Por ironia do destino escrita por Ágata Arco Íris


Capítulo 2
Primeiras impressões


Notas iniciais do capítulo

Queridíssimos estamos esquentando os motores... Acho que capitulo que vem começa toda a história realmente... Porque a Samanta vai ir para escola... Então peço que tenham um pouquinho de paciência ^~^

Boa leitura!



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Levantei às nove da manhã, era domingo. Passamos sábado inteiro desembalando e arrumando as coisas, ainda havia algumas coisas a serem arrumadas, mas adiantamos bastante o processo de mudança. O Senhor Fuyuki, nosso vizinho ao lado nos mostrou algumas coisas da vizinhança, como um mercado a duas ruas, ondem é a estação mais próxima, hospital, resumino... Andamos bastante noite passada. O Senhor Fuyuki tem 76 anos e mora sozinho, sua mulher faleceu há cinco anos e acho que ele ficou muito feliz de nos conhecer, pois tenho a impressão que ele é uma pessoa muito solitária, minha tia disse que vai convidá-lo para jantar quando possível, todos nos simpatizamos com ele.

Acordei e fui para cozinha, no caminho obrigatoriamente tenho que passar na sala, então adivinhe por onde passei... Pela janela, aí eu caí no estacionamento, subi as escadas, abri a porta e fui para a cozinha, é eu passei na sala sem querer... Brincadeira... Sei que a brincadeira foi sem graça, mas ainda estou muito tensa, estou brincando de vez em quando para distrair um pouco. Enfim, quando entrei na sala vi minha tia sentada no sofá com uma pasta na mão chorando, ela olhava fotos velhas de família e estava segurando uma foto que creio eu era dela e do meu tio ainda jovens.

— Ooh tia, fica assim não-Disse eu a abraçando.

—Eu não estou chorando se é o que está pensando.

—Eu não estou pensando nada, só estou te abraçando.

Paramos de nos abraçar e minha tia me entregou a foto que estava na mão, era realmente meu tio Christopher e minha tia Kiyomi ainda bem jovens, provavelmente adolescentes, estavam sentados em um banco sorrindo.

—Quando eu fui para o Brasil não tinha muitos amigos, era muito tímida, custei acostumar com o jeito dos brasileiros. No meu primeiro ano lá tive muita dificuldade, não conseguia aprender a gramática brasileira, achava muito difícil, na verdade ainda acho. Mas vendo que são pouquíssimos brasileiros que dominam realmente a língua fico até mais feliz- Ela deu um sorrisinho.

— Anem, você é muito perfeccionista tia.

—Bem, quando eu comecei o oitavo ano conheci um garotinho tímido, novato na turma e ele se sentava na carteira na frente da minha, mal havia ouvido a voz dele, era realmente muito quieto. Um dia ele simplesmente virou para o meu lado e me encarou, me senti constrangida com aquilo então ele perguntou:

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—Qual seu nome?

Eu nada respondi, ele me encarou mais ainda.

— Qual o seu nome moça?

Novamente não respondi nada, ele me encarou mais ainda, eu já estava tão vermelha que minhas bochechas começaram a arder.

— Aahh desisto, você ganhou-Disse seu tio para mim, depois de dizer isso ele virou-se para frente.

—Hã, como assim? Não entendi.

Ele começou a rir e eu abaixei minha cabeça, pensei “Que garoto doido”.

—Viu, não foi tão difícil abrir a boca e falar algo. Então, qual o seu nome?

— Perdão senhor, é que eu tenho medo de errar ao falar, ainda não estou totalmente acostumada a essa língua.

— Hã?! Senhor? Acostumada a essa língua? Você é de onde para falar assim?

— Sou do Japão.

— Noooosssaaaa!! Que legal... Jura?... Nooossaaa! Eu também não sou daqui, sou de São Paulo e o mais longe que eu já fui foi dessa cidade até lá.

Ele fez uma cara de bobo, não resisti e ri, na verdade abafei um riso com a mão, ele sorriu para mim.

—Seu sorriso é lindo garota sem nome.

— Meu sorriso não é bonito e meu nome é Kiyomi.

— Ki o que?

— Kiyomi, é japonês... Na verdade kiyomi é uma fruta muito doce.

— Humm... Acho que o nome lhe caiu bem. Não é igual o meu que é Christopher, odeio meu nome, só acho legal me chamarem de Chris.

—Hum, tanto seu nome quanto apelido são legais, prazer Chris Christopher.

— Hum...Chris Christopher, gostei. Aliás, queria saber seu nome porque você esqueceu seu caderno de desenhos aula passada, eu guardei para você.

— Obrigada.

