Darkness Brought Me You escrita por moni


Capítulo 39
Capítulo 39


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoas. Espero que gostem. Vou tentar aproveitar o feriado para colocar as coisas todas em dia. Comentários, capitulos. Obrigada!!!!!



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Pov – Beth

   Escolho uma camiseta azul com alça fina e prendo os cabelos num rabo de cavalo, não consigo deixa-los soltos, é tanto trabalho e suor o dia todo sob o sol. Ainda mais agora com Maggie gravida. Eu e Glenn procuramos dobrar nossos turnos de trabalho para que ela escance o máximo que puder.

   Encontro Maggie reunida com Hannah na cozinha. Pego uma xicara de chá e me sento com elas. As duas discutem a escala de rondas e trabalho.

   ─Pensei em Carol para os turnos da manhã. Acho que ela está estranha desde que chegou. Pedi ao Daryl para conversar com ela. Não sei o que acontece.

   Hannah comenta e Maggie se recosta na cadeira. Tão preocupada quando Hannah. Me sinto na obrigação de explicar. Mesmo correndo o risco de invadir a privacidade de Carol.

   ─Conversei com ela. – Aviso as duas que me olham atentas.

   ─Sempre fomos próximas, mas depois do Grady nos conectamos mais. Ela está confusa. É sobre matar, sobre todos que já matou. Acho que um pouco é as conversas que teve com Morgan. E um pouco sobre como ela andou sem limites.

   ─Carol se tornou quase uma máquina. Deixou os sentimentos de lado e colocou a sobrevivência acima de tudo de um modo que só podia rachar em algum momento. – Hannah diz preocupada.

   ─Ela não encontrou um meio termo sobre tudo isso. – Maggie continua. Eu olho para elas um tanto tensa.

   ─Acho que talvez seja mais grave, quer dizer, ela não disse nada demais. Mesmo assim senti meio que como um sentimento suicida.

   ─Beth é da Carol que estamos falando. Ela é forte, não iria tão longe, ainda mais agora que está começando uma história com o Tobin.

   ─Hannah talvez por isso. Carol me disse que não pode mais matar. – Elas trocam olhares. Tomo o resto do chá na xicara e fico de pé. – Bom, vou trabalhar. Me ponham onde quiser, estou disponível para o que for preciso.

   ─Vai para o portão? – Hannah questiona sorrindo, balanço a cabeça confirmando. – Jesus deve estar chegando, se tudo deu certo o plano é ele chegar essa manhã. Pode acompanha-lo até aqui?

   ─Posso. – Respondo fingindo não perceber suas intensões, pego minha faca na cômoda ao lado da porta toco a maçaneta e sorrio. – Não fiquem aí a manhã toda discutindo minha vida.

   ─Sim! – Elas gritam de volta e deixo a casa. Rosita está no portão, me sorri quando me aproximo. Entrega o rifle esgotada de sua noite de vigia.

   ─Tudo tranquilo. Quase irritante de tão silencioso.

   ─Que bom. – Ela da de ombros e caminha para casa. Na torre de madeira Abraham observa o ambiente de modo amplo. Ele olha em minha direção e aceno. – Tudo bem por aí?

   ─Limpo. – Ele responde. Depois ficamos em silencio cada um no seu trabalho de observar o nada. No meio da manhã Eugene caminha para me render. Enquanto assisto ele se aproximar penso em Jesus. Paul é seu nome e sempre penso nele assim. Como Paul. Acho que ele não vem. Sinto medo de algo ter dado errado.

   A verdade é que todos temem esse tal de Negan e seus salvadores, se é que ainda existem. Foram tantas as mortes nas últimas semanas que não tenho mais certeza. Daryl pegou alguns na estrada, Maggie e Carol outros e ainda teve o ataque a eles, quantos mais ainda podem existir?

   ─Bom dia Beth. Está exuberante hoje. – Eugene me arranca um sorriso, o jeito cortes e confuso com que ele tenta conquistar garotas vem divertindo Alexandria.

   ─Bom dia Eugene. – Ele arruma a camiseta por baixo do colete, um tanto em cima da hora eu diria, mesmo assim ele tenta parecer apresentável, mais um sorriso.

