— Sabe uma coisa que eu não preciso? Ser salva - Afirmei, entrando na sala, com os braços cruzados. Acho que meu rosto mostrava o quanto eu estava com raiva, pois Daniel engoliu seco, arregalando os olhos quando me viu entrar ali. - Sabe outra coisa que eu não preciso? Pessoas se intrometendo na minha vida.

— América... - Daniel disse apenas isso, me lançando aquele olhar de "desculpas" em seguida.

— Se você não sair daqui agora, eu juro que mato você, Daniel. - Balbuciei entredentes.

— Olha, não fica com raiva de mim, eu só contei isso pro Vitor por que te amo e sei que ele pode te ajudar – O idiota do meu primo tentou explicar-se, me deixando ainda com mais ódio.

 - Me ajudar? - Soltei uma risada um tanto escandalosa e irônica. -Quando é que você vai perceber que eu não preciso de ajuda nenhuma?

 - Eu sei disso, claro que sei. Você é América Collins, não é mesmo? Como eu teria a ousadia de dizer que você precisa de alguma coisa... Mas, o problema, é que todo mundo precisa de amor. E me desculpe dizer, mas: você não tem facilidade alguma de conseguir isso. Então estar tentando te juntar com o seu, é minha forma de te ajudar. –Ele disse, e eu apenas respirei fundo, balançando a cabeça e soltei um sorriso irônico, - o mesmo demonstrava mais nervosismo, do que sarcasmo.

— Sai daqui... - Pedi em tom baixo, sem olhar em seus olhos.

— Eu não vou sair! - Daniel afirmou. Logo, eu o faria mudar de ideia.

 - AGORA DANIEL! - Gritei, minha respiração estava acelerado e minha expressão não estava pra muitos amigos. Então, nesse momento, ele apenas levantou a mão como se estivesse se rendendo, e saiu dali.

— América, fui eu que pedi ao Daniel pra me dizer o que tinha acontecido contigo, pra você ser assim em relação há qualquer sentimento. A culpa não é dele, okay? - Apenas fiquei em silêncio o observando falar. - Eu sinto muito... Por tudo isso ter acontecido com você. Se eu conhecesse o idiota que fez isso contigo, garanto que ele não estaria mais vivo. - Ele disse, e pareceu ser sincero, fazendo-me respirar fundo.

Mas, no olhar dele tinha aquilo... Aquilo que eu odiava que qualquer pessoa dirigisse á mim: Dó.

Então, antes que ele continuasse falando, apenas bufei, me aproximando dele, e disse:

— Cala a porra dessa boca, De La Riva! - Após isso, o joguei em um sofá que havia ali, sentei-me seu colo, e o beijei loucamente. O garoto demorou um pouco para processar o motivo daquilo, entretanto, logo deixou de tentar adivinhar e apenas retribuiu o beijo, deslizando as mãos pela minha perna até minha bunda.

Após o beijo, percebi que ele me olhava com desejo, então apenas sorri de lado e me levantei de seu colo.

 - Se eu te beijei agora e todas as outras vezes foi apenas por prazer e diversão... Você compreende isso, não é?

— Por que eu deveria acreditar? - Ele limpou sua boca, tentando tirar o excesso do meu batom que havia ficado ali.

 - Por que eu sou América Collins, eu não sinto nada por ninguém. Eu jurei que nunca irei me apaixonar, e nunca irei.

 - Ótimo, vamos ver se eu entendi... Mencionar o nome "América" faz as pessoas se lembrarem de uma marrenta que quer parecer sem sentimentos por um medo enorme de sofrer de novo. Poético falando assim, não é? Você torna sua vida uma novela, Collins! Mas preciso deixar uma coisa bem clara... - Ele se aproximou de mim, fazendo-me dar alguns passos para trás até ficar contra a parede. O garoto encostou a mão na mesma parede em que eu estava encostada, e se aproximou de mim mais do que devia, fazendo-me prender a respiração por alguns segundos. - Você pode ser América Collins, mas, eu sou Vitor De La Riva... Tenho um poder incrível de sedução, garota.

— Você não é isso tudo. - Foi tudo que consegui dizer, engolindo seco.

— Ah, sou sim... E se você pudesse ver sua própria cara nesse exato momento, iria concordar. - Após dizer isso, ele acariciou meu rosto, voltando a deixar-me sem palavras por um tempo.

— Me solta. - Ordenei, começando a me mover exageradamente, tentando fazê-lo se afastar.

 - A gente não acabou a conversa ainda - Ele avisou, ainda me prendendo atrás de si.

— Pra mim, já acabou faz tempo! - Berrei, dando socos de leve em seu ombro, tentando afastá-lo de mim.

— Tá bem, só preste atenção... - Ele pediu, então parei um pouco, mas não o encarei - Você pode dizer oque quiser, mas, eu não vou desistir de nós. - Quando ele disse essas palavras, meu corpo estremeceu, então finalmente o encarei.

 Ficamos nós olhando por um tempo e... Essa não devia ser a hora em que eu o beijava por excesso de fofura? Devia.

 Acontece que eu odeio clichês!

— Vai morrer esperando então, por que eu não costumo voltar atrás no que eu digo! - Após dizer isso, finalmente consegui o empurrar e subi ás escadas correndo, indo em direção ao meu quarto.

(...)

 Eu nem havia percebido o horário em que todos foram embora dessa tal reunião familiar, afinal, depois daquilo eu não tinha mais saído do meu quarto.

Tudo que eu sei é que agora já são mais de cinco da manhã... Eu não conseguia dormir.

"Não vou desistir de nós"

"Não vou desistir de nós"

 "Não vou desistir de nós"

 Droga, isso já ecoava em minha mente por horas. Não sei oque sinto em relação há isso tudo.

Talvez seja dó do Vitor, por estar se iludindo comigo. Talvez medo de também não conseguir desistir disso que acabei criando com ele. Ou talvez, simplesmente estou o odiando mais por de novo estar colocando na balança tudo que sou.

 É em vão tentar dormir, quando na realidade, estou precisando mesmo é descobrir oque se passa dentro de mim. Então me levantei, peguei meu celular junto com meu fone, e selecionei a música: Numb – Linkin Park. E fiquei sentada na janela, enquanto observava o sol nascer...

Afinal, era tudo que tinha me restado por hoje.

" A vida passa em um segundo quando penso no pior, eu já tentei não me importar até fingi te odiar, você sempre lá, sorrindo sem me olhar, esperando o momento em que eu haja, sem pensar..." —Autor Desconhecido.