— Srt Evans esta bem?- perguntou ele preocupado.

— sim, eu estou sim, é que me deu um mal estar, mas já passou... Como chama o seu... o seu pai?

— Antonio Delohov, eu não me lembro muito bem dele, eu tinha apenas dois anos- disse ele sem tirar os olhos de mim, acho que era para ver se eu não estava chocada.

Meu pensamento não saia de Cedrico, me lembrei da noite do dia 31 de outubro, no dia que senti que deveria estar mais perto dele do que nunca, o dia que completava os 11 anos da morte de sua mãe, e de meus pais ( de certa forma Tiago foi meu pai, pois cuidou de mim).

— Acho melhor leva-la para a enfermaria-voltei a mim, ri do que ele disse.

—Não vamos começar o ano assim não é mesmo? Em Hogwarts, a med-bruxa de lá quase me ofereceu o emprego dela, eu vivia na ala hospitalar- ele sorriu ainda preocupado.

— Você parece não estar muito bem, então é melhor ir para o dormitório.

— É acho que seria melhor mesmo- ele me levantou da cadeira, me levou escorada em seus braços sempre perguntando como eu estava.

Chegamos no salão comunal, não havia ninguém além das crianças que não podiam participar do baile por serem do primeiro ano( a festa dos novatos era para nem tão novatos assim, ela só podia ser feita para estudantes a partir do terceiro ano), e essas estavam em seus dormitórios.

— Chegamos- disse ele em frente a porta do meu dormitório.

— Obrigada por me trazer, me diverti muito lá...

— Srt Evans, não mudou nada entre nós, essa historia do meu passado. Não é mesmo?- perguntou receoso.

— É claro que não, os filhos não devem ser julgados pelos erros que seus pais cometeram.

— Obrigado- disse ele me abraçando demoradamente, depois ele olhava em meus olhos, seu rosto estava frente a frente ao meu, e antes que eu percebesse, ele me beijou.

— Pietro oque esta fazendo?- disse me afastando dele.

— É que eu... eu gosto de você, e... a não sei oque deu em minha cabeça, me perdoe.

— Não precisa pedir perdão se não for fazer isso novamente.

— Nesse caso, me perdoe, você é encantadora Srt Evans.

— Não estrague esse lance legal entre nós. E me chame de Lira por favor. Bem, tenho que dormir agora, estou muito cansada. Boa noite Pietro.

— Boa noite Srt...- fiz uma careta brava, então ele se corrigiu- Lira, tenha bons sonhos- desejei-lhe o mesmo e então ele seguiu para seu dormitório e eu entrei no meu, me troquei e fui para a cama pensando no peso que ele deve carregar em ser filho de um assassino.

Não pude deixar de lembrar também em Cedrico, ele sofreu muito com a morte de sua mãe. Meus dois amigos um é filho do assassino, o outro da vitima. E eu só imagino uma coisa, quantas pessoas tiveram que morrer ou que ainda morreriam para que Voldemort pudesse se vingar do menino que sobreviveu a ele?

E oque foi exatamente aquele beijo? Por Merlin... se bem que nem foi tão ruim assim, mas enfim... As Veelas não conseguem seduzir outros Veelas, ao menos foi isso que a profª de trato das criaturas magicas Madame Cassandra disse. Eu sempre me lembro da possibilidade de que Fred, Cedrico, e Colin tenham gostado de mim. Mas e Pietro?...

E foi com esses pensamentos que fui dormir.

Levantei cedo, me arrumei para ir tomar o café, e já que era domingo resolvi que ia andar pelos arredores do castelo para conhecer melhor o local. E quando saio do dormitório encontro Pietro sentado em um degrau de costas, frente o meu dormitório.

— Bom dia Pietro- disse no ouvido dele para assusta-lo, no mesmo instante ele deu um pulo aterrorizado, e os olhos estavam inchados, certamente era de sono- Oque faz aqui em plena seis da matina?- perguntei.

— Bom dia... Lira- disse ele com cuidado para não me chamar de senhorita- Passei para saber se estava se sentindo bem, de repente você ficou pálida e seus cabelos ficaram branco ontem. Fiquei preocupado.

— Estou bem, obrigado pela preocupação, e você como esta?

— Preocupado com oque aconteceu ontem, sei que deveria ser mais corajoso, mas estava com medo que ficasse diferente as coisas entre nós depois daquilo- disse ele nervoso.

— Pietro não se preocupe, como eu disse os filhos não devem ser julgados pelos erros dos seus pais. Seu pai pode ter sido ruim, mas você não é como ele- falei compreensivamente, me sentando na escada ao lado dele.

