Depois da esperança - Peeta Mellark escrita por Nicoly Faustino


Capítulo 10
Capítulo 10




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É claro que não iríamos nos entregar sem ao menos tentar um modo de fazer as coisas diferentes. Por mais que eu tivesse medo, de ao armar uma emboscada para Sunny colocar a vida dos meus filhos em risco, Katniss estava decidida. Desse modo, ao entardecer, todos os nossos amigos já estavam cientes dos planos. Pacificadores também foram chamados. Temos cerca de 20 pessoas. Parece exagero, mas todos têm a ligeira desconfiança de que Sunny definitivamente não está agindo sozinha. E se essa suspeita estiver certa, não sabemos o que esperar. Quando a adrenalina inicial de bolar a emboscada passou, só restou toda a familiar dor, pela ausência de meus filhos. É como se realmente tivesse um buraco no lugar que deveria estar meu coração.

— Vocês devem ir para casa – Haymitch diz, e apesar de sua aparência estar tão debilitada quanto a nossa, vejo um brilho fugas em seus olhos.

— Obrigado, por tudo – eu digo, e o abraço bem forte, pois talvez essa seja a ultima vez que eu o veja. Abraço bem forte todos os meus amigos presentes, E Johanna se demora um pouco mais no abraço.

— Ir embora com aquela vaca, não é uma opção – ela sussurra em meu ouvido. – Você vai ficar. Porque nós vamos conseguir pegar ela.

— É o que todos esperamos – eu digo, e beijo seu rosto. Quando me afasto, ela está sorrindo, e beija meu rosto de volta.

Annie, que está inconsolável, é a ultima de quem me despeço. É de partir ainda mais meu coração, vê-la triste desse jeito.

— Annie, tudo vai dar certo – eu digo, na falta de mais palavras.

— Eu só não sei se aguento perder mais alguém que eu amo – ela balbucia, e se joga em meus braços. Sinto Katniss se aproximando, e envolvendo a mim e a Annie num abraço.

— Nós não vamos perdê-lo – ela diz, soando forte e decidida.

— Mas de jeito nenhum. Aquele seu ajudante na padaria é um desastre, sem ofensas Pollux, mas você sabe que seu filho é um abobado. Você tem que ficar pra fazer aquelas tortas maravilhosas.

Todos dão risada com o comentário de Johanna, até mesmo Pollux, apesar de ela ter chamado seu filho de abobado.

— Independentemente do que aconteça, saibam que fui agraciado por ter amigos como vocês. Obrigado – eu digo em voz alta, fazendo todos ficarem em silencio.

— Vamos, Peeta. Eles têm que se organizar – Katniss diz, e seguimos para casa. Finjo não perceber ás lágrimas nos rostos de quase todos. Porque a sensação de que isso é mesmo uma despedida, não me abandona?

Ao chegarmos em nossa casa, após percorrermos uma distancia curta, pois Haymitch mora bem perto de nós, sem nenhuma palavra, avançamos um sobre o outro. Parece errado fazer isso enquanto seus filhos estão nas mãos de uma mulher insana e cruel, mas essa pode ser a ultima vez que eu vou poder sentir o corpo de Katniss junto ao meu. Fazemos amor num desespero sufocante. Nada parece suficiente. É como se quiséssemos fundir nosso corpo um ao outro, para não ter que enfrentar a derradeira hora de nossa separação. Depois de nos esgotarmos, nos abraçamos ainda nus, numa mistura de suor e lágrimas.

— Você disse que sempre iria estar comigo – Katniss sussurra.

— E eu sempre vou estar. Aqui – eu digo, e levo minha mão um pouco acima de seus seios, indicando o local onde bate seu coração.

Ás 19:30, eu parto com Katniss. Ela me segue, segurando forte a minha mão, até certo ponto, mas depois se embrenha na mata de uma forma tão soturna como só ela poderia fazer. Ando devagar, temendo que minhas pernas falhem. O que acontecer essa noite irá decidir o meu futuro. E o da minha família. Quando chego ao lago, mesmo sendo antes da hora combinada, me deparo com Sunny. Seu cabelo parece ainda mais loiro que de manhã, sob o brilho da luz da lua. Ela segura uma arma em sua mão, mas no seu macacão colado ao corpo, tenho certeza que há outras armas escondidas.

— Então, você veio – ela diz, como se não acreditasse.

— Você tinha alguma dúvida disso? – eu pergunto, e é impossível disfarçar a raiva na minha voz, apesar de eu estar tentando ao máximo.

— Na verdade, não. – ela responde, e com passos largos e cheios de classe, chega até mim, colocando seu rosto bem próximo do meu. – Até que enfim, você é meu.

— Não tenha tanta certeza disso, vadia – Johanna grita, e se revela das sombras, jogando seu machado contra Sunny. Apesar de ela ser rápida e ter desviado, o machado crava em seu ombro, a fazendo soltar um urro de dor, quase como um animal. Eu agarro seu corpo, aproveitando seu momento de distração, enquanto os outros se revelam da mata, todos apontando armas para Sunny. Katniss com seu arco em mãos, apontando uma flecha diretamente para a cabeça dela.

— Péssima escolha. Achei que você viria por bem. Mas então, terá que ser por mal – Sunny grunhi, enquanto seu sangue quente e espesso cai sobre mim.

Começo a pensar sobre o que ela está falando já que não há ninguém aqui, além de meus aliados. É então, que o lago começa a tremular. Pequenas ondulações vão se tornando cada vez maiores. É Haymitch quem começa a atirar primeiro, mas logo vemos que está acabado, pois cerca de 50 pessoas, emergem da água, com máscaras estranhas nos rostos e extremamente munidas. Então, algo muito parecido com a guerra que enfrentei anos atrás, se inicia bem a minha frente. Devido à enorme quantidade de sangue que sai do ferimento de Sunny, minhas mãos ficam lisas, e ela consegue escapar. Pollux, que luta contra dois dos mascarados, joga uma arma para mim. Eu a pego, e começo a disparar. Eles são rápidos, suas roupas se camuflam bem na vegetação, e eu percebo que apesar das armas, suas especialidades são luta corpo a corpo. Não sei quanto tempo se passa, mas eu derrubo 1, 2, 5, 8.... Perco a conta. Só existe o desejo primitivo de acabar com essas pessoas, capturar Sunny que luta mais a frente com Johanna, e ter meus filhos de volta. Katniss também recuperou seu vigor. Ela luta ferozmente entre golpes e flechadas, derrubando vários inimigos. Mas também tivemos baixas. Vários dos pacificadores que vieram, estão caídos no chão. Vejo Pollux, se arrastando ferido de volta para as sombras. Carolynn luta contra duas pessoas enormes, e logo é vencida. Ferida ela se junta a Pollux nas sombras. Se isso não parar, muitas pessoas morrerão.

— Parem – alguém grita.

Todos param, e numa parte mais elevada, conseguimos ver apenas a sombra de alguém bem alto, com algo em seu colo. Alguém.

— Prim! – Katniss e eu gritamos ao mesmo tempo, já fazendo menção em correr até lá. Mas o homem segura uma faca, e coloca bem no pescoço de nossa filha, enquanto tapa a boca dela impedindo que os pedidos de socorro dela cheguem até nós.

— Mais um passo de algum de vocês e eu mato ela – o homem brada, e pela raiva em sua voz, ele parece estar falando serio. A máscara e a escuridão impedem de ver quem é, mas eu faço um lembrete mental, de matá-lo, por estar submetendo minha doce filha á isso.

— Venha Peeta. Agora – Sunny diz, e mancando, se encaminha até mim.

Olho para Katniss, o máximo que posso a fim de guardar seus traços comigo. Ela anda até mim, mas o homem que está com Prim chega a faca ainda mais perto do pescoço dela.

— Nem mais um passo, eu disse. Apenas o Peeta – ele grita.

Um farfalhar nas árvores chama a atenção de todos, e logo um aerodeslizador preto pousa a pouca distancia de nós. Olho para todos os meus amigos, que estão ofegantes e suados por se envolverem numa luta que nem poderia ser considerada deles. Em meu olhar, tento transmitir meu adeus e minha gratidão. Por fim, quando estou prestes a chegar ao aerodeslizador, olho para Katniss mais uma vez. Os mascarados todos já entraram. Do lado de fora só resta eu, Sunny, o homem com Prim, e mais distantes meu grupo de lutadores. Eu vou voltar, Katniss, eu digo sem emitir som, apenas mexendo meus lábios. Katniss assente, e leva três dedos aos lábios, para depois erguê-los para o céu. O restante do grupo faz o mesmo. Sunny me empurra para dentro do aerodeslizador. O homem com Prim entra também. Sunny é a ultima a entrar, e apesar de muito ferida, gargalha, felicíssima. A porta está quase fechando, quando ela se vira para mim, e seu sorriso malévolo dá lugar á uma expressão de total dor. E então ela cai no chão, revelando uma das flechas de Katniss cravadas em suas costas. Ao longe escuto o choro de Prim, mas não posso fazer nada, pois o homem que estava com ela, vem até mim, e me algema. Enquanto olha na direção do corpo de Sunny, sendo erguido por vários homens e tirado dali.

— Sorte a sua que provavelmente ela não irá morrer. Pois senão as conseqüências pra você e seus filhos, seriam ainda maiores e piores do que já vão ser graças a esse ataque medíocre – o homem diz.

— Eu vou matar você – eu grito, enquanto os choros de Prim se tornam mais audíveis. – Eu juro que vou matar você.

— Boa sorte com isso – o homem diz, e retira sua máscara, fazendo bile subir pela minha garganta.

— Porque você está fazendo isso, Gale? – eu pergunto incrédulo, controlando minhas ânsias.

— Porque você roubou minha vida – ele responde, e com tamanho ódio em seus olhos cinzentos ele fecha o punho e me nocauteia. E ficar no chão, sentindo a sonolência do golpe me invadir é terrível demais, quando tudo o que escuto, são os gritos de Prim, e eu sem poder fazer nada para salvá-la.   

 


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