—Isso explica esses rabiscos na capa que parece mais árabe.

—Ah...é meu nome-Disse eu rubra.

—Legal... Você pode escrever o meu no meu caderno?-Disse ele me entregando eufórico seu caderno

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—Aaaaaiii que fofo, vocês se conheceram de uma forma tão fofa, tão kawaii- Não resisti e ri de mim mesma- Viu, já estou me acostumando à língua japonesa.

— Estou vendo, é mais fácil um brasileiro aprender japonês que o contrário.

— Aff duvido, caligrafia japonesa parece um bicho de outro mundo. E você me prometeu me ajudar com as tarefas, lembra?

—Você vai tirar de letra meu anjo, não se preocupe. E pode deixar que eu não me esqueci.

Minha tia havia tido um filho, ele morreu aos seis anos de uma “virose” muito forte, virose porque os médicos nunca descobriram o que ele tinha. Meu primo teria 25 anos se fosse vivo hoje, seria um ano mais velho que minha irmã mais velha. Fui saber disso quando tinha 12 quase 13 anos, acho que isso explica por que durante minha infância sempre que eu ou meus irmãos gripávamos ela ficava tão aflita e preocupada. Ela tentou engravidar mais duas vezes, teve aborto espontâneo nas duas tentativas, depois disso entrou em profunda depressão. Lembro-me de vê-la chorando quando era criança, ela alisava meu rosto e dizia algo em japonês que hoje fui descobrir o que era ela dizia “Deus, por favor, não leve mais esse anjinho de mim”. Foram muitas tragédias em sua vida e ela sempre conseguiu vencer com um sorriso no rosto, apesar de tudo que meu irmão e eu passamos e apesar de parecer uma loucura sem tamanho virmos ao Japão, sei que foi a melhor coisa que fizemos, pois não aguentaria perder mais alguém na família e iria perdê-la para a depressão se não saíssemos de lá. Essa terra é totalmente diferente de onde viemos, isso é bom, nos permite recomeçarmos.

Eu falei esse tanto e ainda não tomei café da manhã, ainda havia comida que a tia Kiyomi e a Miya haviam comprado quando viemos para cá, mas precisávamos sair ainda hoje para encher nossos suprimentos.

— Tia, estamos quase sem comida.

—O Sr. Fuyuki nos mostrou o mercadinho e ele disse que tem uma galeria de lojas há três ruas daqui ao leste. Aonde quer ir? Porque também queria sair e comprar algumas coisas.

— Hum... Não pode ser ao mercado? Porque só precisamos comida né?

—Sim, mas estava querendo já pegar seu uniforme, você começa na escola semana que vêm. A Miya encomendou seu uniforme para mim antes de começarem as aulas ,então é só irmos ver na casa da costureira, ela mora perto da galeria.

— Aff já havia me esquecido disso.

— Não se preocupe, tudo vai dar certo Samanta.

— Só não estou gostando da ideia de começar no final do primeiro bimestre, na verdade não estou gostando de começar numa escola japonesa no 3º ano.

— Na verdade as aulas começaram há duas semanas aqui e eu sinto muito por isso, mas pense pelo lado positivo, vai te dar bônus na faculdade. Aliás, cadê o senhor universitário da família?

— Passou mal do estomago essa noite, deve ter dormido muito mal, não o chamei ele porque sei que foi uma noite difícil para o coitadinho.

— Mas ele também come de tudo, nunca vi isso.

—Pois é.

— Se ele não levantar antes das 11 horas eu vou ter que chamá-lo.

Falando nesse assunto de ensino médio, em primeiro lugar, tudo que meu irmão e eu conseguimos aqui e na velocidade que conseguimos foi graças à empresa onde minha tia trabalha. Bom, fiz um teste lá no Brasil mesmo e consegui vaga em uma boa escola, mas eles queriam me voltar para o primeiro ano, quase surtei quando escutei isso. Por Sorte, muito conversar e blá blá blá jogado fora eu consegui entrar numa escola que eu infelizmente não sei pronunciar o nome até agora, é grande demais o danado, parece mais aqueles nomes dados à príncipes ou princesas ou qualquer um da realeza, sei que tem cinco ou seis palavras para dizer apenas o nome dessa escola. Enfim, a escola é pública (mas não de graça, alias, nadaa aqui é) e tem um conceito altíssimo, a escola não tem interpretes então tive de fazer seis meses de curso intensivo da língua e ficar conversando com minha tia à noite, espero que seja suficiente para eu conseguir sobreviver pelo menos, pois minhas expectativas são me dar tão mal nessa escola, mas vamos ser otimistas, quem sabe lá tem um canto ou outro para eu me esconder, posso sobreviver o ano assim.