   Abraham assobia e olho para ele empunhando o rifle. Ele coloca o charuto no canto da boca e me encara com seu jeito debochado.

   ─Abre. Jesus desceu a terra mais uma vez. Deus seja louvado! – Ele ri de sua tentativa de piada, eu podia ao menos fingir que a notícia não me afeta, mas corro para abrir o portão enquanto sinto meu rosto queimar. Eugene me ajuda empurrando as grades depois que destravo.

   Paul está de pé, as mãos na cintura, o sobretudo e as botas, gosto do modo como se veste. Roupa sobre roupa criando um ar de mistério e força, os cabelos compridos, a barba longa e os olhos claros, tudo nele me atrai e parece ter para ele antes de tudo a função de divertir.

   O lenço está sobre o rosto. Meus olhos cruzam os dele e mesmo com o lenço no rosto eu sei que está sorrindo. Seus olhos são expressivos. Evito demonstrar reações, espero que ele entre com uma sobrancelha erguida.

   Ele retira a sobrancelha e como suspeitava está sorrindo.

   ─Bom dia Baby. – Faço careta um tanto irritada com a provocação.

   ─Vai entrar ainda hoje? Está esperando seu amigo zumbi? – Aponto o horizonte atrás dele. Um zumbi vinha ao longe caminhando em nossa direção. Paul passa para o lado de dentro e eu e Eugene fechamos. Depois entrego o rifle a Eugene que sorri um tanto desanimado e tenho certeza que percebeu algo em mim. Droga! Odeio não conseguir evitar reagir a esse homem.

   ─Vim ver seu líder. – Paul me diz de modo tranquilo. Carrega uma faca e uma pistola que Rick deu a ele. Faço sinal convidando ele a me acompanhar.

   ─Venha comigo Paul, Maggie e Hannah estão a sua espera. Rick já deve ter chegado lá.

   ─Meus amigos me chamam de Jesus, Baby.

   ─Não sou sua amiga e muito menos um bebê. Meus amigos me chamam de Beth que por coincidência é meu nome, ou não.

   ─É sempre assim desconfiada? Mal-humorada e zangada?

   ─Nossa! Um caminhão de elogios. Ganhei meu dia. – Resmungo enquanto ele ri caminhando leve ao meu lado, outra de suas características, o andar leve.

   ─Rosto de anjo, olhos de fada e a velha dissimulação feminina.

   ─Achei que estava me elogiando, mas parece que se perdeu no caminho. – Reclamo um pouco mais irritada do que já estava.

   ─Dissimulação feminina é um elogio, vocês podem esconder melhor os sentimentos, nos dias de hoje é vantagem e das boas, fingir medo e covardia, fraqueza, quando na verdade é um furacão de força e coragem.

   Vamos caminhando lado a lado, ele anda olhando em minha direção o tempo todo, estudando meu rosto, dissimular é tudo que gostaria de fazer agora, fingir que não reajo a seus olhares e comentários.

   ─Está certo Paul, aceito como elogio se isso vai fazê-lo calar a boca. – Ele solta uma longa e irritante gargalhada.

   ─Baby você me fascina. – Quase tropeço, não esperava por isso e trato de apressar o passo. Viro a rua e Brook caminhava ao lado de Daryl, ele balança a cabeça me cumprimentando, depois encara Jesus com zero simpatia.

   ─Onde que você vai Beth?

   ─Acompanhar o Paul na reunião.

   ─Quantos nomes que ele tem né? – Ela olha para ele que sorri, Paul se dobra, acaricia o rosto de Brook e pisca.

   ─Prefiro Jesus. Se importa de me chamar assim? – Brook dá de ombros. – Obrigado. É uma linda boneca essa sua.

   ─Lyn. – Brook conta a ele. – E eu sou a Brooklyn.

   ─Vamos Brooklyn. – Daryl puxa sua mão de modo delicado. – Encontro vocês daqui a pouco Beth. Vou deixa-la com a senhora Riggs.

