Darkness Brought Me You escrita por moni


Capítulo 58
Bônus 4


Notas iniciais do capítulo

Olá minhas lindas!!!!!!!!!!
Capitulo especial para minha linda STELA! Nossa como eu adoro receber recomendação. Amo seu capaz de suprir sua abstinência por TWD. Me sinto uma escritora quando diz que sou capaz disso. Obrigada. Pela recomendação e pela amizade. OBRIGADA!!!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/665232/chapter/58

   Pov – Daryl

  ―Eu sei cuidar dela. Eu só... até agora...

   Se eu fosse o tipo de pessoa que sabe dar carinho abraçaria Hannah agora. Acontece que só o que consigo é ficar encarando os olhos molhados pelas lágrimas.

   ―A casa é grande o bastante. Seu carro está na porta. Tem comida. Eu não vou me intrometer no jeito que educa ela, não tenho ideia de como se faz isso de todo modo. Só quero que ela fique aqui e que você fique com ela e nem precisa ser para sempre. Só até sua vida se encaixar.

   ―Minha vida acabou. – Ela diz num soluço. Ando até ela. Toco seu ombro. É o mais próximo de carinho e proteção que consigo.

   ―Brooklyn está assustada. Se sabe cuidar dela entende que isso é o melhor a fazer. Ficar e parar de chorar. – Ela me olha nos olhos. Balança a cabeça concordando e me sinto relaxar.

   ―É só você aqui?

   ―Só.

   ―Sempre? Não tem amigos... você sabe...

   ―Não bebo mais Hannah. Decidi enfrentar as coisas de cara limpa. Nunca usei drogas apesar de já ter me acusado disso uma vez.

   ―Desculpe. – Ela pede envergonhada.

   ―Nunca fiz por merecer sua confiança. Entendo suas dúvidas sobre isso. Não vem ninguém aqui. Não tenho amigos. Não esse tipo que se recebe em casa.

   ―Namorada? Namoradas?

   ―Só eu. – Respondo desviando meus olhos. Não sou bom com mulheres. Não mesmo. Nunca tive uma minha. Nem saberia como lidar com uma. O que dizer. Como demonstrar. Fui criado sob o peso das mãos do meu pai. Sem qualquer sinal de afeto de quem quer que fosse. Com Merle me chamando das coisas mais absurdas do mundo porque ele achava que assim eu me tornaria um homem.

   ―Obrigada Daryl. Não sei o que teria sido se não tivesse chegado. Nunca poderia ter entrado.

   ―Não tem que agradecer. Eu nunca podia ter te deixado sozinha. A culpa é minha. Sabia que estava errado. Sabia que Merle estava errado e Charlie, mas...

   ―Podemos não falar disso? – Ela olha para a sobrinha com os olhos marejados e fungando assustada. Claro. Não é boa ideia falar mal de seus pais na sua frente.

   ―Você está certa. – Me aproximo de Brooklyn. – O que acha de ficar uns dias aqui?

   Ela afirma apenas com um balançar de cabeça. Não deve ter dito mais do que duas frases desde que chegou. Isso é tudo novo e assustador para ela. Sinto pena.

   ―Bom. Acho que podem dar uma volta pela casa. Ver o que acham. Se tem tudo que precisam. Podemos ir buscar mais alguma coisa na antiga casa.

   ―Não quero voltar lá hoje. – Hannah e me diz e afirmo.

   ―Tudo bem. Hannah eu não sou bom cozinheiro. Costumo comer fora. Acho que podemos ir a um mercado fazer umas compras, não tem nada para mais do que dois dias aqui.

   ―Vai ser bom. Brook pode andar um pouco. Tomar um sorvete. Quer um sorvete anjo? – A garotinha afirma surpresa. Chocolates e sorvete num único dia parece novidade para ela.

   ―Vamos no meu carro.

   Ninguém reclama. Elas me acompanham obedientes. Estranho ser a voz da razão. O guia de alguém como Hannah. Que sempre me causou admiração pela força de tomar as rédeas e que nesse minuto parece fraca e perdida.

   Mais uma vez o caminho é feito em silencio. Trocamos poucas palavras diante de prateleiras de cereais e leites. Discutindo sobre comida saudável ou açúcar.

   Faço questão de pagar. Ela não insiste sobre coisa alguma. Perde todas as batalhas num silencio submisso que me assusta. Quero que ela seja de novo a mulher corajosa que cuida de uma criança sozinha. A garota que batia na porta de Merle Dixon para buscar a irmã mesmo sob o risco de ouvir todo tipo de ofensa vulgar.

