Cependant, Je t'aime escrita por Dreaming Girl


Capítulo 12
Le Silence


Notas iniciais do capítulo

Bem, desculpem por não ter postado ontem, acabei o capítulo agora a pouco e espero, verdadeiramente, que gostem! Obrigada por todos os comentários que deixaram aqui, especialmente a Ginger, a Sabri-chan e a Mari RizzoT, esse capítulo é para vcs >
Até lá em baixo ^^



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Chat estava completamente encharcado ao lado da garota que tanto amava. O buque de tulipas, lilases e rosas brancas que Rachel o ajudara a escolher estava igualmente molhado, mas seu sorriso calmo não se abalou, ele estava imensamente feliz de estar ao lado dela.

O gato colocou as flores em sua escrivaninha, percebendo as fotos que estavam na parede. Fotos de Adrien Agreste de todas as formas possíveis.

Pensou por um momento se Mari era fã de seu trabalho ou se sempre fora apaixonado por ele, já que existiam fotos de muitos meses atrás. Ele sorriu.

Ainda não acreditava o quanto amava aquela garota.

Ele voltou para onde ela dormia. Seus olhos fechados levemente, rosto vermelho pelo frio, o cobertor rosa com bolinhas brancas, o pijama que usara no dia anterior, as maria-chiquinhas desalinhadas e a pouca iluminação que seu abajur fornecia o forçavam a olhar para ela, absolutamente linda. Ele se deitou ao seu lado, sem ligar para o que molhava, e começou a desfazer o cabelo dela, o que fez com que eles caíssem por todo o rosto da garota.

Adrien colocou sua mão coberta pela luva no rosto de Marinette, empurrando alguns fios para trás de sua orelha e passando seu polegar de unha afiada pela bochecha dela.

Os olhos celestes se abriram levemente, as pupilas estavam dilatadas, Chat não estava conseguindo pensar naquele momento.

— Adrien... — ela murmurou, fazendo o loiro arregalar os olhos felinos e se avermelhar. Um sorriso bobo se fez no rosto da garota. Ela sabia?

— My... Lady? — ele perguntou por impulso. Marinette acordou quando ele pronunciou essa duas palavras, arregalando os olhos e vendo seu amigo totalmente molhado.

— Meu Deus, Chat, você está bem?! Está todo molhado — declarou, se sentando na cama e tendo o olhar seguido pelo gato. — O que estava pensando?! Ah, não importa, espere aí, vou buscar uma toalha e alguma coisa quente!

Ela pulou pelo atalho que costumava usar, caindo de pé e correndo para o armário de toalhas de sua casa. Pegou uma toalha rosa bordada com o nome dela e correu de volta para o quarto, onde viu o gato tremendo. Ela estendeu para ele, que permaneceu na parte de cima, mas se secando dessa vez.

— Obrigado, Mari — ele falou, soltando um espirro em seguida.

— Saúde e, café ou chocolate quente? — perguntou entrando em desespero.

— Chocolate... — antes que ele acabasse de falar, ela correu para o andar de baixo, levando a louça que usara nessa tarde. Preparou a bebida e voltou com pressa para o quarto.

Chat estava encolhido na parte almofadada em baixo da saída para o telhado. O frio finalmente havia batido e aquilo estava o matando, precisava se aquecer agora. Marinette estendeu a caneca quente para ele, que a pegou com as mãos cobertas pelo tecido frio e começou a tomar.

Mari era tão atenciosa.

Ela correu para o armário e procurou algum moletom grande e quente, que não fosse muito feminino e que usava para ficar em casa. Acabou encontrando um preto grande com uma pata verde. Ela realmente havia feito aquele moletom para Chat algumas semanas atrás, mas não havia conseguido entregá-lo no natal, então permaneceu com ele.

Ela correu de volta para o garoto e deu-lhe o moletom. — Eu diria que é melhor tirar o uniforme, mas eu nem sei se é possível tirar essa coisa — ela falou.

— Você tem algo para vendar os olhos? — ele perguntou. A garota afirmou com a cabeça e andou até sua escrivaninha, abrindo a gaveta e pegando o tapa-olho que raramente usava quando ia dormir. Ela subiu ao lado dele e tapou os próprios olhos, esperando que ele se destransformasse.

— Plagg, me reverta — o pequeno kwami voou de seu anel, revelando o garoto loiro encharcado. Ele estava com uma bermuda vermelha leve e com uma blusa preta, no caso, era seu pijama. Porém, estava completamente molhado. Ele tirou a camisa, se secou com a toalha de Mari e colocou o moletom, que cabia nele perfeitamente. — Obrigado, Marinette.

— Que nada — ela respondeu. — Mas, o que está fazendo aqui?

— Eu... Eu precisava falar com você, pedir desculpa por terça feira, pelo que eu te disse.

— Está tudo bem Chat, é só que...

— Você gosta de outra pessoa, não é? — deu um tom meio triste. Ele sabia que ela gostava de Adrien, no caso, de si mesmo. Nossa, aquilo era muito confuso.

— Não exatamente — ela respondeu com um sorrisinho, deixando o loiro surpreso. Seria Marinette aquele tipo de garota que simplesmente vai no que estiver disponível? Não, ele não queria acreditar nisso, caso contrário ela já teria pego Nathanael a muito tempo.

— Como assim? — Marinette colocou a mão sobre os elásticos do tampão. Ele já sabia o que ela iria fazer. — Não! — exclamou, colocando as mãos sobre as dela e a derrubando deitada na cama sem querer.

— Chat, por favor — ela pediu.

— N-não... Eu não... — sua voz estava um pouco fraca. Ele não sabia por que a tinha impedido, talvez estivesse com medo de decepciona-la?

— Chat, sai de cima de mim, me deixa tirar essa máscara! — Marinette brigou se debatendo. Ele estava segurando os pulsos dela acima de sua cabeça.

— Não grite, princesa, vai acordar alguém — ele respondeu.

— Eu não ligo, me deixe saber, por favor — ela implicou. Ela já sabia, apenas queria saber o porque de essas palavras concretas não estarem saindo de sua boca.

— Marinette, eu vou te beijar.

— O que? Por que assim do na... — sua frase nem acabou e logo os lábios deles estavam juntos. Ela soltou um gemido quando as bocas se juntaram, os olhos azuis arregalados de baixo no tampão logo se fecharam, os ombros relaxaram e os pulsos dela foram soltos. O beijo fora breve, mas muito bom.

Adrien descolou os lábios, passando a língua pela parte inferior da boca da garota. Ela estremeceu, o maldito beijava bem... — Marinette, eu te amo — ele disse, continuando o beijo. Os olhos da garota ainda estavam fechados, e suas bochechas estavam completamente coradas.

— Você... — ela murmurou entre beijos. — Você não pode fazer isso comigo... — falou se referindo ao seu coração acelerado.

— Gatos são ariscos — ele falou em seu ouvido. — Ainda mais os de rua...

O pescoço dela, com aquela marquinha que ele havia deixado no dia anterior, era tão tentador. Mas afinal, ele era Chat, não precisava ligar para o que aconteceria depois. Ele começou a lamber e a beijar o pescoço e o rosto da menina enquanto ronronava. Achou engraçado, aquilo só havia acontecido com Ladybug, mas agora, naquele momento de atração tanto emocional quanto sexual, todo o seu corpo, assim como Rachel tinha dito, ansiava por aqueles toques e sentimentos, e não se deixaria levar pelo que quer que fosse a interrupção. Bom, quase tudo...

— Filha — Sabrine disse, empurrando a porta. Adrien se assustou. Se jogou para o lado da parede, passou o cobertor sobre si. Marinette jogou rapidamente algumas almofadas nele e retirou o tampão, encarando a mãe em seguida que, graças às forças divinas, não havia visto a cena.

— O-oi mãe, o que foi? — ela perguntou, disfarçando e se colocando encostada nas cobertas.

— Ah, é só que eu não te vi fora do quarto hoje, pensei que poderia estar mal novamente.

— Ah, sim — Mari sorriu. — Eu estou bem, só estava... — ela se virou, procurando alguma desculpa, e logo vendo o livro em sua cama. Mar de Tranquilidade. — Lendo um romance. Ele é muito bom!

— Ah, certo... — Sabrine olhou mais atentamente para a garota. Merda, merda, merda, merda, era isso que ecoava em sua cabeça. — O que é isso em seu pescoço?

O garoto, de baixo das cobertas, se avermelhou e se culpou internamente por ser tão idiota. — Ah, foi um mosquito.

— Nós estamos no inverno — a garota corou. Ah, merda, ela era uma péssima mentirosa.

