Ainda Vou Domar Esse Animal escrita por Costa


Capítulo 42
Capítulo 42


Notas iniciais do capítulo

Fala pessoal!
Mais um capítulo. Espero que gostem. :)



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Depois daquele encontro estranho com os meus pais, eu e o Ricardo continuamos com a nossa rotina, sem mais jantares fora, mas isso não significou que ele não tenha se esforçado para me agradar, não, muito pelo contrário. Ele se esforçou em preparar o jantar e sobremesas durante os dias seguintes. Não foi exatamente romântico com o Moacir junto, mas o Moacir é uma companhia menos constrangedora que os meus pais.

Continuamos tentando pintar o quadro. Fizemos um pouco de avanço. Conseguíamos nos controlar por cerca de uma hora antes de nos rendermos e acabarmos nos braços um do outro.  O Animal não me deixará ver o quadro até que esteja pronto, mas, segundo ele, falta pouco. Talvez mais uns dias e terminamos.

Amanhã também é o aniversário do Fabinho e hoje eu precisarei sair para comprar um presente para o garoto. Com o Ricardo perto de mim, me falta tempo para fazer as coisas. Sempre nos distraímos um com o outro.

Minha mãe e minha cunhada também tem me ligado mais que o normal. Querem saber quando vou apresentar o meu namorado oficialmente. Já estou sentindo que essa festa vai me dar dor de cabeça.

—Você vai sair para fazer as compras hoje, Sofia? –O Ricardo perguntou.

—Vou, amor.

Ele me olhou com os olhos arregalados e um sorriso no rosto. Enlouqueceu?

—Diga de novo, por favor.

—Vou fazer compras hoje.

—Não isso, do que você me chamou.

Eu parei para pensar e, acho que o chamei de amor sem sentir. Ele ficou emocionado assim por um apelido carinhoso? Ele não deixa de me surpreender.

—Amor?

—Ainda não sei como você foi se interessar por mim, Sofia. Isso é inacreditável. –Falou, me puxando para um beijo demorado.

—Vocês não conseguem ficar longe um do outro não? Parecem dois imãs! Cada hora que os encontro, estão agarrados. –O Moacir reclamou e cortou o clima.

—Isso é ciúme, Moacir. Devia arrumar uma senhora para você. –Brinquei.

—Deus me livre!  Estou feliz com minha liberdade, Sofia. Não pretendo casar mais não.

—Não cuspa para cima. Olhe para mim. Eu sou o exemplo vivo disso. –O Ricardo falou.

—É exemplo, mas só falta o casório. Quando os bonitinhos irão casar, hein? Pretendo ser o padrinho e pretendo fazer isso antes de morrer. Estou ficando velho e vocês não se decidem!

—Moacir! –O Ricardo reclamou.

—Quê?

—Nada, imagina... Aqui, mudando de assunto, você comprou eletrônico ou não eletrônico?

—Eletrônico.

—Está ótimo. Só para saber.

—Que conversa é essa? Eletrônico e não eletrônico? –Perguntei, confusa.

—O presente para o seu sobrinho. Eu e o Moacir revezamos. Um compra eletrônico e o outro não. A criança também precisa aprender a usar a imaginação com algo que não use bateria.

—Vocês compraram um presente para o Fabinho? Não precisava, gente. A Patrícia não convidou vocês por isso.

—Precisava sim e vamos logo que eu preciso comprar o meu antes que a loja feche. –O Animal falou, me arrastando para o carro.

***

No Shopping, concordamos em nos separarmos para comprar os presentes para o Fabinho. Eu comprei um desses bonecos transformer que ele tanto queria. O Ricardo estava demorando e eu aproveitei para fazer as compras da casa.

Depois de uns vinte minutos ou mais esperando por ele no carro, ele apareceu com as duas mãos carregadas de sacolas. Ele foi para comprar a loja toda para o meu sobrinho?

—O que é isso tudo? Isso não é tudo presente para o Fabinho, é? –Eu perguntei.

—Não. Aproveitei que quase nunca saio e comprei algumas roupas novas para mim. Você vive reclamando que eu só uso camisas sociais. Aproveitei e comprei umas polos e algumas simples. Também um par novo de sapatos e uma sunga.

—Uma sunga? –Perguntei, confusa.

—Eu pretendo nadar com você da próxima vez que formos ao lago. De preferência, sem sua amiga. Gosto dela, mas, da última vez, a pobre parecia morrendo de medo de mim e não acho que ela queira me ver só em uma sunga.

—Eu não quero que ela te veja só em sua sunga.

—Com ciúmes? –Ele perguntou, divertido.

