Darkness Brought Me You escrita por moni


Capítulo 51
Capitulo 51


Notas iniciais do capítulo

Desculpem a demora. Espero que gostem.



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   Pov – Hannah

   Saímos em vários carros e duas motos, eu e Daryl em uma. Jesus vai em outra com Beth vestida em armaduras que espero a protejam de todos os perigos. São grupos grandes. Vamos atacar em três frentes. O Santuário e dois postos avançados de Negan.

   Isso tudo tem que derruba-lo. Odeio a ideia dele vivo por aí. Um homem ardiloso como ele sempre pode se reerguer.

   Me encosto em Daryl, envolvo sua cintura e recosto a cabeça em suas costas, sinto medo e sei que esse medo vem da ideia de que ele pode não estar entre os que vão voltar ou eu. Quem sabe os dois. Fecho meus olhos aproveitando seu calor.

   O motor da moto constante e alto vai engolindo meus pensamentos e fico ali, aproveitando os últimos momentos. Não demora e paramos. Os carros, as motos, tudo vai ficar no meio do caminho e o resto do percurso será feito a pé para nada despertar Negan.

   O tigre salta do carro numa elegância que me deixa hipnotizada. Olhar para ele me traz um pouco de Brook. Calmo e estica o corpo se alongando, é bonito de assistir. Seus olhos encontram os meus, fico surpresa com seus instintos, ele sabe que estou olhando para ele. Meu olhar se prende ao dele um longo momento.

   Volte para ela Shiva, volte e nunca mais se afaste. Cuide da minha menina. Se ele pode entender ou ao menos sentir meu apelo mental eu não sei, mas sei da força determinada que vejo em seus olhos e busco o mesmo em mim.

   Somos todos animais, viemos todos de um mesmo ponto num passado remoto e o que ele ainda conserva já existiu em mim e talvez tenha restado ainda algo. Sinto a mão firme de Daryl tocar minhas costas num leve empurrão, o grupo já caminha e me coloco em movimento.

   −Toda atenção agora Hannah. Não são zumbis apenas, eles virão, mas tem que pensar nas balas, bombas, tem que pensar nos homens e na luta corpo a corpo. Tente ficar perto de mim, da Mich e do Rick.

   −Vou estar de olhos abertos, eu prometo.

   Chegamos no ponto marcado, apenas com sinais nos comunicamos. O grupo se espalha ao longo da floresta todos com armas apontadas para os muros da fábrica. Sinto medo, mas um medo diferente, não de matar, não de morrer, mas um medo de perder. Quando começar será intenso e talvez eu pare de sentir, mas agora eu sinto e luto para não me dominar.

   Morgan desamarra Dwight a uns metros de mim. Rick aponta uma arma para seu rosto agora marcado.

   −Não vou traí-lo. Minha mulher está la dentro. – Ele avisa assustado. – Preciso da minha arma de volta. Não posso levantar suspeitas. – Relutante Rick entrega a pistola e a faca ao homem. Tem alguns zumbis acorrentados em torno do prédio. Outros presos a estacas como barreiras. Prontos para pegarem um distraído. O objetivo é deixa-los ali como ajuda.

   −Mato você, encontro sua esposa e mato ela na sua frente. Posso ser pior que Negan. Não me traia. – A ameaça de Rick tem alguma verdade. O que deixamos para trás é grandioso e importante, a fúria de uma retaliação seria devastadora, mas por alguma razão eu acredito em Dwight.

   O home livre e armado respira fundo. Encara Rick depois os muros, se coloca firme e aperta o cabo da arma.

   −Serão apenas uns minutos, precisam estar prontos ou vou ficar sozinho lá dentro.

   −No primeiro sinal. – Rick avisa e ele começa a caminhar. Queria torcer os dedos, queria me ajoelhar e rezar, mas não sei se Deus ainda está nos ouvindo. Em dúvida eu apenas espero.

   Dwight sai do meio das árvores, caminha uns metros a passos lentos, chega a linha de visão dos dois homens do portão. Um deles ergue a mão em um aceno. O outro cospe no chão e olha em volta. Usa um boné e leva um rifle nas mãos. Longo alcance o tipo de arma que preocupa.

   Eles trocam palavras. Dwight se afasta e o portão escorrega para o lado se abrindo num rangido fino que ecoa pela mata. O grupo agora está pronto. Armas e bombas em punho. Um disparo, um movimento que não seja o portão se fechando e invadimos.