   Eu não tenho ideia de como traze-la de volta, mas confio que tempo e espaço devem ajudar. Isso eu posso dar. Principalmente espaço. Não sou de invadir a vida de ninguém e não vai começar por ela.

   Brooklyn adormece no carro e eu a carrego para cama. É leve, delicada, muito parecida com a garotinha que carreguei dois anos atrás no nosso último encontro.

   ―Ela é tão levinha. Pequena. – Digo quando a ajeito na cama. Hannah balança a cabeça concordando.

   ―Nasceu muito menor do que deveria. Por culpa do jeito que foi gerada. A bebida e desconfio que as drogas que Charlie nunca conseguiu abandonar completamente. Depois não pode tomar leite materno. Mas ela é muito saudável. Eu garanto.

   ―Tudo bem Hannah. Não estou criticando nada. Só comentei mesmo. Por que eu a peguei no colo só uma vez, na última que nos encontramos. Charlie ficou nervosa. Começou a tossir ela se assustou e eu a acalmei um pouco, nem quando nasceu eu tive ela nos braços. Me achava meio sem jeito para segurar um bebê.

   ―Queria ter sabido de tudo isso. Daryl eu não teria partido sem deixar rastro se soubesse que tinha alguma ligação com ela. Acho que no fundo eu sempre sonhei com isso. Com um Dixon para proteger Brook.

   ―Bom. Agora você tem um e o tempo vai dizer se isso é bom ou ruim. Vou te deixar descansar. Boa noite Hannah. Não tenha medo. Está segura.

   ―Obrigada. – Ela diz com a mão em meu braço. Não queria dar tanta importância a um simples toque inconsciente. Mas dou. Algo vive dentro de mim. Uma pequena lamparina se acende dando alguma luz a minha escuridão.

   Meus olhos e os dela ficam presos. O silencio grita, e não sei se estou pronto para aceitar o que ele tenta dizer. O que sei é que Hannah me deixa fraco, me lembra o cara que era. Ao mesmo tempo me faz orgulhoso do cara que sou.

   Mas mesmo esse cara. O homem com emprego e teto não é ainda bom o bastante para ela e não posso me deixar dominar por fantasias que fariam Merle Dixon vomitar.

   Tenho que deixar esse quarto. Tenho que deixar seus olhos. Algo está acontecendo comigo e parece acontecer com ela também. Não sei lidar com emoções. Mesmo a raiva eu sempre reprimi. Afoguei todos os sentimentos em copos e mais copos de bebida barata, mas agora sem elas eu não sei como cuidar disso.

   ―Boa noite. – Me forço a dizer antes de dar as costas a ela e deixar o quarto.

   Entro no meu. Logo que me mudei eu gostava de estar aqui. Fazia eu me sentir finalmente um homem. Agora ele me sufoca. Penso nelas tão perto e só quero ir até e ficar, mesmo que apenas olhando.

   Me canso de ficar ali e vou para sala. Deixo a televisão baixa para não incomodar o sono delas, apago as luzes. Estico as pernas na mesa a frente e fico olhando a tevê sem ver nada. Só assistindo o tempo passar.

   Não sei quanto tempo dormi, mas um par de mãozinhas pequenas e delicadas em torno do meu rosto me desperta.

   ―Estava procurando você. – Ela sussurra. – Estou com medo.

   ―Não precisa. Estou aqui. Cuidando de você.

   ―Posso dormir aqui um pouco? – Ela pede se encostando em meu peito e me enchendo de uma ternura tão grande e poderosa que apenas balanço a cabeça concordando mesmo que ela não possa ver. – Estou com saudade da minha tia. Ela tem que ficar aqui pertinho também.

   ―Ela deve estar dormindo. Dorme e devolvo você lá para perto dela.

   A garotinha agarrada a mim fecha os olhos e pega no sono quase que instantaneamente. Será que é sempre assim? Será que vão ficar tempo o bastante para eu descobrir?

   ―BrooK! Brook! – Hannah surge correndo pelas escadas. Para diante de nós e sinto seu alivio.

   ―Ela desceu. Estava com medo. Eu a levo de volta.

   ―Não. – Ela pede erguendo uma mão. Depois se senta no sofá. Encolhe o corpo me olhando. – Eu... eu não consigo dormir. Acho que quero ficar aqui um pouco.

