Entrei na escola, estava ainda bocejando e um pouco atordoado - afinal, como não ficar com sono acordando as sete horas da matina? - todos os alunos pegavam seus materiais dos armários.

–Castiel.

Quem era? Me virei e vi o Brendon um aluno da minha sala super nerd, ele apontou para mim e começou a rir. Depois houvi mais risadas, todos riam.

Um monte de gente estava rindo de mim, por que? Senti raiva e fechei meus punhos, não podia socar ele, não podia, repeti mentalmente, não quero ser expulso, não quero, pensei com mais intensidade. E corri, sim foi covarde, porém só fiz isso porque a diretora já estava me ameaçando de expulsão faz tempo.

Parei, cansado, no fim de um corredor e senti alguém puxar meu braço para dentro de uma sala de aula, era Alexy, ele fechou a porta e depois colocou o dedo indicador na frente da boca pedindo silêncio da minha parte.

–Alexy por que você me puxou? - perguntei em um tom normal, apesar de irritado.

–Castiel eu sinto muito.... - começou.

Franzi o cenho e cruzei os braços esperando uma explicação, pude vê-lo pegando uma coisa em sua mochila.

–Tem pessoas que não tem caráter nenhum. - ele afirmou me mostrando o jornal da escola.

Mal acreditei na capa, nela eu estava com a mão no pescoço de um garoto, o beijando, um nó surgiu na minha gargante, Peggy tirou uma foto do beijo que dei em Robert, senti um misto de tristeza, agonia e raiva. Muita raiva.

Alexy colocou uma mão em meu ombro.

–Desculpa Castiel, quando descobri tentei argumentar com Peggy, dizendo que isso era errado, mas ela nem quis me ouvir.

–Não é sua culpa - sussurrei.

E sai da sala, sem dizer nada mais, minha maior vontade era voltar para casa e minha segunda maior vontade era chorar, por mais que não quisesse admitir, me sentia humilhado e vulnerável, porém, uma hora eu teria de encarar isso não é? Fugir não era uma escolha lógica.

Sentei-me ao lado de Iris na aula de português, ela me observava com dó.

–Não precisa me olhar assim - sussurrei.

Já bastava eu para sentir pena de mim.

–Oh Castiel - ela colocou uma mão em minhas costas - sempre vou ficar do seu lado.

Apesar da aula ter sido como sempre - chata, entendiante e irritante - percebi certos olhares curiosos sobre mim, acompanhados de risadinhas. O sinal tocou e ouvi alguém falando:

–Vamos andando, antes que o viadinho se apaixone por nós - a voz masculina ria com desdém.

Engoli em seco. Será que Alexy se sentia desse jeito? Suspirei, as pessoas eram muito idiotas. Nesse espaço de tempo refleti se deixaria de dar um beijo no Robert para evitar passar por essa situação e cheguei a conclusão que não - ele também beijava muito bem, sorri me lembrando.

Cheguei ao pátio e me sentei perto de Iris, ela comeu com os olhos meus pedaço de pizza, pelo menos nesse quesito tive sorte, hoje era dia de alimentos não saudáveis no refeitório.

–Quer? - falei com a boca cheia.

–Precisa perguntar? - ela rebateu.

Rasguei a pizza no meio e dei uma metade para ela, Violette logo chegou:

–Quer? - perguntou Iris para ela.

–Sou vegana - ela corou.

–Desde quando? - Iris pergunta.

–Desde sempre - Violette murmura envergonhada.

Essa menina estava sempre envergonhada! Por uns minutos parecia que estava tudo normal, eu estava zoando com a Iris (ora, eu adoro zoar) enquanto ela me implorava para buscar outro pedaço de pizza, Violette corava a todo instante (muito típico) e estava quieta desenhando (rotineiro).

Entretanto, tudo que é normal acaba logo, esse deveria ser meu lema a partir de agora, e Iris semicerrou os olhos.

–Lá está aquela desgraçada - ela gritou.

Me virei e vi uma menina de cabelos roxos e vestido verde, era Peggy, depois tudo aconteceu muito rápido.