A Última Carta - A Seleção escrita por AndreZa P S


Capítulo 25
4.3


Notas iniciais do capítulo

U.h.u.l.l
Reta final!
Boa leitura.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/665850/chapter/25

"Não haverá nenhuma noite boa para se virar e ir embora,

Então me queime com fogo,

me afogue com chuva.

Eu vou acordar gritando o seu nome.

Sim, sou uma pecadora. Sim, sou uma santa...

E o que quer que aconteça aqui, nós sobreviveremos.

Nós sobreviveremos."

Christina Aguilera - We Remain

Eu queria ficar mais tempo escondida, encolhida, entorpecida nas minhas emoções de dor e culpa. Mas uma vozinha no fundo de minha cabeça acabou me alertando que eu deveria voltar para a festa, ou então todos ficariam preocupados com o meu sumiço. Inspiro e exalo o ar lentamente muitas vezes, até que abri a porta do reservado e dei de cara com o meu reflexo no espelho. Os olhos estavam borrados, o cabelo levemente baugunçado. Suspiro alto e engulo o choro, eu precisava manter a minha aparência em ordem, dar a entender que estava tudo indo às mil maravilhas, se não por mim, por Maxon e pela a minha família.

Pego alguns metros de papel higiênico e o umedeço um pouco na água corrente, e então o deslizo calmamente nas manchas escuras no meu rosto. Minhas mãos tremiam um pouco.

Estou quase conseguindo limpar ao redor dos meus olhos quando a porta do banheiro se abre e eu tranco a respiração. Olho em direção à pessoa que acabou de entrar, temendo que fosse alguém conhecido e que pudesse me fazer perguntas. Por sorte fora uma senhora gordinha, com as bochechas rosadas de blush. Ela não deu importância para mim, apenas me ignorou, como se não tivesse me visto, e entrou no reservado que eu me encontrava alguns minutos atrás. Assim que termino de me limpar, ajeito alguns fios de cabelo que saíram do lugar e treino um sorriso na frente do espellho.

–Nossa, querida. Quem você quer assustar com esse sorriso? - Questionou a senhora que, logo agora, resolveu prestar atenção na minha pessoa. Me dou um tapa na testa.

–Está muito ruim, não é?

Ela coloca uma mão no meu braço e dá um sorriso terno.

–Você parece arrasada. - Então aproximou-se de mim e sussurrou: - Mas não se preocupe, ninguém nunca se importa com você, nem comigo...não se importariam nem mesmo com Jesus, caso estivesse aqui nesta festa. Apenas com o seu nome e sobrenome, isso é o suficiente para que seja considerada encantadora em qualquer situação, até nas piores. - E se afastou, olhou-se por um breve momento no espelho e despediu-se, mas antes de sair para fora me desejou boa sorte.

A única coisa que eu não tive essa noite fora sorte. Ajeito o meu vestido, alisando-o para baixo e acabo percebendo que um dos meus pulsos está com uma coloração avermelhada, provavelmente fora por conta do aperto forte demais de Aspen. Fecho os olhos e empurro a raiva para baixo, bem no fundo. Lidaria com isso depois, quando estivesse em meu quarto, com a porta trancada e sufocando embaixo dos cobertores.

A primeira pessoa que vejo é May. Assim que ela focou os olhos em mim sua expressão franziu-se toda, e ela encaminhou-se até onde eu estava com uma elegância que eu também gostaria de ter.

–O que aconteceu? - Me perguntou enquanto envolvia os meus ombros com o seu braço. Balanço a cabeça em negativa e tento abrir um sorriso sem acabar chorando.

–Nada demais, só estou um pouco cansada. - May fez um biquinho e encosta a sua testa na minha bochecha.

–Você vai ficar bem.

–Eu sei, só preciso dormir. - Menti.

Pedi para May avisar ao papai e os Schreave que eu voltaria para a casa de táxi, que tive um mal estar e precisava de repouso. Ela concordou, o rosto tão preocupado que me senti um pouco culpada por não ter lhe contado que, na verdade, eu só estava morrendo por dentro, que Maxon devia me odiar, mas não doente. Doente não. Antes fosse.

