Darkness Brought Me You escrita por moni


Capítulo 30
Capitulo 30


Notas iniciais do capítulo

Oiiieee
Mil desculpas, mais uma vez tive uma daquelas crises de enxaqueca, depois é aquela coisa de tentar colocar o trabalho em dia. mas aqui está mais um capitulo.
Obrigada!!!!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/665232/chapter/30

Pov – Hannah

   Brook brinca de pular amarelinha sozinha na porta da casa enquanto observo sentada nas escadas da varanda. Ela atira a pedrinha e depois dobra a perna esquerda, Lyn pendurada em sua mão. Antes de começar a pular me acena com um sorriso.

   A casa é boa, tem três quartos, a sala tem vidraças largas e cortinas de cetim. Acho que Daryl vai gostar da surpresa. Amanhã volto aqui com a ajuda de Maggie e Beth e vamos arrumar para mudarmos quando ele chegar.

   Quando começa a saltar pelos quadrinhos pintados a giz eu me distraio. Meus olhos vagam pela rua vazia. Um vulto surge por entre arbustos na casa de esquina. Um homem sai da casa carregando uma sacola, o vulto até então escondido surge com um facão, não da chance de luta. Corta o pescoço do morador.

   Corro até Brook. Tampo sua boca enquanto a ergo nos braços correndo de volta para a casa. O coração descompassado. Fecho a porta atrás de mim.

   ─Shiu! – Peço a ela quando a coloco no chão. – Preciso que fique quietinha. – Minha mente tenta trabalhar rápido. – Vem comigo.

   Subo as escadas correndo. Não quero me arriscar voltando para casa com Brook sem antes saber quantos invadiram Alexandria. Entro no quarto menos. Abro a porta do armário.

   ─Tia Hannah... – Somos interrompidas pelo som de vidraça sendo quebrada.

   ─Tem que ficar aqui querida. Eu volto, não pode gritar. Promete que não vai sair? – Ela balança a cabeça com os olhos arregalados. Fecho a porta com cuidado. Puxo meu facão e caminho para a porta do quarto.

   O corredor parece limpo. Caminho encostada na parede até as escadas. Um homem remexe gavetas na sala. Está sujo, tem a letra W gravada na testa, muito sangue nas roupas.

   Aperto o facão me lembrando das mil lições de Daryl. Desço o mais rápido e silenciosamente possível que posso. O homem deixa a sala, escuto o barulho de armários sendo abertos na cozinha. Louça caindo ao chão.

   Meus passos são firmes apesar do medo. Podia atirar já que a pistola descansa em meu coldre, mas isso pode apenas chamar mais deles e Brook fica em perigo.

   Ele está abaixado próximo a pia quando me aproximo. De costas e mais interessado em pilhar não nota minha presença, ergo a faca para acerta-lo, a sobra da faca subindo o desperta e ele se vira me empurrando, me desequilibro, minhas costas acertam o balcão e sinto dor, ele avança sobre mim. Me esquivo, tateio o balcão quando ele consegue me prender pelo pescoço, sinto o ar faltar, a cafeteira esbarra em minha mão e com toda força que me resta eu acerto sua cabeça, o objeto se despedaça, ele fica tonto e aproveito aquele segundo para pegar o facão sobre a bancada e cortar seu braço, o sangue jorra.

   ─Vadia! – Ele grita. Vem para cima de mim com muita fúria e nenhuma perícia. O facão crava seu peito, seus olhos arregalam quando ele solta o peso do corpo sobre mim, empurro o homem, ele vai ao chão levando a faca, rápido uma poça de sangue se forma sob seu corpo.

   ─Babaca! – Puxo minha faca de volta. Acerto seu cérebro e corro para janela. Vejo um alexandrino sendo arrastado preso a uma corrente como se fosse um animal, um grito não muito longe me mostra o desespero de mais alguém em perigo.

   Não posso simplesmente ficar e ignorar isso. Deixo a casa pelos fundos a tempo de encontrar o homem arrastado por correntes virando a rua. O cara que o arrasta tem assim como o outro um W na testa.

   Avanço quando ele está distraído, não penso em rendição, luta justa ou qualquer coisa, apenas passo meu facão por seu pescoço e assisto o sangue jorrar volumoso enquanto ele cai.

   Solto as correntes do rapaz, ele parece assustado, tem um ferimento na testa, mas está razoavelmente bem.

   ─Termine. – Aponto o homem no chão, não queremos zumbis caminhando por Alexandria, não de novo. Quando penso em correr uma buzina dispara, encaro a torre que parece ter pendido com algum choque violento.

   Penso nos perigos de algo assim, nos zumbis que vão se alarmar justo quando metade do grupo está lá fora testando o plano.

   Corro para o som. O tempo todo buscando não ser vista. Passo por outro com o W, ergo a pistola, ele descobre o rosto. É Carol, me sinto aliviada. Foi bastante inteligente, seguimos caminhos diferentes. Assisto Beth pisar na cabeça de um Alexandrino transformado em zumbi, atrás dela dois deles se aproximam.

   Ergo a arma, agora não mais preocupada com o som de tiros. Acerto o primeiro, ela se vira e atira no segundo. Me junto a ela.

   ─O que está acontecendo?

   ─Uma invasão. Acho que pegamos todos. – Ela diz correndo ao meu lado em direção aos portões, agora não se escuta mais a buzina. Ainda assistimos um pequeno grupo fugir.

   Morgan observando sem impedi-los de deixar Alexandria. Penso em persegui-los, Beth me segura.

   ─Não. Pense em Brook, espere eles voltarem.

   ─Está certa. Vamos fechar o portão e aguardar mantendo a vigia.

   Depois de trancar o portão eu corro para Brook, ela está ainda fechada no armário.

   ─Brook. – A porta se abre e ela corre para meus braços numa crise de choro. Eu a envolvo tentando acalma-la. – Acabou querida. Vamos.

   Deixo a casa sem olhar para o corpo na cozinha. Coloco Brook no chão, não posso me arriscar.

   ─Estamos bem, fica calma e perto de mim está certo? – Ela afirma. O portão de Alexandria se abre. Rick entra correndo, os olhos tensos avisando que o plano teve que ser colocado em prática, que parte dos zumbis estão seguindo para nossos portões.

   ─Daryl, Abraham e Sasha estão seguindo como planejamos, eles estão bem Hannah. – Balanço a cabeça, encaro os muros.

   ─Acha que aguenta? – Ele balança a cabeça sem resposta.

   ─Quem voltou? – Não espero pela contagem, Daryl está lá fora, os zumbis estão chegando e fiz a ele uma promessa. Dar as costas a Alexandria se fosse preciso. É o que vou fazer.

   Caminho apertando os dedos de Brook entre os meus. Ela está firme. Não chora. Tem medo, mas também tem o sangue Dixon correndo nas veias e já mostrou que pode ser forte.

   Pego uma mochila. Vou ficar pronta. Eu não tenho escolha. Eles podem pensar que vão conter os muros, eu não vivo de esperança. Aprendi com Daryl a viver de atitudes. Coloco uma muda de roupa para Brook. Troco o tênis leve que ela usa por botinhas de cano longo, faço o mesmo comigo, depois vou até a dispensa de Alexandria, separo alguns enlatados e duas garrafas com água.

   Os zumbis chegam aos portões, escuto os gemidos e sinto o cheiro de morte.

   ─Tia o que vamos fazer? – Brook questiona seguindo comigo em direção ao arsenal.

   ─Sobreviver Brook. – Paro de andar e me ajoelho diante dela. – Está ouvindo os mortos do outro lado do portão?

   ─Sim tia. O meu tio Daryl não pode só mata-los?

   Sorrio de modo triste, quem dera ele estivesse aqui, ou fosse capaz de sozinho derrubar todos eles. Daryl não pode. É agora minha a função de ficar viva e manter Brook viva. Foi minha promessa.

   ─Ele não está aqui querida. Promete ser forte e fazer o que eu mandar?

   ─Sim tia. Depois o tio chega e ajuda a gente? Ele está vindo.

   ─Está. Amo você. Muito e ele te ama ainda mais. – Beijo sua testa. Depois me ponho de pé e vou para o arsenal, pego uma colt, uma caixa de munição que coloco na mochila.

   Remexo os rifles, não são meus preferidos. Saio encostando a porta do arsenal, seguro a mão de Brook. No caminho encontro com Beth. Ela parece cansada.

   ─Como estão as coisas? – Pergunto a ela que dá de ombros.

   ─Denise tentou salvar Holly, não conseguiu. – Fico triste, ela não foi a única a cair com o ataque Alexandria. – O que faz com essa mochila?

   ─Brook é minha vida. – Sorrio para minha pequena. – Se Alexandria cair eu vou estar pronta. Faça o mesmo Beth. Diga a Maggie para ficar pronta também.