Estou com muita dó do meu irmão, ele parou no terceiro semestre de engenharia mecatrônica no Brasil, ele também conseguiu vaga aqui, mas numa faculdade há uma hora de trem da nossa casa e ele vai ter que fazer esse trajeto todo dia, meu irmão terá que acordar cinco da matina para conseguir chegar lá a tempo. Minha tia por outro lado vai pelo mesmo tomar café da manhã comigo, depois sou eu alone da vida e numa escola japonesa até a hora da janta, onde todo dia sem falta vejo os dois (espero).

Cheguei ao quarto do meu irmão, ele estava deitado na cama com seu nitendo 3ds em sua mão que estava caída no chão, o folgado deixa a mão cair, mas não solta o vídeo game. Passei por entre as caixas que estavam amontoadas pelo quarto e puxei as cortinas, o folgado nem mexeu.

— Gabriel, levanta!! -Sussurrei no ouvido dele.

Aqui não posso fazer muito barulho, então foi sussurro mesmo.

—Aff não posso nem dormir em paz.

—Cara, são 10:30.

—E daí? Hoje é domingo.

—E daí que a tia Kiyomi falou que iria te acordar se você não levantasse antes das 11. Você sabe que ela não gosta que você fique jogando de madrugada.

—Qual foi à desculpa que você falou dessa vez?

—Intoxicação alimentar, tá me devendo uma.

—Aff ok.

—Então, conseguiu passar que fases e foi dormir que horas?

— Ah só uma ou duas fases depois que você saiu, fui dormir 4:36, eu sou esperto então olhei o relógio tá?

—Cara eu fui dormir meia noite, poxa que decepção.

—Ah para, as próximas fases são o cão.

—Tudo bem, tentamos de novo essa noite. Agora levanta, temos só o que comer no almoço, temos que sair depois para comprar mais comida.

—Tá que interessante... E depois?-Disse ele cobrindo a cabeça querendo dormir novamente.

Puxei suas cobertas sem dó nem piedade, ele quase caiu da cama.

— Levanta folgado!Vamos sair para comprar mantimentos e meu uniforme- Fiz cara feia- Aff... Já estou vendo que vou ser comida viva nessa escola.

—Vai nada, vai dar tudo certo, sei disso.

—Ah Gabriel, isso é o que todo mundo diz, mas sei que você não acredita nisso.

—Pois é, estou vendo que eu também vou rodar bonito na faculdade.

—Aff, levanta... Depois a gente se preocupa com isso.

Fomos á galeria depois do almoço, era tão bonitinho lá, um corredor de lojas, a costureira morava na rua da galeria, então fomos lá primeiro. Gabriel sumiu antes de entrarmos lá, minha tia disse que depois o encontramos. Depois de toda cortesia para entrar na casa de alguém (Não esqueci o ritual dessa vez) fomos ver os uniformes. Admito, a saia e a blusa eram a coisa mais fofa que eu já havia visto, mas não tenho costume de usar saia, então vou estranhar muito, minha tia disse que é só colocar um short por baixo, mas mesmo assim... Aff.

Depois fomos comprar comida, eu não conheço a metade das coisas que a minha tia colocou na cesta de compras, reconheci só os produtos de limpeza e papel higiênico e olha lá.

—こんにちわ(Konnichiwa). Disse sorrindo o atendente do caixa.

—Konnichiwa- Disse de volta minha tia sorrindo também.

— Ko...Kon...

Sei que ele estava apenas me desejando boa tarde, mas travei ao cumprimentar de volta, minha tia colocou a mão em meu ombro.

—Konnichiwa!- Finalmente saiu.

—Viu não foi tão difícil. -Disse minha tia em japonês.

—Sei, mas é estranho para mim tudo isso ainda. - Respondi em português mesmo.

—São novas aqui?-Perguntou o atendente enquanto trabalhava.

—Minha sobrinha é.

—Hum...あなたの名前は?(Anata no namae ha?)-Perguntou para mim o atendente.

Droga, ele olhou para mim e perguntou meu nome e eu gelei por um momento... É tenso falar assim para mim, tinha esse problema quando estava estudando também, era só chegar um japonês e me perguntar qualquer coisinha que me dava branco, coisas simples na maioria das vezes.

—Samanta, meu nome é Samanta.

—Prazer Samanta, meu nome é Yuan e igual a maior parte de todos que trabalham aqui eu também não sou japonês. Olhe ao redor...