— Eu disse mosquito? Quis dizer gato, isso, sim, eu tinha me esquecido, mas eu estava indo para casa, daí eu encontrei um gato preto e ele acabou me mordendo...

— Gato, sim — ela revirou os olhos. — Ah, como vai o Adrien?

Muito bem, de baixo das minhas cobertas, aliás, quer vê-lo?  Pensou em responder, mas considerou que talvez não fosse uma boa ideia.

— Ele está bem, não consegui conversar direito com ele hoje — ela sorriu. Mentira.

— Ele é um garoto tão bom! Quando você vai cozinhar para ele?

— Mãe... — Marinette respondeu, prolongando a letra "a".

— Filha! — respondeu da mesma forma. — Vocês ficam tão fofinhos juntos, mentiu para mim por não serem namorado, não é? Tenho certeza que foi ele quem fez isso — Sabrine apontou com a cabeça para o machucado no pescoço da menina.

— Mãe, nós não somos namorados — a menor falou, completamente vermelha. Por que sua mãe inventara de fazer algo desse tipo justo hoje?

— Mas isso não quer dizer que não foi ele.

— Mãe!

— Certo, certo — ela se rendeu, com as mãos para cima. — Eu me rendo. Boa noite, filha — Sabrine se aproximou da cama e deu um beijo na testa de Mari.

— Noite, mãe... — ela respondeu. A mais velha deixou o quarto e, depois de ouvir alguns paços, Mari se levantou e trancou a porta, voltando para cima da escada. — Ela já foi.

— Eu imaginei... — ele respondeu. — Se importa de não olhar?

Sim, me importo, já sei quem você é, fechar os olhos não adiantaria nada!

Ao menos, era isso que ela queria falar. — Tudo bem... — ela se virou para o outro lado, de olhos fechados. Queria saber porque as palavras tão desejadas não saiam de sua boca. Talvez, o que Rachel dissera fora de tamanho impacto que ela nem mesmo conseguia formular direito o que faria.

Ela sentiu braços fortes a abraçarem por trás, pela cintura, e cócegas ao perceber o posicionar da cabeça do garoto em sua nuca. Ele lhe deu um beijo leve lá, fazendo a garota se estremecer por completo. — Desculpe, princesa, acho que essa é minha deixa. Plagg, transforme-me.

O kwami, que conversava com Tikki em outro canto do quarto, foi sugado ao ouvir as palavras. A luz verde percorreu o corpo do garoto, e ele logo começou a afrouxar os braços da cintura de Mari, indo um pouco para longe e começando a abrir a janela para o telhado, deixando cair inúmeras gotas de chuva no colchão.

— Se cuide bem, princesa... — ele foi sair, mas teve a cintura segurada por Mari, que o puxou para baixo e fechou a janela.

— Espera! — ela falou, levantando o tom de voz. — Há algo que eu preciso te dizer!

Ela estava com uma perna de cada lado do gato, e encostava as costas dele em seus seios e sua barriga, fazendo com que o menino se avermelhasse. — O-o que é tão importante para que m-minha presença seja ne-necessária? — gaguejou. Ah não, deixada totalmente transparecido o quanto estava nervoso com aquilo. Ela o apertou com mais força.

— Chat, ou melhor, Adrien — o menino arregalou os olhos, ela realmente sabia. —, eu vou lhe contar de uma vez antes que as palavras fujam novamente dos meus lábios! — ela respirou fundo, e fechou os olhos. — Eu sou a Marinette!

O silêncio planou por um segundo. O que foi aquilo? — Eu sei, Mari.

A garota percebeu o que havia falado, brigando consigo mesma para que, dessa vez, falasse corretamente. — D-desculpe, me perdi com as palavras — ela afundou o rosto nas costas do gato. — O que eu quis dizer é que eu sou a Ladybug! Eu, a garota tímida e fracote da nossa sala de aula que apenas conseguiu correr de você por todos esses meses por medo de ser rejeitada. Eu sou a Ladybug!

O silêncio planou novamente. Aquele maldito silêncio que perfurava almas e acabava com as chances de certas pessoas fazerem amizades. O silêncio constrangedor de quando você quer falar algo, mas não sai nada da sua boca. O tipo de silêncio que carrega zilhões de pensamentos, mas nenhum som.

Qualquer coisa doía menos que esse silêncio.