   ─Glenn não retornou com o grupo, ele e Douglas se separaram e... Mich esperou por um tempo, Maggie tem esperança. Eu também tenho. Sem ele não vamos a lugar nenhum.

   ─Queria prometer que fico, que luto ao lado de vocês, mas eu não posso fazer essa promessa.

   ─Nem permitiria que fizesse. – Ela segura minha mão. Aperta firme entre as suas. – Começamos no mesmo ponto, assustadas e dependentes, hoje podemos lutar e vamos fazer o que for preciso. Eu não me importo de morrer desde que seja lutando pela vida.

   ─Eu também não me importo de cair, desde que seja lutando por ela. – Olho para Brook que me dá um sorriso preocupado.

   ─Estamos revezando a segurança, reunindo as pessoas juntas, evitando barulho, os muros estão repletos, eles estão forçando. A esperança é que Daryl volte a tempo de afastar esses também. Do lado de fora eles têm mais o que fazer do que nós aqui.

   ─Ele devia ter voltado, não é? – Questiono com o coração apertado. Beth suspira em resposta.

   ─É o Daryl. Ele não morre. – Com os olhos marejados eu afirmo. Soltamos as mãos e cada uma segue para um lado.

   Rick fixa madeira em uma parte da cerca que começa a ceder. Me acena quando passo. Cada um com suas prioridades, seus problemas. Meus olhos seguem para o portão.

   Quem sabe ele não está agora mesmo do outro lado do mar de zumbis pensando num modo de nos salvar? É preciso ter esperança. Não tem nada mais que possa fazer.

   ─Que acha de irmos pular amarelinha? – Brook me olha surpresa. – Ainda está tudo bem. Só que não podemos fazer muito barulho.

   ─Isso tia, como quando eu falava bem baixinho.

   Me dobro para beijar sua mão presa a minha. Depois chegamos a casa que pretendia ser uma surpresa para Daryl. Agora tudo se foi. O teste se transformou no plano em ação, deu errado como é claro que daria. Os zumbis estão em nossos muros, Daryl está longe e eu já devia saber que o apocalipse nunca facilita.

   Penso no modo como me despedi dele, como se fosse mesmo uma despedida, como se fossemos ficar mesmo separados e é sempre assim. Pode acontecer a qualquer momento.

   Agora não sou mais a garota que precisa pagar com o próprio corpo por proteção, agora posso arrancar a cabeça de quem tentar. Me sento na porta da casa mais uma vez. Brook caça uma pedrinha e retorna a brincadeira.

   Não demora mais que cinco minutos e ela se senta ao meu lado, os olhos tristes, Lyn em seus braços.

   ─Estou querendo meu tio. Não quero mais brincar. Tenho medo dos zumbis, ele está demorando.

   ─Vamos esperar. Tudo vai dar certo. – Ela balança a cabeça confiante em minhas palavras.

   Me ergo decidida a voltar para casa e quem sabe assumir a próxima hora nos muros. Brook pode dormir um pouco com Beth. Talvez eu esteja me precipitando e os muros sobrevivam a esse drama.

   ─Vamos para casa Brook. – Pego sua mão, ela me sorri, depois o sorriso se desfaz, os olhos se arregalam e sigo em busca da razão de seu pânico.

   Zumbis caminhavam por Alexandria, muitos, vindos de todos os lados e gritos surgem ao longe, tiros. Alexandria caiu. Corro para dentro da casa com Brook nos braços. Fecho a porta. A rua fica tomada deles.

   Me afasto da janela quando meus olhos cruzam com os dele. O zumbi se volta vindo em direção a porta, mais meia dúzia deles se aproximam. Olho em torno em busca de algo para proteger a entrada deles, empurro uma mesa, as janelas vão do chão ao teto, se eles tentarem vão acabar rachando o vidro.

   Penso em subir as escadas com Brook, mas a ideia de ficar presa num quarto com zumbis caminhando pela casa me assusta.

   ─Vem querida. ─ Sigo puxando Brook em direção a sala de televisão, fecho a porta de correr. O sofá é o bastante, as janelas são um pouco mais altas e tem outra porta que dá para cozinha.

    ─Tia eu estou com medo.

   ─Eu sei meu amor. – Olho pela janela. As ruas ainda repletas deles. Escuto os vidros quebrarem, eu e Brook damos um pulo juntas, meus olhos se grudam na sala, eles estão vindo. Preciso pensar em algo.