Dormi tão mal, tão mal que na manhã seguinte acordei com olheiras nem um pouco discretas abaixo dos meus olhos. Fora o leve inchaço pelo o choro convulsivo e idiota. Tive que carregar na maquiagem mais uma vez, mas não me lembro de tê-lo feito, nem de ter me vestido e calçado os sapatos. No entanto, eu estou completamente pronta, olhando-me com dó. Parecia que toda a minha vontade tinha sido removida de mim, e que alguém, para me manter viva, apertou o botão do automático. Comia, bebia, falava, mas não prestava atenção em nada.

Durante a manhã May e meu pai vieram me visitar. Lhes garanti que logo estaria bem, mas papai insistiu para chamar um médico, ele me olhava como se eu estivesse prestes a ser diagnosticada com alguma doença terminal, já que praticamente nunca ficava doente. Assim como mamãe.

–Não, pai. Já estou melhor, garanto que amanhã estarei cem por cento novamente.

May não se convenceu, apenas estreitou os olhos. Ela me conhecia muito bem, e a maturidade a fez mais esperta. Pelo o seu olhar, percebi que havia entendido o meu problema, mas não falou nada e não perguntou nada. Sabia que eu preferia ficar calada.

–America, se você não melhorar até amanhã eu vou chamar um médico na primeira hora da tarde. Você entendeu? - Papai falou, com um tom autoritário que usava apenas quando queria me manter na linha. Tentei abrir um sorriso com todos os dentes, e sua expressão suavizou-se um pouco. Então o abracei. Ele ficou surpreso e tenso nos dois primeiros segundos, mas logo depois me apertou bem forte contra si, e eu me senti em casa, com 10 anos, esperando o almoço ficar pronto. Segura e feliz.

–Te amo, pai.

Papai deslizou as mãos pelos os meus cabelos e beijou-me a testa.

–Te amo mais. Você e sua irmã são as razões de eu continuar vivendo. - Disse, olhando de mim para May que aproximou-se, sorridente, e nos abraçou também.

Lá pelas 16:00 da tarde, escuto batidas na porta. Meu coração parou de bater por um momento e o ar me faltou. Será que era Maxon? Eu ainda não tinha o procurado, com medo do que ele poderia me dizer. Não sabia o quão está magoado comigo, e não sei se ele realmente quer me ver ou conversar comigo. Muito provavelmente se eu fosse enterrada viva hoje, ele não se importaria. Mas também, por que o faria? Sou apenas uma idiota, que podia ter contado tudo, mas que por covardia deixou as coisas se arrastarem até aquele ponto, onde não dava pra voltar atrás. Houve uma ruptura inesperada no nosso relacionamento, e a única forma de manter os fios unidos novamente seria fazendo um nó. Um nó que estaria ali para sempre, um caroço na linha perfeita que nos lembraria para o resto dos nossos dias o que aconteceu na noite passada.

Tento dar uma ajeitada nos cabelos antes de abrir a porta, meu corpo tremia a tal ponto que tive que apoiar uma mão na parede antes de abri-la.

Mas não era Maxon. Era Lucy, sua testa franzida e os lábios finos formando um sorriso não muito convincente.

–Boa tarde, senhorita.

–Boa tarde, Lucy... - olho para a bandeja cheia de comida que ela trouxera consigo e uno as sobrancelhas. - Isso aí é pra mim?

Ela balança a cabeça em concordância, enquanto o seu sorriso se alargava.

–Madame Amberly pediu para lhe trazer este lanche. - Observo mais uma vez a bandeja. Aquilo não era um lanche, era tipo um banquete compacto. - A senhorita precisa se alimentar.

Solto um suspiro alto, e me esforço para manter a voz em um tom audível.

–Na verdade, não estou com fome. Pode levar de volta e obrigada, de coração. Agradeça à Amberly também.

Lucy faz uma negativa.

–A Madame pediu para lhe dizer: - ela abriu aspas no ar - "Não quero que America morra desnutrida, se ela não quiser comer, diga que irei enfiar a comida em sua guela abaixo."

Dessa vez tive que soltar uma risada - mais fraca e curta que o normal, mas que fizera Lucy relaxar um pouco na minha frente.

