Capítulo 4 - I Don’t Even Know Your Name
“E eu nem sei o seu nome
Eu só lembro daquele sorriso em seu rosto
E isso vai me matar todos os dias Porque eu nem sei o seu nome”
Shawn Mendes, I don’t even know your name.

Angela estava inquieta, não conseguia parar de olhar tanto para Louise quanto para o rei. Não queria ser mal educada por isso não se pronunciou, não podia esquecer que eles eram da realeza e a era uma camponesa qualquer.
–Então. - Louise falou quebrando o silêncio. - Tem mais um detalhe mínimo, se esse detalhe for o que pensamos, você é a princesa perdida da Calormânia.
Angie se sentiu tensa, um pequeno detalhe iria definir seu futuro. Aquilo era realmente desconfortável.
–Você pode tirar essa mecha de cabelo da frente da sua orelha esquerda, por favor?
Angie apenas pegou a mecha de cabelo e a colocou para trás, Louise olhou fixamente para aquela região e seus olhos lacrimejaram. O rei parecia não ter reação, apenas olhava fixamente para o local.
–Com licença. - Louise se retirou do aposento com lágrimas nos olhos, eram tantas emoções em tão pouco tempo. Não dava para descrever tudo aquilo, ela não sabia como se sentir. Respirou fundo, era uma princesa tinha que lidar com as situações, com esse pensamento ela voltou para a sala.
–Eu não estou entendendo. - Angela falou inocentemente e Louise sorriu para a garota.
– Bem vinda de volta. - Falou sorrindo entre as lágrimas.
– Ah meu Deus. - Angie falou empalidecendo com a surpresa.

~•~

“
Era tarde da noite quando os Quatro Reis, se reuniam na Sala do Conselho e discutiam seriamente. Aquele assunto estava sendo tratado à dias, mas somente naquele dia os irmãos Pervensie se reuniram com o Conselho para discuti-lo. Acontecia que o Rei da Calormania estava em guerra com a Arquelandia, e vendo-se em desvantagem o senhor resolveu propor uma Aliança entre os dois reinos a partir do casamento de sua filha com Edmundo Pervensie.
Edmundo não sabia o que pensar daquilo, em toda a sua existência o garoto havia acreditado no amor, e que duas pessoas se casavam apenas quando se amavam de verdade. A ideia de se casar com uma completa desconhecida assustava o garoto. O Pervensie ouvira muitos boatos sobre a garota, Louise, era o seu nome. O povo dizia que a mesma tinha uma beleza incomparável, era gentil e sorridente. Talvez fosse a mulher perfeita. E era exatamente sobre isso que os irmãos discutiam.
– Que dia você gostaria que fosse feito a cerimônia? - Susana perguntou enquanto bebia um pouco de chá.
– Bem, o quanto mais rápido melhor. - Pedro exclamou.
Edmundo observava os dois mais velhos discutirem animadamente as datas do casamento enquanto Lúcia os observava estarrecida. Edmundo não tinha aberto a boca para falar nada.
– Além de conseguirmos parar a guerra com este casamento, daremos herdeiros ao rei. - Susana comentou enquanto Pedro assentia animadamente.
– Espere. - Edmundo se pronunciou desconfortável. - Herdeiros?
Pedro observou as faces vermelhas do mais novo e riu.
– Sim, Ed. Vocês irão ter filhos.
Edmundo abriu a boca para falar, mas o espanto era tanto que o garoto ficou paralisado.
– Pedro! Susana! - Lúcia exclamou, mas os dois irmãos estavam tão animados com aquele ideia que nem ouviram a caçula.
– Certo, amanhã de manhã Louise estará aqui. Para ela e Edmundo se conhecerem melhor. - Pedro finalizou a conversa enquanto Edmundo procurava retrucar.
Nas horas seguintes Edmundo não sabia o que fazer, olhava desesperado no reflexo no seu espelho. Depois de tanto pensar, ele resolveu fazer uma pequena bagagem, dirigiu-se até os estábulos reais e montou-se em um dos cavalos. Sem dar uma palavra o garoto fugiu discretamente.
Sim, aquele pensamento de Edmundo era de certa maneira egoísta. Mas também era egoísta seus irmãos quererem lhe casar a força com uma estranha.
E Edmundo não iria se casar com alguém que não amava.”
Aquela memória ia e voltava loucamente na mente de Edmundo, o moreno lembrava-se Angie e pensava como devia estar as coisas no castelo. Sentia-se louco por dentro, a paixão que começara a sentir pela garota crescia cada dia mais, e a vontade de ver ela era avassaladora. E se ela fosse gêmea de Louise? E se ela não fosse a gêmea de Louise.

~•~

–Não, isso é um engano. - Ela falou e o Rei olhou para a garota penalizado.
– Ela fez você acreditar nisso?
O silêncio reinou, e depois de um tempo a garota se pronunciou ainda desconfortável.
–Ela sempre me disse que não queria que eu conhecesse meu pai, lembro-me de ele ter engravidado ela quando adolescente senhor. - Ela falou ainda receosa, o rei tinha que estar errado.
Seus pensamentos corroíam sua mente, sua cabeça chegava a doer com a velocidade de informações, mas doía principalmente pelo fato e da probabilidade de sua vida inteira ter sido uma mentira.
–Mary McConnor foi uma serva do Castelo por quatro anos, ela se demitiu alegando estar doente uma semana depois do parto da Rainha. - O soldado anunciou ao voltar para o cômodo com uma pasta cheia de papéis.
– O quê é isso? - Angie olhou para o homem que fez uma leve reverência para ela.
– O contrato trabalhista de Mary. Temos em escrito os termos nos quais ela concordou para trabalhar aqui no Castelo. Com licença. - Falou pegando a pasta e tirou uma folha de lá. - Você reconhece a mulher nesta folha senhorita?
Angie sentiu os olhos marejarem ao ver que naquele contrato estava exatamente a foto de sua “mãe”, e estava exatamente a sua assinatura. Aquilo só podia ser uma brincadeira de mal gosto. Um enorme nó estava preso em sua garganta, por conta disso, ela teve dificuldade de falar.
–Sim, é ela. - Falou abaixando a cabeça. - Vossa Alteza, o que acontecerá com ela?
– Mary McConnor pagará pelo crime que cometeu. - O Rei respondeu. - Foi feito um mandado de busca, toda a patrulha do nosso reino está atrás dela. Ela não tem onde se esconder.
– Quais crimes exatamente? - Louise perguntou timidamente para o pai, tinha ficado a conversa inteira quieta desde que tinha voltado para a sala, pois não sabia como confortar a irmã. E não sabia como era estar no seu lugar.
– Sequestro, traição a família real e por agredir uma menor, que é membro da família real da Calormania. - O Soldado respondeu pelo Rei que saiu do cômodo um tanto abalado.
– Quantos anos ela ficará na cadeia? - A voz fraca de Angela ressoou pela sala.
– Não terá prisão, Mary McConnor será condenada a pena de morte. - O soldado anunciou e Angela tapou a boca evitando o som de seu choro por mais baixo que fosse.
Louise olhou para Angela um tanto piedosa, a garota se afogava em lágrimas e ela não sabia como ajudar. Não conseguia imaginar a dor dela, abraçou a irmã tentando passar para ela o sentimento de confiança.
–Vai ficar tudo bem. - Louise falou enquanto Angie a abraçava. - Eu te prometo que a dor vai passar.