Darkness Brought Me You escrita por moni


Capítulo 6
Capítulo 6


Notas iniciais do capítulo

Primeiro de tudo. Jussara Stefanos e Gabi. Amo vocês, é muito sério. Estamos juntas desde a primeira fic. O primeiro capitulo. Isso é tão especial. Eu realmente não sei se algum autor se acostuma a receber recomendações. Eu não. É sempre uma surpresa emocionante. Nem sei como agradecer, passei esse capitulo na frente de outras fics que precisava postar só para poder agradecer vocês. OBRIGADA pelas mais carinhosas RECOMENDAÇÔES. BEIJOSSSSSSSSSSSSSS



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Pov – Hannah

Claustrofóbico, é isso que esse pequeno ambiente que divido com Brook nos últimos vinte dias se tornou. Sinto como se respirássemos o mesmo ar desde o dia que fechei a porta correndo nos primeiros dias.

Sem luz, sem água corrente, a comida no limite, nenhum sinal de ajuda, mudança, resolução, nada, é como se o mundo tivesse se apagado completamente e só restasse eu e minha pequena.

Depois de quatro dias presas em casa os sons do lado de fora foram sumindo, nada mais de carros, tiros, latidos, choro ou gritos. É só o silencio. Não tenho comida para mais que dois dias e nem sei o que vou fazer.

─Tia Hannah. – Ela sussurra. Ensinei isso a ela nos primeiros dias, nada de gritos, nada de me chamar alto, ela decidiu que o melhor era sussurrar. – O caçador de monstros não vai chegar logo? Estou cansada de ficar aqui presa.

─Cansada de ficar protegida no nosso castelo? – Pergunto a ela sem deixar a fantasia que criamos para enfrentar isso. – O caçador de monstros está lá fora. Ocupado matando os monstros.

─Depois ele vem aqui buscar a gente? – Ela volta a sussurrar. Passa a mão pelos cabelos loiros, tão linda e abatida. Pálida pelo tempo que estamos presas sem nem abrir uma janela. – Vem tia? O caçador vem?

Acho que ninguém vai bater em nossa porta para avisar que acabou. Acho que aos poucos a vida vai simplesmente voltar a vibrar. Vamos ter a luz de volta, água, as tevês vão voltar a dar noticiários, vamos sentir as perdas, deixar flores para os mortos, vencer o luto e recomeçar.

Minha garotinha vai para escola. Amélia vai nos esperar na porta com seu velho sorriso. O Walmart vai reabrir por que as pessoas vão querer reconstruir e meu emprego vai estar a minha espera. E eu e Brook vamos ficar bem. Tento sorrir. Não posso acreditar em qualquer outra coisa. Não somos as únicas. Eu sei que mais pessoas estão sobrevivendo. Quem sabe na parede ao lado?

─Sim. O caçador vai matar todos os monstros e então vem nos avisar.

─E aí você casa com ele? – Ela sussurra sorrindo.

─Não.

─Então eu que caso com ele? – Brook volta a rir achando a ideia engraçada.

─Também não minha bonequinha.

─Mas porque ele vai matar os monstros e salvar a gente? – Ela questiona tendo em vista todos os contos de fadas que conhece em que o herói sempre casa com a mocinha depois de salva-la.

─O caçador de monstros vai matar os monstros e nos salvar por que ele tem o coração puro. Ele é bom.

─Então casa com ele tia. – Ela me pede. Beijo seu rostinho pálido, afasto seus cabelos. Quem dera existir um caçador de monstros pronto para nos salvar. – Como que ele mata os monstros tia?

Suspiro, olho um momento para Brook, tão linda, confiante acreditando que lá fora existe um herói cuidado de nós. Que tipo de homem seria esse? Com certeza um desses durões, o tipo que não tinha medo de nada antes do inferno se abrir. Um encrenqueiro como seu pai e o irmão. Penso em Daryl Dixon. Sempre o achei bonito, a verdade é que tinha algo nele que me atraia. Me lembro de sua besta, aquela arma de caça sempre me intrigou.

─O caçador tem uma besta. – Conto a ela. Brook sorri e ao mesmo tempo balança a cabeça sem saber direito do que estou falando.

─O que é isso tia Hannah? – Ela coloca a mão na boca e se aproxima do meu ouvido. – Não sei dessa arma não tia.

─É uma arma que atira flechas. Ele acerta os monstros com as flechas dele.