   Demora um longo momento até que o homem de boné se vire em direção ao portão numa reação de susto e um disparo soe um segundo antes dele cair. Começou. O homem a seu lado se move para olhar para dentro, tenta erguer a arma, dessa vez um tiro vindo do nosso grupo o derruba e avançamos.

   Me sinto uma selvagem, penso nos lobos invadindo Alexandria e simplesmente acabou. A civilidade se foi, somos iguais.

   A primeira bomba explode atirada por alguém do nosso grupo, antes de chegarmos ao portão homens surgem atirando. Shiva avança sobre os zumbis presos ao muro, com patas e dentes vai destroçando os corpos já mortos.

   O primeiro homem que eu derrubo é baixo, tem olhos esbugalhados de pura confusão, ergue uma pistola em minha direção e ante que possa disparar eu atiro. Ele cai ao lado de outro deles, não sei de onde veio o tiro, mas sei que foi de um dos nossos.

   Tem homens escondidos em barrigadas um pouco além dos portões. Atirando protegidos, uma granada cruza o céu e assisto a explosão e os corpos se espalharem em torno da batalha.

   Homens lutam corpo a corpo, outros atiram. Muitos começam a sair dos corredores do santuário. Armados, mas despreparados para o ataque vão caindo, derrubo uma mulher com um tiro no peito.

   Quero sentir remorso, não consigo, é por Brook e o mundo que prometi a ela. Alguns zumbis se libertam das correntes, outros parecem ter sido levados propositadamente para um momento como esse e agora são inimigos de todos.

   Morgan e Shiva parecem concentrados em abate-los. Talvez Morgan se sinta menos culpado por isso. Que diferença faz?

   Um zumbi se dobra sobre a mulher que derrubei, alheio a guerra. O que todos procuram é Negan. Estranhamente ele não está na batalha. Dwight passa correndo de mãos dadas com uma mulher, outras três mulheres e mais quatro homens seguem abaixados com ele para longe e fico grata por ele estar cumprindo sua promessa.

   Ezequiel grita cercado por zumbis que ele tenta derrubar com seu cajado. Shiva salta entre os mortos, com patadas e dentes que vão tingindo seus pelos de vermelho os corpos putrefatos vão caindo.

   Preciso me abaixar atrás de um muro fugindo de tiros. Recarrego minha arma. Com um novo pente eu faço mira na janela de onde alguém atira sem parar. Os vidros vão se quebrando e os tiros de lá cessam.

   Vejo Beth lutar com uma mulher, quero atirar, mas corro o risco de acertar Beth e derrubo um zumbi que se aproxima das duas.

   Jesus parece realizar um ballet enquanto luta com dois homens ao mesmo tempo, tem uma beleza obscura em sua dança. Acabo com a graça de sua dança acertando um dos homens. Não é momento para show, percebendo a situação ele precisa de apenas mais um golpe para derrubar o outro homem e correr para mais luta.

   Não vejo Daryl entre os homens, não vejo Rick e nem Abraham. Sinto medo. Carl se joga ao meu lado, abaixamos juntos quando uma rajada de tiros fura a parede uns centímetros acima, onde um momento antes estava minha cabeça.

   Em resposta Sasha esvazia um cartucho sobre os atiradores que caem um a um. É um banho de sangue. Tem corpos dos dois lados, homens de Alexandria, Hilltop e do Reino, mas muito mais Salvadores. Boa parte deles caídos, mortos ou morrendo.

   −Viu o Daryl? – Pergunto a Carl. Ele me aponta os corredores.

   −Com meu pai. Estou tentando chegar lá. – Ele avisa com a respiração tão ofegante quanto a minha. Sua perna sangra.

   −Carl!

   −Estou bem. Foi de raspão. Vamos. Está pronta? – Balanço a cabeça e disparamos numa corrida abaixados até ganharmos os corredores. Jesus surge correndo conosco. Beth sempre a seu lado. Ela me olha e vejo seu medo vivo nela e em mim.

   Já não sei mais se estamos ganhando ou perdendo. O que sei é que Negan precisa ser encontrado.

   Quando viramos um corredor um grupo de zumbis surge. Temos todos a mesma ideia. Atirar. É uma saraivada de tiros que ergue fumaça e derruba corpos. Uns segundos depois é apenas fumaça e nada mais em movimento. Trocamos olhares silenciosos continuando nossa corrida.

