(Akio POV On:)
Meu sentido de curiosidade está muito aguçado, do que será que Miiu estava falando com Zatsu na sala de aula?
"A curiosidade matou o gato" meu pai sempre me diz isso.
Mas se o gato não quisesse saber se tinha mesmo 7 vidas,a curiosidade nem iria existir. Se ele morreu é problema dele,não meu.
Eu sou curioso sim e com orgulho! No dia do meu aniversário minha avó me deu uma camiseta de manga curta preta com uma frase escrito em verde folha: "Eu sou curioso" e na barra (ou rodapé,se preferir) está escrito em letras miúdas: "E você também é, porque parou para ler o que estava escrito"
Sai de perto do meu grupinho que era composto por alguns garotos da minha sala e algumas garotas do primeiro colegial (N/A: 1° ano do ensino médio) e comecei a seguir Miiu que parecia procurar alguém.
Ela entrou dentro do prédio,seguiu pelo hall de entrada e subiu as escadas até o segundo andar bem depressa. Continuei a seguindo me escorando nas paredes com passos curtos silenciosamente como se fosse um agente secreto,a garota olhou por cima do ombro umas três vezes e nessa hora eu me escondia atrás de algum objeto ou pessoa.
A esverdeada foi até uma loirinha que estava de pé em frente ao bebedouro,se não me engano seu nome era Angie,falaram uma meia dúzia de palavras e saíram andando de mãos dadas super contentes como se fossem garotinhas da primeira série.
Segui as duas com muita cautela (só se for no meu mundo,porque na realidade eu esbarrava em tudo e fazia muito barulho,provavelmente Miiu ja teria me visto),elas pararam de andar de repente. Fiquei escondido atrás de um vaso de planta observando a cena,parecia que Miiu havia esbarrado em alguém e tentava se desculpar.
A frente delas estava Right e outras duas garotas as quais eu não conhecia,uma parecia ser do sexto ano e a outra talvez do terceiro colegial,essas mesmas ajudaram Right a se levantar.
Sukone estava com uma das mãos na cintura e as olhava com deboche,soprou a franja para que parasse de atrapalhar sua vista e deu um sorriso malvado. A esverdeada continuava a dizer "Desculpa" em um tom quase inaudível com a cabeça baixa e tentava de todo jeito driblar a garota,mas essa a impedia lhe dando um esbarrão com o ombro.
Boa coisa não iria acontecer ali. Right começou a falar "muitas e malvadas" palavras para Miiu.
Eu já estava saindo do meu esconderijo para dar um basta naquilo tudo,ao dar o primeiro passo senti um braço enlaçar minha cintura e uma mão tapar minha boca, ao olhar pra cima notei que era a mesma garota do terceiro colegial que acompanhava a Sukone,me debatia contra ela,mas a garota parecia nem sentir e continuava a me prender para que não interferisse na "briga".
Tentei de todos os modos gritar,a adolescente sentou-se no chão e me puxou com força para que ficasse em seu colo e prendeu meu corpo no meio de suas pernas.
Comecei a me mexer como se minha roupa estivesse cheia de formigas e meus gritos se tornavam abafados,aquilo era ridículo. Eu precisava fazer algo para ajudar Miiu,sabia como era Right e que ela não pegaria leve.
Ouvi barulhos de passos descendo as escadas do terceiro andar,todos presentes ficaram atentos na figura que veriam passar por ali. Os passos foram ficando mais altos,até que a figura de uma mulher meio baixa e de longos cabelos rosas avermelhados que caíam sobre suas costas virou o corredor e nos lançou um olhar de autoridade.
Ainda bem que era Miki SF A2,uma inspetora do colégio que chegou a tempo e deu fim na futura briga.
Quando a ruiva chegou botando ordem no lugar a adolescente que me prendia arregalou os olhos castanhos claros e se levantou me jogando contra o piso,as três correram na velocidade da luz gritando coisas do tipo: "Sujou!" "Droga!" "Será que ela nos viu?"