─Agora entendi. Tia a gente não vai comer nada? – Uma dor corta meu coração. Tenho racionado ao limite. Resumido sua alimentação a uma única refeição e alguns biscoitos ao longo do dia.

─Daqui a pouco pequena. Tome. – Entrego um biscoito de chocolate a ela. – Come esse biscoito e daqui a pouco vai jantar e dormir.

Ela aceita. Como aceita tudo que digo a ela. Esse tipo de amor e confiança incondicionais me tortura. Não posso corresponder. Não sei o que vai ser em dois dias. Como vamos sair dessa encrenca. Não posso deixa-la sozinha para tentar encontrar comida. Não tenho coragem de enfrentar o que tem lá fora com ela.

Quando Brook adormece depois de comer um prato de legumes enlatados e carne seca eu a ajeito na cama. A escuridão a assusta e ela adormece sempre abraçada a uma lanterna. Deixo a lanterna com ela e com os pés formigando de medo vou até a janela.

Por uma pequena fresta da cortina e um pequeno vão na madeira eu vejo a rua. Jamais estive diante de tanta escuridão. Nunca imaginei que as noites pudessem ser tão escuras e apavorantes.

Aguço a audição e é só aquele silencio sombrio. Meu coração bate tão forte que parece que pode sair de dentro de mim e explodir a qualquer segundo.

Deixo a janela. Me sento na sala diante da porta. A cabeça pesada. O cérebro latejando sem parar. Me faz pensar o que eu faria se Brook ficasse doente. Nem mesmo um comprimido para dor eu tenho comigo. Fui muito incompetente. Achei realmente que podia acabar rápido.

Preciso tomar coragem de fazer algo e sei exatamente o que poderia fazer. Pegar Brook, o que nos restou de água e comida e dirigir até o Walmart, com minha chave entrar no deposito. Recolher todas aquelas armas, munição e tudo de útil que tem lá. Depois achar um grupo, um abrigo com mais gente. Está claro que esse lugar existe.

─Cadê a coragem não é Hannah? – Digo em voz alta, acho que só quero fingir que tenho um adulto para conversar.

Escuto passos, fico de pé. Depois vem um som estranho, algo como gemidos, gruídos, tudo em mim treme, pego a arma sobre a estante. Com passos lentos e covardes vou para o cantinho da janela. Apago a lanterna e junto alguma coragem para olhar a noite.

Tampo a boca para conter o grito, o espanto, o horror, um grupo de mortos caminha pela rua. É assim que penso neles agora. Mortos, não doentes, mortos que caminham. Um a um eles vão desfilando pela minha porta. Homens e mulheres de todas as idades, sujos de sangue, rasgados, cinza morte, gemendo como se lamentassem sua condição.

São lentos, mas se me vissem viriam todos e um grupo assim pode sem dúvida derrubar nossa pequena fortaleza e invadir a casa. Meu coração para de bater algumas vezes enquanto assisto o conjunto de corpos. Aperto o cabo da arma. Engulo em seco.

Leva tempo aquele caminhar. Penso em contar, mas deve ter uns cinquenta deles e quando terminam de passar eu só me afasto segurando a arma. Sigo para o meio da sala, me sento no chão. É o melhor lugar para ter uma visão de toda a pequena casa. Não me movo, só continuo ali estática e atenta. Nada mais acontece. Só o conhecido silencio.

O que era aquele grupo? De quantos mortos estamos falando? O que está acontecendo lá fora? Porque ninguém faz nada? A casa vai ganhando um pouco de luz vindas das frestas quando o dia amanhece. Ainda assim não saio do lugar.

Eu preciso me mexer. Eu preciso sair dessa casa e encontrar pessoas. É o único jeito.

─O que foi tia? – Brook surge assustada. Sussurra ao se sentar no meu colo. Ainda muda eu a abraço. Aperto forte seu corpinho delicado de encontro ao meu. Sinto seu coraçãozinho acelerado de medo.

─Está tudo bem, querida. Tudo bem.

Alimento Brook o mais silenciosa que posso, ela mantêm Lyn nos braços, depois junto o que restou de comida e agua. Cabe numa mochila. Visto Brook com botas firmes, jaqueta quente apesar do razoável calor. Me visto e prendo os cabelos, faço o mesmo com ela. Ajeito minha garotinha o máximo que posso.

Vou para janela encarar o dia. Fico um tempo ali juntando coragem. Não posso demorar demais. Tenho que achar um lugar seguro antes de escurecer. Me volto para Brook.

─Brook. Temos que sair querida.