–Não tenho escolha, tenho?

–Acho que não.

–Tudo bem. - Pego a bandeja de suas mãos e a deixo em cima da mesinha de cabeceira. - Ahn, você poderia fazer um grande favor para mim?

–Claramente, senhorita America.

–Peça para Marlee vir aqui, por favor.

Por um instante eu achei, realmente, que eu tivesse coragem de pedir para Lucy chamar Maxon.

–Irei chamá-la, com licença.

Minutos mais tarde, minha amiga chega. Seu rosto está cauteloso, ela desconfiava de que algo não muito bom havia acontecido entre mim e Maxon.

–Más notícias? - Perguntou enquanto fechava a porta atrás de si. Não me dou ao trabalho de me levantar da cama para respondê-la.

–As piores possíveis.

Ela deita-se ao meu lado da cama.

–Quer conversar sobre isso?

–Quero.

–Pode falar, estou aqui pro que você precisar, Ames.

Contei à ela sobre a noite passada, sobre Aspen. Sobre Maxon, e em como o seu rosto parecia doído e magoado e decepcionado, e em como aquilo me dilacerou e causava uma angústia no meu peito. Em como me via obrigada a considerar a hipótese de que ele não iria mais me querer, que me mandaria embora, que diria que não era digna de seu amor.

–Isso explica ele ter saído da festa mais cedo e recém ter chegado em casa, com cara de velório.

Só de pensar que ele estava na mesma casa que eu, meu coração começou a materlar forte e exigente, enquanto uma ansiedade dolorida se alastrava pelo o meu corpo inteiro.

–Você precisa conversar com ele. - Concluiu ela quando não abri a boca para dizer nada.

–E eu vou.

–Hoje.

–Hoje não...amanhã.

Marlee franziu o cenho e depois revirou os olhos.

–Pra que deixar para amanhã o que se pode ser feito hoje? America, vocês têm muito com o que conversar, essa situação não pode ficar assim, com cada um em um canto, deixando com que a imaginação role solta. Esse tipo de coisa é autosabotagem.

–Eu sei, mas queria que ele viesse até mim primeiro. - Choraminguei.

–Você, amiga, não está em condições de esperar, muito menos de querer alguma coisa.

Me ergo da cama e fico de pé. Jogo os braços pra cima, como uma louca. Depois pego uma caneta e um papel, a primeira vez que escreveria para alguém vir me ver sem que seja para Aspen.

"Maxon,

Precisamos conversar, tenho muitas coisas pra te contar. Por favor, venha me ver hoje a noite, no meu quarto.

Estarei te esperando por volta das 22:00.

Por favor, venha.

America."

Ergui o bilhete em direção à Marlee, que até então apenas me observava em silêncio. Tingi minha voz de toda a coragem que tinha dentro de mim e entreguei o pedaço de papel para ela, que o pegou sem nem pestanejar.

–Faça com que chegue nas mãos de Maxon, Lee.

Ela sorriu e me abraçou.

–Estou orgulhosa de você. Tudo dará certo.

Quando o relógio do quarto marcou 22:05 e uma batida na porta me tirou de meus devaneios, eu soube que era ele. Me obriguei a não criar falsas expectativas. Só porque ele viera, não quer dizer que estaria tudo certo entra a gente. As cartas de Aspen estavam todas dispostas sobre a cama, mas somente as recentes, as que ele enviara depois que cheguei na mensão. As outras ainda estavam no colchão.

Abri a porta e vislumbrei um Maxon com o rosto duro. Não conseguia ler a sua expressão, a única coisa que estava óbvio era a sua tensão corporal, provavelmente refletindo a minha.

–Entre, Maxon.

Ele entrou, não se dando ao trabalho de pronunciar uma palavra sequer, e nem de me olhar nos olhos. Vi que Maxon deu uma rápida olhada nos envelopes em cima do meu cobertor, mas permaneceu com a expressão inalterada.

