Capítulo 3 - Runaway
“Eu quero correr
Perseguir a lua e o sol quando estou com você
Jogar tudo pelos ares
Em chamas conforme o vento sopra”
Galantis, Runaway.

Em pouco tempo de convivência Edmundo já tinha contado metade da sua vida para a garota, ela tinha tamanha pureza que não parecia ser capaz de fazer a mal a uma mosca. Angela era meiga e calma, sempre se sentava e ouvia atenciosamente o que Edmundo lhe contava. Em pouco tempo eles já eram melhores amigos. Estranhamente um completava o outro. Enquanto Edmundo era bem mais pé no chão, ela era bem sonhadora. Ela era calma e tinha os melhores conselhos possíveis para quando Edmundo estava nervoso. Ela não se achava boa o suficiente, e Edmundo sempre que podia lhe dizia para ser confiante e acreditar em si mesma.
Eles ficavam a cada dia mais próximos possíveis, até Edmundo começar a se apaixonar pela garota. Ele sabia que aquilo não ia resultar em boa coisa, porque estava noivo de outra, tudo bem que tanto ele como Louise um não sentia nada pelo outro. E ele sabia que Louise estava apaixonada por um de seus servos.
O mais estranho de tudo, era o fato de ele estar se apaixonando por uma garota, que era extremamente parecida com a sua noiva. Ele só não imaginava que, dias depois os dois iriam ser encontrados pelos soldados da Calormânia.
Os dois dormiam em um hotel de um outro vilarejo próximo a um reino. Era de madrugada quando os soldados invadiram o quarto, tiraram ambos cada um de suas camas. Edmundo sabia que aquilo ia acontecer, já Angela estava assustada, não fazia ideia do que estava acontecendo.
–Ed? - Ela chamou pelo garoto um tanto sonolenta. - O quê está acontecendo? - Perguntou assustada enquanto dois homens puxaram a garota pelos braços.
– Vai ficar tudo bem. - Ele a tranquilizou. - Eu vou cuidar de você.
Angela foi retirada do hotel e foi colocada em uma carruagem real.
–O quê está acontecendo? - Perguntou para o homem que iria dirigir a carruagem.
– A princesa Louise mandou busca-la. - O homem respondeu enquanto fazia os cavalos andarem.
– Mas por quê? - Perguntou um tanto curiosa e um tanto assustada.
– Porque ela acredita que você, seja a irmã gêmea dela.
Angela encostou-se no banco da carruagem assustada, aquilo era impossível, uma completa maluquice. Não, simplesmente não.
–Eu tenho uma mãe. - Ela falou nervosa. - Isso é um engano.
– Isso é o que a princesa verá. - O homem respondeu em palavras curtas, assustando a garota.
– Isso é um engano, por favor me deixe ir. - Ela implorou mas o homem a ignorou, tinha recebido ordens de não falar mais o que fosse necessário pra garota.