Logo as vozes e os passos foram ficando mais distantes até que se calaram totalmente.
Miki olhou de Angie para Miiu,depois para o corredor vazio por onde Right e as outras duas meninas fugiram,a ruiva deu de ombros e continuou seu caminho,mas antes olhou por cima do ombro e disse dando uma piscadela rápida:
—Se precisarem,é só chamar.
Não achem que ela é boazinha sempre.
A loira e a esverdeada continuaram paradas sem reação e eu fiquei jogado no chão do mesmo jeito que a garota tivera me deixado desde que "deu fuga".
As duas garotas deram uma risada de nervosismo e depois de alívio, então continuaram seu percurso. Antes de perde-las de vista,percebi a expressão chateada de Miiu.
♪♪♪
Miiu e Angie foram até o 5° andar e lá subiram uma escada de ferro em espiral que eu imaginava dar no telhado do colégio. No canto onde se localizava a escada não tinha luz alguma,então ficava difícil olhar por onde eu andava sem fazer barulho. Acabei pisando em algo que parecia ser plástico,só sei que ficaram vários pedacinhos presos na sola do meu All Star laranja.
Subi até um penúltimo degrau e fiquei em silêncio para ouvir o que diziam,pelo que ouvi Zatsu também estava lá junto com outras duas pessoas as quais eu não conhecia a voz.
Depois de um tempo ouvindo a conversa,entendi algo sobre uma sala que não tinha porta e que eles pretendiam roubar uma planta na diretoria. "Não se eu fizer isso primeiro" pensei. Ué,deve ser algo importante...
O sinal bateu,era hora de voltar para sala. Desci pelos degraus todo atrapalhado me agarrando no corrimão para não cair,sabia que não daria tempo de correr até a sala antes que me vissem,então me espremi até que coubesse atrás da escada. Fiquei em silêncio enquanto eles desciam as escadas falando todos de uma vez.
Quando tudo ficou completamente calmo,respirei fundo e tentei me mexer para sair daquele sufoco. O material de ferro prensava meu corpo contra a parede,me impedindo de fazer qualquer movimento,era difícil até de respirar e eu suava muito,não sei como eu entrei,mas teria de sair. Estava muito apertado,então tentei a técnica de me mexer como uma borboleta,pensando melhor,mariposas,borboletas são muito delicadas e o que eu estava fazendo estava longe de ser delicado.
Me debati como se fosse um passarinho tomando banho em uma xícara de café. Cansei de tanto tentar,meu cabelo chegava a grudar na minha testa de tanto suor.
Deixei minha cabeça se inclinar para trás até bater com ela na parede. Senti a mesma(estou me referindo a parede)se mover lentamente para trás,como se estivesse se "abrindo" e o meu corpo foi junto. Antes que pudesse fazer qualquer movimento,a "parede" abriu para dentro como se fosse uma passagem e eu caí com força no piso grosso de poeira.
Percebi que estava dentro de uma sala sem nenhuma iluminação,o chão estava empoeirado e o ar era abafado e quente.
Levantei-me apoiando os cotovelos no chão e dobrando os joelhos,dei um impulso jogando meu corpo para cima e tentei recompor o equilíbrio,bati em minha roupa tirando a sujeira e procurei saber onde me localizava.
"Uma passagem secreta?" Uau. "Parece até coisa de filme!"
Apalpei meus bolsos a procura do meu celular, ao acha-lo coloquei no aplicativo da câmera e usei o flash como lanterna.
Iluminei o local e caminhei com cautela. "Onde será que isso vai dar?"
♪♪♪
A bateria do aparelho estava em 7%,daqui algum tempinho eu ficaria no escuro e sem nem ter achado alguma outra porta para sair dali.
Eu suspeito sofrer de claustrofobia, porque eu suava feito louco e estava super aflito procurando sair dali o mais rápido possível.