–A gente precisa conversar. - Falei...respirando fundo, enquanto que Maxon se virava para mim e cruzava os braços. Não consegui identificar qualquer emoção na sua face. Uma rápida olhada no espelho deixou claro que me rosto está desesperado. Mas ele não parecia se importar, e aquilo doeu. - Eu...eu sei que você me viu ontem..., mas não é o que você está pensando, Maxon, eu jamais te trairia, eu juro.

Max desviou o olhar para o lado, me evitando por alguns segundos, enquanto sua mandíbula trincava. Quando me encarou, seu olhar era frio, e quando falou, a voz dura feito aço.

–E o que é que você acha que eu estou pensando, America? - Ele solta uma risada mal humorada, sem desgrudar os olhos do meu. - Ou melhor, o que é que você acha que vi?

Minhas mãos começaram a suar. Engulo em seco; não queria ter que falar em voz alta, mas Maxon deslizou os dedos com força pelo o rosto franzido, exasperado e raivoso. Não queria ter visto isso ao olhar para ele, preferiria que tivesse continuado impassível. Mas como Marlee dissera, eu não estava com moral para querer que as coisas fossem do meu jeito.

–Eu...beijando outro...cara. - Engulo em seco. Assim que terminei de pronunciar a frase, Maxon fechou os olhos, e ficou claro que ele lutava contra alguma coisa. Sentou-se no meu sofá, os cotovelos cravados nos joelhos, a cabeça baixa.

–Eu só quero saber o que você ganha fazendo isso comigo? Fez eu me apaixonar por você, para então me maltratar da pior forma possível, como se eu fosse um nada? Um tremendo nada? - Seus olhos voltaram para o meu rosto, e minhas lágrimas começaram a cair de novo. E de novo. Talvez nunca mais parassem.

Me ajoelho no chão. Eu estava me humilhando. Mas eu o havia humilhado antes, não poderia deixar o meu orgulho me impedir de demonstrar o quanto estava arrependida, o quanto estava machucada e o quanto eu o amava.

–Não, Maxon. Não. Eu também me apaixonei por você, jamais faria nada pra te fazer mal...eu não queria beijá-lo, não queria. - Fungo e pisco algumas vezes, tentando dispersar as lágrimas que pareciam queimar a minha pele.

–Como você quer que eu acredite em você? Você nunca me deu motivos pra isso, só que eu não queria perceber, não queria ver, porque sou estúpido e porque eu me encantei com você. Me apaixonei por você.

Seus olhos estão tão vermelhos quanto os meus, mas nenhuma lágrima havia sido derramada. E acho que ele a evitaria a qualquer custo para que eu não o visse chorar.

–Você...tem que confiar em mim, só isso. Só confie no meu sentimento.

Maxon bufou, deslizou a mão pelo o seu cabelo, bagunçando-o completamente.

–Você está me traindo com um dos meus concorrentes? É traição em dobro, então. Quer levar informações priveligiadas para ele, não é? - Maxon levantou-se, ficando o mais longe de mim que os limites do quarto permitiam. - Meu Deus, como eu sou idiota!

–Não! Eu jamais faria isso! Eu o conheço sim, Maxon, mas não tem nada a ver com o que você falou! Você não pode dizer isso, é injusto.

–Injusto? Acho que nós temos uma ideia diferente do que realmente significa esta palavra, minha cara.

Suspiro e tento secar as lágrimas com as costas das mãos. Mas não dá, porque a água salgada continua a sair, a escorrer, a doer.

–Eu já o conhecia. Há anos, Maxon. Nós nos conhecemos algum tempo depois de papai ter me contado que tinha feito um acordo com a sua família. Eu te odiei durante muito, muito tempo. Aspen e eu erámos namorados, nos amávamos muito e você era o único empencilho pra minha felicidade, pelo o menos era o que eu achava até chegar aqui. Eu te conheci cada dia mais, fui me apegando cada dia mais, e eu me apaixonei. Continuo me apaixonando a cada hora, minuto e segundo. - deslizo as mãos pelo o rosto e me levanto do chão. - Naquele dia em que você me perguntou se eu já havia me apaixonado de verdade, eu não soube te responder porque eu começava a sentir duvidas sobre os meus sentimentos com realação ao Aspen, mas depois tudo ficou claro como água cristalina. Eu nunca senti por ninguém o que eu sinto por você, Maxon. Quando me viu prestes a pular o muro, eu ia me encontrar com ele, sim. Mas era pra explicar que não podia mais ficar com ele, porque meu coração pertencia a outro...a você. Na festa do parlamento, ele não entendeu...me forçou a beijá-lo. - Minha voz soou embargada, sofrida, despesperada. Maxon me olhava com um ar atônito, quase chocado.