Olhei ao redor como ele havia me pedido, procurando com o olhar todos que estavam uniformizados vi que ele estava certo, realmente poucos tinham cara de japonês naquele lugar. Mas Yuan o atendente à minha frente, jurava que ele fosse japonês, devia ter mais ou menos minha idade. Ele já havia terminado de nos atender, estava pegando o troco para minha tia.

—Yuan, de onde você é? Porque seu rosto parece de japonês, pensei que fosse daqui.

—Hong Kong-Disse ele pegando as últimas moedas para minha tia-Sou chinês.

—Que legal- Disse eu sorrindo.

—Tchau, tenham uma boa tarde... E Samanta, não tenha vergonha de errar, porque em questão de língua, você irá se acostumar rápido.

—Tchau Yuan, até mais.- Disse eu sorrindo.

Depois de sair com um monte de sacolas de papel finalmente encontramos meu irmão, pelo menos ele vai ser útil agora, porque estava pesado. Estava errada, o fujão entrou numa loja e disse que já voltava, minha tia e eu nos sentamos num banquinho de frente para a loja para esperá-lo.

—Viu Samanta?

—Vi sim tia, espero que eu me acostume rápido.

—Mas não precisa ter medo de falar, eu sei muito bem que você sabe conversar em japonês perfeitamente.

—Por que diz isso?

—Porque desde que saímos do mercado você está falando perfeitamente, acho que nem percebeu.

—Nossa é mesmo- Disse eu agora em português.

Minha tia me abraçou e beijou minha testa, vi meu irmão saindo da loja com um buque de rosas enorme, provavelmente era para minha tia, ótimo presente.

—Tia Kiyomi, isso é para você- Disse ele entregando o buque para ela— Sei que é pouco, mas acho que a senhora mais que merece, obrigada por tudo.

— Nossa, você não precisava gastar comigo.

—Cada centavo gasto com vocês duas vale muito à pena. – Gabriel virou-se para o meu lado— Seu presente eu entrego quando chegarmos em casa, ok?

Meu irmão pegou todas as sacolas das mãos da minha tia, não pegou nenhuma minha, puxa saco dos infernos, ainda olhava para mim e abafava uma risada... Esse garoto vai se ver comigo essa noite, não vou dar chance para ele no Kantikus, o jogo que estamos tentando zerar todas as fases desde o começo do mês.

Quando chegamos a casa, depois de guardar tudo minha tia foi fazer a janta, já eram 17:20 quando voltamos, nem eu acreditei quando vi as horas, acho que perdemos muito tempo na casa da costureira, porque o resto parece que foi tão rápido. Meu irmão me puxou sem muitos avisos até a sala e me mandou sentar no tapete, pegou sua mochila e tirou de lá um embrulho.

—Adivinha o que é.

—Sei lá, não faço ideia.

—Hum... Vou te dar uma dica... É um ótimo presente para uma pessoa tonta e sem noção de direção como você.

Fechei a cara e fiz beicinho, coisa de criança, sei disso... Mas é bom fazer essas coisas com meu irmão, nós ficamos nos atentando sempre que podemos, às vezes parece que não crescemos.

—Tudo bem, não quer o presente eu não te entrego- Disse ele guardando o embrulho.

—Ai tá bom, vou tentar... Uma bússola.

—Aff eu não pertenço à idade da pedra, sou muito mais moderno- Disse ele me jogando o embrulho.

—Acertei?!-Perguntei sem olhar.

—Claro que não boboca... Não vai abrir não?

Desembrulhei calmamente o embrulho, meu irmão é extremamente ansioso, sei que ele ficou agoniado por minha demora.

—Um GPS?

—Sim, Tia Kiyomi e eu temos um, acho que está mais que na hora de você ter um também... Acho que vai ser útil.

—Obrigada.

Minha tia chegou perto de nós para bisbilhotar o que eu havia ganhado. Gabriel me entregou outro presente, um ursinho branco com um enorme botão rosa no olho.

—O nome dele é Teddy... Não quero nem saber seus argumentos, é Teddy e ponto final. -Disse meu irmão me olhando sério.

—Nossa... Um GPS... Gabriel, quanto foi?-Disse minha tia.

—Nada não tia.

—Tudo bem, tem cara de Teddy mesmo. –Disse eu— Pensei que não fosse lembrar disso.

—Gabriel você mal tem dinheiro, onde conseguiu esse?-Perguntou minha tia ainda indignada.

—Eu agora estou recebendo bolsa de estudos, esqueceu?

—Obrigada Gabriel, vou dormir abraçada nele hoje mesmo-Disse eu feliz.

—Mas não fique gastando com isso... Vamos diga-me quanto foi que eu lhe pago-Insistiu minha tia.

Meu irmão já não sabia para quem olhar, ambas queríamos sua atenção.

—Vocês duas tenham calma, eu sou só um!- Disse Gabriel bravo—Não tia, esse é um presente meu para minha irmã... Nada de mais, ia comprar no Brasil, mas aqui é mais barato.- Ele virou-se para mim—E que bom que gostou Samanta.

—Ah... Tudo bem... Mas não gaste com mais besteiras para mim... Ok?-Continuou minha tia.

—Não prometo nada, só digo que vou cuidar bem do meu dinheiro.

—Ok, é o suficiente.

Minha tia já havia pegado o espirito de negociante dela, alias, ela voltou a trabalhar na quarta, iria voltar junto com meu irmão e eu na segunda, mas houve um imprevisto e ela precisou voltar quarta. Levantou-se bem cedo, deu um beijo em mim e no meu irmão, disse que qualquer coisa podíamos ligar para ela. Acho que estaria tudo bem se ela não dissesse que precisávamos ir até minha escola ver umas papeladas remanescentes, ela havia resolvido a papelada do meu irmão terça, por causa do imprevisto tivemos que irmos sozinhos hoje . Mesmo com meu irmão ao meu lado eu me sentia sozinha, porque se eu desse branco minha tia era minha saída, mas com meu irmão é diferente porque ele e eu sabemos quase as mesmas, então senti medo.

Minha escola é um prédio enorme de três andares comprido, deve ter no mínimo umas 70 salas aqui, não é exagero dizer que parece um prédio de faculdade... Pelo menos comparada com a antiga faculdade do meu irmão que eram vários blocos e eles ocupavam mais ou menos o mesmo espaço dessa escola. O lado bom é que dos cinco nomes sei que dois deles são “Golden Zu”, foram as únicas coisas que consegui ler e o nome na entrada está escrito em dourado, então meio que dava uma dica que teria um “ouro” no meio do nome.

Ao entrarmos na escola e não havia porteiro, quer dizer, ele estava na guarita dormindo, então não tinha ninguém mesmo. Estava em horário de aula então meu irmão teve a brilhante ideia de ligar para a escola ver se conseguia ajuda de um ser humano, porque o guarda não acordava nem á pau pelo jeito.

A moça da secretaria não veio nos receber, disse que estava muito ocupada no momento, pelo menos nos deu as instruções de como chegar até ela pelo telefone.

Após chegar lá fomos bem atendidos, assinei toda papelada que precisava da minha assinatura e ao final me deram uma cartilha de regras da escola. Quando estávamos voltando para casa resolvi dar uma olhada nela. Há regras que eu não entendo, tipo: não poder pintar as unhas , não poder usa maquiagem, se tiver cabelo comprido (como o meu) é preciso prender com xuxinha de cabelo de cores restritas, não poder pintar o cabelo, até as mochilas são especificadas nessa cartilha. Meu irmão olhou rapidamente depois riu.

—Nossa, finalmente há alguém nesse mundo que vai conseguir te fazer prender esse cabelo.

—Se eles implicarem com meu cabelo eu vou brigar, se pintarem ele de preto eu morro.

Alias, meu cabelo é um castanho quase chocolate é bonita a cor dele, um pouco cacheado e longo o suficiente para tampar meus seios quando o jogo para frente, apesar de antes eu odiar meu cabelo ser cacheado, hoje o amo, tanto ele quanto meus olhos negros. O cabelo do meu irmão é da mesma cor do meu, só que é extremamente liso e ele ajeita tudo em um topete até bonitinho, volta e meio ele o lava com um produto que dá uma clareada na tonalidade, fica bonito. Já usei esse produto, mas prefiro meu cabelo mais escuro. Os olhos dele são diferentes dos meus, castanho claro quase bege.

—Aff, espero que essa regra de ir sem maquiagem não exista na sua faculdade... Não sei se aguento ficar mais de um ano sem passar ao menos base na cara.

—Nossa, também espero... Se eu te ver ano que vem lá não estando ao menos apresentável eu nem vou passar perto.

—Hã?! Não entendi a indireta.

—Ué, pare para pensar... Um homem bonito, quase um galã como eu não pode se misturar com criaturas feias como você.

Ri muito daquela frase.

—E desde quando você é bonito criatura?

—Shh, eu disse que não me misturo com gentalha- Dei um tapa nas costas dele— Ai, doeu sabia?

— Bem feito.

—Ei, estava aqui lembrando... A diretora disse que há uma brasileira na sua sala. Bom que você vai ter com quem ao menos conversar.

—Espero mesmo, acho que vai ser um ano difícil.


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Notas finais do capítulo

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