No Mundo Das Séries escrita por Biah Costa


Capítulo 29
Loucura


Notas iniciais do capítulo

Oiie!!
Gente obrigada por todos os comentários, vou responder a todos assim que eu tiver tempo (o qu vai ser provavelmente amanhã). Espero que gostem desse capítulo com a galerinha de Central City!
Enjoy!
PS.: Para quem estiver confuso, na história, "The Flash" ainda está no segundo episódio da primeira temporada, enquanto Arrow está indo para a sua terceira temporada.



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Após algumas semanas morando em Central City, eu havia percebido algo: meus pesadelos haviam parado. Nas primeiras noites eu ainda tinham alguns deles, mas não eram exagerados. Eu apenas tremia um pouco o apartamento e quebrava alguns pratos. Os vizinhos não perguntavam, porque eles tinham seus próprios afazeres.

Escolhi uma região perigosa de propósito. Em regiões assim, as pessoas nunca perguntavam quem você era porque não queriam que as perguntassem também. Tinha quase certeza de que o meu vizinho trabalhava para a máfia, mas eu não iria perguntar. Também tive muita sorte por ninguém ter me reconhecido. Em Nova York, na cidade, teriam me reconhecido de primeira. Mas isso apenas porque nossos rostos estavam em quase todos os outdoors.

Eu havia conseguido um emprego em uma cafeteria no centro. Eu era balconista e recebia um salário que pagava o meu aluguel. Estava deixando o dinheiro na conta para algo mais importante.

Andava devagar pelas ruas, para observar cada contraste da cidade. Tão diferente de Nova York, tão diferente de Starling City. Era daquilo que eu precisava: algo novo, algo diferente. Uma cidade longe do caos dos super-heróis. Pelo menos enquanto Barry estivesse em coma, as coisas estariam normais. Olhei para o céu. Faltavam apenas três meses para que eu completasse um ano longe do meu mundo, da minha vida.

Suspirei. Continuei a andar. Já conseguia avistar a cafeteria. Estava atravessando a rua quando senti um vento muito forte passar por mim. Estranhei e olhei para os lados, mas não havia nada lá, então continuei no meu caminho.

Já na cafeteria, estava atendendo todos os pedidos enquanto observava a notícia de um incêndio na rua Western com a terceira no centro. Senti vontade de simplesmente voar para lá e ajuda-los. Mas não sabia se conseguiria controlar meus poderes para fazer alguma coisa.

— Aqui está o seu café – entreguei para a mulher impaciente. – Bom dia.

Ela me deu um sorriso falso e entregou o dinheiro. Como não havia troco, ela saiu da cafeteria. Pessoas assim, estragavam meu dia. Continuei a atender os clientes até a minha hora de almoço. Então almocei em um restaurante mexicano próximo aonde eu trabalhava. As pessoas pareciam estranhamente felizes. Queria me sentir assim também.

Um casal de namorados estava abraçado. A garota sorria para o namorado que acariciava seu cabelo. Os dois trocavam beijos entre uma conversa e outra. Senti uma pequena inveja deles. Eles tinham alguém e eu... ninguém. Acho que havia me acostumado a estar com alguém.

“Como vou contar para ele que eu estou grávida?”

Olhei ao meu redor, tentando descobrir quem havia falado aquilo. Não havia ninguém perto de mim. Nenhuma mulher, pelo menos. Estranhei. Terminei o meu almoço e o paguei. Voltei a pé para o meu emprego.

A cafeteria estava vazia em vista a como estava cheia mais cedo. Mesmo assim, o Jitters não era um lugar que ficava totalmente vazio. Era aquele tipo de lanchonete onde você iria com os seus amigos apenas para passar o tempo ou comer alguma coisa.

Eu não era muito amiga das outras garçonetes e garçons. Na verdade, eu quase não falava com ninguém naquela cidade. A única pessoa com quem eu trocava algumas palavras era uma garçonete que também era nova na cidade. Seu nome era Kendra Saunders. Mas nós não erámos amigas ou algo do tipo. Erámos apenas conhecidas, colegas de trabalho.

— Sua vez de almoçar, pode deixar que eu atendo o resto – disse a ela.

Ela sorriu para mim, agradecida.

— Obrigada, você é a minha heroína. Estava morrendo de fome – ela disse, enquanto tirava seu avental.

Assenti, com um sorriso leve. Não era a heroína de ninguém. Nunca fui. Mas não iria dizer aquilo para ela.

— Próximo – disse, esperando o próximo cliente da fila.

Olhei para baixo, para organizar alguns copos de papel que estavam no balcão.

— Lucy? – Olhei para cima ao ouvir meu nome.

Era Barry. Droga. Droga. DROGA. Eu só havia ido para Central City por aquele idiota deveria estar coma. Por que ele não estava?!

— Oi Barry – dei um sorriso forçado.

— O que... quer dizer... você não deveria estar salvando o mundo? – Ele perguntou.

— Salvar o mundo? – Ouvi uma voz masculina falar atrás dele. Então, Cisco Ramon ficou ao lado de Barry. – Não sei se você entendeu bem o ponto de ter uma identidade secreta e tal...

 Ele parou de falar quando me olhou. Ele havia me reconhecido. Eu sinceramente pensei em correr porque ele pareceu que ia ter um ataque.

— Você... você... você... – ele começou a gaguejar.

— Por que você está aqui? – Barry perguntou, ignorando o amigo.

— É complicado – notei que as pessoas começavam a nos encarar. – Podemos falar sobre isso outra hora em outro lugar?

Ele assentiu.

— Sabe onde ficam os laboratórios Star? – Ele perguntou e eu concordei. – Passa lá depois do seu turno.

Entreguei para ele seus cafés e ele arrastou Cisco para fora do lugar. Droga, se Barry já estava acordado, aquilo significaria que logo os meta-humanos começariam a aparecer e eu estaria em uma situação complicada novamente. Mesmo assim, continuei a distribuir os pedidos e a trabalhar normalmente.

(...)

— Você é tipo uma Vingadora! – Cisco exclamou pela terceira vez.

Desde que eu havia chegado nos laboratórios Star, ele estava tendo uma série de ataques. Definitivamente, ele era o meu personagem favorito de Flash. Depois do Barry, é claro.

— Mas por que você não está com os Vingadores? – Caitlin perguntou, observando de longe o ataque de Cisco.

— É complicado – suspirei.

— Mais complicado do que ser atingido por um raio, ficar em coma por nove meses e depois acordar com super-velocidade? - Cisco perguntou.

— Pode apostar que sim – dei risada.

— Allen, o que... – O doutor Wells entrou no laboratório.

Ele ainda estava na sua cadeira de rodas, então presumi que ele era o Flash Reverso. Claro que eu não mencionei nada porque não queria estragar as minhas chances de voltar para casa. Não as arriscaria. Não mesmo.

— Quem é você? – Ele perguntou, passivamente.

— Ela é tipo a Fênix, a super-heroína! – Cisco começou a ter outro ataque.

— A vingadora? – Wells perguntou.

Assenti.

— Bom, bem-vinda aos Laboratórios Star, mas devo dizer que estou um pouco curioso quanto ao que você está fazendo aqui – ele confessou.

Se eu não soubesse que ele havia matado a mãe de Barry, nunca diria isso. Ele parecia tão simpático e acolhedor, apesar de ter um tom sombrio.

— Eu decidi que os Vingadores não eram as pessoas com quem eu devia estar – olhei para Barry. – Ainda estou tentando arranjar um jeito de voltar para casa.

— Voltar para casa? – Caitlin perguntou. – Precisa de dinheiro para a passagem?

Soltei uma leve risada, por causa de sua ingenuidade.

— Se você conhecer alguma agencia de viagens que faça uma viagem interdimensional, me avise por favor – falei, irônica.

— Interdi... Você é tipo, de outra dimensão? – Cisco falou. – Irado!