   Afirmo e sigo com Paul ao meu lado ele não para de sorrir.

   ─É estranho como se diverte tanto no apocalipse. – Reclamo, essa droga de casa não chega nunca? Atravesso a rua e finalmente chegamos a varanda.

   ─Muito menos do que gostaria Baby. Tem sido dias difíceis.

   Chegamos a sala onde o grupo começa a se reunir. Paul acena e aperta mãos, depois se senta e aceita uma xicara de chá. Eu me sento também. Adoraria ouvir a conversa. Não consigo me concentrar e enquanto luto com meus sentimentos ele fala e gesticula com as luvas sexys e os olhos alegres.

   Desperto quando todos ficam de pé, nem sei direito quanto tempo demorou, mas noto que todos parecem satisfeitos, apertam mãos e sorriem.

   Maggie e Glenn o convidam para almoçar. Não acredito que vou cozinhar para ele. Isso é mesmo estranho, não tenho ideia do porque me preocupo tanto.

   Enquanto o grupo prolonga a conversa entre se despedir e lembrar qualquer coisa eu sigo para cozinha. Devia deixar a própria Maggie cozinhar. Foi ela que convidou afinal.

   As batatas que temos podem dar um bom purê, além delas tenho carde de galinha e uns pés de alface. Coloco a carne no forno, depois começo a descascar as batatas enquanto a água vai aquecendo. As folhas verdes descansam na água e algumas vezes quando me vejo assim, numa boa cozinha, entre legumes e verduras me sinto de volta a fazenda e quase posso ouvir meu pai e Maggie no meio de alguma discussão enquanto ela coloca a mesa. Sinto que se olhar pela janela vou ver Otis passando pelo terreiro com algum cavalo, Patrícia parece prestes a invadir a cozinha depois de alimentar as galinhas e recolher ovos.

   Meus olhos marejam com todas as lembranças misturadas a uma saudade triste, de um mundo que não existe mais, repleto de pessoas que se foram com ele.

   ─Quer ajuda Baby! – Salto assustada quando a voz chega junto com o movimento de Paul se sentando no balcão ao meu lado, minha faca gira na mão em sua direção num movimento impulsivo, ele desvia com um sorriso. – Uou! Calma Baby.

   ─Que susto! – Reclamo, o sorriso leve dele desaparece e no lugar um olhar alarmado surge.

   ─Estava chorando Baby? – Ele salta do balcão. Nego sem coragem de olhar para ele, volto a me concentrar nas batatas.

   ─São as batatas! – Ele sorri eu posso notar pela visão periférica.

   ─Baby são cebolas que fazem chorar, não batatas, a menos que Jane as tenha cozinhado, aí com certeza devem estar um desastre.

   ─Quem é Jane? – Respiro fundo sem olhar para ele ainda. – Sua namorada, esposa, amante?

   Parabéns Beth, ganhou o prêmio de mais patética do ano.

   ─Patroa, cônjuge, consorte, prometida, companheira. – Olho para ele, Paul ri. – Achei que estava listando adjetivos. Não? – Refreio meu impulso de expulsa-lo da cozinha. – Sou sozinho Baby, Jane é só alguém que cozinha muito mal em Hilltop. Quando for vai conhece-la e descobrir. Presumo que vá junto com Maggie, não é?

   ─Maggie? – Largo a faca e as batatas e olho para ele. Agora ganhou minha atenção.

   ─Ela quer voltar para um novo ultrassom em umas semanas. Vai com ela? Quem sabe passar uns dias.

   ─Claro que vou. Embora ache perigosa uma viagem para ela, mas se ela pretende ir eu também vou.

   Paul pega a faca e começa a descascar as batatas com tanta destreza que impressiona, aproveito para olhar o forno e lavar as folhas de alface que coloco para escorrer sobre a pia.

   ─O cheiro está ótimo! – Ele avisa me estendendo a tigela com as batatas descascadas que jogo na água dando um pulinho para traz quando algumas gotas espirram em minha direção. – Se queimou? – Ele se aproxima, esfrego as costas da mão esquerda com pontinhos vermelhos. – Deixa eu ver.