   ―Tudo bem. – Ela me olha por um longo momento. De novo seus olhos ficam presos nos meus.

   ―Tenho motivos para tanto medo. – Assim que começa a falar as lágrimas começam a correr. – Não quero falar, mas não foi só um assalto, Jane lutou, mas...

   ―Conheço o xerife Hannah. Eu o procurei. Rick me contou tudo. Não precisa falar nada. Ele falou que Jane resistiu e matou os caras.

   ―É fácil quando está lutando só por sua vida. Pode arriscar matar ou morrer. Eu não. Eu lutei por ela. E por isso...

   ―Foi mais valente que sua amiga. Mais corajosa. Provou seu amor por Brook. Isso é ainda mais bonito e grandioso. Não precisa falar disso. Só esquecer. – Ela balança a cabeça e lagrimas caem.

   ―Você diz Brook as vezes.

   ―Eu não. Brooklyn é o nome dela. Um bonito nome. Brooklyn. – Ela sorri por entre as lágrimas. – Charlie adorava.

   ―Só quer me provocar. – O sorriso se amplia. Ela passa a mão pelo rosto secando as lágrimas. – Se quiser falar sobre o Merle. Com ela sabe. Pode dizer. Brook sabe sobre ele. Charlotte sempre contava sobre Merle ser seu pai. Ela sabe.

   ―Não tenho nada de bom a dizer a ela sobre seu pai Hannah. Nada que seja verdadeiro.

   ―Vou ficar aqui só um pouco. Depois subo com ela. – Balanço a cabeça concordando. Ficamos calados, ela finge prestar atenção a televisão. Logo está dormindo. As duas dormem enquanto fico ali. Dividido entre olhar uma e depois outra.

   Não é um bom jeito de passar a noite, mas quando sem acordar Hannah se ajeita no sofá eu coloco Brooklyn a seu lado e cubro as duas. Depois me ajeito do jeito que posso na poltrona ao lado. Fico ali, para o caso de uma das duas acordarem com medo.

   ―Daryl. – O toque leve de uma mão em meu ombro me desperta. Demoro um longo segundo para me lembrar de tudo enquanto os olhos tímidos de Hannah me observam.

   ―Acho que peguei no sono.

    ―Desculpe por faze-lo dormir aqui. Numa poltrona. Fiz café.

   ―Obrigado. – Me ergo, estico o corpo. – Vou me trocar e desço num minuto.

   Brook está tomando café da manhã quando me junto a elas um pouco depois.

   ―Você fica aqui comigo hoje? – Brooklyn sussurra.

   ―O que disse? – Finjo não ouvir. Ela não pode se encolher tanto, precisa começar a reagir.

   ―Fica comigo hoje. – Ela diz um pouco mais alto.

   ―Não vai para a escola? – Olho para Hannah que encara o chão. Acho que é pedir demais para as duas. Foi há dois dias. – Tenho que trabalhar Brooklyn. Pode ir comigo.

   ―E minha tia?

   ―Ela pode ficar aqui, pode ir com a gente, ou pode ir para o trabalho dela. Sua tia decide.

   ―Liguei para o meu chefe. Ele me deu três dias de folga. Não remuneradas é claro. Mas eu ainda não consigo.

   ―Bom então são apenas duas opções. Pode nos esperar aqui ou ir comigo e conhecer meu trabalho.

   ―Não atrapalhamos?

   ―Trabalho sozinho. Não atrapalham. Ela está pronta? – Hannah balança a cabeça. Espera que eu insista mais. Acho que é isso. – E você?

   ―Também.

   ―Nesse caso vamos apenas comer. – Me sento ao lado de Brook. Não temos muito assunto e comemos em silencio. Já posso imaginar Jesus me provocando com as duas lá. Quem sabe ele não dá umas aulas a Brooklyn e a distrai um pouco. Seria bom faze-la gastar energia e eu sei que ele tem uma classe infantil. Sempre me irritou aqueles gritos dos pequenos em dia de aula.

   Lyn que não se afasta de Brooklyn por nada e segue conosco. Assim que estaciono e descemos Brook aperta a mão da tia. Uso minha chave para abrir. O lugar é uma mecânica, então não é exemplo de limpeza ou organização.

   ―A sala dos fundos onde fica o escritório é mais apresentável. – Aviso e Hannah balança a cabeça. – Tem um radio se quiserem se distrair. Uma mesa. Um sofá. Podem descansar lá, mas podem ficar aqui se quiserem.

