Depois da esperança - Peeta Mellark escrita por Nicoly Faustino


Capítulo 11
Capítulo 11




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Quando acordo, estou num quarto estranho. Minhas roupas foram trocadas e tudo ao meu redor exala um cheiro penetrante de rosas. Sunny parece ter herdado os mesmos gostos do seu avô. Corro até a porta, mesmo sabendo que está trancada. O que eu faço? Será que as crianças estão em segurança com Katniss? Mas o que mais me perturba é a participação de Gale em tudo isso. E logo ele que dizia amar Katniss. Será que Sunny fez algo com ele, como fizeram comigo na capital? Pois eu não consigo acreditar que ele está fazendo parte disso. Sinto meu coração batendo acelerado e me forço a ficar calmo. Começo a revirar o quarto procurando por minhas roupas, e logo as acho, emboladas num canto. Pego no bolso da calça que estava usando a foto de Katniss e meus filhos. Tenho que ser forte, e achar uma saída. Coloco a foto em meu bolso, e decido traçar algum plano. O primeiro passo é tentar descobrir o paradeiro de meus filhos, o segundo é descobrir onde estou. Começo a bater na porta sabendo que logo alguém virá verificar o que estou querendo. Um homem muito grande, e com resquícios de tinta na pele, provando que ele é da capital, abre a porta para mim.

— Deseja algo? – ele pergunta, sem deixar transparecer nenhuma emoção em suas feições nem em sua voz.

Decido tentar arrancar algo dele.

— Eu.. Só quero saber como estão meus filhos – eu digo, e já sinto lágrimas aflorando em meus olhos.

O homem me fita demoradamente. Parece em dúvida sobre dar ou não uma resposta para mim.

— O menino foi devolvido. A menina permanece aqui – ele diz, e olha para os lados.

— Prim está aqui? Eu preciso vê-la – eu praticamente grito.

— Eu não sei se... – o homem começa.

— Deixe que ele veja a menina, Tommy – Gale interrompe, entrando no quarto.

Institivamente levo a mão ao meu rosto, que ainda lateja devido ao soco que ele me deu. E também ao soco que Haymitch havia me dado antes, afim de impedir que eu atacasse alguém, graças ao veneno agindo em mim novamente.

Mas apesar de sentir certo medo de Gale, e por suas feições denotar tanto ódio que o deixa irreconhecível, eu me empertigo, e o fito. Quero que ele veja em meu olhar, a descrença de ele estar ajudando Sunny. Quero que ele veja, a minha tristeza, por ele que sempre foi amigo de Katniss estar fazendo isso com ela. Como se tivesse sido apunhalado pelo meu olhar, ele baixa a cabeça, sussurra algo para o guarda e sai rapidamente.

— Me acompanhe – o guarda, Tommy, me diz.

Vou seguindo ele, por um corredor longo, e branco. Há várias portas fechadas, me fazendo lembrar do centro de treinamentos da capital. Do lugar onde Cinna estava. Mas não consigo achar nada que me seja familiar. Nada que prove a minha real localização. E sei que Tommy não me dirá nada. Não diretamente pelo menos.

— E você, o que ganha com isso? – eu pergunto, bem baixo, quando me certifico que não há ninguém próximo a nós.

— Onde você quer chegar com isso? – Tommy pergunta.

— A lugar algum. Só quero entender o que leva alguém a destruir, separar, causar tanto sofrimento a uma família. O que você ganha com isso, Tommy? – eu insisto, e percebo que ele está contraindo seu maxilar. Já me preparo para tentar me defender de algum possível golpe. E como eu havia previsto Tommy me ataca, mas não é algo para me machucar. Ele apenas me coloca contra a parede. E com total surpresa, percebo que seus olhos estão marejados.

— Não é como se eu quisesse fazer parte disto. Eu apenas não tive escolha. Você não sabe do que esta mulher é capaz – ele diz, e me solta. Voltando a sua compostura ele continua a andar, e eu o sigo. O que Sunny pode ter feito para ter tantos aliados assim? Achei que todos estavam com ela, por que queriam. Mas o que Tommy acaba de me dizer, mostra que eu estava enganado. Talvez ele possa me ajudar futuramente.

— É aqui. Segundo as ordens, você tem 15 minutos com a menina – Tommy diz, e abre a porta. Assim que eu entro, a porta é fechada, e pelo que eu posso ouvir, trancada.

Entro no quarto, e não vejo Prim de imediato. Só quando olho ao redor, que a encontro encolhida num canto, imóvel. Eu corro até ela, e a pego em meus braços. O que faz com que ela desperte, apavorada.

— Calma, querida. Sou eu, Prim. Sou eu – eu digo, enquanto ela se debate tentando escapar de mim. Custa até ela se acalmar e por fim me olhar.

— Papai? – ela murmura, com lágrimas escorrendo de seus lindos olhos.

— Sim, meu amor – eu respondo, e a abraço forte, enquanto ela soluça em meus braços.

— Achei que eu nunca mais fosse te ver – ela diz entre seus soluços, e aperta ainda mais seus braços ao meu redor.

— Como pode achar isso? Eu nunca abandonaria você...

— E Finnick? E a mamãe? Eles estão bem? – ela pergunta, enquanto se afasta um pouco e olha meu rosto, provavelmente com alguns hematomas.

— Eles estão bem... Estariam ainda mais se você estivesse com eles – eu digo, e enxugo as lágrimas de seu rosto. – O que fizeram com você, Prim?