   Ele puxa minha mão. Coloco a tigela sobre a pia quando ele me puxa até a torneira e deixa água corrente correr sobre a mão.

   ─Estou bem. – Puxo a mão de volta e seco. Ele ainda perto de mim, os olhos sobre mim com aquele jeito indiscreto que ele tem de existir. – Aceita uma xicara de chá enquanto esperamos o almoço?

   ─Por que não? – Ele volta para o balcão, num salto simples está sentado sobre ele, me lembra um gato. Os olhos claros, o andar leve e os movimentos precisos. É isso, Paul me lembra um felino. Talvez seja isso que o torne charmoso a ponto de me tirar a razão.

   Pego a chaleira com agua fervendo no fogão e preparo duas xicaras de chá. Ofereço uma a ele e me encosto na pia com a outra em mãos. Ele continua a me olhar.

   ─Pergunte? – Diz quando percebe minha curiosidade.

   ─Não tenho nada para perguntar. – Respondo dominando a agressividade que as vezes me domina perto dele. – Quer dizer. Cadê todo mundo? Por que não está com os adultos? – Provoco e ele ergue a sobrancelha sorrindo.

   ─Eles se enfiaram no trabalho, me ofereceram o sofá para descansar, preferi vir te fazer companhia Baby.

   ─Conversas infantis não te deixam entediado?

   ─Não engoliu a brincadeira daquele dia não é mesmo? Ok, entendo, nem todo mundo entende meu humor. Tem um rosto angelical e quando te vi pensei em algo inocente e puro. Infantil, foi isso, sei que é uma mulher. Posso ver.

   Engulo em seco e me irrito por corar, sei disso porque minhas bochechas queimam.

   ─Mais perguntas? – Nego. – Então é minha vez. O que te arranca desse mundo? – Penso um momento. – O que te faz esquecer e sobreviver.

   ─Música. – Ele sorri. Quase posso sorrir também, mas reprimo o sorriso.

   ─Por que estava chorando quando cheguei? Alguém te magoou?

   ─Não. Eu... – Tomo um gole do chá, ele mantem a xicara na mão, os olhos me encaram atentos e sinto que não tem nada demais contar.

   ─Cresci numa fazenda, com uma cozinha grande como essa, assando frangos, lavando folhas, descascando batatas, por um momento me senti de volta lá, com as pessoas que amava e não estão mais aqui.

   ─Dói lembrar? Ainda dói? Depois de tudo?

   ─Sim. – Desvio meus olhos, tomo mais um gole do chá.

   ─Isso é bom. Nem tomo mundo ainda consegue sentir, seja o que for, a maioria não sente mais nada. Pelo menos nada além de ódio e medo.

   ─Eu já vi, vejo na verdade, mas meu pai me ensinou muitas coisas, esperança e empatia principalmente, otimismo, coragem. Procuro não deixar morrer dentro de mim.

   ─Está conseguindo. Seu olhar guarda essas coisas. – De novo desvio meus olhos, mais uma vez meu rosto queima e então como de costume ele sorri. – Namorado, noivo, cônjuge, marido, amante, prometido?

   ─Listando sinônimos? – Eu brinco e sorrindo.

   ─Mantenha o sorriso, fica bem em você e responda a pergunta, tentei listar todas as hipóteses.

   ─Viva e sozinha.

   ─Quer almoçar comigo? – Ele brinca, tenho que admitir que ele é muito agradável.

   ─Qual o cardápio? – Brinco de volta.

   ─frango assado, alface e batatas...

   ─Purê.

   ─Purê de batatas.

   ─Aceito. – Deixo a xicara e desligo as batatas, depois de escorrer a água eu começo a amassa-las. Ele se junta a mim, chega mais uma vez sorrateiro. Parece que se materializa ao meu lado e isso é bem estranho.

   ─Faço isso. – Ele toma o amassador da minha mão.

   Aproveito para colocar a mesa e retirar o assado do forno, depois monto a salada, ele ainda amassando as batatas.

   ─Está ótimo Paul, é purê, não suco.

