Os 98 caras escrita por Emma e Jazzy


Capítulo 10
Os números 14,15,16,17,18,19 e 20




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Depois do acontecimento com o número 13, resolvi que iria me envolver apenas artistas de verdade. Sam tinha apenas 10 anos na época em que namoramos, mas tocava piano e violino como um profissional. Ele ganhou vários prêmios na escola por isso e eu gostava quando ele dedicava uma música pra mim, fazia com que eu me sentisse especial.
No fim, não deu muito certo. A vida de um prodígio musical é muito conturbada e eu não tinha tempo para aquilo. Pode ter tido algo a ver com o fato de que numa de suas apresentações eu acabei dormindo de tanto tédio e Sam ficou bastante ofendido, mas prefiro a versão em que ele não me dá a atenção suficiente e eu acabo terminando com ele.
Uns três dias depois eu comecei a namorar o P.J. , não me pergunte qual o nome verdadeiro dele, não faço ideia. Eu só o chamava pelas suas iniciais porque era mais descolado assim e quando você tem 10 anos tudo que mais quer ser na vida é ser descolado. Mas como eu ia dizendo, ele era um cara bem legal, quer dizer, ele devia ser.
Eu tinha Skyler como melhor amiga agora, namorados eram só acessórios pra eu poder me gabar pra ela por cinco minutos e depois voltar a brincar de boneca. Como não ligava muito pro que eles faziam, a única coisa que eu me lembro sobre o P.J. é que ele tinha uma coleção incrível de quase tudo: papel de bala, pedras, peças de Lego... Enfim, ele acumulava um bando de coisas.
Terminamos porque eu sem querer joguei a sua coleção de pontas de lápis no lixo, pode parecer meio idiota agora, mas na época foi um escândalo. De qualquer modo, superei bem rápido porque sempre tive Skyler do meu lado, como quando eu comecei a namorar o número 16.
Já tinha 11 anos, era uma menina crescida e ele era apenas um pouco mais velho do que eu. Minha melhor amiga me avisou que aquilo poderia não acabar bem, mas nós duas estávamos animadas demais com o fato dele ter 13 anos, naquele tempo era como se ele fosse um adulto na nossa visão.
Como namorava um rapaz maduro, esperava comportamentos de gente grande, mas não foi bem isso que eu tive. A verdade é que o Taylor não era muito melhor do que o resto dos garotos da minha sala, parecia até que eles tinham a mesma idade mental. Achei que a minha ideia de um relacionamento adulto tinha ido por água abaixo, mas então, num dia depois da aula nós saímos juntos e ele me beijou.
Bom, todos sabem que eu perdi o meu BV aos 7 anos com o número 6, mas aquele beijo não era nem um pouco parecido com o que eu tinha experimentado com Luke. Ele tinha língua e era horrível. Deixei que se passassem alguns segundos, foi tempo suficiente pra eu me tocar do que estava acontecendo e não gostar nem um pouco. Empurrei Taylor para longe de mim na mesma hora.
— O que você tá fazendo?! - Perguntei, um pouco enojada.
— Ué, eu te beijei! Nós somos namorados, Emma, é isso que a gente deveria fazer.
— Bom, não quero te namorar se for pra ser assim. Você beija mal, eu quero terminar.
E foi por causa de uma língua com gosto de baba e que não sabia se controlar que o meu relacionamento número 16 terminou. Mais tarde, eu aprendi que beijos de língua podiam ser muito bons e mesmo que a experiência tenha sido horrorosa, foi um bom assunto pra conversar com a minha melhor amiga.
No resto dos meus 11 anos eu namorei mais três caras: Scott, que era um amante dos animais e com quem eu terminei por ele querer criar macacos ao invés de filhos comigo no futuro; Leon, um super viciado em vídeo-game que uma semana depois de namoro levou um pé na bunda meu porque eu não podia competir com um jogo; e Said que eu acabei conhecendo por cartas, a ideia toda era um projeto da escola para que nós fizéssemos amizade com pessoas de outros países, mas eu acabei namorando mesmo. Meus pais resolveram interferir e tivemos que terminar, parece que eles não gostaram muito do país de origem do meu namorado.
Depois de tantos caras com tão pouca idade, acabei ficando cansada. Não que eu fosse parar de namorar, isso nunca aconteceria, mas eu queria ter pelo menos um relacionamento que durasse mais de dois meses. Não sabia disso no fim dos meus 11 anos, mas, quando eu entrasse na adolescência, as coisas iam começar a ficar interessantes.


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