—Claro. Nunca gostei de dividir.

—Bom, porque eu também nunca gostei de dividir. Acho que concordamos nisso.

Eu fiquei impressionada com o Ricardo. Ele está ficando cada vez mais confiante de si mesmo e, talvez seja um pouco presunçoso da minha parte, mas me enche de orgulho saber que eu tenho uma parcela nisso. Ele é um homem brilhante e lindo. Talvez o mais bonito com quem eu já saí e me dói que ele se ache menos só pelas suas cicatrizes e pela perna que não tem. Pelo amor de Deus! Ele não tem uma perna, mas isso não atrapalha em nada o seu desempenho e não me incomoda mais. Ele ainda tenta esconder a perna de mim embaixo das cobertas quando tira a prótese, mas estou o convencendo que não incomoda. Achei um pouco estranho no começo, mas não mais. Gosto de cada pedaço dele.

***

A festa é hoje e não sei se estou feliz ou aterrorizada por ir. Vai ser num salão que o meu irmão alugou. Coisa simples, segundo eles, para pouca gente. Só a família, alguns colegas de escola do Fabinho e os amigos mais chegados. Me arrumei com uma calça jeans e uma blusa simples. O Ricardo vestiu uma das camisa polo branca que ele comprou e o desgraçado está uma verdadeira tentação para mim. É tentador arrastá-lo para o quarto, esquecer a festa e tirar cada peça de roupa dele, mas não posso, não agora, pelo menos.

—Sabe que se continuar olhando assim para ele na festa todos irão perceber, não é? –O Moacir sussurrou.

—Está tão assim na cara?

—Sofia, mulher, você está comendo o homem com os olhos. Vocês passam a maioria do tempo entre quatro paredes, mas, mesmo assim, parece que não é o bastante para os dois.

—Eu amo aquele idiota, Moacir.

—Eu sei e aquele idiota também te ama. Vocês demoraram tempo demais para perceber isso.

—Por isso tenho que tirar o atraso perdido.

—Certo, mas, poupe-me dos detalhes. Há coisas que não preciso e nem quero saber.

—Prontos? –O Ricardo perguntou ao se aproximar de nós.

—Estamos, amor.

—Então vamos, coelhinha.

O Moacir gemeu com o meu apelido e eu também. Coelhinha, sério?

—Coelhinha, Ricardo? Por quê?

—Por favor, esperem eu estar longe para falarem isso. Meus ouvidos não merecem saber de onde vem o significado de “coelhinha”. Quero dormir sem pesadelos. –O Moacir reclamou.

—Não seja idiota, Moacir! Amor, seu sobrenome é Coelho, não é? Então, se eu te chamasse de Coelho ficaria um pouco estranho, mas Coelhinha é fofo e combina com você.

Eu comecei a rir e o Moacir foi para o carro, reclamando que não aguentava mais tanta melação da nossa parte.

—Você não gostou? –Ele perguntou, um pouco magoado.

—Claro que gostei, mas eu também pensei besteira assim com o Moacir. Coelhos tem fama de serem muito ativos sexualmente. Acho que esse apelido combina mais com você.

—Não me dê má ideia, mulher. Já estamos atrasados para a festa.

—Você já me deu com essa camisa polo. Você sabe que está tentadoramente atraente vestido assim, não é?

Ele olhou para mim, incrédulo, antes de me empurrar para fora.

—Vamos logo, mulher. Se continuar me falando essas coisas não sairemos mais daquele quarto hoje.

—Você é o culpado por parecer tão sedutor nessa camisa.

—Vamos antes que eu mude de ideia! –Ordenou.

A viagem foi curta. Menos de meia hora e chegamos. O tema da festa era do Ben 10. Estava cheio de balões verdes, pretos e brancos. Ficou uma arrumação legal. O Fabinho, assim que nos viu, veio correndo nos cumprimentar e rasgar os presentes. Ele adorou o meu boneco, mas gostou muito mais da réplica de uma carruagem do velho oeste com cavalos e condutor que o Ricardo comprou para ele e também adorou o carrinho de controle remoto que o Moacir deu. Ele os guardou na outra sala e foi dar as boas vindas para os outros convidados. Garoto dado. O Moacir aproveitou para se misturar e tentar roubar alguns cachorros quentes.

—Fico feliz que vieram. –A Patrícia falou.

—Não poderia faltar a festa do meu sobrinho favorito? –comentei.

—Espero que gostem da festa. O Júnior já veio me mostrar os presentes e já me apresentou o tio Moacir. Vocês não precisavam ter se incomodado em comprar nada.