~•~

O Rei olhava para a princesa estarrecido, não queria acreditar que aquilo fosse verdade, todos aqueles 15 anos, ele achava que Angela tinha morrido. Lembrava-se da serva falando que quando foi dar um banho na criança ela tinha parado de respirar. Nunca chegou a ver o corpo da criança. A única coisa que sabia era que uma semana depois a serva tinha sumido do mapa. Mas estava tão abatido pelo luto, que não tinha encaixado as peças.
–Filha, você tem certeza? - Ele perguntou pela última vez para Louise.
– Tenho. - Ela falou num suspiro ansioso.
– Irei ordenar um mandado de prisão para Mary McConnor. - Ele falou em um tom cansado. - Mande notificarem a sua mãe.
Louise olhou para o Rei mordendo o lábio nervosa, a Rainha estava doente, só seria uma boa ideia falar com ela caso a garota realmente fosse a Angela “perdida”.
–Tem certeza pai? - Perguntou nervosa. - A mãe tem andado meio doente…
O Rei suspirou, sentia o peso do mundo em seus ombros, tudo sempre esteve abaixo de seu nariz e ele nunca se deu conta.
Louise também estava tensa, não queria usar a sua irmã perdida, mas se os boatos fossem verdadeiros ela faria o possível para se casar com Bruce, seu alfaiate. E quem sabe, talvez a irmã se casasse com o Rei Edmundo? Sim, ela reconhecia que estava sendo egoísta, mas seu amor por Bruce sempre falava mais alto.
–Vossa Alteza? - O mordomo abriu a porta pondo um fim na discussão. - A garota está no cômodo de baixo, na sala de jantar, esperando por Vossa Excelência. - Falou fazendo uma demorada reverência aos dois.
– Obrigado pelo aviso. - Louise falou sorrindo com ansiedade, estava com medo, tanto medo que não conseguia descreve-lo.
Os dois desceram as escadas em silêncio e dirigiram-se até a sa de jantar. Ambos estavam nervosos. Quando viram Angela sentada em uma cadeira trocaram breves olhares.
–Ela tem os olhos da mamãe. - Louise falou com voz fraca.
– Sim. - O rei concordou emocionado.
– Altezas. - Angie falou fazendo uma reverência a ambos.
– Você gostaria de receber algumas roupas mais confortáveis? - Louise falou gentilmente e a garota olhou para as suas vestes, será que havia algo de errado com as suas roupas?
– Qual o seu nome? - O rei perguntou e Angie o olhou confusa.
– Meu nome é Angela, mas a minha mãe me chama de Angie às vezes. - Quando ela não me bate, Angela quis completar mas ficou quieta.
O rei engoliu em seco.
–Pode nos dizer o nome de sua mãe? - Louise falou esfregando suas mãos suadas em seu vestido cor de rosa.
– Mary McConnor. - Angie falou sentindo um arrepio e então o Rei ficou tenso, um guarda que estava na porta fez um tipo de sinal para ele que acenou concordando e o mesmo saiu do cômodo.
– Você tem um pai? - Louise continuou o interrogatório.
– Minha mãe diz que ela engravidou jovem, por acidente, e se mudou para longe dele.
– Claro que Mary falaria isso. - O rei revirou os olhos, tudo já fazia completo sentido para ele. E ele não iria esquecer de se vingar da mulher.
– Desculpe ficar falando da sua roupa. - Louise falou num sorriso fofo. - Mas você não está com calor com essa jaqueta?
Angie corou, não queria que eles vissem seus hematomas.
–Pode tirar. - Louise falou e ela de sentiu pressionada a tirar a jaqueta. Louise soltou uma exclamação quando viu o braço da menina. - Céus, por Aslan.
– Quem fez isso com você Angela? - O rei perguntou preocupado e por mais forte que Angela sempre fosse, por mais que o ódio de Mary e seu orgulho de não chorar fossem grandes, ela chorou como uma garotinha indefesa.
– Mary, ela me odeia.

~•~

–Edmundo! - Susana exclamou ao ver o irmão e o abraçou forte. - Por onde esteve Ed? O dia do casamento está mais do que próximo e os preparativos…
Edmundo fechou os olhos devagar cansado.
–Su, não toque nesse assunto por favor. - Ed falou em um tom cansado e chateado.
– Por que não? É o seu casamento! - A mais velha falou com seu famoso tom mandão que toda irmã mais velha tem.
– Meu ou seu? - Edmundo retrucou. - Porque eu não quero me casar.
Susana ficou quieta ao ouvir as palavras do irmão, nunca tinha visto Edmundo tão bravo e tão magoado.
–Tem outra garota não é? - Perguntou entendendo completamente a situação, Edmundo deu lhe as costas furioso e a irmã entendeu tudo.
De que adiantou os soldados terem trazido ele de volta para Cair Paravel, para se casar com Louise quando ele estava apaixonado por outra garota?