poros." –

– Okay. – Disse eu, para não cair mais nas suas conversas.

– Vejo que não entendeste o verdadeiro significado por detrás deste ditado. –

– É claro que entendi. – Disse eu.

– Então me diz qual é? –

– Bem… qual era mesmo o ditado? –

– Baka…– Disse a Kyuubi desiludida.

Vi o Kakashi -Sensei a guardar um livro, cuja capa não me era estranha, só não consegui lembrar de que livro se tratava. Pela forma como ele lia antes de nós nos aproximarmos, parece que é muito importante para ele.

Depois de nós nos sentarmos, ele se ajeitou.

– Como hoje é o primeiro dia, não pedirem muito de vocês. Por isso, gostaria que fizessem uma curta apresentação acerca de vocês. – Pronunciou Kakashi.

Levantei minha mão.

– E temos que falar mais ou menos o quê? –

Kakashi acariciava o queixo.

– Deixa -me ver… comecem por dizer os vossos nomes…, o que gostam…, o que não gostam…, e quais são os vossos sonhos… -

Nós os três se entreolhamos, para ver quem teria a iniciativa de começar primeiro.

– Se não começarem a falar serei obrigado a indicar. – Disse Kakashi.

Conhecendo muito bem a personalidade dos dois, levantei o meu braço direito ganhando assim atenção dos presentes.

– Muito bem, podes começar rapaz encharcado. – Zombou Kakashi.

– Droga, parece que passarei o dia a ser zombando por estar encharcado. – Pensei.

– Eu sou… Uzumaki Naruto! Gosto de Ramen do Ichiraku e também aprecio a arte… - Pausei ao perceber que me olhavam dos pés a cabeça. – E eu odeio esperar alguém por muito tempo. Meu sonho… é de algum dia superar o Hokage, ganhando assim o respeito de todas as pessoas dessa e de outras vilas. – Disse eu.

– Nada mal, e você tem algum passatempo favorito? – Questionou Kakashi.

– Treinar… treinar… e treinar… - Falei repetidamente, depois de pensar por um tempo.

– Próximo. – Disse Kakashi ao olhar para Sasuke.

– Eu sou… Uchiha Sasuke. São muitas as coisas que odeio, e poucas que gosto, além disso eu prefiro dizer que possuo uma ambição e não um sonho…- Disse Sasuke.

– Que é… - Pronunciou Kakashi arqueando uma sobrancelha.

– Tem um certo homem… que quero matar. – Declarou Sasuke friamente causando um silêncio assustador.

E mais uma vez, ele ganhou de mim e só com as palavras. Odeio mesmo esse cara, só desejo um dia ter a oportunidade de me deliciar devidamente, quando ele perder para mim num futuro não muito distante.

– Próximo. - Disse Kakashi recomposto.

– Eu sou… Haruno Sakura. O que eu gosto… hum, de quem eu gosto… hum, meu sonho… Ahn. – Pronunciou Sakura, que a cada pausa soltava um olhar apaixonado para o moreno.

Okay se ela continuar a fazer esse tipo de coisas, entrará na minha lista de inimigos a derrotar, o que não será bom para a nossa relação futura.

Kakashi Sensei esteve pensativo por uns momentos, como se estivesse tirando conclusões sobre nós e se levantou.

– Por hoje é tudo, começaremos as missões ou treinos amanhã. –

– Que tipo de missões? – Questionei, como não estava minimamente interessado em treinar com um Sensei esquisitoide, cujo rosto é quase impossível perceber se ri das nossas piadas ou não.

– De momento só há uma que vocês têm de fazer… - Pausou Kakashi.

– Qual? – Perguntou Sakura.

– Treino de sobrevivência. Nele serei o vosso oponente, e não será um treino qualquer, quem falhar pode dizer adeus ao seu lindo sonho ninja. – Disse Kakashi desaparecendo em um shunshin.

Ficamos calados por um tempo, depois do Kakashi Sensei dar um fora. E como sempre, Sasuke foi o primeiro a ter a ideia de ir embora.

– Sasuke, vamos caminhar para casa junto! – Disse Sakura, enquanto corria tentando alcança-lo.

– Não obrigado, eu sou finalmente um gennin e não tenho tempo para distracções. Irei treinar sozinho. – Declarou Sasuke friamente.

– Acho que tens razão. – Declarou Sakura tristemente.

Se há uma relação ou algo parecido entre eles, parece que acaba de terminar agora mesmo.

Eu até diria para ela que posso acompanha-la até sua casa, tentando assim bancar a benfeitor, mas ela sempre recusa esse tipo de pedido meu. Por isso, dei meia volta e parti do lado contrário sem ligar para ela.

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Caminhei em direcção a casa da floresta, para treinar novamente com o meu senpai. Quando estava próxima dela, vi Deidara arrumando algumas coisas em uma mochila, como se já tivesse uma missão.

– Bom dia, Deidara senpai. – Disse eu.

– Oh… Naruto. – Disse ele espantado como se não contava com a minha vinda.

– Qual é o treino de hoje? – Questionei.

– Bem… quanto a isso, já não há mais treino para ti. – Declarou Deidara vacilando.

– Não há mais treino?! –

– Te ensinei tudo o que sei fazer, agora tudo só depende da forma como as iras usar. – Disse Deidara.

–Mas… eu ainda não me sinto forte o suficiente. – Lamentei.

– Estás enganado, já és forte o suficiente para derrotar qualquer um, apenas confie um pouco mais em ti. – Argumentou Deidara.

– Mas… - Dizia eu.

– Para de insistir sabes que eu odeio isso. –

Baixei o meu olhar para o chão desiludido.

– Não se preocupe Naruto, eu te ajudo no treino mais tarde. – Disse Yugao aparecendo com um ANBU em cima de uma árvore que estava próximo da casa, mas era como se estivessem nos vigiando, já há algum tempo atrás.

– Seria bom agora. – Disse eu.

– Agora não vai dar, tenho de cumprir uma missão. – Disse Yugao olhando para o Deidara, que me pareceu trocarem palavras com olhares.

Deidara se aproximou de mim e pegou em meu ombro.

– Olha, esqueci de te dizer que o Chakura Konemasu tem um ponto fraco, apesar de quase impossível de se perceber. –

– Qual? – Perguntei curioso.

– Ele se torna quase inútil para ninjas, cuja natureza de chakra é Raiton. Por isso, toma cuidado nos combates que travares. – Disse Deidara, que desapareceu a minha frente e surgindo em cima de uma árvore próxima de Yugao.

– Até mais tarde, Naruto e toma cuidado. – Disse Yugao, desaparecendo em um shunshin acompanhado de Deidara e o outro ninja da ANBU.

Bonito… lá estava eu mais uma vez sozinho, caminhando sobre a aldeia e levando vários maus-olhados dos aldeões. Quem me dera ter alguém, que pudesse me ajudar ou me ensinar qualquer coisa que fosse. Daria tudo para poder matar esse tédio.

– Hey, moleque eu posso te ajudar. – Disse a Kyuubi.

– A sério? – Questionei.

– É claro, mas tens de prometer algo para mim. –

Odeio essa raposa quando tenta me ajudar, tem sempre que tentar ganhar algo em troca.

– Está bem, O quê? – Questionei.

– Quando estiveres em luta tenta… como é que posso dizer… causar danos no adversário com a finalidade de saciar a minha sede de sangue. – Falou a Kyuubi.

De todas as coisas que me fizeram prometer, essa com certeza é a mais sinistra de todas, mas vinda da raposa das nove caudas não me espantava. E se eu não estivesse desesperado para aprender algo novo, tentaria tudo o que estava ao meu alcance para mudar o pouco, a sua ideia de saciar a sua sede de sangue.

– Ok, tentarei não te desiludir. – Concordei.

– Valente escolha, moleque. – Disse a Kyuubi.

– E o que iras me ensinar? – Questionei.

– Bem, de momento só posso te ensinar o rastreamento e ocultação de chakra, coisa que te ajudará muito em lutas de longa distância. –

– E quando começamos? –

– Primeiro vai para a droga do teu apartamento e depois é que falamos. – Gritou a Kyuubi.

Já no meu apartamento, sentei em minha cama e me concentrei ao máximo para ir ter com a Kyuubi no yoko em meu subconsciente. E como esperado ela estava esperando por mim.

– Temos mesmo de treinar nesse local? – Questionei, analisando cada canto do local onde se encontrávamos.

– Quem me dera se houvesse outro mas não há, por isso para de lamentar. –

Sentei para ouvir o que ela tem a dizer.

– Muito bem, o rastreamento de chakra é…–

A Kyuubi me explicou para quê serve essa técnica e fez uma breve demonstração. Eu estive treinando durante quase toda a noite. Como não parava de pensar, no tipo de técnicas que o novo Sensei usa, que até cai no sono sem me aperceber.

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Lá vinha eu, outra vez atrasado para o treino de sobrevivência. Encontrei outra vez, Sasuke e Sakura já presentes. E pelas suas caras, dava para imaginar mais ou menos que chegaram na hora marcada do encontro, que era a umas duas horas atrás.

Fazer o quê… é impossível esquecer o velho hábito de chegar atrasado. Esperamos por umas horas, que utilizei para aperfeiçoar o meu treinamento de rastreamento e ocultação de chakra.

Em termos de rastreamento, posso ter a audácia de dizer que estou mais ou menos no caminho certo, como já conseguia rastrear o chakra de Sakura e Sasuke, apesar de apenas ser pequena a quantidade de chakra que encontrava.

Por outro lado, na ocultação de chakra estava péssimo, que até a Kyuubi disse que ela mesma teria essa função, até que pelo menos eu tivesse o domínio completo da técnica de rastreamento, para que eu me concentrasse finalmente na ocultação de chakra.

Por uns instantes sentia por meio do rastreamento de chakra a aproximação do Kakashi Sensei, o que me fez sorrir, o que significava que o treino estava a começar a dar fruto.

– Olá, vejo que já estão aqui, por isso serei o mais breve possível. – Disse Kakashi, depois de aparecer.

Sakura e Sasuke trincaram os dentes irritados quando o viram. Eu até que não estava chateado, e imaginei que se lhe perguntassem outra vez por quê chegou atrasado, com certeza mencionaria que ajudou mais uma velhota a carregar algumas coisas e blá… blá… blá…

Típicos de pessoa que têm mania de chegar atrasado, eles possuem a resposta bem na ponta da língua.

– Muito bem… - Pausou Kakashi, ao botar um despertador sobre um monumento histórico ninja, junto com duas tigelas de comida. Tenho a certeza de que era ramen, através do grande aroma que libertava. – Eu tenho aqui dois guizos como podem ver, a vossa missão é de toma-la de mim. E todos os meios são permitidos. – Disse Kakashi.

– Isso quer dizer que podemos usar a força bruta? – Perguntou Sasuke.

– Sim, tudo só depende de vocês. Mas… tem de o fazer antes de soar o som do despertador, programado para o meio-dia. E se tocar antes de tiverem os guizos na vossa posse, considerarei como um falhanço. –

Kakashi grudou os braços.

– E para mim falhar num treinamento, é como se estivessem falhando em uma missão, que será punido com volta na academia. –

Engolimos em seco, se há algo que menos desejávamos é voltar outra vez para a academia ninja.

– Só há apenas dois guizos, e o que acontecera há quem não tiver um guizo em sua posse? – Perguntou Sakura.

– Quem não tiver, não almoça e voltara para a academia ninja na mesma. – Disse Kakashi.

Nos entreolhamos, como se desejávamos acabar com a vida um do outro.

– Prontos… - Pausou Kakashi colocando sua mão na bolsa ninja. – Comecem! -

Sasuke e Sakura desapareçam, se escondendo sei lá onde, e olhei para o Kakashi Sensei que tinha sua mão na bolsa ninja. Ele a retirava lentamente e eu já estava preparado para ataca-lo caso tirasse algo suspeito dela.

Cai de cara para o chão, ao ver o livro que ele tirou de sua bolsa. De todas as coisas que eu esperava dele, aquela é que não.

– Hey, mas o que pensas que estás a fazer? – Questionou a Kyuubi furiosa.

– Desculpa?! – Disse eu.

– Não é suposto você se esconder como os seus colegas, para elaborar um plano?–

– Não, não se preocupe porque se há algo que sempre tenho é um plano. –

– E qual é o teu plano? – Questionou curiosa.

– Saberás quando chegar o momento, mas preciso de um favor teu. –

– O quê? –

– Sabes que o meu rastreamento de chakra não é tão perfeito como o teu, por isso sabes onde é que eles estão? – Questionei.

– A rosada está naqueles arbustos a tua direita e o Uchiha maldito está a tua esquerda. – Declarou a Kyuubi.

– Perfeito. –

– Não me digas que estás a pensar atacar de frente. –

– Talvez, mas eu não sou do tipo de pessoa que se esconde para atacar a retaguarda… - Pausei e continuei – Muito bem… agora é o momento perfeito para mostrar a estes palermas, do que é feito a verdadeira arte! – Exclamei sorrindo e apertando os punhos.