O amor nos tempos da escravidão. escrita por Erin Noble Dracula


Capítulo 1
Capítulo 1: Elizabeth Henshaw.




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P.O.V. Elizabeth.

Meu nome é Elizabeth Anne Henshaw. Sou filha de uma escrava chamada Juberlânia e de um senhor de fazendas chamado Caius Henshaw.

Graças ao meu pai eu tenho olhos verdes. Mas, graças a minha mãe sou negra e sou escrava.

Agora estou no mercado, sendo mostrada como uma mercadoria. Nenhuma pessoa merece ser humilhada desta forma.

–E essa ai?

Disse o fazendeiro. Pronto, me ferrei.

–Olha só que ancas.

Ele ergueu meu vestido mostrando as minhas pernas.

–E que tetas.

Ele deu um puxão na minha blusa deixando meus seios á mostra.

–Uma reprodutora de primeira. Olha os dentes, branquinhos como pérolas.

–É impressão ou essa ai tem olho verde?

–Sim. A única escrava de olhos verdes que já encontrei em meus vinte anos de mercador.

–Gostei dela. Uma mercadoria rara. Pago dez contos de réis.

–Vinte.

–Feito.

–Vai!

O homem me empurrou. E aquele homem asqueroso me pegou, me colocou numa carroça e lá fomos nós, eu e mais duas escravas.

–Qual o seu nome?

–Elizabeth.

–Prazer, sou a Mitani.

–Prazer. E você, quem é?

–Amara.

–Você é branca. O que está fazendo aqui?

–Meus pais me venderam.

–Lamento.

–Eu também.

–Quietas ai! Ou começo a estalar o chicote.

O resto da viagem foi muito longa, silenciosa e desconfortável como sempre. Pelo menos nos deram algo pra comer e água.

–Chegamos.

Como sempre, os homens nos trataram com brutalidade.

–O seu senhor já vem. Ele vai decidir pra onde vão.

Então, aparece um velho. Nojento e ele olha pra mim e para Amara com os olhos cheios de maldade.

–Vocês duas. A negra de olho verde e a branquinha vão trabalhar na casa grande e você vai pra lavoura.

–Sinto muito.

–É, eu também.

–Vamos logo!

Nós entramos na casa e eles tiraram as correntes.

–Graças á Deus.

–Esse aqui é o Senhor Miguel, ele é o feitor e esse é o Senhor Chico, o capataz.

–É um prazer. Agora, digam os nomes.

–Sou Amara Celestia Emmeran Petrova.

–Hum, uma estrangeira. Gostei.

–Sou Elizabeth Henshaw.

Então as outras duas foram mandadas para a cozinha e eu fui mandada para ser a escrava do filho do Senhor.

Fui até o quarto, bati na porta e entrei quando mandaram.

–Meu Senhor.

–Quem é você escrava?

–Meu nome é Elizabeth Henshaw.

–Henshaw? Como o Senhor Cauis Henshaw?

–Infelizmente sou filha dele com a escrava Juberlânia.

–Sei. Sou Jeremy Gracey. Bem vinda ao Solar Gracey, senhorita Henshaw.

Olhei pra ele com incredulidade. Ele acabara de me chamar de senhorita?

–Podes começar a limpar o meu quarto. Troque os lençóis apenas ás quintas feiras, lave minhas roupas aos fins de semana e eu gosto que o café seja servido ás seis.

–Sim senhor.

–E Elizabeth?

–Sim, meu senhor?

–Vá trocar de roupa.

–Mas, não tenho nenhuma outra.

–Então vou providenciar.

–Obrigado.

–Comece. Volto em alguns minutos.

P.O.V. Jeremy.

A minha escrava pessoal morreu parindo. A criança ficou bem, seu nome é Isaura. Ela é filha do feitor.

Ouvi alguém bater.

–Entre!

Uma garota entrou. E apesar de ser negra, ela tinha olhos verdes como esmeraldas cintilantes.

–Meu Senhor?

–Quem é você escrava?

–Meu nome é Elizabeth Henshaw.

Respondeu ela com uma raiva contida. Qual a minha surpresa quando descubro que ela era filha do homem mais sanguinário e cruel que eu conheço. Caius Henshaw.

Provavelmente ela era fruto de um estupro. Nunca vou entender como um homem respeitável é capaz de abusar de uma moça de forma tão brutal.

Dei instruções a ela e saí para lhe arrumar roupas limpas já que ás dela fediam. Coitada, não é culpa dela.

–Prepare um banho.

–Sim senhor.

Trouxe um dos vestidos de minha irmã Elena. Sei que ela não vai ligar. Ao contrário de Katerina que é extremamente cruel e egoísta, Elena tem um coração enorme. Aquelas duas tem o mesmo rosto, mas não tem nada em comum fora isso.

–Seu banho está pronto meu senhor.

–O banho é pra você. Tenho que sair, será que consegue se virar sozinha?

–Sim meu senhor.

–Ótimo. O meu almoço deve ser servido ao meio dia em ponto.

–Sim senhor.

P.O.V. Elizabeth.

Foi tão bom poder tomar um banho e me esfregar para tirar a sujeira que se acumulou em mim. Usar roupas limpas que eram deveras macias. Me enrolei um pouco com o espartilho, mas consegui resolver.

Prendi meus cabelos em um coque e comecei a arrumar o quarto dele. Ele foi tão gentil como nenhum outro.

Ouvi um grito vindo de um dos quartos e corri ao socorro da pessoa.

–Oh, Meu Deus! Vocês são iguais.

–Quem é você?

–Amara.

–Inacreditável. É como me olhar no espelho.

Fui terminar de arrumar o quarto do senhorzinho Jeremy.

P.O.V. Jeremy.

Aquela escrava, Elizabeth era tão bonita. Sua pele parecia ser tão macia, os lábios eram carnudos e altamente convidativos. Mas, eu jamais forçaria mulher alguma a deitar-se comigo.

Ao meio dia o meu almoço estava no meu gabinete. Suco de melão, arroz, feijão e um belo filé mignon mal passado do jeito que eu gostava. Para a sobremesa ela fez merengue de morango, meu doce preferido.

–Boa menina. Acertou em cheio.

Ela deve ter pedido informações a alguma das outras mucamas. Morar no Brasil tem suas vantagens e suas desvantagens também.

Foi difícil acostumar ao calor, á comida e aprender a falar português. Até hoje tenho sotaque um pouco carregado.

Minha família veio tentar a sorte aqui, já que na Inglaterra estávamos á beira da guerra que agora eclodiu. Recebi notícias hoje de manhã que um de meus primos morreu lutando. Tyler.

–Você foi muito idiota de não ter vindo conosco quando teve a chance priminho.

Ele deixou uma viúva. A senhora Caroline Forbes e uma filha chamada Davina que na minha opinião não é filha dele de jeito nenhum. Todo mundo sabe que a jovem Caroline era perdidamente apaixonada pelo filho mais jovem de Mikael Mikaelson. Aposto que a pequena Davina é filha dele, afinal ela é morena de olhos verdes como Elizabeth.

–Que porcaria.

Não importa o que eu faça ela sempre volta a reinar sob meus pensamentos e só nos vimos uma vez! E eu tenho uma noiva. Lady Lucrécia Córdoba, herdeira de uma enorme fazenda produtora de maçãs.

As maçãs da fazenda Milagre já ganharam inúmeros prêmios o que só fez aumentar a fama e fortuna da família Córdoba. Eu nunca na minha vida vi a minha noiva, ela pode muito bem ser uma velha horrenda, mas também pode ser uma beldade. É um mistério.


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