— Você... — Adrien começou. — Você é... Meu Deus, como eu nunca percebi isso?! — ele se lamentava. Seus olhos marejavam. — A garota por quem sempre estive apaixonado, a garota por quem estou atualmente derretendo de amores e a garota tímida que senta atrás de mim na sala de aula... são todas a mesma pessoa? Ai meu Deus!

Lágrimas pingaram nos braços de Mari, enquanto Adrien limpava os olhos com as mãos, afastando o choro, ela o abraçou mais forte. — Desculpa... Desculpa Adrien... — ela disse baixinho. — Eu sempre fui aquela menina patética que não conseguia pronunciar uma mísera palavra para a pessoa que dizia amar, enquanto meu verdadeiro amor estava bem na minha frente. Me desculpe por ser uma garota tão idiota e insignificante como sua Lady, me desculpe por não ter tido coragem de te dizer isso antes! — agora era ela quem estava chorando, apertando o abraço. Não queria decepcionar os dois garotos que amava, sendo eles o mesmo, o que estava chorando em seus braços.

— Desculpe?! — ele ironizou, se virando para ela. Ela não conseguia ver por baixo da máscara, mas imaginou se ele estava vermelho, com os olhos amassados pelo choro, se aquilo era algo bom ou ruim. — Meu Deus, todas as minhas tentativas de me afastar de uma eram apenas perda de tempo?! Eu nunca fui tão feliz em toda a minha vida!

O gato preto a abraçou, deitando a cabeça dela em seu peitoral. — Você não está decepcionado? Não imaginou que Ladybug seria uma garota mais corajosa, ou algo do tipo?

— Por que eu estaria decepcionado? — perguntou, rindo.

— Eu não sei, eu tenho tantas falhas, sou tão desastrada e não faço nada direito...

— Marinette, mesmo com todos os seus defeitos, você é uma garota incrível. Você é tudo que eu sempre desejei que Ladybug fosse, e até um pouco mais, você é você mesma, e isso te faz única. Você é bravia, defende sempre os mais fracos, aqueles que não podem se defender sozinhos, você é divertida, desenha super bem, meu Deus, como uma pessoa tão inútil que nem eu encontrou uma garota tão incrível?! — ele se perguntou, apertando o abraço. Ele tinha medo de tudo ser apenas um sonho, de acordar no dia seguinte em seu quarto, com o despertador tocando alto enquanto abraçava um de seus travesseiros.

— Eu, incrível? Você é Adrien Agreste, garotas morreriam para estar no meu lugar agora! Você é bom na esgrima, pratica basquete, fala chinês, tira notas altas e ainda toca piano, salva a cidade quase toda semana e ainda me faz rir quando estou a ponto de desabar! Eu é que não sei como consegui alguém assim!

— Mari, talvez você não saiba, mas eu sou muito mais vazio do que você pensa, eu sou muito pior do que você pensa — ele a forçou novamente. Falava todas aquelas palavras, mas sua cabeça só estava focada em um pensamento. Por favor, não acorde!

Marinette soluçou, o barulho repreendido pela parede que Chat formava, impedindo que qualquer um a visse naquele estado. — Chat, Adrien, não me importa quem você é, eu só quero que saiba que, mesmo sendo falho, mesmo tendo pensamentos impuros e mesmo tendo buracos de um passado ruim... Mesmo com esses altos e baixos de uma vida que eu não vivi para julgar, mesmo com tudo que aconteceu e que vá acontecer, continue sorrindo. Coisas ruins acontecem a todo momento, entretanto, eu te amo*, e preciso que saiba disso.

Ele a soltou do abraço e a olhou nos olhos. — Plagg... Por favor... — e assim, o pequeno kwami voou do anel prateado, revelando os olhos verdes amassados e vermelhos pelo choro, os cabelos loiros e a roupa que Marinette o havia emprestado. Adrien segurou o rosto de sua amada em mãos, se aproximando cada vez mais, e lhe dando um beijo.

Diferente dos beijos cheios de desejo e medo que o menino já tinha dado na garota, aquele era um beijo calmo, totalmente apaixonado. Ele não queria pensar em onde posicionar sua língua, ou em como respirar em meio à pegações, ou... Ou... Ele não queria nem pensar no que não queria pensar.

Ambos só ficaram ali, aproveitando o longo beijo e o som da chuva, que aumentava a cada segundo.


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Notas finais do capítulo

*: Marinette utilizou o nome da fic (Cependant, je táime), ao dizer, "entretanto, eu te amo", essa foi a primeira vez em que a frase foi utilizada