De repente ouvi um barulho vindo de um canto da sala,apontei a "lanterna" para a direção de onde veio o som e localizei uma cabeleira arroxeada se movendo rapidamente para fugir da luz.
—QUEM ESTÁ AÍ?—gritei aflito fazendo eco.
Ouvi novamente o barulho e procurei com o flash para ver se encontrava o ser com cabelo roxo,mas nenhum sinal dela ou dele.
—VOU PERGUNTAR DE NOVO: QUEM ESTÁ AÍ?—gritei olhando de um lado para o outro muito rápido,sem que percebesse estava girando,meu corpo ia pra um lado e a cabeça para o outro,acabei caindo tonto no chão e batendo a cabeça.—Ai!
Não sei onde bati com a cabeça, só sei que agora estava morrendo de dor e não conseguia me levantar devido a pancada.
Minhas pálpebras abriam e fechavam pesadamente,o calor me consumia e respirava com dificuldade.
—Ai não!—ouvi uma voz feminina gritar e logo vir ao meu auxílio.
Não vi mais nada depois disso,apenas dormi profundamente.
♪♪♪
Ainda de olhos fechados,senti que estava deitado em algo macio e minha cabeça estava apoiada em algo fofo,senti um cheiro de madeira fresca misturado com lavanda,tentava me mover mas a dor era imensa.
—Ai!—murmurei baixinho juntando forças para levantar a cabeça. Ao sentar-me,abri e fechei os olhos repetidas vezes tentando recuperar a visão que estava meio embaçada.
Esfreguei meus olhos verdes com as costas das mãos até conseguir distinguir direito as coisas,mas não adiantou muito.
—Precisa disso?—disse a mesma voz que me socorreu na outra sala. Seguindo a voz,olhei para o lado e vi a figura meio embaçada de uma garota. A mesma estendeu sua mão, me entregando algo.
Apalpei a palma de sua mão e percebi que o objeto que me oferecia eram meus óculos, coloquei ele no meu rosto na frente dos olhos e,como mágica enxerguei tudo melhor e mais claro. "Eu sei que preciso deles,mas eu continuo insistindo em não usa-los."
Olhei ao redor,era uma sala de paredes azuis com detalhes de notas musicais em dourado,no canto esquerdo da sala havia um piano com várias partituras amareladas em suas teclas,no centro tinha uma mesinha de vidro onde repousava um violino,havia um grande sofá de couro vermelho onde eu estava sentado e o chão estava coberto por puffs coloridos. Também havia um computador que parecia não estar em uso fazia séculos,a porta de carvalho estava semi aberta e o ventilador de teto espalhava o ar para todos os cantos,tinha um baú com a mesma "estampa" da parede que guardava os instrumentos musicais pequenos,como: xilofone,sinos,triângulo,pandeiro,flauta e etc. Um bebedouro na frente da escrivaninha junto com uma cadeira giratória.
—Oi?—a garota estalou os dedos em meus ouvidos.
Virei-me para olhar a menina que me chamava atenção,ela estava sentada no braço do sofá com as pernas cruzadas olhando para mim e,uau,a garota era linda: parecia ser do terceiro colegial,tinha cabelos lisos e arroxeados que iam até o meio das costas,olhos intensamente azuis e tinha muitas curvas (não que ela fosse gorda).
—Q-quem é você?—perguntei.
—Eu te conto.—ela olhou para os lados.—Mas você precisa prometer que não irá falar para ninguém...—a garota colocou o dedo indicador na frente dos lábios.
Assenti com a cabeça e ela começou a falar:
—Sou Meg Kamui. E se minha mãe Luka te ver aqui,irá surtar.
—Por que?
—É que alunos não podem ficar aqui.
"E por que ela está, então?!"
—Mas,você desmaiou. Não podia te deixar lá... —Meg me encarou.
Isso está ficando estranho...
(Akio POV Off)