   Daryl queria que eu deixasse Alexandria sem olhar para trás, como posso fazer isso? Minha mente trabalha rápido. Não tem nenhum carro, mesmo que tivesse ele ficaria cercado em segundos.

   Vou até a janela lateral tentar achar uma clareira, um espaço para tentar com Brook. A colt não tem munição suficiente para todos eles.

   O que vejo é um grupo caminhar de mãos dadas, usam lençóis sujos de entranhas de zumbis. Mich, Rick, Carl, o Padre. Me lembro de Carol do mesmo modo. Podemos fazer o mesmo.

   Me afasto da janela. Olho em volta.

   ─As cortinas! – Arranco com um puxão, os trilhos caem sobre um vaso que estilhaça e a porta de correr começa a ser forçada. Rasgo com uma força que não me lembro de já ter tido na vida. Cubro Brook e depois a mim.

   ─Tia Hannah o que a gente vai fazer? – Brook pergunta assustada.

   ─Não pode ter medo. Eu vou abrir aquela outra porta. Trazer um corpo de zumbi aqui, passar a carne dele em nós duas e depois vamos sair daqui.

   Brook balança a cabeça assombrada. Os olhos marejados. Não deixo que seu medo me afete, na hora certa ela será forte. O sangue Dixon corre em suas veias.

   Abro a porta que dá para cozinha com meu facão na mão, dois zumbis caminham pela cozinha. Acerto um deles que despenca. O outro vem em minha direção. Eu enfio o facão em seus olhos, o sangue podre escorre pela lamina, enquanto ele cai desajeitado eu puxo o outro pela perna de volta para sala.

   Fecho a porta, abro aquela barriga. Encarro os órgãos apodrecidos, intestinos, fígado, rins, coração. Sinto vontade de vomitar. Brook ao meu lado com olhos arregalados, os mortos atrás da porta forçando o tempo todo, cada vez mais perto de conseguir entrar.

   ─Não pensa Hannah, só faz o que tem que ser feito.

   Lambuzo Brook, toda ela, mãos, rosto, cabelos, o tecido fino, as pernas, em meu desespero só quero cobri-la o máximo que posso, depois faço o mesmo comigo.

   Encaro minha menina. Ela tenta controlar a vontade de chorar, os olhos arregalados.

   ─Não pode chorar, não pode falar, vai segurar minha mão e caminhar ao meu lado. Você é Brooklyn Dixon, é corajosa. Forte e muito esperta. Seu tio Daryl vai ficar feliz. Pode fazer isso, ser corajosa como ele? Como seu pai era?

   ─Posso tia Hannah, eu não vou ficar com medo.

   Eu sim. Muito. É nossa única esperança, se não der certo acabou. Abro a porta da cozinha, pulo o corpo, Brook me imita e seguimos em direção a porta. Abro com coragem.

   Descemos três degraus, zumbis andando de um lado a outro, ignorando nossa presença, vamos seguindo em frente, caminhando por entre eles, eu busco a parte do muro por onde eles entraram.

   São tantos, todas as ruas, por todos os lados, eu sei que tem pessoas ainda dentro das casas, cedo ou tarde eles vão ter que fazer o mesmo. Evito as lágrimas, a ideia de que estou me perdendo dele, Brook mantem a mão presa a minha.

   Me encontra Daryl, não me deixa sozinha com ela, eu não vou suportar muito tempo.

   Mordo o lábio quando cruzo parte do muro caído em direção a floresta. Deixo para trás mais um sonho de paz e tranquilidade. É por Brook, sem ela eu lutaria até cair. Não posso, Daryl jamais me perdoaria se não fizesse o possível para salva-la.

   Não fui a única. Vi Rick fazendo o mesmo, talvez encontre com eles do lado de fora.

   Os zumbis até esbarram em meu ombro, distraídos pelos sons de Alexandria eles apenas continuam a entrar. Uma horda deles em sentido contrário. Brook colada a mim, minha pequena guerreira está com o rosto erguido, encarando os mortos.

   Criada por um guerreiro, não podia ser menos do que ele. Vamos nos distanciando de Alexandria, quanto mais longe dos muros, menos zumbis. Vamos ganhando a floresta, nos perdendo de tudo e todos, mais uma vez somos só eu e Brook.

   Finalmente estamos sozinhas. Os mortos ficaram para trás, os vivos também, e ele, meu amor, meu caçador, eu não disse a ele que o amava, sonhei em dizer, achei que tínhamos tempo. É o apocalipse, os mortos-vivos dominaram a terra. A escuridão venceu.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

BEIJOSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSS