Os 98 caras escrita por Emma e Jazzy


Capítulo 11
O número 20




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Aos doze anos eu já tinha praticamente perdido as esperanças no amor. Até aquele momento eu havia acreditado que 19 caras eram as minhas almas gêmeas, mas acabaram sendo todos uma decepção. A minha eu pré-adolescente já não sonhava mais que um dia haveria um cara que seria seu príncipe encantado.
Mas então, Louis Hampbell apareceu.
Ele era simplesmente lindo e tinha um sorriso encantador, nosso primeiro beijo havia sido embaixo de uma árvore e foi seguido de um pedido de namoro super fofo, junto com uma marcação das nossas inicias no tronco da macieira.
Louis era o namorado mais fofo que eu já havia tido. Diferentemente do número 6, eu sentia uma magia acontecer todas as vezes que nossos lábios se tocavam, ele sempre me dava presentes fofos e se lembrava de evitar as flores por causa da alergia do meu irmão e o beijo de língua dele não era como o do namorado 16, era bom e suave.
Eu tinha certeza de que dessa vez seria como nos filmes, Louis e eu namoraríamos por um bom tempo, seríamos rei e rainha do baile, iríamos pra mesma universidade e lá dividiríamos um apartamento juntos. Nosso casamento seria no campo, com todos os nossos amigos e família, teríamos três filhos juntos...
— E um cachorro chamado Jinx! - Ele completou com um sorriso.
Sorri de volta e lhe dei um leve beijinho nos lábios. Estávamos deitados na grama juntos, olhando as nuvens passarem e conversando sobre nosso futuro. Fazíamos muito isso, era uma das atividades preferidas de Louis, na verdade, tudo que envolvesse o ar livre e estar comigo era uma atividade preferida dele.
— Mal posso esperar! - Comentei animada.
Ele sentou-se, apoiando nos cotovelos e me encarou, como se tivesse acabado de ter uma ideia.
— E se você não precisasse esperar?
— Como assim? - Perguntei confusa, enquanto me sentava também.
— Bom, eu te amo, você me ama... Nós já sabemos como isso vai terminar! Por que a gente não oficializa logo?
— Não sei se estou entendendo...
— Emma, quer casar comigo? - Ela sorriu e pegou nas minhas mãos, eu não conseguia pensar em nenhuma resposta possível que fosse diferente de "sim", então obviamente aceitei.
Mas nós dois éramos menores de idade e Louis queria fazer isso do "jeito certo", então ele foi jantar na minha casa para poder pedir a permissão dos meus pais. Não preciso nem dizer que foi desastre, não é? Primeiro, papai achou que era algum tipo de piada, mas como Louis não riu ele logo percebeu que falávamos sério e ficou tão bravo que proibiu nosso namoro.
Lembro-me de ter ficado bem chateada com ele, me tranquei no quarto e não falei com mais ninguém pelo resto da noite. Meu único consolo eram músicas tristes que eu botei para tocar e o meu travesseiro, que eu abracei enquanto chorava.
Entretanto, mais ou menos mas dez da noite, escutei um barulho vindo do lado de fora da minha janela. Levantei-me e quando a abri vi Louis parado embaixo dela com uma mochila nas costas.
— O que é isso? - Perguntei, confusa.
— Emma, seus pais não podem separar nosso amor. - Ele disse, se ajoelhando. - Vamos fugir, viver a vida que sempre sonhamos juntos!
— Ah, Louis... Isso é tão romântico... - Suspirei, boba com tudo aquilo. - Espera ai, já estou indo.
Fiz minhas malas e voltei para a janela, a ideia era que eu descesse por ela, mas conclui que era alto demais e eu não era do tipo de garota que pulava de sacadas. Acabei indo pela porta da frente mesmo, ninguém nem notou, deviam estar ocupados com outras coisas.
Sorri quando encontrei Louis, corri para abraçá-lo e nossos lábios se tocaram rapidamente num beijo. Eu estava muito feliz em vê-lo, mesmo depois do papai tê-lo expulsado da minha casa ele voltou para me buscar e viver feliz para sempre ao meu lado. Era romântico demais para a minha eu de 12 anos de idade.
— Emma, temos que ir agora. - Ele disse, pegando na minha mão para sairmos dali.
— Tudo bem... Hm... Pra onde a gente vai? - Perguntei, com um sorriso no rosto.
— Eu ainda não sei, tenho um dinheiro da minha mesada aqui, acho que é o suficiente para pegarmos um trem pra fora da cidade e talvez até comer um sanduíche no caminho. Vai ser difícil no início, vamos ter que nos virar nas ruas, mas eu sei que o nosso amor é mais forte que tudo, não é?
Ele me encarou sorrindo, esperançoso para que minha resposta fosse "sim". Foi naquele momento que pensei que talvez aquela não tenha sido a melhor ideia de todas, o sorriso no meu rosto se desfez.
— Desculpa... O que você disse? Acho que não ouvi direito, mencionou algo sobre viver nas ruas? - O indaguei, torcendo para que fosse uma piada.
— Hm, sim... Mas é por pouco tempo, eu posso arrumar um emprego informal e ai vamos ter dinheiro suficiente para arrumar um lugar, não vai ser um palácio, mas eu vivo bem em qualquer buraco ao seu lado.
— Qualquer buraco? - Repeti, vendo cenas horríveis de moradias caindo aos pedaços na minha cabeça. - Louis, você não pode estar falando sério.
— Por que não? Emma, o nosso amor supera qualquer crise, não precisamos de dinheiro, apenas um do outro. - Meu namorado sorriu e pegou na minha mão, mas eu a soltei rapidamente.
— Eu preciso de dinheiro! Amor não compra vestidos de grife, Louis!
—Mas... Emma, achei que eu fosse mais importante do que roupas!
— Nada é mais importante do que as minhas roupas. Papai estava certo, eu não posso me casar com você. Desculpe, mas está tudo acabado entre nós dois.
— Está brincando? E quanto ao nosso amor? Vai jogar nosso futuro juntos no lixo? O que vai ser dos nossos três filhos? E quanto ao nosso cachorro chamado Jinx?!
— Não vou ter futuro nenhum com você se nós tivermos que ser pobres pra isso e Jinx é um nome horrível para um cachorro.
Ele ficou sem palavras, então eu dei meia volta e entrei em casa novamente. Fui até o escritório do papai, onde ele se encontrava mexendo em alguns papeis, quando me viu na porta parou de trabalhar e me encarou.
— O que foi, princesa?
— Nada... - Sorri e me aproximei dele, abraçando-o em seguida. - Só queria dizer que eu te amo.
— Hm... Eu também te amo.
— E eu prometo que nunca vou fugir com um pobretão.
— Ãhn... Tudo bem.


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