–Você continuou se encontrando com ele enquanto estava aqui? - Perguntou, a testa franzida.

Abaixo a cabeça, sentindo-me exposta e constrangida. O amor era uma droga, te despe na maior cara de pau, te deixando sujeita a açoites e traumas ou carícias e beijos. Nunca se sabe o que irá acontecer com você no momento em que você se apaixona, em que você tira completamente as suas roupas para outra pessoa te ver como realmente é.

–Me encontrei com ele algumas v-vezes sim... -apontei para as cartas sobre a minha cama. - Mas na maioria do tempo era através das cartas nos comunicávamos.

Maxon fechou os olhos mais uma vez, e pela a primeira vez na vida eu vejo os seus olhos embargarem, ele parecia esgotado. Não queria vê-lo chorar, ainda mais por minha causa. Quando eu achava que não tinha como a dor aumentar, lá vinha o destino me punir com mais um machucado.

–America...- ele respirou fundo. - America, você é realmente virgem?

–O quê?!

–Você ouviu.

–Retire o que você disse. Agora. - Falei, magoada.

Ele abriu um pequeno sorriso sem emoção, como se a pergunta dele fosse óbvia.

–Eu quero saber.

–Você poder me machucar quando quiser, Maxon. Eu te dou esse direito. Mas jamais, nunca mais, duvide do meu caráter. Retire suas palavras. - Mas ele ficou em silêncio, as mãos agarrando os fios de seus cabelos alourados. - Saia.

–O que? - Arfou, parecendo confuso.

–Saia do meu quarto.

Dou passadas largas até a porta e a escancaro. Maxon ficou parado por alguns segundos, olhando para o meu rosto, perdido. Mas ele saiu, e aquilo para mim foi como uma facada final, direta no coração. E eu sangrei, sangrei muito. Tranquei a porta atrás de mim e escorreguei as costas pela a madeira até que encostasse no chão.

Na madrugada, enquanto eu relembrava cada segundo da minha conversa com Maxon, tomei uma decisão. Pego a última carta que Aspen me enviara, a única prova...se é que poderia se considerada uma prova, de que eu falara a verdade. Calço minhas pantufas e saio correndo até o terceiro andar, e então enfio o pedaço de papel por baixo de sua porta, rezando para que ele se arrependesse do que sugeriu, e para que fosse o suficiente para que nós voltassemos, caso não fosse pedir demais, ao que erámos antes.

Durante a tarde eu desci os degraus com uma grande sacola em mãos. Maxon estava no sofá, conversando com algum aliado político. Pus uma expressão de paisagem em meu rosto e murmurei ao passar por eles:

–Boa tarde, senhores.

Não prestei atenção na resposta, apenas no fato de que Maxon não me olhou. Continuei o meu caminho, decidida, até o centro do jardim. Na área onde fiquei, qualquer pessoa que estivesse na sala poderia me ver. Lentamente, rasgo o saco e deixo com que TODAS as cartas de Aspen caíssem no chão, junto com o resto de uma garrafa de alcool que havia pego com Mariana algumas horas atrás. Molho os papeis com ele, sentindo o cheiro forte entrar e arder em minhas narinas. Risco um, dois, três fósforos e jogo no amontoado, observando as labaredas laranjas e amarelas, que a cada segundo que passava se tornava mais e mais alta queimarem não sei quantos anos de história. Mas eu não pensava nisso, apenas que queimá-las era o mesmo que lavar a minha alma.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Little Girls, quando acabar essa fanfic vou escrever uma outra sobre A Seleção, que será interativa (OMG, nunca fiz isso). De tempos em tempos, a opinião de vocês sobre os personagens irá mudar completamente o ruma da história. To na expectativa e espero que gostem quando postar. Beijao e até o próximo capítulo!