— Oh, não era exatamente disso que eu estava falando, queria me desculpar sobre o beijo de ontem, fui um completo imbecil, e queria que esquecesse aquilo.

— Ahhh... Esquecer oque Pietro?- perguntei me fazendo de desentendida.

— Do beijo Lira, será que foi tão ruim assim?- disse ele se perguntando, eu ri, então ele entendeu- é claro você já esqueceu, como sou idiota- riu ele.

— Mas se quer saber- disse aos sussurros, próximo sua orelha- O beijo não foi tão ruim assim como você acha que tenha sido.

— Como disse?- perguntou rindo de canto.

— Estou indo tomar café, me acompanha ou vai ficar ai?- disse me levantando, e também para mudar de assunto.

— Acompanha-la é claro...

Enquanto caminhávamos conversamos sobre o orfanato bruxo onde ele cresceu, e ele perguntava sobre o orfanato trouxa onde eu vivia.

— Oque fazem aqui no domingo para se distraírem?- perguntei já me servindo do café.

— Eu treino quadribol, e cuido dos animais da escola.

— Se refere ao seu amigo, brutamontes? o... Frank?- ele riu e negou.

— Esta falando de Francis?- continuou rindo- Por Merlin estou me referindo a lindos animais, e não daquele Diabrete versão maximizada- rimos.

— Não sabia que os alunos podiam cuidar dos animais da escola.

— E não podem, é que no segundo ano eu perdi uma aposta e tive que montar em um dragão que estava sendo estudado pelos alunos do sétimo ano. Eu montei e... bem, só posso dizer que o estrago foi enorme, e como castigo cuido dos animais, dou comida, banho, e tenho que limpar suas casas- disse ele meio enojado. Eu ri e ele me mostrou a língua- e foi montando nesse dragão que hoje me chamam de Valente.

— Achei que fosse um diminutivo para Valentin. Deve ser fantástico cuidar dos animais- disse fascinada.

— E é, tirando a parte da limpeza das casinhas deles- disse com repulsa- Cuidar dos animais é simplesmente tranquilizador. Quase não tenho amigos, e o pouco que tenho são os animais.

— Iria adorar um castigo desses. Eu amo os animais- falei.

— Que bom, então gostaria de ir comigo tratar dos cavalos srt?-perguntou se levantando do banco e estendendo sua mão para mim.

— Mas é claro cavalheiro- disse pegando sua mão e rimos. Já terminado o nosso café fomos para fora do castelo, e nos encaminhamos para uma espécie de Haras.

O lugar era simplesmente fantástico, vários cavalos corriam de um lado para outro. Não eram simples cavalos, uns eram enormes com asas maiores ainda, outros não tão grandes assim, mas cada um era mais belo que o outro.

— Morri e estou no paraíso, só pode- comentei em voz baixa, mas foi audível, pois ele riu.

— Venha cá vamos cuidar das Granianas- o acompanhei.

Fomos de baia em baia para alimentarmos as Granianas que eram não muito grandes, mas Pietro disse que eram muito velozes, a pelagem deles variavam de cinza para branco.

— Essa é a Cristal- disse ao entrarmos na ultima baia- Ela é a mais nova, porem a mais sensível, ela machucou o casco e não pode andar, e nada que damos a cura. Disseram que iriamos ter que sacrifica-la-disse se sentando ao lado dela e a abraçou, vi lagrimas caindo de seus olhos.

— Coitada, tão novinha e já condenada- disse com tristeza, ela levantou a cabeça e me olhou, sentei-me no chão ao seu lado, e ela continuava com a cabeça erguida desconfortavelmente, e não parava de me encarar.

— Acho que ela gostou de você- disse ele vindo fazer carinho na pequena égua.

— Se eu pudesse fazer algo para ajudar e poupar a vida dessa criatura tão linda- disse passando a mal de leve sobre seu casco.

— Vamos Lira- disse enxugando as lagrimas e se levantou- Vamos cuidar das Etonianas- concordei, dei um beijo na pequena e frágil Cristal e me levantei para ir atrás de Pietro.

No momento e que me virei em direção a Cristal, para poder fechar sua baia, ela relinchou alto e começou a se por de pé.

— PIETRO-gritei-VENHA VER ISSO- ele veio o mais depressa que pode, e quando ele viu Cristal de pé pude ver até uma lagrima escorres de seus olhos.

— Eu não acredito. Como isso aconteceu?- perguntou ele.

— Acho que eu a curei, assim como eu fiz com o pássaro do parque- disse lembrando do pequeno pássaro apedrejado por garotos no parque.

— Lira esse dom que você tem é incrível- disse ele alegre.

— Vamos abrir a baia para ver oque ela faz- Pietro abriu o pequeno portão, ela veio de vagar em nossa direção. Ficou frente a frente dele e o mesmo a abraçou.

Demos espaço para que ela saísse, e assim ela fez saiu galopando alegremente aquele campo verde, junto com outros alados. Foi a coisa mais linda que presenciei.

Precisamos avisar madame Maxime. Concordei e fomos até sua sala.

— Curada?- assentimos contente- Como pode isso?- perguntou ela duvidosa.

— Pode olhar pela janela se ainda tiver duvida, senhora diretora- disse Srt Green surpresa olhando pela janela. A diretora foi até ela em passos lentos.

— Mas isso é magnifico- disse madame Maxime admirada- Como conseguiu esse feito srt Evans?

— Não sei ao certo, mas já fiz isso antes, não com um animal desse porte, foi com um pássaro.

— Nossa estrela ficara muito contente com isso- disse Srt Green.

— Tem razão, chame-a- Disse Maxime a Srt Green, e ela saiu da sala- não sei nem como agradecer Srt Evans- disse me abraçando (um abraço muito dolorido).

— Sabe senhora, acho que tem uma maneira de se agradecer- disse olhando para cima ( olhando para ela).

— Como, disse?

— Diretora Maxime, ficaria muito feliz se me deixasse cuidar dos animais juntamente com o senhor Valentin.

Os dois me olharam, ela pareceu confusa, já Pietro parecia estar satisfeito com a ideia.

— Oque acha senhor Valentin?- perguntou ela.

— Eu? Bem... ela cuidou bem dos alados hoje, ela gosta de animais e eles dela, sem contar que ela curou nossa Cristal- falou o garoto- Seria ótimo ter ela do meu lado... digo, com ela me ajudando- sorri, e ele pareceu se constranger.

— Sendo assim, a senhorita pode ajudar a cuidar nos nossos animais- a porta se abriu, e uma garota loira, alta com olhos claros apareceu com Srt Green- Estrela, temos uma ótima noticia, a nossa Cristal esta em pé novamente.

— Como pode ser verdade? Os cuidadores disseram que ela teria de ser sacrificada- disse a garota nos ignorando.

— Então vamos lá conferir- sugeriu a diretora, ela nos chamou e seguimos ela até o haras.

— Não estou acreditando- disse a garota acariciando a égua- você mal se punha de pé. Quem fez isso?

— Lira- disse Pietro- ela de alguma forma curou Cristal- ela ohou para mim e correu para me abraçar, ao menos esse abraço não foi dolorido.

— Você a salvou, por pouco ela não é sacrificada, o carrasco viria hoje para cá para fazer isso.

— Por Merlin é verdade, tenho que cancelar- disse madame Maxime que saiu correndo com a vice diretora.

— Vou poder monta-la na grande apresentação- disse ela subindo na égua, e começaram a galopar de um lado para o outro.

— Apresentação?

— Sim, nós vamos fazer a abertura da final do Mundial de quadribol- Já esta tarde vamos subir.

— Esperem - disse a garota descendo de Cristal e a colocando na baia.

— Com essa noticia nem me apresentei. Me chamo Fleur Delacour. Obrigado por cura-la, você não faz ideia de como nos deixou feliz.

— Prazer sou Ravenna Evans. E eu fico muito feliz com isso.

Subimos para nossas comunais para nos arrumar para o banquete. Chegando nele a diretora me chamou para junto dela e anunciou o acorrido a todos no banquete, todos os alunos aplaudiram, oque me fez corar muito.

Depois do banquete voltamos para as comunais, onde todos me perguntavam como eu havia feito tudo aquilo, quando todos iam para os dormitórios Pietro pegou minha mão.

— Deve estar enjoada em ouvir isso, mas, obrigado. Por mais que ela não seja minha, Cristal é a única coisa que eu tenho, que de alguma forma me entendi.

— Pietro, eu estou aqui. Para todos os momentos- o abracei e ele retribuiu com mais força ainda- boa noite.

— Boa noite- ele se despediu e eu entrei no dormitório, e antes que eu fechasse a porta ele me chamou.

— Lira- olhei para ele- Hoje foi o melhor dia da minha vida- sorri e ele retribuiu com uma piscadela e saiu.

Nunca me senti também em toda a minha vida, quanto hoje. Me sentir útil. Salvando uma vida, pensando na possibilidade de poder tido a oportunidade de salvar minha mãe, Tiago, mas eu era tão pequena, tão inútil talvez.