O Testamento escrita por Cecília Mellark


Capítulo 11
Capitulo 11


Notas iniciais do capítulo

Olá queridos!

Mais um capítulo para vocês, espero que gostem.



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Enquanto a água cai pelo meu corpo eu analiso, como minha vida mudou tanto desde que Elise e Evans morreram. Herdei a padaria, tive Peeta de volta, o impossível aconteceu porque eu jamais imaginei que o teria novamente, e agora Gale me assombrando. Um tremor me percorre e eu corro para colocar tudo para fora novamente. Mais uma crise de choro, até quando eu vou aguentar tudo isso sozinha? Eu preciso falar com Peeta, coisas tão importantes. Preciso contar-lhe como eu fui dissimulada, será que eu poderia colocar culpa na minha juventude? Será que foi a ausência do meu pai que me fez ser daquele jeito? Será que minha filha corre este risco por não ter um pai presente? Uma figura masculina como a de Peeta bastaria? Não! Eu não posso prendê-lo a mim. Eu não o mereço.

Troco de roupa pela décima vez e não chego a uma decisão do que vestir para a inauguração da padaria. É uma coisa simples, uma ocasião especial e eu desejo estar bem arrumada mas sem parecer vulgar. Acabo num conjunto quente na cor laranja que tenho há anos e que os quilos perdidos nas ultimas semanas me fazem estar magra o suficiente.

– Katniss? – minha mãe chama do lado de fora – Posso entrar?

– Sim, por favor! Estou morrendo aqui, não sei o que vestir.

– Querida você está horrível! Vem aqui me deixe ver alguma coisa pra você.

Eu admiro sinceramente pessoas como minha mãe, Effie e Johanna que tem capacidade de moda mesmo quando tudo está um caos ao redor. Sim, é assim que me encontro, o caos está ao meu redor. Quando minha mãe termina eu estou lindamente vestida com botas de cano longo, meias quentes, um vestido curto e um casaco por cima, tudo preto apenas o casaco vermelho. Pareço tão normal por fora que não consigo conciliar minha destruição interna com a mulher do espelho. Sinto minha mãe me abraçar e me deixo ir no conforto dos seus braços.

– Querida do que você tem medo? Peeta ainda ama você eu posso sentir isso. Ele não vai surtar e desaparecer quando souber. – Ela me encarava séria, preocupada. Algo que era reservado antes apenas para Prim já que eu sempre fui forte o suficiente, mas agora não mais.

– Você não imagina o quanto eu o magoei no passado! E agora com esse encontro com Gale, mãe, eu estou apavorada! – Digo sinceramente porque é assim que me encontro.

Quando fui passar o dia de ação de graças com Johanna eu jamais imaginei que andando pelo parque com Cecilia daria de caras com Gale, muito bem acompanhado da minha ex-melhor amiga, Madge. O espanto dele foi imediato quando me viu ali sozinha, fitando-o e seguidamente procurando por Cecilie. Sorte que ele apenas a observou de longe, mas me perguntou se poderia vir no Natal para conhece-la, uma vez que ele estaria lá de qualquer forma para ver a família da sua noiva. Noiva. Sei que rolei os olhos diante da pronuncia, pois quando ele se afastou por um momento para observar a filha que ele nunca quis conhecer, Madge confidenciou-me que soube da volta de Peeta, do testamento, mas que não havia contado nada para o noivo. Dei-lhe um pouco de crédito ao menos, já que dentre todas as pessoas no mundo eu jamais imaginava que logo os dois acabariam juntos.

E não imaginei os olhos marejados de Gale quando ele voltou para perto de nós, pegando meu número e desejando-me um ótimo dia. O problema mesmo foi a ligação que ele fez assim que se livrou da noiva e fez algumas pesquisas.

Eu sabia que tinha alguma coisa errada nessa sua postura calma Katniss, então você acha o que? Que me enganaria? Acha que eu vou permitir você vivendo essa aventura com o Mellark? Expondo nossa filha?

Eu que passei minha vida inteira planejando cada palavra de todas as verdades que diria um dia para Gale, travei, ou melhor...surtei ao ponto de desmaiar.

Acordei apenas para constatar que era tudo uma grande verdade, pois Gale e Johanna estavam no quarto do hospital numa incrível discussão sobre o que É ser pai.

– Não basta gozar querido! Tem que fazer parte da vida da criança! – Vociferava Johanna

– Ela não quis! Eu era muito jovem, não havia conquistado nada na vida, vivia na sombra do Mellark pela atenção dela! E se você não sabe, ela teve a audácia de comparar a minha reação à gravidez com a reação que o Peeta teria... Santo Peeta! – O rosto de Gale contorcia em diversas emoções enquanto ele provavelmente lembrava daquele dia.

– Pois eu sei de tudo Gale, fui eu quem estive do lado dela a cada misero dia até que ela não aguentou e voltou pra casa! E quer saber, melhor coisa que ela fez! Lá Ceci foi acolhida com muito amor por todos, inclusive pela família do Peeta! Retardado, você não imagina né... mas Cecilie é a principal herdeira de tudo que os Mellark tem! – Maldita Johanna, não era para ele saber disso! Eu fechei os olhos e fingi que ainda estava dormindo, é melhor fugir as vezes do que enfrentar aquilo que você não sabe como vencer.

– Mamãe, vamos! O Tio Peeta já chegou! – Disse minha pequena entrando correndo pelo quarto. Preparo mais uma vez todo meu discurso para contar a novidade para Peeta, mas ao vê-lo ali de pé na sala, com Ceci correndo para suas pernas, me faz hesitar por um momento. Eu deveria mesmo contar para ele tudo o que me consome?

– Katniss, você está linda! – Ele diz e creio que sem perceber me dá um beijo nos lábios.

A minha vontade real é mandar a inauguração da padaria para o quinto dos infernos e subir com ele para meu quarto, mas a exclamação da minha filha nos traz para a realidade.

– Vocês estão namorando mamãe?

– O que? – Falamos em coro, e só então percebemos o que acabou de acontecer, nos beijamos na frente de Ceci, eu não sei o que Peeta ia começar a explicar, mas me adianto abaixando até estar na altura dela e explicar.

– Não querida, não estamos namorando. – Ela parece frustrada, assim como Peeta está no momento. Penso por um momento se eu o tivesse deixado falar ele diria outra coisa?

– Mas ele te beijou, como nos filmes! – Ela tem agora um bico nos lábios.

– Ei, pequena – diz Peeta se agachando junto a nós – Vamos fazer o seguinte, vamos ir logo para a inauguração depois nós três conversamos sobre isso, que tal?

Isso a deixou feliz, por enquanto, pois eu conheço o monstrinho da curiosidade de mora dentro dela. Adiciono essa conversa de depois a minha atual lista de preocupações com assuntos a tratar com Peeta. Faço de um tudo para que ele não perceba como estou agitada, ansiosa, e quando ele me pergunta se é pela inauguração eu o deixo acreditando nisso.

A padaria ficou realmente linda, sinto-me orgulhosa por notar que Peeta aceitou minhas sugestões, montando uma aconchegante recepção com algumas mesas, bistrôs para que os clientes possam apreciar ali nossas guloseimas. Mas ainda há a fita para cortar, o prefeito pede permissão para fazer um discurso, Peeta aceita é claro, afinal ele é um político, entende que qualquer evento deve ser aproveitado. Então há um pequeno discurso sobre a importância de valorizarmos nossos pequenos negócios, os pequenos empresários e claro o prefeito dá as boas-vindas a Peeta, contando para a pequena parte da população que se reuniu ali que o nosso amado senador irá residir por um tempo na sua cidade natal. Após uma calorosa salva de palmas, Peeta toma a palavra.

Ali vejo o senhor senador, enquanto discursa sobre o sonho dos seus pais e a luta para que a padaria sobrevivesse percebo que vez ou outra seus olhos caem sobre mim. Pego-me torcendo tanto por nós, por ele, pela nossa vida. Ele está quase encerrando, com a tesoura em mãos para cortar a fita, após agradecer a cada um dos nossos funcionários, mas então ele vira na minha direção e chama Cecilie para fazer a mesura. Ela vai saltitando para ele. É a visão da felicidade, sinto a emoção do momento, e então um corpo para junto ao meu na multidão e grita:

– É isso aí filha, faça o papai o orgulhoso, ajude o senador a inaugurar a padaria!

A confusão que se desenvolve em seguida dura na realidade apenas 10 segundos no máximo, mas parece a eternidade, enquanto os presentes se voltam com o olhar indignado, para mim, até que eu me lembro que eu também estou em choque:

– O que você está fazendo aqui? – Digo alto demais, apesar do meu desejo de ser uma pergunta discreta.

– Bem, eu te avisei que viria, um pai deve passar o Natal com seus filhos! – Gale tem um sorriso maldoso quando diz isso, procuro Peeta, preciso analisa-lo. Meus ouvidos o encontram antes dos olhos:

– Seja bem-vindo Gale! – E ele se materializa na nossa frente, com um sorriso político nos lábios. – Que bom que você também está presente neste momento tão importante para mim - Posso sentir a multidão em volta de nós, analisando, esperando, desejando o momento em que vão partir para uma briga, uma vez que quase todos os presentes se lembram de nós, e sabem do nosso passado.

– É uma honra Peeta, obrigada por deixar minha filha fazer isso! – Ele diz para provocar

Peeta faz uma pequena reverencia e volta para perto de Ceci que se mantem séria, com os lábios cerrados, olhando para mim e Gale com muita atenção. Certamente não passou despercebido dela que ele a chamou de filha.

Peeta cochicha algo em seu ouvindo que a faz sorrir novamente e logo eles viram para frente e juntos, ele com as mãos sobre as mãos dela, cortam a faixa.


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Notas finais do capítulo

Por hoje é só isso meu amores.
Pessoal, eu leio os comentário, amo de paixão recebe-los, só não estou tendo muito tempo hábil para responde-lo. Mas gostaria de agradecer a cada um de vocês que dedicam um minutinho para comentar.

Beijokas



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