─Não tia. – Ela choraminga. – Os monstros. A gente não pode sair do nosso castelo.

─Querida. Tenho que ser honesta. Não temos comida. Sua barriguinha vai doer, então vamos procurar comida.

─Liga para o caçador de monstro. – Ela olha para o telefone.

─Ela não tem telefone também.

─Só flecha?

─Só flecha. – Concordo, a ideia de um herói lá fora a tranquiliza e confirmo sua existência o tempo todo. – Agora precisa me ajudar. Pode fazer do jeitinho que eu pedir?

─Posso.

─Certo. Vai ser assim. Vamos colocar as coisas no carro e partir. Eu amo você querida. Vou fazer tudo para te proteger, mas não pode gritar, não pode correr assustada, tem que me obedecer o tempo todo, só pode fazer o que eu mandar. Se digo corre, você corre, se digo fica, você fica. Confia em mim?

─Sim.

─Muito bom, estou muito orgulhosa. Vai fazer como eu pedir? – Minha voz embarga e uma lágrima escorre.

─Não precisa chorar tia Hannah, eu obedeço.

─No carro, eu quero que fique de olhos fechados, não quero que se assuste com nada. Pode tentar?

Ela balança a cabeça concordando. Meu coração palpitando. Talvez eu esteja empurrando minha joia mais preciosa para a morte, mas ficar seria o mesmo. Se morrermos então ao menos tentamos.

Abraço Brook longamente, beijo seu rosto. Ela se aperta a mim, seu coração sempre acelerado. Arrumo Lyn em seus braços.

Vai ficar lá no quarto com a porta fechada até eu te buscar. Vou preparar o carro. Ela afirma e me obedece.

Fecho minha menina, pego a mochila e a sacola com mantimentos, empurro o móvel em frente a porta, giro a chave com dedos trêmulos, abro lentamente, tenho vontade de fechar de novo e me esconder sob as cobertas, mas respiro e saio. Olho assustada. De um lado a outro eu varro a rua. Tudo vazio e silencioso.

Abro o carro, evito barulho, até o som da chave balançando em minha mão me assusta. Coloco tudo do lado de dentro, a chave no contato. Depois volto para dentro apressada. Pego Brook no colo e a coloco no carro, então fecho a porta e olho para ela.

─Deita no banco e fecha os olhos pequena. Vamos embora. – Ela obedece e dou partida. O carro está ótimo, o motor ronca e ganho a rua. A primeira coisa que percebo é o lixo, tem lixo para todo lado. Algumas casas estão com madeira fechando as vidraças, será que tem gente nelas? Viro a rua e vejo o primeiro zumbi, ele caminhava pela calçada, me vê e sua atenção se concentra no carro, ainda o vejo tentar nos seguir.

Na rua seguinte tem mais deles, espalhados pelo caminho, me dá medo pensar o que aconteceria se o carro parasse. Passo por um pequeno acidente, dois carros batidos, diminuo um pouco a velocidade para passar por um espaço pequeno. Olho para dentro do carro e um zumbi batia no vidro. Engulo em seco imaginando o pânico que Brook estaria.

A cena de caos, o que tudo aquilo me conta de horror e medo me assombra, mas mantenho as mãos firmes no volante e os olhos atentos a tudo a minha volta.

Passo por dois corpos, sim, dois corpos no meio da rua, gente morta e putrificada largada no chão. Talvez algum zumbi derrubado. Também vejo um corpo completamente devorado, as entranhas espalhadas pelo chão enquanto ainda assim aquela coisa tenta erguer o braço e a boca abre e fecha. É irreal.

As vezes penso se não vou acordar suando em minha cama na antiga casa, com Charlotte dormindo no quarto ao lado.

Viro mais um quarteirão depois de uns metros chego a um cruzamento e por puro vício de direção diminuo a velocidade.

─Socorro. Espera! – Escuto o chamado e olho para a rua a tempo de ver um rapaz e uma moça correndo, atrás deles zumbis caminhando, mais um zumbi surge de um quintal qualquer, eles apenas desviam correndo em minha direção.

Não posso ignorar, é hora de os vivos se unirem, eles acenam correndo lado a lado.

Paro o carro. Olho em torno, não tem nada muito próximo e destravo a porta de Brook.

─Senta aqui pertinho de mim querida. Vamos ajudar umas pessoas, não grita e não se assusta, olhos fechados. – Ela obedece no minuto que a porta se abre e os dois pulam para dentro assustados, com mochilas nas costas, a porta bate e acelero para longe daquele cenário.

