Ainda Vou Domar Esse Animal escrita por Costa


Capítulo 37
Capítulo 37


Notas iniciais do capítulo

Fala gente!
Pessoal, desculpe pela demora em responder os comentários. Estou em semana de provas na facul e, com o estágio, não me sobrou tempo. Me perdoem.
Esse é mais um capítulo para vocês. Espero que gostem. :)



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Ficamos abraçados no sofá até o sono chegar. Eu fiquei um pouco relutante de me separar dele. Sabendo como o Ricardo é, é bem possível ele fingir que nada aconteceu. Cada um foi para o seu quarto. Também é muito cedo para dormirmos juntos e fazer outras coisas, não que eu não queira, pelo contrário, mas acho que ainda estamos num piso frágil para dar esse passo.

No dia seguinte, eu fui a primeira a levantar e fui coar um café já que não tive tempo e nem vontade para fazer isso ontem.

—Bom dia! –O Ricardo cumprimentou, da porta.

—Bom dia, Ricardo!

Fiquei esperando para ver se ele daria o primeiro passo, mas, sem chance. Caminhei para ele e dei um leve beijo de bom dia. Ele pareceu meio atordoado, como se esperasse que eu fingisse que nada aconteceu, mas sorriu e retribuiu com outro beijo rápido.

—Hoje eu vou precisar sair para fazer as compras da casa. Quer que traga mais alguma coisa? –Perguntei.

—Não, basta comprar o que você está acostumada. Você vai agora?

—Pretendia. Saindo cedo consigo chegar cedo e preparar o almoço na hora.

—Vá sem pressa. Eu preparo o almoço hoje.

—Você?

—Você sabe que cozinho bem.

—Claro, mas é pra isso que me paga.

—Te ajudar um pouco não irá me matar. Você trabalha muito, Sofia. Eu sei que fui e sou um pouco exigente.

—Era o meu trabalho. Concordei com isso quando aceitei trabalhar e, só porque estamos juntos, não quer dizer que ficarei vagabundeando com minhas obrigações.

—Mas não precisa se matar tanto de trabalhar.

—Não vou. Eu nunca me matei mesmo. Sempre dei um jeitinho para descansar entre uma limpeza ou outra.

—Por isso sempre achei umas poeirinhas pelos móveis. –Ele brincou.

—É possível.

***

Depois das compras feitas, decidi que compraria algumas coisinhas para o Ricardo. Comecei por um par de sandálias. Chega de ele usar aqueles sapatos pesados o dia inteiro. Depois comprei um par de bermudas cargo, beges, e uma de tactel florida. Mesmo sabendo que, provavelmente ele vai me mandar engolir a última, não resisti. Ele pode até não sair com elas, mas farei com que use dentro de casa. Ele merece mais liberdade e conforto dentro da própria casa.  

Ele, como nunca fez antes, me ajudou com as compras e ouviu, atentamente, enquanto eu dava a direção dos lugares corretos para cada item. Nunca achei que o Ricardo pudesse ser tão prestativo.

—Depois que terminar de guardar as coisas aí, tenho umas coisinhas para você. –Avisei.

—Coisinhas para mim? –Perguntou, com curiosidade.

—É, umas bobagens que acabei comprando.

—Devo ficar assustado com isso?

—Não muito.

Nunca vi um homem guardar tão rápido assim as compras. Não conhecia muito esse lado curioso do Ricardo, mas acho que posso vir a gostar.

—E então? –Ele perguntou, impaciente.

—Estão na sala.

Eu fui para a sala e entreguei as bolsas para ele que logo abriu e fez uma careta para a sandália e a bermuda florida.

—Sério? –Ele perguntou.

—Seria bom que usasse isso.

—Eu não vou lutar nenhuma batalha bíblica para usar sandálias e muito menos viajar para o Havaí para vestir esse troço.

—Por favor?

—Não, Sofia, nem morto vou vestir esse negócio.

—E as outras bermudas?

—Posso fazer uma exceção. Eu costumava usar esse tipo quando tinha as duas pernas.

—A florida e as sandálias você pode usar aqui dentro de casa.

—E daqui a pouco você vai me vir com uma saia de palmeira e me fazer dançar a hula. –Resmungou.

—Por favor, eu comprei isso com tanto carinho. Se não vai usar, coloque ao menos para eu ver. –Pedi, o abraçando.

Ele resmungou algo que não entendi e demorou um pouco para retribuir o meu abraço e me dar um leve beijo no topo da cabeça.

—Só à noite quando estivermos sozinhos e não tiver o perigo de nenhum empregado me ver usando essas coisas ridículas. –Falou.

—Obrigada. –Falei, dando um caloroso beijo nele.

***

Seguimos o dia normalmente, eu limpando e arrumando a casa e o Ricardo correndo pela fazenda e consertando pequenos problemas. A única diferença agradável é que agora eu podia roubar um beijo dele sempre que ele aparecia para pegar água na cozinha e, preciso admitir, ele hoje parecia mais sedento que o normal. O Moacir não falou nada, mas era visível o seu sorriso por nós. Ele é um bom amigo.

Anoiteceu e chegou o horário do jantar. O Ricardo foi tomar banho e eu lhe lembrei das novas roupas. Ele fez uma cara meio rabugenta, mas não discutiu. Quando desceu, ele estava vestindo uma camisa social verde, calça jeans e nada de bermuda, mas, pelo menos, vestiu as sandálias. Na minha próxima ida ao mercado tratarei de comprar umas camisas mais simples para ele. Essas sociais são bonitas, mas não para dentro de casa.

—Acho que está quente para usar bermuda. –Comentei.

—Você não vai mesmo esquecer isso, não é?

—Não. E faço um trato com você: Vista a bermuda e amanhã faço Risoto de frango para o almoço.

—Inclua um bolo de cenoura nisso e fechamos.

—Fecho se você vestir a florida.

—Fechado, mas eu não vou dançar a hula e nem sair para fora com isso.

Ele saiu e voltou, depois de um momento, vestindo a bermuda. Tive que me segurar para não rir e ferrar com a fina confiança que ele estava. Ele não estava confortável com aquilo. Vi do jeito que ele se remexia na bermuda e, pela primeira vez, consegui ver a prótese por completo. Não era feia como ele tanto pinta. Apenas diferente.

—Você está bonito. –Falei.

—E você precisa de óculos. Me sinto ridículo com essas coisas.

—Mas está mais confortável, não está?

—Isso não posso discutir.

—Agora se sente aí que eu vou servir seu prato.

Ele se sentou, servi o prato dele e depois preparei o meu me sentei de frente para ele.

—Onde está o Moacir? –Ele perguntou.

—Da última vez que vi, estava no telefone, lá fora, conversando com a Mariana.

—Aposto que estava fofocando sobre nós.

—Estava.

—Eu mereço! Agora é que a Mariana não vai me deixar em paz.

Continuamos com o nosso jantar e, depois de um tempo, o Moacir se juntou a nós.

—A Mariana mandou um beijo para o casalzinho e disse que ela nunca foi tão feliz em perder uma aposta. Ela também mandou te perguntar, Sofia, se pode te chamar de tia Sofi. –O Moacir comentou, com um sorriso.

O Ricardo engasgou com a comida e eu segurei o meu riso.

—Ela pode me chamar do que ela quiser, Moacir.

—Perfeito! Ela vai gostar de saber isso.

O Jantar continuou num clima leve, mas, assim que terminamos e o Ricardo se ofereceu para lavar os pratos, o Moacir caiu na gargalhada ao ver o amigo de bermuda.

—Uma palavra e está na rua. –O Ricardo o ameaçou.

—Sem essa, Ricardo. Essa ameaça não funciona comigo. Vem cá, que par de velas é esse. Suas pernas não eram tão brancas assim. –Brincou.

—Moacir...

—Achei linda a estampa de sua bermuda. Não me lembrava que você gostava do estilo floral.

—Não gosto. Pergunte para a Sofia.

—Eu achei bonita e é mais confortável que as suas calças de jeans. –Falei.

—Minhas calças são confortáveis.

—Homem, o que uma mulher não faz. Nunca pensei que fosse vê-lo vestindo isso. –O Moacir brincou.

—Tá bom, se as madames já pararam de matracar, eu gostaria de uma boa alma para secar e guardar a louça.

Eu e o Moacir nos entreolhamos e seguramos o riso. Não falamos nada, mas nem precisava. Eu o entendia e ele me entendia. Chega de cutucar o Animal com vara curta por hoje. Eu sequei as louças e o Moacir guardou.

Trabalho feito, fomos para a sala jogar dominó. O Moacir recusou o convite e foi para o quarto dele. Eu e o Ricardo nos sentamos no chão, no tapete, e usamos a mesinha de centro como tabuleiro para o nosso jogo enquanto conversávamos.

—Preciso admitir, é mais fácil para se sentar no chão com a bermuda.

—Eu te falei, mas você é um homem teimoso para admitir.

—Não é teimosia, é o senso do ridículo.

—Senso do ridículo?

—As pessoas não estão acostumadas a ver uma perna mutilada e a outra cheia de cicatrizes.

—As pessoas são idiotas e eu não me importo de ver. Eu me importo com o seu bem estar, o seu conforto.

—Não precisa mentir, Sofia. Sei que isso não é bonito de ver, nem eu mesmo gosto de olhar.

Deus, dai-me paciência para aguentar as inseguranças desse homem! O Olhei um momento e fui para o seu lado, puxando suas pernas para o meu colo. Ele congelou, mas não me impediu de olhar para elas.

—Não vejo nada de errado com as suas pernas. Essas cicatrizes são a prova de quanto você é forte. –Falei, passando os dedos pelas marcas mais brancas em sua perna boa.

—Como não vê problema, Sofia? Eu sou perneta!

—Minto, eu vejo um problema.

—Eu vejo alguns.

—O único problema que eu vejo é essa brancura em que suas pernas estão. Um pouco de sol e um bronzeado iriam bem.

—Mulher, você é um desastre! –Ele reclamou e me puxou para mais perto para um beijo.

Homem difícil, mas, com paciência, sei que ainda vou domar esse ser que não passa de um Animal assustado e inseguro.

Continua.


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Notas finais do capítulo

Gostaram? Opiniões, críticas e sugestões sempre serão bem vindos. :)
Para adiantar: o próximo capítulo será um especial com o ponto de vista no nosso querido Moacir.
Obrigada por lerem.
Forte abraço e até mais!



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