Sai da sala, era só o que me faltava! Por que? Por que ficar de recuperação em português justamente nesse fim de ano? Por só meio ponto! Essa professora...

–Castiel, estava tentando te encontrar - não tive tempo de concluir meus pensamentos, Lysandre chegou, com aquela cara calma de sempre.

Bufo.

–Aquela professora de português me paga! - esbravejo.

–O que aconteceu? - meu amigo indaga, com o rosto impassível.

–Fiquei de recuperação! Por meio ponto! Dá para acreditar? - cruzo os braços, enquanto penso em meios de matar minha professora de português.

–Creio que isso seja uma pergunta retórica, relaxe Castiel, basta estudar mais.

Bufo novamente.

–Você tirou oito. Para você é fácil dizer. - reviro os olhos.

–Se você queria ajuda, poderia ter pedido - ele suspira - bem, você pode ir para minha casa e a gente estuda, ok?

–Ok - suspiro - odeio essa professora.

Lysandre ri:

–Você odeia quase todos os professores.

Ri também, apesar da raiva, não deixava de ser verdade, e ficou combinado que iria na casa de Lysandre as cinco horas da tarde, até chegar esse horário fiquei treinando guitarra no clube de jardinagem, já que esse era, quase sempre, deserto, até que deu o horário.

Toquei a campainha, realmente espero que meu amigo possa me ajudar, não desejo repetir de novo, ele veio atender.

–Castiel, você chegou - ele disse, de modo sério.

Revirei os olhos.

–Esse foi o horário que marcamos. - dei de ombro.

–Eu estava fazendo um resumo para estudarmos.

Ele sempre pensava em tudo, constatei, logo joguei minha mochila em cima de uma cadeira e nos sentamos perto de uma mesa de vidro para "mergulhar no conhecimento da poesia". Odiava poesia. Odiava poetas velhos, quando falei isso, ele só respondeu:

–Você pode encarar a poesia como música, como letras de música, assim fica mais fácil.

Esse era um bom concelho, afinal, Lysandre era quem escrevia as letras de música de nossa banda.

–Você precisa se lembrar dos tipos de rima, do fato delas serem ricas ou pobre, da metragem, e provavelmente, terá de escrever uma na prova. - estávamos finalmente encerrando essa aula demorada.

–Ótimo - dou de ombros - posso assistir a sua TV?

Meu cérebro já estava pifando de tanto estudar essas coisas inúteis.

–Os canais não estão funcionando - me diz ele, com uma ponta de tristeza na voz - só o DVD.

–E quais DVDS você tem?

Lysandre se dirige a uma pilha de DVD's:

–Tenho Titanic.

–Que coisa de viado.

–É uma história de amor ficticia, baseada em fatos reais...

–Pode parar, odeio essas viadagens de amor! Qual outro você tem por aí?

–Tropa de elite.

–Ótimo, é esse que iremos assistir.

Percebo que Lysandre revira os olhos, ele era um poeta afinal, eu me sento no sofá, deixando um lugar vago para ele, e começo a comer um salgadinho, meu amigo pareceu odiar o filme, o que posso fazer afinal? Gosto não se discute e quando acabou me apressei para chegar antes das 10 na minha casa.