O amor nos tempos da escravidão. escrita por Erin Noble Dracula


Capítulo 2
Jeremy Gracey.




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P.O.V. Jeremy.

Meu nome é Jeremy Edward Gracey. Nasci dia 13 de julho de 1767, tenho 17 anos. Sou o único filho homem do senhor Edward Gracey que além de mim tem as gêmeas Elena e Katerina que tem 16. Eu estudei na universidade de Harvard e sou Doutor.

Como sou o primogênito e sou homem quando meu pai falecer serei o dono do Solar Gracey. Ontem a minha escrava pessoal Juliana morreu dando a luz a sua filha a menina Isaura.

E como a minha avó Geraldine sempre quis criar uma menina ela adotou Isaura que é um bebê de pele bem clarinha.

Aposto que hoje vou ter uma escrava nova. Mal terminei o pensamento batem á porta. A escrava era muito, muito, muito linda e apesar de negra tinha lindos olhos verde esmeralda.

–Elizabeth.

Estava passando, pensando quando ouço um grito, um pedido de socorro.

–Elizabeth.

Infelizmente para o meu pai, desta vez a escrava revidou. Ela mordeu o lábio dele com força até arrancar sangue e ele a soltou. Elizabeth aproveitou a oportunidade e correu pra cima.

–Escrava insolente!

–Estava tentando abusar dela Senhor meu pai. Ela apenas se defendeu.

–Ela é minha propriedade! Faço com ela o que quiser!

–Ela é uma pessoa! Uma moça!

–É uma mercadoria pela qual eu paguei vinte contos de réis!

Eu subi as escadas pra saber se ela estava bem. E a encontrei sentada no chão do meu quarto com a bacia na mão. Ela estava cuspindo o sangue de meu pai.

–Homem nojento. Me dá asco.

Ela obviamente não sabia que eu a ouvia.

–Merece queimar no fundo do inferno.

Elizabeth lavava seu rosto e sua boca.

–Eca. Até o sangue dele é ruim.

Ela se levantou, abriu a veneziana e jogou a água pela janela.

–Elizabeth?

–Sim meu senhor?

–Você está bem?

–Sim meu senhor.

–Tem certeza?

–Tenho. Não se preocupe, sei cuidar de mim mesma. Aprendi desde novinha.

–Novinha?

–Aos sete eu já sabia cozinhar, bordar, me defender e outras coisas mais.

–Lamento.

–Não lamente. Lamentar é para os fracos.

Ela não disse mais nada, apenas pegou o balde, se ajoelhou e começou a esfregar o chão.

Ela era com certeza a pessoa mais forte que já conheci.

Na manhã seguinte descobri que havia outra gêmea. Amara, aquela que disseram estar morta.

–Olá irmã. Seja bem vinda.

–Obrigado. Eu acho.

Amara foi alforriada e mesmo assim ela ajudava as outras escravas. Principalmente Elizabeth, as duas tinham um vínculo que eu nunca vou entender.

–Amara, o que está fazendo?

–Estou ajudando os escravos.

–Porque?

–Porque eu já fui escrava. Sei como é, como dói, como é exaustivo e penoso.

Disse ela com raiva.

–Como os senhores e senhoras podem ser cruéis. Eu já levei chibatadas sabia?! Tenho as cicatrizes que provam isso. E doeu muito.

–O que?

–Se não fosse Elizabeth eu estaria morta a essa altura mamãe.

Aquilo não era apenas raiva. Era ódio, fúria.

–Espero que você e todos os outros senhores e senhoras de escravos queimem no fundo do inferno. Por isso, queime querida, queime.

–Sou sua mãe!

–E daí? Me deixou ser vendida, escravizada, me largou na porta de um casal qualquer.

–Eu nem sabia que estava viva.

–E nem se importou em procurar. Em perguntar pelo meu corpo.

No fundo eu sabia que Amara estava certa. Minha mãe devia ter pedido para ver o corpo da filha recém nascida, mas ela não quis.

Ela preferiu acreditar no Chico que todos sabem que não é confiável. Chico é um homem mau, gosta de ver o sofrimento dos escravos, se diverte chicoteando eles.

Ele gosta de abusar das escravas e está de olho na filha do feitor. Isaura é uma moça bonita e sempre anda vestida de seda e renda. Ela toca piano e está ensinando á Elizabeth tudo o que aprendeu.

Ela sempre termina suas tarefas antes do previsto e ainda assim as faz com capricho e esmero. Minhas roupas nunca foram tão cheirosas, tão bem dobradas, minha cama nunca ficou tão lisa, os travesseiros fofos.

Elena lhe deu alguns vestidos, mas quando realiza suas tarefas Elizabeth usa vestidos de chita. Para não sujar e amassar os lindos vestidos de seda.

Tomei uma decisão hoje. Vou alforriar Elizabeth.

Agora mesmo estou a caminho do tabelião para fazer a carta de alforria dela.

Depois de algumas horas de espera a carta estava pronta.

–Elizabeth?

–Sim meu senhor?

–Tome. Você agora é uma mulher livre.

Ela começou a chorar.

–Obrigado. Muito, muito, muito obrigado.

Elizabeth tirou o vestido de chita e colocou o lindo vestido rosa de brocado que a minha irmã lhe deu.

–Linda.

–O que disse?

–Disse que você é linda.

–Não deves dizer uma coisa destas. Se seu pai te escuta estou perdida.

–Você não é mais escrava. Você não responde a mais ninguém.

Puxei-a para mim e dei-lhe um beijo. Ela colocou as mãos em torno do meu pescoço e senti seu corpo amolecer nos meus braços.

–Jeremy! O que significa isso?!

–Significa que não vou me casar com Lucrécia.

–Uma escrava?!

–Ela é uma moça livre agora. Acabo de dar-lhe sua carta de Alforria.

–Você o que?!

–Você me ouviu. E vou casar-me com ela.

–Não! Não vai! Não pode fazer essa desfeita para com o meu Compadre.

–Já fiz, ademais, Lucrécia ama Juliano e não a mim.

–Juliano Horta?

–Sim.

–A família Horta é rival da família dela.

–E daí? O amor não escolhe.


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