Ficamos apertados. A moça está suja de sangue, olho para o rapaz e ele também está. Penso se foram mordidos.

─Estão feridos? – Não sei bem como a transformação ocorre.

─Não. É sangue de zumbi. – A moça abraça o rapaz chorando, ele a aperta junto a si aliviado. – Obrigado, obrigado. Não aguentaríamos mais tempo.

─Tudo bem. Eu sou Hannah. Essa de olhinhos fechados e muito linda é Brook. Minha sobrinha.

─Sou o Adam e essa é minha esposa Debby.

─Obrigada. – A moça se afasta e me olha. – Obrigada Hannah. Achei que morreria. Estávamos tentando atravessar a cidade, não achamos nenhum carro com as chaves ou combustível, eles começaram a surgir e matamos alguns, mas então eram tantos que corremos, mas eles vinham de todos os lados e não podíamos correr para sempre.

─É muito bom ver gente. Estive trancada com Brook desde o começo. – Aviso e eles se olham.

─As coisas estão bem complicadas Hannah. O que pretende? Onde está indo? – Adam pergunta.

─Walmart. – Aviso e os dois se olham.

─Não vai achar nada lá, foi saqueado, destruído, não tem nada além de zumbis caminhando por lá. – Debby me avisa. Não sei o que pensei. Mordo o lábio tentando pensar.

─Tia estou com medo!

─Não chora. Vai assustar a Lyn. – É minha tentativa de acalma-la.

Brook afirma, esconde o rostinho na boneca. Ainda passamos por zumbis, não muitos e fico pensando onde foi parar aquele grupo grande que vi. Não quero pensar nisso ainda.

─No subsolo tem algumas armas e munição. – Comunico aos dois novos amigos. – Alguma comida também. Se conseguirmos chegar. Talvez a gente possa se proteger uns dias, ou tentar chegar a um abrigo. Deve haver um.

─Não temos qualquer arma além de uma faca cada um.

─Tenho uma pistola. Tenho uma criança, eu preciso tentar algo. – Meu desespero começa a transparecer. O casal se olha. – Vou me aproximar do Walmart se estiver muito ruim então pensamos em algo.

─isso. Assim pode ser. – Debby e o marido trocam olhares cumplices. – Tem sido um inferno Hannah, você realmente não sabe.

O prédio está em pé. As vidraças quebradas ao longo de toda a loja. Alguns carros espalhados pelo estacionamento, dirijo para a garagem dos funcionários na lateral, só dois carros parador. Um deles é o de Jane e meu coração se contorce pensando se ela pegou uma carona ou nunca conseguiu sair. Talvez agora seja uma dessas coisas. Zumbis começam a se aproximar. Dois do lado direito do carro, um solitário mais distante vindo do lado esquerdo.

─Tem as chaves? – Adam pergunta. – Não dá tempo de arrombar se estiver trancada.

─Tenho. ─ Puxo no bolso da calça, entrego a ele mostrando qual é a chave da porta. – Você abre, eu carrego a Brook.

─Levo as mochilas. – Debby se oferece.

─Tia... – Brook me olha assustada. Eu a ergo nos braços, abraço Brook e abro a porta, descemos todos. Quando Adam abre a porta um zumbi está muito perto. Meu coração fora do ritmo, mas seguro a arma na mão pensando que posso atirar e derruba-lo.

─Não atira! – Adam pede apressado. A porta se abre. – Vai chamar mais deles, O barulho os atraí.

Passamos para dentro correndo e ele fecha a porta. Rezo para aquela coisa desistir de nós e partir. Está escuro e acendo a lanterna presa a cintura, Seguimos todos um ao lado do outro, passo pela sala de funcionários com seus armários, alguns abertos, outros fechados, chegamos a porta do estoque. Está fechada e pego a chave da mão de Adam. Mostro com dedos trêmulos qual é a certa. Ele aperta a faca antes de abrir.

Escuto um barulho de algo cair. Respiração acelerada. Tem alguém e nos juntamos mais com medo de ser algum zumbi.

─Quem está aí? – É a voz de Jane e sinto alivio.

─Jane. Sou eu. – Balanço a lanterna em busca dela. Então vejo seu rosto assustado e corro para ela. Nos abraçamos com Brook entre nós.

─Hannah. Deus obrigada! – Ela chora. – Estou ficando louca. Não consegui sair, tive medo, não consegui. Meu pai conseguiu me mandar uma mensagem, minha mãe tinha sido mordida e eles estavam em um hospital, me escondi aqui, ela está morta, não é? Todos estão.

─Fica calma. – Coloco Brook no chão. – Vamos sair daqui.

─Juntei tudo que importa. Tem água para uns dois dias. São só vocês? – Afirmamos. – Deve dar. Alguns rifles e três pistolas. Alguns pacotes de salgadinhos e só.

─Vamos... – Adam convida. ─Ficar é burrice.

─Só essa noite amor. – A mulher pede. Preciso de algum descanso, partimos cedo. Vamos pensar em que direção seguir. Por favor Adam.

─Certo. Só essa noite. Dormir pode ser bom, nem sei quando foi a última vez.

Me sinto segura naquele lugar apesar da escuridão. Brook não solta minha mão, adormece no meu colo. Só quando ela está dormindo conto a Jane o que vi nas ruas, Adam e Debby contam sua história.

─Há quatro dias ouvimos uma transmissão no rádio nos mandando para um acampamento militar a norte de Macon, não sei se ainda está de pé. Devíamos tentar. ─Adam diz. ─Ou podemos dividir tudo, me ajudam a conseguir um carro e nos separamos.

─Não. Vamos ficar juntos. – Jane pede. – Vamos todos a esse acampamento.

─A gente não vai caber na picape. – Debby nos lembra.

─Cabemos no meu sedan. – Jane avisa. – O tanque está cheio e tem uns galões vazios, podemos pegar o combustível da caminhonete e levar.

─Certo. Acho que juntos somos mais fortes. – Adam constata. – O melhor é todo mundo tentar descansar e saímos bem cedinho. Vamos levar horas nas estradas secundárias até onde pretendemos ir.

─Parar é perigoso, quando se dá conta eles surgem de todos os lugares. – Debby diz envolvendo o corpo com os braços. Brook se remexe em meu colo, tateia em busca da boneca. Entrego a ela e minha menininha volta a dormir tranquilo em meu colo.

─Todo esse tempo aqui Jane. Não saiu lá fora nenhuma vez? – Adam questiona. Ela nega.

─Não vejo a luz do dia há vinte e dois dias. – Jane se encolhe ao meu lado, me encosto na parede e fecho meus olhos. Por mais escuro que esse lugar seja é mais seguro que minha casa e me sinto mais tranquila. Logo adormeço.

Uma mão toca meu ombro. Abro os olhos tateando a lanterna. Acendo e Jane me olha abatida.

─É dia. Estamos prontos para ir. – Ela avisa ficando de pé. – Pegamos tudo e arrumamos perto da porta, ajeita a Brook.

Jane fica com Brook do lado de dentro enquanto saio com Adam e Debby para carregar o carro e transferir a gasolina.

Não está limpo de zumbis, mas eles estão longe e espalhados, procuramos se rápidos e silenciosos. Dois nos veem, mas caminhar do outro estacionamento em nossa direção é demorado.

Adam vai transferindo o combustível enquanto eu e Debby olhamos para lados opostos.

─Amor falta muito? Tem pelo menos meia dúzia vindo. Temos que ir logo. – Debby avisa.

─Do meu lado são dois. Vindo da estrada, talvez não consigam passar pela grade, eles não são nada espertos. – Isso é algo que reparei. São só mãos, pés e mandíbulas. Não podem ir além de caminhar. Qualquer obstáculo os derruba.

Uma pessoa forte e preparada poderia lidar com eles sem grandes problemas, a menos que fossem muitos.

─Mais um pouquinho. – Adam pede.

─Amor. Tem que ser rápido. Ainda tem Jane e Brook lá dentro. – Me distraio dos zumbis do meu lado para olhar na direção de Debby, conto apressada. Sete zumbis. Olho para a porta fechada de ferro, do outro lado tudo que me importa, minha garotinha.

─Pronto. Vai busca-la Hannah. Debby e eu vamos ligando o carro.

Corro porque não é tempo de caminhar. Abro a porta e as duas estão de mãos dadas à espera de ordens. Coloco a pistola no cinto.

─Hora de ir. – Pego Brook no colo e abro a porta. – Vem Jane.

─Corram! Corram! – A voz de Adam e Debby desesperados chega a meus ouvidos, não paro para olhar em volta. Fixo meus olhos no carro, o desespero deles me assusta. Brook grita, um longo e desesperado grito.

Só então vejo zumbis caminhando em nossa direção, são muitos, um batalhão deles.

─Minha visão! – Jane grita. – Está escuro, Hannah! – Tento me voltar para puxar seu braço, ela está a centímetros dos zumbis.

─Corre! Jane corre! – É um pequeno segundo, eu dou dois passos em direção a ela. Brook gritando enlouquecida em meus braços. O carro ligado e o casal aos gritos com zumbis próximos, não posso deixar Jane, tento tocar sua mão, mas então ela cai puxada por mãos apodrecidas, ainda vejo a primeira mordida e seus gritos de pânico quando um grupo se debruça sobre seu corpo.

─Tia! – Só posso continuar correndo para o carro. Os olhos apavorados, desejando cair em prantos, me atiro para dentro com Brook e Adam acelera atropelando dois corpos que espalham entranhas e sangue pelos vidros e fazem Brook gritas ainda mais alto.

Aperto minha garotinha. Jamais pensei ver algo assim. Jane, minha amiga, devorada por zumbis diante dos meus olhos, eu tive que continuar, eu não podia fazer mais nada. Ela passou dias na escuridão, claro que quando visse a luz ficaria um momento cega. Não pensei nisso, ela não pensou. Eu estava com Brook nos braços.

─Calma querida. Estamos indo embora. – Digo apertando Brook.

Ela treme alucinadamente. Abro uma garrafinha de agua e dou uns goles a ela, está no meio de uma crise e sei que nunca mais será a mesma. O que ela assistiu foi assombroso para qualquer um. Depois as lagrimas se vão e ela apenas se encosta em mim.

─Obrigada. – Digo a Adam e Debby. – Podiam ter ido, mas esperaram.

─Fez o mesmo Hannah. Sinto muito por Jane. – Debby me diz tocando minha mão. Depois se volta para frente e presta atenção a estrada.

No fim da tarde, depois de cobrirmos quilômetros de estrada sem nada além de mortos e destruição decidimos parar. Adam está dolorido, vamos completar o tanque e então Debby continua a dirigir.

Ele começa a transferência. Brook fica no carro, eu e Debby mais uma vez de costas uma para a outra cuidando da estrada. Um carro e duas motos se aproximam.

─Gente. Pessoas. – Aviso. Meu coração se aperta. Algo me assusta, não sei se gosto do que vejo. Penso se podemos confiar ainda em todo tipo de gente. Mas não temos nada a fazer se não esperar para saber o que eles querem.

─Adam você fala. – Debby pede.

Eles param. O modo como se vestem me lembra Merle.

─Perdidos? Direção certa?

─Procurando abrigo. – Adam comunica.

─Meu nome é Wade, passaram por uma estrada secundaria há dois quilômetros?

─Sim. – Adam avisa.

─Quatro quilômetros depois tem uma fazenda. Lá funciona um acampamento, tem militares cuidando de tudo. Estão recebendo pessoas, podem nos seguir e se juntar. Tem cercas e um casarão, alguns tem barracas outros vivem dentro da casa.

Trocamos olhares. É isso que buscamos afinal, talvez seja o melhor a fazer. Debby e eu concordamos e Adam encara os homens quando dois zumbis saiam da floresta.

Wade desce da moto, caminha até eles, carrega um pequeno machado, acerta um e depois o outro, espirra sangue para todos os lados, quando se volta está sorrindo.

─Adoro derrubar esses cabeças ocas.

─Vamos Wade, vai anoitecer. – Alguém diz de dentro do carro.

─Vocês vêm?

─Vamos. – Adam avisa.

─Então é só nos seguir. – É o que fazemos. Eles vão na frente, ainda podemos dar ré e voltar se sentirmos algo errado, isso me tranquiliza um pouco. Brook está silenciosa desde que perdemos Jane, talvez ver pessoas a ânime um pouco. Soldados. Isso é bom. Gente sempre é bom. A fazenda existe, as barracas estão lá. Dezenas delas, o casarão e mesmo os soldados, um deles abre a porteira, carrega um rifle pesado e sinto tanto alivio. Abraço Brook, assisto surpresa dois garotinhos correndo em torno de uma barraca.

─Olha Brook! Amiguinhos. Viu que legal? Vai ficar tudo bem. – Ela só me olha assustada. Não sei se ainda confia em mim cegamente. Não importa. Vamos ficar bem agora. Eu sei que sim. Eu preciso acreditar nisso.


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Notas finais do capítulo

Tenho feito uns capitulos maiores por que assim como vocês quero logo esse encontro do nosso Dixon com as garotas. deve ser no capitulo 8 o encontro.
Espero que tenham gostado.
BEIJOSSSSS