   Saímos em um pátio no momento exato em que Michonne gira com sua espada em punho e uma cabeça levanta voo para rolar pelo chão uns metros além. Logo depois dela vemos meia dúzia de corpos estilhaçados.

   Seus olhos estão vidrados, ela nem mesmo parece perceber nada além da guerra a sua volta. Um zumbi cai por sobre Beth, apenas a armadura a protege de uma mordida. No mesmo instante Jesus salta sobre ele enfiando uma faca em sua cabeça. O corpo rola para o lado de Beth quando Jesus a ergue assustado.

   Sinto meu ar voltar e nos colocamos a caminhar pelos corredores agora com mais cuidado, os tiros lá fora diminuem e tenho muito medo do que isso significa.

   Viro a direita e depois a esquerda e me sinto sozinha. Aperto a pistola quando me dou conta que me separei do grupo. Ando colada a parede do corredor e minha respiração acelera. Escuto passos apressados e me abaixo com medo de ser um grupo de salvadores.

   Vejo Michonne e Carl, fico aliviada, basta um segundo de distração. Dois passos em direção a eles e sinto um baque no ombro, uma dor que me atordoa e quando me viro com a pistola em punho um chute em minha mão a atira longe.

   Um homem avança sobre mim. Acerta meu rosto, caímos os dois. O peso do seu corpo me tira o ar. Me debato quando vejo o brilho de uma faca.

   −Piranha! Eu sabia que você voltaria aqui. – O homem diz aproximando a faca do meu rosto. Brook, Daryl, os olhos azuis dos dois brilham em minha retina enquanto uso toda força que tenho para segurar a faca longe do meu pescoço. Ele é mais forte que eu, não posso aguentar muito tempo.

   Tateio o chão a minha volta em busca da pistola. Sinto o cabo ser tocado por meus dedos e acabam por empurra-la para longe. Me debato sob o corpo pesado. Sem ar e perdendo a força na mão direita. A esquerda vem por debaixo do corpo tentando afasta-lo e sinto o metal frio de sua pistola. Tateio sua cintura. Seus olhos arregalam grudados nos meus quando o homem sente sua arma sair do coldre e sabe que perdeu. Basta um segundo para mirar sua cabeça e disparar me encharcando de seu sangue. Eu o empurro, me arrasto para longe. Passo o braço no rosto limpando os olhos e me ponho de pé.

   Sinto tantas coisas misturadas dentro de mim que apenas fico ali um longo momento até que uma gargalhada conhecida e espalhafatosa chega aos meus ouvidos e corro em direção ao som.

   Parece que foi ouvida por todos. O grupo chega a um grande pátio interno ao mesmo tempo. A tempo de assistir Negan e sua Lucille em ação mais uma vez. Abraham está no chão.

   Eu sei que é ele não porque posso ver sem seu rosto. Não tem mais rosto ali. Só uma massa sangrenta e disforme.

   O grito de Sasha se espalha pelo santuário enquanto ela cai de joelhos abandonando a arma e a guerra. Tem homens de todos os lados, armas de todos os lados, ninguém vai sair daqui vivo. No primeiro disparo caímos todos. Salvadores e nós. Todos morrem se alguém começar.

   Negan dá um último golpe. A risada dele se mistura aos gemidos vindos de longe, zumbis se aproximam. Shiva surge com seu andar felino e desejo que salte sobre aquele monstro e o devore como faz com os mortos, ele não é mais que isso.

   −Segura seu gato Ezequiel. Ele morre junto com você. – Negan diz Colocando Lucille apoiada no ombro, agora cheia de sangue e pele sobre ela. – Alguém consola a viúva pelo amor de Deus, esse chororô de viúva me enche de preguiça. Ninguém? Vou começar por ela então.

   Ele dá um passo em sua direção e as armas todas se engatilham. Negan para. Olha em volta, seus olhos se encontram com os meus. O seus cintilam cheio de raiva, ele poderia espumar apesar de tentar domar sua fúria.

   −Subestimei você. Devia ter esmagado essa sua cabeça cheia de cabelos quando tive chance. Fui ser generoso e olha aí a merda, carnificina, vocês não tem classe, são bem selvagens sabe. Vou matar você. Depois dele é claro. – Negan usa Lucille para apontar para Daryl. – Depois ele e ele e ele. – Vai nos apontando um a um. – A porra toda. Vamos resumir. Meu pau está tão duro de tesão pelo que eu vou fazer que eu não conseguiria nem mijar. Caralho! Era só trabalhar. Porra vocês tem braços e pernas, que preguiça é essa? Foderam tudo! Puta que pariu Rick. Estou fodasticamente triste para cacete, você é um fodido. Vou te deixar por último só pelo atrevimento.

   −Morre todo mundo Negan. Não entendeu ainda? – Rick diz a ele.

   −Isso que é foda né? Porque não vem aqui para eu te dar umas porradas antes da gente terminar isso?

   −Tentando fugir? Você morre aqui. Hoje. Agora.

   −Sempre achei que iria morrer distraído com uma piranha me chupando e um zumbi no cangote. Fantasias! – Ele se dobra em riso.

   −Vocês podem escolher! – Rick eleva a voz sobre o riso de Negan. – Dwight fechou um acordo. Podem ficar vivos e continuar sem dever nada a ele. Recomeçar. Porque deveriam morrer por esse lixo que rouba a comida de vocês? A bebida de vocês? As mulheres de vocês?

   Fica tudo silencioso. Ninguém aceita. Ninguém recusa. Nem um passo é dado para lado nenhum. Não sei como vai ser, mas procuro os olhos de Daryl. Ele tem um ferimento aberto no ombro, talvez o local do tiro que apenas abriu, talvez algum novo ferimento, está ali. Me olhando.

   Chegamos até aqui juntos. Eu o ensinei a amar. Ele me ensinou a viver. Nos pertencemos. Quero morrer olhando para ele. Quero o azul dos olhos dele que é o mesmo azul dos olhos dela presos em mim para poder ir em paz.

   Talvez eu não tenha dito eu te amo tanto quanto gostaria, mas ele sabe, ele sente, posso ver pelo modo como me olha cheio do amor que ensinei a ele.

   É um momento apenas, parece durar uma eternidade, mas é apenas um momento e então num segundo confuso eu vejo Lucille surgir no ar, os olhos de Daryl mudarem de expressão e ele se curvar no momento exato para impedir que ela acerte seu rosto a pancada acerta suas costas e ele se curva de dor. Grito ou não. Talvez a voz tenha ficado presa dentro de mim. Mas ainda assisto Negan fraquejar quando um tiro acerta sua perna. Ele se dobra e Lucille rola pelo chão.

   Daryl se ergue mais uma vez enquanto Negan de joelhos reprime um grito de dor. Carl abaixa a arma. Nenhum outro disparo acontece e entendemos todos que Negan acaba de ser traído por seus homens. Abandonado a própria sorte de joelhos diante de todos nós.

   Todos os salvadores abaixam suas armas. Negan ainda ri, mas seu riso e seus olhos tem certa debilidade agora. É um riso estéril, ele olha em torno, tenta ficar de pé, mas Rick pisa no local do tiro e ele é obrigado a continuar ali.

   Com os olhos mortos de sempre Carl Grimes caminha até Lucille. Pega o bastão e retorna até Negan. Os dois ficam frente a frente. Agora Negan está de joelhos.

   −Queria assistir quem eu me tornaria? – Carl coloca Lucille no ombro, ajeita o chapéu na cabeça e se curva para olhar Negan nos olhos. Uns centímetros apenas os separam. – Olhe bem. – Carl pede. – Olhe nos meus olhos e veja quem eu me tornei.

   −O pequeno psicopata que eu disse que seria. – Negan enfrenta seu olhar, Carl sorri.

   −Carl. – Rick alerta, não sei o que significa, talvez apenas o medo que sente de Carl cruzar a linha, mas então um gruído surge do corpo de Abe caído ao chão, se mistura a dor de Sasha que de tão profunda nos machuca e nos faz lembrar Glenn e Maggie. O filho que ele jamais vai conhecer.

   Carl ergue o bastão e golpeia Negan com toda sua força no rosto. Negan fica tonto. Cambaleia, mas se mantem ainda de joelhos. Carl da um passo para trás e ergue o bastão como um convite. Sasha fica de pé. Caminha até ele e pega o bastão. Junta toda sua fúria num golpe ainda mais profundo que derruba Negan. Um grito ecoa com o golpe. Com a respiração ofegante ela repete o gesto de Carl, dá uns passos para trás e ergue o bastão.

   Não quero fazer isso. Meu amor é maior que meu ódio. Quero Daryl e Brook, apenas isso. Quero tomar emprestada a velocidade de Shiva e correr para casa. Antes disso corro para os braços de Daryl no momento em que Rick pega o bastão de Sasha e ele mesmo acerta mais dois golpes no rosto de Negan agora caído e imóvel.

   Rick não oferece o bastão para mais ninguém. Deixa a maldita arma rolar pelo chão até encostar no corpo de Negan e puxa a pistola enquanto sinto os braços de Daryl me envolverem. São dois disparos no rosto e acabou.

   Negan se foi. Os salvadores se renderam e agora o que temos são zumbis. Eles começam a chegar e parece que nunca acaba.

   Nos unimos. Alexandria, Reino, Hilltop e Santuário. Todos juntos, agora apenas homens e mulheres derrubando os que deveriam ser nossos únicos inimigos. Zumbis.

   Em algum momento paro de sentir meus braços, mesmo assim continuo a derrubar zumbis ao lado de Daryl que mesmo muito ferido ainda luta comigo.

   Shiva fica cercado mais de uma vez e todas as vezes ele vence a batalha. Ezequiel luta a seu lado até que num momento tolo de desviar os olhos por um segundo seu braço acaba na boca podre de um zumbi faminto. Outro caí sobre ele e Shiva salta alucinado.

   Os homens de Ezequiel o ajudam a ficar de pé e vamos deixando tudo limpo até que acabou. Não tem mais luta, não tem mais guerra. Tem só mortos e perdas para serem contabilizados. Abraham, Ezequiel, outros tantos.

   Shiva caminha em torno de Ezequiel enquanto seu povo tenta limpar seus ferimentos e dar-lhe tranquilidade. Ele bebe um gole de água.

   Me encosto em Daryl. Ele me abraça. Não retribuo porque sei que está muito ferido, nada fatal, mas a palidez de seu rosto deixa claro a dor e o esgotamento.

   −Amo você. – Ele diz tocando meu rosto. – Acabou. Vamos para casa abraçar Brook.

   −Eu te amo tanto. Eu tive tanto medo.

   −Hannah! – A voz de Ezequiel chega a meus ouvidos fraca, eu e Daryl caminhamos até ele. – Shiva... – Sua voz sai esgotada e sinto seu esforço. – Shiva é o destruidor. – Ele procura minha mão. – Representa a destruição, a destruição que vem para trazer a transformação. Por isso escolhi esse nome. Esse mundo, ele pode se transformar em algo bom. Ele gosta dela. Vai procura-la. Deixe que fique. Pode confiar.

   −Ele vai ficar Ezequiel. – Aperto sua mão. – Shiva é bem-vindo.

   −Não me arrependo. Somos todos livres de novo. Isso é bom. – Ezequiel procura os olhos de Rick. – Richard vai cuidar do Reino. Ajude ele.

   −Vamos fazer isso Ezequiel. Sinto muito. – Rick diz a ele que balança a cabeça em negação.

   −Eu sabia que ia acontecer. Uma hora qualquer sempre acontece. Vão. Me deem uma pistola e vão. Shiva fica comigo até acabar. – Ezequiel me olha. – Depois ele vai atrás dela. Ele escolheu, eu senti isso desde a primeira vez.

   −Vem Hannah. Temos que ir. – Daryl me puxa pela mão. Me dobro para dar um beijo no rosto de Ezequiel.

   −Obrigada! – Digo perto de seu ouvido antes de me afastar. Está tudo silencioso, todos nós estamos quando vamos caminhando para fora do tal santuário dos salvadores.

   Dwight está de longe ao lado da esposa e um pequeno grupo nos observando partir com nossos feridos e nossa coragem. Pouco antes de chegarmos aos carros eu escuto um estampido que me faz dar um pequeno salto de susto. Daryl me aperta a mão. Ezequiel se foi. Quando subo na moto vejo as costas de Daryl sangrando através dos rasgos que o bastão de Negan deixou em sua jaqueta. Mais cicatrizes. Elas não importam. Só querem dizer que ele está de pé ainda. Isso sim tem importância.

   Shiva atravessa a floresta correndo, é só uma mancha colorida no verde monótono da mata. Vai chegar primeiro e deixar minha menina feliz. A moto ronca e é hora de voltar para casa. Vivos. Estamos vivos.

 


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Notas finais do capítulo

Agora um pouquinho da reconstrução e depois o Bônus como prometido.
Obrigada. BEIJOSSSSSSSSSSSSSSSSSSSS