O Testamento escrita por Cecília Mellark


Capítulo 10
Capitulo 10


Notas iniciais do capítulo

Amados!

Para todos que odiaram o que katniss fez com o Peeta eu tenho uma pequena citação que me ocorreu lendo um dos meus comentários (Que aliás eu amei, cada um!)

"Finalmente, ele pode me ver como eu realmente sou.
Violenta. Desconfiada. Manipuladora. Implacável."

Bem, eu diria que nossa mocinha aqui na história quase segue pelo mesmo caminho! Hahaha



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Passo horas lendo e relendo a confirmação, meu coração dispara quando ouço meu celular tocando, sei que é Katniss, poderei falar com a minha filha.

– Katniss? – digo tentando esconder a sobrecarga de emoções que corre por mim.

– Oh Peeta! Finalmente consegui falar com você... eu tentei o dia todo! – havia algo de saudade na voz dela e isso me fez mais feliz ainda.

– Eu estive aqui, provavelmente a neve danificou alguma coisa da rede porque não tenho nenhuma outra chamada sua.

– Bem, mas pelo menos consegui falar com você a tempo... minha mãe chega amanhã de manhã no aeroporto da Capital você poderia por gentileza busca-la?

– Claro! – bem, eu realmente preciso de umas horas com a Sra. Everdeen – E você quando volta?

– Na segunda feira estarei ai! Pepper e Ceci estão loucos de saudade da neve pelo que parece e eu também sinto falta de casa...

– ... eu sinto sua falta Kat – disparo sem conseguir filtrar e não deixo de notar o suspiro do outro lado da linha.

– Eu também Peeta, eu sinto sua falta. Ei, Ceci quer falar com você tudo bem?

– Sim, até segunda Katniss – eu senti meus dedos tremerem de ansiedade pela chegada de segunda e por falar com a minha filha pela primeira vez.

– Tio Peeta?

– Oi pequena, como você está?

– Estou bem! Aqui na casa da madrinha é muito legal... você vai buscar a vovó amanhã?

– Sim querida... amanhã eu trago a vovó pra casa, e quando você vem?

– Eu estou louca pra ver a vovó, eu vou embora na segunda feira eu acho, se a mamãe melhorar... – “Despeça do Peeta, Ceci! Ele tem trabalho lá” – Mamãe está com pressa tio, até segunda! Amo você.

E assim dormi minha segunda noite como pai, tendo ouvido da minha filha um ‘amo você’ tão puro e inocente que fazia meu coração queimar a cada vez que eu lembrava.

O sol mal tinha surgido no horizonte quando anunciaram o desembarque do voo que estaria Clara e lá estava eu segurando uma plaquinha com seu nome camuflado na multidão. Engraçado como nossas prioridades mudam, há alguns meses atrás eu tinha que ser visto, notado, tinha sempre uma equipe comigo me orientando sobre gestos e aparições, minha vida pública era melhor que minha vida pessoal e eu concentrava toda minha energia nisso. Hoje mantenho apenas Annie por perto, Cato e Clove a distancia para cuidar da minha imagem e eu mesmo ando sozinho me escondendo porque agora minha vida pessoal é mais importante e não tenho vontade de expor. Ainda bem que Campina é uma cidade de bons cidadãos e até agora não tive problemas com exposição das pessoas que amo. Amo... pondero sobre isso e sim, aqui existem pessoas que amo de todo meu coração. Sorrio ao notar que isso não me deixa apavorado e que o primeiro pensamento que corre para mim quando sigo o raciocínio do amor não é o abandono de Katniss e sim a doce Ceci que foi fruto daquele dia desastroso.

– Peeta Mellark! – Olho sobressaltado para a senhora diante de mim, envelhecida, mas ainda simpática com os olhos mortos. Mortos como Prim.

– Sra. Everdeen! – digo envolvendo-a num abraço.

– Por favor querido, me chame de Clara. – sinto que ela está me examinando, e claro que eu gostaria de dizer-lhe agora que já sei de tudo, mas não posso fazer isso sem chorar e isso sim, chamaria atenção. Caminhamos até o carro em silencio e quando pegamos a estrada para casa pergunto sobre seu trabalho e as noticias preenchem as 3 horas até chegarmos ao nosso destino.

– Fique para um chá querido – ela diz depois que levo sua pequena bagagem até o quarto.

– Bem, eu fico. Temos um assunto importante para conversar não é?

Ela ficou me olhando como se decifrasse, eu poderia estar blefando, mas não. Meus olhos declaram a alegria e a angustia que tem me tomado desde o momento que descobri e guardar isso para mim tem me consumido. Então aceito de bom grado o abraço que ganho em seguida.

– Você descobriu não é?

– Sim. Não sei se foi da melhor maneira Clara, eu estou confuso. Eu estava guardando as coisas do meu pai, eu levei meses para entrar lá, então eu encontrei fotos da Ceci com a minha mãe, e vi a foto marcada com a mancha. E depois vi os e-mails que vocês trocavam e para confirmar mesmo qualquer suspeita eu encontrei o exame...

– Peeta a primeira coisa que você tem que ter em mente é: não escondemos nada de você. Apenas não sabíamos como lidar com o fato, por isso antecipei minha vinda quando eu soube que você estava morando aqui na cidade novamente. Como você e a Katniss estão? Percebo que fizeram as pazes pelo menos

– Clara eu fui um estupido no inicio. Eu tive ódio de Katniss e de Ceci porque eu não entendia como elas estavam herdando os bens do meu pai.

– Parece que seu pai sentia que iria morrer não é? Eu fui tão contra ele colocar as duas no testamento! Achei a ideia absurda, e quando eles morreram eu não tinha forças para ligar para você e explicar, nem para minha filha. Como sempre eu fui ausente quando ela precisou de mim. O quão horrível foi para vocês?

– Numa escala de 0 a 10? Foi 10. Mas não pelo motivo que você imagina sabe, eu tinha medo que a Ceci fosse parecida com Gale. Eu não queria conhece-la, nem chegar perto. Você sabe que eu sempre fui louco por crianças eu tinha medo de me apegar a uma menina que fosse a personificação do homem que eu odeio.

– Peeta querido, você pode me contar o que houve afinal? Eu sei é claro que você e a Katniss se relacionaram intimamente, mas porque não deu certo? Eu nunca entendi, a Katniss amou você desde sempre.

– Sério? – pergunto sem esconder minha surpresa – Porque ela me usou apenas para ficar com Gale depois – notei que Clara não entendeu muito bem e eu não queria desrespeita-la com um assunto tão delicado – Gale disse para Katniss naquela época que ela não deveria ir para a faculdade virgem...

– Oh meu Deus! Que vergonha! – ela disse levantando do sofá tentando esconder o choque – Eu não acredito que a minha filha foi capaz disso, de acreditar nisso. Mas Peeta, eu sei que ela amava você, afinal de contas foi por causa de você que Gale a deixou mesmo grávida.

– Como assim Clara? – como eu poderia estar envolvido na separação de Katniss se ela escolheu Gale.

– Querido, você sabe como minha filha é. Ela não conversa comigo sobre isso. Mas ela conversou com Prim e ela me contou que Gale a deixou porque ela confessou para ele que amava você. Você sabe, a cabeça daquela menina era uma confusão, tendo vocês dois tão perto, mas quando ela foi para longe deixando você pra trás ela pode apreciar tudo que você significava. Prim um dia me contou que ela acordava gritando seu nome as vezes e com o tempo isso passou.

Olho para meu chá, esfriando entre meus dedos trêmulos e tento assimilar tudo que descobri nas ultimas horas. Não consigo, sei que estou prestes a surtar. Sinto as mãos de Clara segurando firme meu rosto e sua voz tenta alcançar meu consciente, mas não chega até mim e então a escuridão me invade.

A primeira coisa que registro é a pálida claridade que entra pela janela, sei que não estou em casa e nem na casa de Katniss. Sinto meu coração disparar e um aparelho acompanha cada batida frenética isso traz diante de mim Katniss com um olhar aflito e olheiras imensas.

– Enfermeira! Ele acordou! – a ouço gritando e noto seu corpo relaxar mediante seja quem for que apareceu, mas não consigo tirar meus olhos dela.

– Finalmente querido! – diz Clara, examinando os aparelhos ao meu redor – bem, você não vai conseguir conversar por hora então eu vou explicar o que aconteceu com você. – realmente minha garganta doía e ela adquiriu seu olhar clinico e profissional para continuar a conversa – Sabíamos que você estava passando por uma carga emocional desde a morte dos seus pais e você de acordo com Dr. Aurelios deixou de tomar os medicamentos para controlar a ansiedade. Acontece que seu coração é frágil e toda a carga emocional dos últimos dias culminou numa parada cardíaca. Considere-se uma pessoa de sorte, nem todo coração para diante de um médico!

Continuei olhando para ela imaginando que eu praticamente morri, noto Katniss encostada da parede do quarto olhando para sua mãe com carinho e admiração e não consigo evitar as lágrimas que escorrem pelo rosto, lágrimas de gratidão por mais uma chance de viver.

– Obrigada mãe por ter salvado Peeta. – ela diz baixinho no ouvido de Clara.

– Eu jamais deixaria que alguma coisa acontecesse com ele querida, amo Peeta como parte da minha família. Bem, em breve virá seu jantar querido, descanse. Creio amanhã você estará com menos dor na garganta e conseguirá falar. Está sentindo dor em algum outro lugar? – faço que não com a cabeça e com um sorriso ela começa se retirar – Descanse Peeta. Esta noite Katniss cuidará de você. E Katniss? Qualquer coisa é só me ligar.

– Obrigada mãe, a Ceci está com Effie se você quiser descansar melhor deixe que ela durma por lá.

– Tudo bem, eu vou ver. Até amanhã.

E enfim éramos só nós dois novamente. Eu sentia o olhar de Katniss queimando meu corpo e então depois de um momento ela se aproximou pegando minha mão e levando aos lábios, beijando os dedos num gesto de carinho atípico para ela.

– Você nos deu um grande susto Peeta Mellark! Teve momentos que pensei que perderia você também. Sabe, quando minha mãe me ligou dizendo o que tinha acontecido eu enlouqueci, ainda bem que Annie conseguiu alguns favores políticos e logo eu estava num avião particular muito chique junto com Cato. – ela ri pelo nariz – Nunca imaginei que você e Cato trabalhassem juntos! Ele é o homem que existe por trás de você, de acordo com ele mesmo!

Eu sorrio e passo as próximas horas ouvido Katniss falar sobre a reforma da padaria que está concluída, e sobre as aventuras de Ceci. Existe algo especial nela, um brilho diferente quando ela me olha e sem tirar os olhos dela adormeço novamente. No dia seguinte recebo todo mundo que lembro que conheço. Cato e Clove que se assumiram, Finnick e Annie que está planejando viajar para trazer sua mudança antes do Natal, Haymitch e Effie, os funcionários da padaria, só no final da noite que entra pela porta do quarto a garota mais especial da minha vida agora. Cecilie.

– Ei pequena – eu tento dizer mas minha voz ainda sai rouca – Vem aqui me dar um abraço!

– Cuidado com esse abraço Ceci o Peeta ainda está fraco, e com soro espetado no braço certo?

– Certo mamãe – ela diz obediente e me dá um cauteloso abraço, aproveito para absorver cada detalhe dela, pego seu rostinho com as mãos e tento me encontrar ali. Há apenas Katniss ainda, e Prim e minha mãe.

– Bem, eu vou deixar Ceci aqui um minuto. Tudo bem? – apenas aceno com a cabeça não querendo perder nenhum momento com minha filha. Filha. Saboreio a palavra. Enquanto ela me conta sobre sua viagem para a casa de Johanna eu me permito ser pai, pegando ela no colo enquanto ela me relata suas visões infantis. Depois de meia hora ela dorme no meu colo e eu acaricio seu cabelo loiro e fino, enrolado das pontas, talvez esta seja minha marca nela.

– Ela se parece com você Peeta, não se preocupe – diz Clara entrando e me fazendo sobressaltar – Ela tem sua bondade e seu carisma, conquista todos ao seu redor.

– Quero ir para casa Clara e resolver toda essa situação.

– Querido não tenha pressa... e espere um pouco para expor a verdade. Katniss está muito abalada com seu problema e também porque Gale estava lá.

Sinto o sangue ser drenado do meu rosto.

– Lá onde?

– No Distrito 7, na cidade de Johanna. E disse que vem pra cá para conhecer melhor a filha.

– Céus! E agora?

– Agora, é hora de agir com cautela. Katniss está muito fragilizada com tudo isso. Mas eu posso garantir uma coisa para você, o coração dela é todo seu. Você não imagina o estado que ela ficou com a remota possibilidade de perder você, e embora você não tenha me contado, agora eu sei do romance de vocês! – ela fez uma pausa só pra registrar minha expressão chocada - E eu aprovo querido! Vocês sempre tiveram minha benção. Agora me dê essa menina você não pode fazer esforços.

– Ei voltei! – Katniss disse entrando – Oh ela dormiu! Deve estar cansada. Effie me disse que brincou o dia todo com ela. Acho que é melhor irmos não é mãe?

Bem, nisso eu tenho uma vantagem: Katniss estava nervosa e estava chorando. Seus olhos estavam inchados e vermelhos e os dedos da sua mão tremiam tanto que ela deixava os nós brancos de tanto apertar para esconder. E depois do que Clara me disse, só posso imaginar que Gale está envolvido nisso. Um plano surge em minha mente para contar toda a verdade para Katniss, apenas preciso estar recuperado para isso e visualizando o sucesso do meu plano adormeço ansioso pelo natal.


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Notas finais do capítulo

Bem, meus amores.
A vida é assim mesmo a gente ama, arruína e perdoa!
Este foi o último capitulo com o POV do Peeta! (Chorem...como eu, pois adoro escrever o POV dele!)

Até segunda! (Yeah babies, final de semana é hora de desligar um pouco)

Beijinhos



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