—Não era um incômodo. Aqui tem outro para a pequena. –O Ricardo falou, entregando uma bolsa para ela.

—Até a Camila ganha uma lembrancinha? –Ela brincou.

—Crianças merecem serem mimadas. –Ele falou, dando de ombros.

A Patrícia se inclinou para mim e sussurrou:

—Um homem que mima crianças é difícil de encontrar, Sofia. Agarre ele.

—Patrícia, vai atender os outros convidados. –Falei.

—Com o maior prazer. Por falar em convidados, sua mãe estava louca atrás de você e perguntando se você não tinha chegado.

Ela saiu rindo e o Ricardo deu um sorriso torto para mim.

—Mais um interrogatório da minha sogra? –Ele perguntou.

—Possivelmente.

Nos misturamos um pouco na festa, mas não demorou muito para o meu irmão me ver e vir falar conosco.

—Sofia!

—Fábio!

—Eu te conheço, não lembro de onde. –Falou para o Animal.

—Sou o Ricardo ou tio Rick.

—Claro, você é o patrão da Sofia. Quando o Fabinho disse que você vinha, achei que você não viria. Obrigado por deixar os meus filhos ficarem na sua fazenda com a Sofia. Espero que eles não tenham destruído muitas coisas.

—Eles são adoráveis.

—Puxaram a tia. Você também não acha a Sofia adorável?

—Fábio! Que merda de pergunta é essa? –Reclamei, ficando vermelha.

—Totalmente adorável. –O Ricardo falou, olhando para mim.

O Fábio me deu um sorriso malicioso e eu fiquei mais vermelha ainda.

—Aproveitem a festa. –O Fábio disse, antes de se afastar.

—O que foi isso, Ricardo?

—Ele me perguntou e eu concordei. Você é adorável, além de outras coisas.

—Agora ele vai falar para o meu pai e estamos fodidos. O Fábio sempre foi um dedo duro.

—Uma hora precisaremos anunciar.

—Mas não na festa do meu sobrinho.

Como se não pudesse piorar, a Thais apareceu.

—Olá, Sofia. Seu namorado? –Ela perguntou, na cara de pau, olhando o meu Animal, de cima a baixo.

O Ricardo me olhou e deixou a resposta comigo. Ô Dilema! Se falo a verdade vou causar um reboliço, se não falo a Thais vai ficar dando em cima dele a noite toda. Porra!

—Thais, não agora, por favor. –Pedi.

—É ou não é. Quero saber se o bonitão está na pista. –Falou, chegando para agarrar o braço dele.

Eu puxei as patinhas dela do meu Animal.

—Não, ele não está na pista. -Falei.

—Você e ele?

—Sim, estamos juntos, mas agradeceria se fosse discreta.

Ela se aproximou e sussurrou:

—Ele é casado?

—Não, Thais!

—Então não quer te assumir?

—É complicado, mas não é nada disso.

Ela o olhou mais um pouco antes de juntar os pontos.

—Ele é o seu patrão. Você está com o seu patrão!

—Por que não faz logo uma faixa anunciando isso? Será que dá para falar mais baixo?

—Quem te viu quem te vê, Sofia. Você era a mais certinha do grupo.

—Ela ainda é certinha, senhora. Garanto que o que temos não é um caso para privilégios de trabalho. –O Ricardo me defendeu.

—Se você diz... Quem sou eu para julgar. –Ela falou e saiu rindo.

—Tem certeza que ela é sua amiga? –O Ricardo sussurrou.

—Amiga de copo. Só saiamos juntas para beber. É mais da Patrícia que minha.

—Graças a Deus! Odiaria uma pessoa assim visitando nossa casa.

Continuamos um tempo conversando antes que minha mãe apareceu e, a primeira coisa que fez, foi verificar o meu pescoço. Eu mereço!

—Vejo que o seu vampiro está ficando mais civilizado. Nenhuma marca. –Ela brincou.

—Mãe, por favor.

—É brincadeira, menina. Como vai, Ricardo?

—Bem, senhora, obrigado.

—Que senhora, me chame de dona Júlia. Você já é da família.

—Como quiser, dona Júlia.

—Seu pai está te procurando, filha. Ele já está meio descontente de você ter vindo com o seu patrão e o seu irmão já foi fazer a fofoca. Só vim para te avisar.

—O que eu te falei, Ricardo? –Bufei.

—Acho que tenho um cunhado fofoqueiro. –Ele brincou.

—Você nem imagina. Eu amo meu filho, mas ele é fofoqueiro. Deixa eu ir tentar segurar o meu marido por mais uns minutos antes que ele venha matar vocês. –Minha mãe brincou, antes de sair rindo.

—Desculpe por isso. –Falei.

—Não era o jeito que eu queria que eles soubessem das coisas, mas uma hora teríamos que contar. O que me consola é que agora não precisaremos fingir nada.

—Você não se importa?

—Me importar que todos saibam que eu estou com uma mulher maravilhosa como você? Pelo contrário, me sinto lisonjeado.

Eu não resisti a essa declaração e me inclinei para deixar um leve beijo nos seus lábios.

—Sofia Fernanda Gonçalves Coelho, por que está beijando o seu patrão? –O meu pai perguntou, irritado. Merda, simplesmente, merda!

—Pai...

—Pai o cacete! E o senhor não se envergonha de seduzir sua empregada?

—Ele não me seduziu, foi ao contrário.

—Quê?! Sofia, explique-se. Os dois. Não foi assim que te criei, menina.

—Eu amo sua filha, senhor.

—E eu amo ele, pai.

—Argumento fraco. Quero uma explicação melhor. Sabia que era estranho um patrão no restaurante com a empregada. Deus, achei que você tinha mais juízo, menina!

—Eu tenho juízo, pai. Eu tenho 33 anos nas costas e sei o que estou fazendo. –Falei.

—Como sabia quando saiu de casa com 19 anos, não é? Esqueceu do Gilson?

—O Ricardo não é o Gilson e, por favor, podemos esperar a festa terminar para ter essa conversa? –Pedi.

O meu pai me olhou torto antes de falar.

—Quero falar com os dois. Não ousem ir embora ou eu juro que vou naquela maldita fazenda com um facão e capo esse seu patrãozinho.

Meu pai saiu bufando e o Ricardo segurou as mãos de forma protetora no meio das suas pernas.

—Seu pai acabou de ameaçar me castrar. –Ele sussurrou.

—Foi e isso foi melhor do que eu esperava.

—Ele já fez pior?

—Ele deu uma surra no Gilson, meu ex que me desmanchou o noivado. Quebrou duas costelas dele.

—Acho que devo ficar com medo então.

A festa seguiu meio estranha e nós evitamos minha família. Meu pai e meu irmão olhavam torto para o Ricardo, mas não falaram mais nada. Assim que a festa terminou, eles arrastaram o Ricardo para a sala para conversar. Eu fiquei sozinha, com o Moacir. Espero que eles não castrem o meu Animal.

—Sofia, venha aqui. –Meu pai chamou, depois de muitos minutos.

Eu fui correndo e encontrei o Ricardo olhando para mim, com amor. Minha mãe com um sorriso bobo e meu irmão não muito feliz.

—E o veredito? –Perguntei.

Meu pai revirou os olhos antes de me responder:

—Ele não é a primeira escolha para você. É de segunda mão e meio velho já, mas vou respeitar a escolha de vocês. Não me façam me arrepender disso.

—É sério? –Perguntei.

—Preferia que não fosse, mas não posso fazer nada. Ande na linha com ela ou eu capo você, rapaz. –Meu pai falou, olhando para o Ricardo.

Eu me despedi deles e fui embora, arrastando o Ricardo e o Moacir para o carro.

—Quem diria hein, depois de velho sendo ameaçado por seu sogro. –O Moacir brincou.

—Eu não esperava por essa. O seu pai ameaçou me capar algumas vezes, Sofia. Isso é perturbador. –Ele falou.

—Eu sei. Ele é um pouco protetor comigo.

—Um pouco é elogio, mas o respeito por isso. Ele está protegendo a filha dele.

—O que falaram lá? –Perguntei.

—Algo privado. Não posso falar.

—Ricardo, será que as ameaças do meu pai foram assim tão fortes?

—Um pouco, mas não é por isso. Ele pediu para o assunto ficar só naquela sala e eu vou respeitar isso. A propósito, semana que vem, estamos almoçando com eles no domingo.

—Deus, não imaginava que fosse ter o meu namoro vigiado por minha família depois de velha!

—E eu não esperava ser ameaçado por meu sogro, ainda mais nessa minha idade. Nem esperava para ter mais sogro.

—E eu não esperava me divertir tanto com vocês. –O Moacir brincou.

É, isso não vai ser aquele mar de rosas. Tenho que tomar cuidado agora com os chupões no pescoço. Se o meu pai ver um, ele enforca o Ricardo. Deus, o que fiz para merecer isso? Parece namoro no século passado!

Continua.


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Notas finais do capítulo

Se desejarem, deixem vossa opinião.
Espero que tenham gostado.
Agradeço por lerem. :)
Forte abraço e até mais!



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