   Ele ri deixando o trabalho de lado. Tempero com sal e pimenta, depois coloco na mesa com o resto das travessas.

   ─Sente-se. Vou chamar o Glenn e a Maggie. Volto num minuto.

   Ele afirma sem se mover. Deixo a cozinha. Maggie está às voltas com suas listagens no escritório. Glenn chega junto comigo e seguimos para cozinha.

   Nos sentamos em torno da mesa. Maggie serve Jesus e depois Glenn. Sorri de mim para Paul e me irrito um pouco, me sinto uma mocinha tola que precisa de ajuda para arrumar marido.

   ─Amanhã é minha vez Beth. Você vai estar na plantação, não é?

   ─Sim. Eles aprenderam bem, mas colher ainda é preciso ajuda. Tenho medo que colham as verduras antes do tempo. O Carl vai me ajudar. É exercício para ele Denise disse.

   ─Ele está indo muito bem. – Jesus saboreia a comida e me olha nos olhos.

   ─Muito bom Beth. Obrigado. – Onde foi parar o Baby? Até sinto falta, mas agradeço não ser chamada assim na frente de Maggie ou ela tornaria minha vida um inferno.

   ─Vai mesmo partir ainda hoje? – Glenn questiona Jesus. Ele afirma.

   ─Hilltop precisa de mim. Precisa de todos, como sabe o pessoal não é tão treinado como aqui. Rick prometeu treinamento com alguns de vocês assim que a questão salvadores estiver decidida.

   ─Temos bons homens aqui para fazer isso. Daryl é um deles, foi quem treinou Beth e acredite fez um trabalho incrível. – Maggie me elogia de modo calculado. Paul sorri. – Aceita mais Jesus?

   ─Não. Obrigado, mas se puder embrulhar eu ficaria grato. Não é uma viagem curta a que tenho pela frente.

   Meu coração se aperta com a ideia que nem mesmo vou saber se ele chegou em Hilltop. Não até nos encontrarmos de novo e nem imagino quando vai ser isso.

   ─Preparo suprimentos para você. – Aviso preocupada e ele pisca. Meu coração salta.

   ─Obrigado. Beth. – Os lábios balbuciam Baby e ele sorri. Desvio meus olhos.

   A conversa gira em torno das coisas em Hilltop, como funcionam, quantos são e como todos acabaram lá. Ele não fala de si mesmo e ninguém pergunta.

   Depois Glenn se despede atrasado para seu turno no portão, Maggie prepara um prato, cobre com um pano de prato e sai em busca de Enid, a garota é arredia, mas Maggie e Glenn não desistem dela.

   De novo somos só eu e Paul, preparo um kit para ele, frango, purê, pão e água. Ele coloca na mochila que trouxe cheia e agora parece vazia. Depois coloca a mochila nas costas e fica a me olhar em silencio.

   Hora de partir. É tolice criar expectativas, já seria se ele vivesse aqui, mas ele não vive, Paul mora do outro lado do mundo na nova ordem das coisas.

   ─Ama essas pessoas, não é? Nunca deixaria sua irmã, sua família.

   ─Tenho tanto, mais do que quase todos que conheço, como posso abrir mão?

   ─Não pode. – Ele diz de modo quase triste, os olhos fixos em mim, os meus dominados e rendidos aos dele.

   ─Você deixaria Hilltop? ─ Arrisco a perguntar.

   ─Eles ainda precisam de mim. Talvez um dia... Não ainda.

   É isso, o que nos separa é mais do que distância, é um mundo mesquinho e perigoso, não tem nada que possamos fazer se não aceitar isso e seguir em frente.

   Ele ajeita a mochila nas costas, ergue a mão e toca meus cabelos, o dedo passa por minha orelha e me causa arrepios, sem que espere ele se curva e me beija os lábios de modo suave, só um tocar leve e inocente.

   ─Se cuida Baby. Ainda nos encontramos. – Ele pisca e gira nos calcanhares. Fico imóvel e sem reação assistindo a leveza com que seus passos decididos e rápidos deixam a cozinha, Alexandria e a minha vida.


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Notas finais do capítulo

BEIJOSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSS