Ainda Vou Domar Esse Animal escrita por Costa


Capítulo 31
Capítulo 31


Notas iniciais do capítulo

Fala gente! Tudo bem com vocês?
Mais um capítulo. Niver da Sofia. Espero que gostem. :)



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As coisas voltaram ao seu normal. O Ricardo voltou a se abrir um pouco mais, mas agora restringe suas conversas sobre História e evita falar sobre sua vida. Mas, apesar disso, estou feliz. Voltamos a cavalgar e a jogar dominó e xadrez. Já é alguma coisa. Também não vou forçá-lo a nada. Quando ele se sentir confortável, ele se abrirá comigo.

Hoje eu estou feliz. É meu aniversário. Faço 33 anos. Estou ficando velha e de cabelos brancos, mas que se dane, existe tinta de cabelo para isso. Nada me tirará meu bom humor. Fui acordada com a ligação do meu irmão e do meu sobrinho me desejando parabéns e, logo depois, dos meus velhos. Talvez, mais tarde, eu peça uma folga para o patrão para ir na casa dos meus pais comer bolo. Minha mãe disse que preparou o meu favorito.

—Que sorriso bobo é esse, Sofia? –O Moacir perguntou, ao entrar na cozinha.

—Estou ficando mais velha hoje, Moacir.

—É seu aniversário?

—É, 33 anos nas costas.

—Querida, por que não avisou?

Ele veio até mim, me desejando parabéns e me dando um forte abraço e dois beijos no rosto.

—Perdi algo? –O Ricardo apareceu e ficou nos olhando, com cara de bobo.

—Perdeu, homem. Que bom patrão é esse que não sabe quando é o aniversário da sua fiel empregada? –O Moacir brincou.

—É seu aniversário, Sofia? Devia ter avisado. Vá tirar o dia de folga. –Ele falou.

—Posso?

—Não acha que eu te deixaria trabalhar no seu aniversário, acha? Se tivesse avisado, podíamos até ter preparado algo. Aproveita também que vai tirar o dia de folga, pegue o meu cartão e passe no shopping para comprar algo para você.

—Seu cartão?

—Claro. Escolha algo que você goste como presente. Uma bolsa, sapato, roupa... Sei lá, não sei o que está na moda entre as mulheres. Não se preocupe pelo preço, o cartão tem um limite alto.

—Você me daria o presente que eu quisesse? –Perguntei, desconfiada.

—Contando que não for um carro, uma moto ou uma casa porque meu cartão não cobriria, sim. Basta escolher o que quer.

—Uma pintura sua.

Ele arregalou os olhos e o Moacir soltou uma risada alta.

—Uma pintura?!

—Até hoje você não me mostrou nenhuma e acho que esse seria uma boa forma de dizer se é um bom pintor ou não.

—Não, sem chance. Não vou pintar nada.

—Não precisa pintar uma exatamente para mim, basta me dar uma pronta que você já tenha.

—E que tipo de pintura você iria querer?

—Uma pintada por você.

Mais uma risada do Moacir e uma fuzilada de olhar do Ricardo para mim e para ele.

—Minhas pinturas não são presentes.

—Mas você deu uma para a Mariana.

Outra risada do Moacir e um resmungo indecifrável do Animal.

—O que você quer, Soafia? –Ele perguntou, sem paciência.

—Uma pintura sua. Só isso que eu quero. Agora, já que você me deu o dia de folga, irei me arrumar para passar na casa dos meus pais. Bom dia, Ricardo, Bom dia Moacir!

Sai de lá e ainda pude escutar o Moacir rindo e o Ricardo o xingando.

O resto do dia foi bom. Fui para a casa dos meus coroas e passei o dia inteiro na companhia dos meus pais, do meu irmão, cunhada e sobrinhos. Fiquei impressionada, meu irmão, mão de vaca, me deu um celular. Meus pais me deram algumas roupas novas, minha cunhada me deu um vestido tubinho, vermelho, que, segundo ela, é para seduzir meu coroa. Comi até não aguentar mais e ri muito também. Por ser meio de semana, minhas amigas e amigos não puderam comparecer, mas fico feliz que passei esse dia com minha família.

Agora, quase 11 da noite, estou chegando à fazenda. Meu irmão fez a gentileza de me trazer aqui, mesmo porque não teria ônibus a essa hora.

—Achei que você não voltava hoje. –O Moacir comentou assim que eu entrei.

—Eu iria voltar amanhã, mas meu irmão me trouxe. O patrão já está dormindo?

—Ele está pra mata desde de que você saiu. Só passou aqui para pegar alguns sanduiches e um pouco de café.

—Mata? Ele está pintando?

—Possivelmente.

—Será que é a pintura que eu pedi?

—Não sei. Ele me fez sair hoje para te comprar um presente. O meu eu deixei na sua cama, o dele ele queria que eu entregasse, mas eu não. Ele que tome coragem e te entregue o presente. Eu já fiz muito em ir buscar para ele.

—Vocês não precisavam ter se incomodado. Eu não quero nada, gente.

—Foi só uma lembrança. Vá lá ver se gosta.

Eu não pensei duas vezes e subi correndo as escadas. Como não poderia gostar? Era um rádio relógio. Agora poderei ouvir música antes de dormir. Esse presente veio mesmo a calhar. Não resisti e já liguei para testar. Funciona perfeitamente bem.

—Acho que acertei. –O Moacir falou, da porta.

—Acertou. Obrigada. –Falei, abraçando ele.

—Eu achei que você precisava de um pouco de som no seu quarto. Fico feliz que gostou.

—Gostei sim. Qual o presente do Ricardo?

—Isso é com ele, por falar nele, ele acabou de chegar. Se você descer na cozinha, ainda pega ele acordado.

—Eu vou lá.

—Boa noite Sofia e, novamente, feliz aniversário.

Eu desci correndo e até assustei o Animal. Ele estava mastigando um sanduiche com as sobras de carne do almoço.

—O Moacir falou que você queria me ver.

—É, eu pedi para ele te comprar uma lembrancinha.

Ele se levantou, caminhou até o armário e tirou um box de livros e me entregou. Don Quixote?

—Don Quixote?

—Achei que você pudesse gostar. Esse é um dos meu favoritos.

—Eu sempre quis ler, mas acho que não sou capacitada para uma leitura tão rebuscada, como você disse há um tempo.

Ele engasgou com o sanduiche e ficou pálido. Eu não esqueci o que ele falou quando tentei pegar esse livro da biblioteca dele para ler. Não estou mais brava, mas é bom torturar ele um pouco.

—Desculpe por aquilo, Sofia. Posso ter sido um pouco indelicado. Você é uma leitora mais que capacitada para isso. –Ele falou, um pouco envergonhado.

—Tenho treinado bastante, não é?

—Um pouco.

—Obrigada pelos livros, Ricardo. Muito gentil de sua parte por isso.

—Não foi nada. Depois vou querer saber o que achou.

—Quando eu terminar de ler, nós conversamos. Boa noite, Ricardo.

Eu iria me retirar, mas ele me chamou de volta.

—Sofia?

—Sim?

—Acho que não tive a oportunidade de te dar os parabéns hoje. Feliz aniversário.

Não sei se foi impressão minha, mas ele pareceu um pouco desconfortável lá, parado e me olhando. Se nossa convivência não estivesse meio estranha, eu arriscaria um abraço, mas me contentei em esticar uma mão para ele.

—Obrigada.

Ele, hesitante, segurou minha mão com as duas dele e, novamente, me desejou parabéns.

—Parabéns por ser quem é. Não mude nunca, Sofia. E que venham muitos e muitos anos para você. –Ele falou, antes de se inclinar e beijar as costas da minha mão. Antiquado, mas elegante.

—Acho que é melhor eu ir me deitar. –Falei, mais alto que um sussurro e ele soltou minha mão.

—Durma bem.

Sai de lá o mais rápido que pude e, assim que afundei no meu quarto, me permiti olhar para a minha mão no local que ele beijou. Ainda formigava em uma estranha sensação. Que merda está acontecendo comigo?  E que merda maior está acontecendo com ele? Esse cara vai me deixar louca. Uma hora foge de mim, na outra beija minha mão. Ele é totalmente contraditório. Espero um dia entender essa contradição que é o Animal.

Continua.


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Notas finais do capítulo

Uh, Ricardo está ficando atrevido, não? hehe
Espero que tenham gostado. Como sempre digo, se desejarem, deixem um comentário com a vossa opinião, criticas ou sugestões.
Obrigada por lerem.
Um forte abraço e até a próxima!



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