Ela baixa a cabeça, e olha para seus braços, suas pernas... Há marcas roxas, cortes cicatrizando.

— Aquela moça. Ela machucou a mim e a Finnick. Eu não entendia porque ela fazia isso. Eu não me lembro de ter feito nada de mal para ela. Eu nem conheço ela, papai. Quando ela batia em nós, ela gritava que não suportava nos olhar, por sermos seus filhos, e da mamãe.

Sunny vai pagar caro por ter feito isso.

— Eu vou dar um jeito de te tirar daqui. Eu juro – eu digo, e beijo a testa de Prim, que se aninha em meu colo. Ficamos em silencio, apenas abraçados, e eu tentando passar o máximo de segurança a minha pequena filha. Quando eu poderia imaginar que ela teria que passar por isso?

— Filha, você sabe onde nós estamos? – decido perguntar.

— A única coisa que eu escutei, foi um moço falando que era bom ele poder ficar no mesmo distrito em que ele trabalha – Prim responde, satisfeita por ter alguma informação.

— E como era esse moço?

— Era aquele, que estava comigo ontem – ela se limita a dizer, e se agarra em mim mais uma vez.

É de Gale que ela está falando. E Gale era chefe de algum setor de segurança, no distrito 2. Ótimo começo. Estamos no distrito 2.

— Hora de ir – Tommy anuncia ao abrir a porta. Vejo que ele não consegue olhar diretamente para mim e Prim abraçados no canto do quarto.

— Não vá papai – Prim sussurra, se agitando novamente.

Eu afago seus longos cabelos, tão parecidos com os de Katniss, e me forço a não chorar mais.

— Eu vou voltar. E vou te tirar daqui. Eu prometo meu amor – eu sussurro de volta, enquanto beijo sua testa.

— Eu te amo papai – ela responde e enxuga suas lágrimas. – E eu vou te esperar.

— Eu também te amo, muito, minha princesa – eu respondo. – E eu prometo que não vou deixar que mais nada de ruim te aconteça.

Relutante, me levanto e acompanho Tommy mais adiante pelo corredor. Ter que deixar Prim sozinha, me desconcertou totalmente, mas preciso me focar em achar uma saída. Mal percebo quando Tommy para em frente a uma enorme porta, diferente das demais.

— Ela quer te ver – ele diz, e abre a porta para mim. Sei que ele está falando de Sunny. Respiro fundo, e entro.

O quarto, é todo vermelho. As paredes, os móveis... São vários tons de vermelho, que deixa tudo meio macabro. Sentada numa enorme cama no centro do quarto, está Sunny. Seus cabelos estão pretos agora, e pendem numa trança longa que acaba sobre seu ombro que está enfaixado. Ela veste apenas uma calcinha, minúscula. Desvio o meu olhar.

— Depois de tanto esforço, de levar uma flechada e ser acertada com um machado, o mínimo que eu merecia é que você me olhasse – Sunny diz.

— Por favor, vista algo – eu rebato.

— Me olhe – ela grita.

Eu levanto a cabeça, e a encaro, mas meus olhos ficam fixos em seu rosto.

— Sunny... Você prometeu que devolveria meus filhos. Mas Sunny ainda está aqui.

— E você, foi sozinho me encontrar? Acho que não. Tudo tem um preço, Peeta. Agora venha aqui.

Estaco no chão. O que ela vai querer?

— Não se esqueça que sua filha está aqui. Ela pode pagar as consequências pelos seus atos – Sunny ameaça. Isso faz com que eu me mova, e me sente ao seu lado. Cerro os dentes, contendo a vontade de matá-la. Mas com tantas pessoas envolvidas, inclusive Gale, matar Sunny não é uma garantia de que Prim e eu possamos escapar dessa.

— Agora me toque. Me beije – ela ordena.

Eu não posso fazer isso. Eu não consigo fazer isso. Imediatamente, um tremor discreto começa a assolar meu corpo. É o veneno dentro de mim, queimando.

— O que você está esperando? – Sunny pergunta, e avança sobre mim, esmagando meus lábios contra os seus.

Eu me afasto num sobressalto, e levo minha mão aos lábios.

— E....Eu... Não po-posso... Eu não... Consigo fazer isto – eu digo, e me encosto na porta, o mais longe possível de Sunny. A dor em minha cabeça começa.

Sunny se levanta da cama, e veste um robe vermelho. Ela manca até mim, e se encosta em meu corpo.

— Você tem duas opções. Ou você aceita que agora você será meu, ou eu terei que enfiar isso em sua cabeça – ela diz entredentes.

— Eu nunca serei de ninguém, além de Katniss – eu retruco, ao mesmo tempo que me esforço ao máximo para não gritar de dor. Não posso deixar o veneno me vencer, depois de todo esse tempo. Sunny se afasta, e pega uma espécie de transmissor.

— Tirem ele daqui, e levem para o laboratório – ela diz para o aparelho, e em seguida se volta para mim. – Isso não foi uma sábia escolha. Vou injetar tanto veneno em suas veias, que você nem lembrará quem Katniss é.

Nesse momento, dois homens que eu ainda não havia visto, adentram o quarto e seguram meus braços. Eu não posso ser submetido a outro telessequestro. Eu não posso me perder. Eu não posso esquecer.

— Última chance querido – Sunny diz, sorrindo, segurando meu queixo, colocando seu rosto bem próximo ao meu – E então? O que você vai escolher?

 


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