   ―Quero ficar aqui Daryl. – Brooklyn diz com seus sussurros. Ignoro. Ela vai ter que aprender a falar alto para ser ouvida.

   ―O que quer fazer Brooklyn?

   ―Quero ficar aqui.

   ―O que? Ela disse alguma coisa Hannah? Parece que mexeu a boca. Disse alguma coisa Brooklyn.

   ―Aqui. Eu quero ficar aqui. – Ela anuncia em voz alta e clara. Hannah sorri. Tem um sorriso bonito.

   ―Olha! – A voz de Jesus surge e nos voltamos. – A família toda reunida. – Ele vai dar um maldito jeito de me constranger. Isso fica claro só pelo modo com que nos olha. – Finalmente Daryl trouxe as garotas. Bem-vindas. E você pequena. Como se chama?

   ―Brooklyn. – Brook sussurra.

   ―Que nome esquisito! Bonito. Disse bonito. Muito bonito. Quem escolheu. Esse patife do seu tio?

   ―Minha mãe Charlotte. Ela morreu.

   ―Sinto muito. – Ele beija sua testa. – Veio trabalhar com o seu tio? – Ela balança a cabeça concordando. – Alguém para mandar nele. Isso mesmo. Quem sabe depois vão conhecer minha academia. Vai gostar.

   Jesus fica de pé. Aperta a mão de Hannah. Sorri.

   ―Hannah!

   ―Jesus. Paul na verdade, mas Jesus é mais a minha cara. Entendeu a referencia? Jesus, barba, cabelo comprido.

   ―Ela entendeu. Toda a vez que explica perde a graça. Qual é o seu problema?

   ―Esse humor dele foi o que me encantou logo de cara.

   ―Não era eu que estava chutando coisas.

   ―Ele adora se gabar que me salvou a vida. Bom. Vou subir. Nos vemos. – Jesus vem para me abraçar. Me afasto, ele ri da minha cara feia. – Sempre fugindo de Jesus. Um dia ainda vai ter seu coração tocado por ele.

   ―Desculpe esse jeito dele. É um cara legal. Só lhe faltam parafusos na cabeça.

   Eu começo a trabalhar. Hannah fica meia hora sentada. Até que a vejo com um pano na mão e depois está limpando coisas, organizando, varrendo, é constrangedor, isso é uma mecânica. Não fica bem estar limpa e arrumada. Deve até afastar os clientes, mas ela parece envolvida, então eu permito que se distraia.

   Pouco antes do almoço o carro de polícia para em frente. Hannah se alarma. Os olhos correm em minha direção. Isso me toca. É um pedido de socorro. Faço sinal para se acalmar.

   Sigo até a porta quando Rick desce do carro, ele me vê, logo em seguida vê Hannah e Brook. Me aproximo.

   ―Rick. – Apertamos as mãos. – Algo errado?

   ―Não. Eu não sabia que estariam aqui. Só vim mesmo para saber se tudo ia bem. Não queria assusta-las, mas parece que fiz isso.

   ―Eu falo com ela. Estavam com medo e eu as trouxe.

   ―Fez bem. Elas vão mesmo ficar na sua casa? Por que a amiga deixou a cidade, mas está com os pais e deixou o endereço. Quero saber onde encontra-las caso precise.

   ―Estão comigo. Rick o que mais pode querer com ela? Hannah foi uma vitima. Nem foi ela que atirou.

   ―Eu sei. Não se preocupe. Só seguindo as regras.

   Ele parte em seguida. Me aproximo de Hannah. Ela me olha assustada.

   ―Ele só queria ter certeza que estavam bem. Não precisa pensar mais nisso. Que acha de almoçarmos em algum lugar? Brooklyn deve estar com fome.

   ―Não pode ser aqui? Todo mundo vai ficar me olhando.

   ―Você é linda. Todo mundo iria olhar mesmo. – Me surpreendo. Não pretendia dizer isso. Assusta-la com minhas impressões.

   ―Obrigada. – Ela diz como um modo de me acalmar. Sorrio.

   ―Vamos?

   ―Lavar as mãos. – Ela me mostra as mãos cheias de graxa e sorrio mais uma vez.

   ―Os dois. – Mostro as minhas e dessa vez ela me sorri. Sorrisos estão na minha lista de novidades. Não sou um cara que sorri, não assim com essa leveza. Hannah me provoca isso e fico com medo de quando ela decidir partir. Se é que um dia elas vão. Por mim ficavam para sempre.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

BEIJOSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSS