A história de um dragão chamado Sombra escrita por G S Bello


Capítulo 10
Estrelas




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O sol brilhava no horizonte, os pássaros não cantavam, os outros animais também não faziam barulho algum, restando apenas o doce som do vento. Os dois que adormecidos estavam, logo atrás daquela casa velha, agora acordavam aos poucos, com os raios de sol...

Sombra logo abriu as asas e esticou suas patas, bocejando bastante, entretanto uma certa garota raposa, se incomodou com o repentino sumiço de seu mais novo cobertor.

- Oh... Desculpe - Sombra olhou surpreso pro rosto da raposa.

- uhm... Por... Que ? - Ela abriu lentamente seus olhos com direito a duas lentas piscadinha no final.

Sombra sacudiu a cabeça e ficou hipnotizado com os olhos dela - Bem, eu ... acordei e tinha uma fêmea no meu colo, acho que foi um impulso... - Ele sorri meio abobado.

Ela deixa escapar um leve sorriso, se levanta e estica os braços pro alto, enquanto boceja mais uma vez.

Sombra acaba percebendo, ela está completamente nua, ele no mesmo momento vira o rosto para o lado, antes de ver qualquer parte em específico... - Ou... - Ele se levanta, vira de costas pra ela e olha pela janela da casa abandonada...

Ela termina de se espreguiçar, e então olha Sombra - O que foi ? - Ela coloca uma mão em suas costas.

Sombra fica um pouco nervoso, mas então começa a andar pra dentro da casa velha, ele após passar pela porta caída, apenas arrancou a cortina da janela e entregou a raposa.

- Som... O que é isso ? - Ela pegou os trapos velhos sem entender nada.


Alguns minutos mais tarde, Sombra já andava em direção a passagem que usou pra entrar nesse lugar maluco. Sombra estava sendo montado, por uma certa garota raposa, usando pedaços de trapo tampando apenas suas intimidades e levando sua mochila nas costas, fora a arma que ela carregava sem entender bem. Já ele, não estava nem um pouco acostumado a ver uma fêmea nua, e pelo que leu a vida toda, isso soava antiético, se sentiu um pouco incomodado, e envergonhado por carregar a raposa em suas costas, nem Fernanda havia subido em suas costas antes...

- Por favor... não balança...- Sombra exclamou, levemente incomodado com o contato.

- O que disse ? - A Raposa ficava trocando de lado sem parar, olhando para todos os lugares ao redor, como se procurasse algo.

Sombra apenas bufa, e continua andando em direção ao buraco no possível espaço tempo dimensional que havia feito. Enquanto andava, começou a achar estar perdido, e quando menos esperava, atravessou um arbusto muito alto e se viu de frente com a passagem...

Como da última vez, parecia uma rachadura aberta em uma janela quebrada. A luz que passava através dela era de uma cor diferente, e olhando através da mesma o tempo parecia parar do outro lado. Pequenos fragmentos parecidos com cacos de vidro ainda estavam parados do outro lado, flutuando...

- É agora o momento sem volta, se passar daqui não pode mais voltar... Eu sei como tende a funcionar essas psicodélicas realidades alternativas, e eu nunca repito a mesma... - Sombra olhou pra trás, encarando a raposa cujo os olhos não paravam de brilhar.

- Eu vejo como um sim, nada a dizer ? - Ele tentou chamar a atenção dela, que sequer tirou os olhos do outro lado.

Um mundo mais colorido atraí qualquer um, Sombra não quer estragar o momento, pelo que viu e ouviu até agora, esse é só um mundo de animais antropomórficos violentos, levemente burros, extremamente agressivos e pouco desenvolvidos. Ele ainda tem o brilho das cidades grandes pra ver, não tem interesse em voltar, e a raposa também não teria.

Sombra andou lentamente com sua face erguida, e então deu um primeiro passo pra fora daquele lugar, as coisas então voltaram ao normal, e quando olhou pra trás, não tinha mais nada lá...

- Tal feição pungente, eu não resisto a esse olhar... Me diga oque queres e eu vou realizar - Sombra recita o trecho de uma poesia que leu, enquanto encarava a raposa em suas costas.

Ela chacoalha a cabeça, olha tudo ao redor. Observa os pássaros voando e formando triângulos no céu, as nuvens brancas como algodão doce, fazendo animalzinhos fofos, a grama mais verde, o sol amarelo, o horizonte mais florido... Ela então olha pra Sombra, e sabe oque quer - Me de dois nomes, o desde lugar, e como vai me chamar... - Ela sorri confiante.

Sombra vai seguindo, andando lentamente na trilha de terra, aproveitando a brisa suave e fria que curiosamente passava por debaixo daquele sol escaldante, uma massa polar ou uma frente fria... Ele pensou. Sombra pensou mais ainda na raposa em suas costas, pensou em Fernanda, pensou na cidade, pensou em relógios digitais... Olhou pra sua pata e pensou em um polegar opositor... Olhou novamente pro horizonte, então de volta à raposa.

- Eu vou lhe chamar de Lucy, me parece um bom nome, e é fácil de escrever... Me faz pensar em você assinando uma carta futuramente, fazendo um rabinho de raposa no Y, soa como algo amável... Aliás, você já sofreu bastante... Já foi muito xingada, mas agora é passado, e eu quero que comece esse novo rumo com um elogio... - Sombra fala em uma entonação alegre, olhando sempre ao redor e a frente, pensativo na sua caminhada de rumo definido.

- Certo Som... Diga me antes que eu desmaie de emoção - Ela fala cantarolando, com um largo sorriso no rosto, e olhos bem arregalados.

Sombra arruma sua postura de forma confiante, para de andar e olha para trás - Diante da vastidão do tempo e da imensidão do universo, é um imenso prazer para mim dividir um planetinha chamado terra e uma época com você. - Ele pronúncia sem tirar os olhos dele dos de Lucy.

Lucy segura os lados do rosto dele gentilmente, então se curva beijando sua testa de olhos fechados. Ela então solta, da um tapinha de leve e abre seus olhos olhando pra frente. - Me perdoe não ter palavras belas como as suas, mas saiba que sou grata pelo pouco que me fez. Esse pouco já mudou a minha vida...- Ela sorri com um leve rubor e abaixa a cabeça em sinal de respeito.

Sombra afirma com a cabeça, olha pra frente e volta a andar em direção a Fernanda...

- Quer que eu te ensine um pouco sobre as plantas que você pode ver durante o caminho ? - Sombra olha as mesmas pela planície

- Hum... Eu adoraria. - Ela afirma confiante, se aconchegando sobre o dragão e olhando a estrada com a cabeça entre os chifres do mesmo.

Alguns minutos mais tarde, quando um Fernanda caminhando com sua mochila já aparecia ao longe.

- Assim é feito a respiração celular... - Sombra sorri, finalmente terminando de fazer um discurso para muitos chato e tediante sobre plantas. Então se vira entregando a Lucy um girassol em sua boca.

- Aquela é a sua amiga ? - Lucy pega o girassol da boca de Sombra e coloca em seu longo, ruivo e bagunçado cabelo.

- Aja naturalmente e não faça movimentos bruscos! - Ele brinca rindo, e então sorri... Tem muito a explicar mas nada que uma boa conversa não resolva.

Mais tarde durante o por do sol...

- Sombra... Isso vai dar merda, vai dar merda e vai espirrar pro lado de vocês, já estamos na metade do século vinte e um mas ainda existem pessoas preconceituosas, você vai ter que tomar cuidado e não se deixar levar, olha pra vocês dois... Eu não sei como as coisas vão acontecer... Mas só tenho esperanças que dê certo, eu vou ajudar e primeiramente, vou ajudar sua amiga a vestir uma roupa... - Elá coloca uma cama de acampamento no chão, entao abre a sua mochila pegando alguma roupa pra raposa...

A raposa continua sentada numa pedra a alguns poucos metros, olhando o por do sol, Sombra sentado no chão olhava atentamente pra Fernanda, ouvindo suas palavras.... Ele não considera ela a pessoa mais sábia do mundo, mas ela ainda é uma irmã mais velha e sabe mais que ele quanto a cidades...

Algum tempo depois, depois de Lucy se vestir com certa dificuldade um sutiã, uma blusa flanela xadrez, uma calça jeans cinza que ficou levemente apertada... Estranhar a roupa, conversar um pouco mais com os dois envolta de uma pequena fogueira de galhos, então finalmente... Todos deitados de barriga pra cima, formando um círculo, encostando cabeça com cabeça e observando o céu noturno...

- Ei, olha Lucy, aquelas estrelas ali se parecem com uma flor - Fernanda aponta algumas estrelas no céu.

- Vejo, mas aquelas ali me parecem com um arco - Lucy aponta para mais outras estrelas.

- Sombra, vai, é a sua vez... - Implica Fernanda cutucando ele.

Sombra respira fundo e apenas observa...

Lucy sorri, e fala confiante - Eu já aprendi, com ele tem que usar a palavra certa, olha... - Lucy sussurra brincando no ouvido de Fernanda e encara Sombra.

- Sombra, diga me oque você vê. - Ela diz em um tom alegre. Fernanda revira os olhos sorrindo.

Sombra observando o céu sem sequer piscar, começa a falar enquanto levanta suas patas gesticulando no ar, estendendo as mesmas para as duas garotas - Pegue minha pata... Agora tente ver oque eu vejo! Temos sorte de estarmos aqui para ver este lindo mundo. Olhe para o céu! Não é preto, sem cor ou caráter. O preto é na verdade azul, ali... e ali o azul é mais claro, e, entre o azul e a escuridão, as cores sopram no céu como o vento. E olhe lá brilhando, queimando, explodindo, emergindo, as estrelas! Você pode ver como elas mostram sua luz? Para qualquer lugar que nós olhamos o maravilhoso projeto do universo se alastra... - Ele termina respirando rápido, sorrindo, alegre com oque ele mesmo disse, confiante.

Lucy aperta a mão dele bem forte, então sorri olhando para Fernanda e então fixando seu olhar nele logo depois - Eu concordo... Nada é tão lindo quanto as coisas que nós podemos ver... - Ela deixa uma pequena lágrima de emoção cair de seu olho.


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Notas finais do capítulo

Filosófico ? Talvez...

Digam me oque acharam o/



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