 Sorri. Eles realmente não me faziam sentir como se eu fosse um monstro.

— Isso é realmente impressionante – Wells me analisava.

“Quero casar com você”.

— Ok Cisco, nós já entendemos – dei risada.

Caitlin franziu as sobrancelhas.

— Eu não falei nada – Cisco disse.

Olhei para ele, estranhando seu comentário.

— É claro que falou. Você disse “quero casar com você”. Nós ouvimos – falei, mas isso só fez com que eles me olhassem ainda mais como louca. – Não ouvimos?

Não obtive respostas. Caitlin olhou para Cisco, que olhou para Barry, que olhou para Wells, que olhou para mim. Aquela troca de olhares estava me matando.

— Eu não disse nada – Cisco explicou. – Eu pensei.

— Como assim, “pensou”? Eu ouvi você dizendo – estava ficando desesperada.

Ele pensou, assim como eu estou pensando” olhei para Wells que não estava falando coisa alguma, mas eu conseguia ouvir sua voz na minha mente “e você está ouvindo”.

Sinceramente, comecei a entrar em pânico. Eu estava ouvido os pensamentos dos outros. Eu literalmente conseguia ler mentes.

— Isso é loucura – sussurrei. – Isso é...

— Tudo bem? – Barry perguntou.

Olhei para ele. Ele estava realmente preocupado.

— Sim está – eu disse, mentindo. – Preciso ir.

— Você não acha melhor ficar e fazer alguns exames? – Caitlin perguntou.

— Não – olhei para o chão – Por favor, não me faça sentir mais louca do que eu já sinto. Eu vejo vocês depois.

Sai do lugar antes que alguém pudesse me impedir. Não que eu conseguisse ser mais rápida do que Barry ou algo assim, mas eu precisava muito ficar sozinha.

(...)

Eu não conseguia dormir. Mais uma vez eu não conseguia dormir. Eu podia ouvir cada pensamento de cada pessoa naquela cidade. Cada pensamento. Tudo. E eles não paravam de pensar, eles não paravam nem por um segundo. Eu estava tão cansada, mais não conseguia pregar os olhos. Era como se eu estivesse em uma multidão e todos estivessem gritando seus desejos mais profundos ao mesmo tempo. E não parassem. Ficavam repetindo.

Olhei pela janela, deixando uma lágrima escorrer. Doía. Doía demais. Era como se, além de falar, todos estivessem pisando no meu cérebro ao mesmo tempo. Eu só queria que eles parassem, queria tanto que aquela dor diminuísse.

Mas ele não me entende”

“Eu traí ele”

“Preciso comer menos”

“Vou criar uma conta falsa”

“Ela vai me amar, eu sei que vai”

“Não faça isso John, não é saudável”

Eu sabia de todas as histórias. Todas. Todos os segredos e todas as coisas ruins. Como eu queria que aquilo parasse.

Lucy”

Olhei para a porta, limpei as lágrimas e esperei que alguém batesse. Assim a pessoa o fez. Não andei até ela para abrir, apenas usei a minha telecinese. Era Barry.

— Oi – ele fechou a porta atrás de si, deixando o apartamento escuro, sendo iluminado apenas pela luz da cidade lá fora. – Eu estava passando por aqui e vim ver como você estava.

Olhei para ele.

— Não, não estava. Wells pediu que você viesse aqui – o desmenti. – Eu leio mentes agora. Mais uma de minhas incríveis habilidades – ironizei.

Ele suspirou. Para ele, o apartamento estava em silêncio, para mim, parecia que estávamos em uma passeata onde todos usavam alto-falantes. Ele se sentou na cadeira à minha frente e ficou observando a cidade comigo.

— Acho que você está passando por muita coisa agora, não é? – Ele se recostou na cadeira.

— Não precisava fazer isso Allen – suspirei. – Não preciso de compaixão. Preciso de uma bala no meu cérebro para que eu consiga dormir.

— Não fala assim – ele disse. - Só tem que achar um jeito novo de viver. Só porque é uma vida diferente, não quer dizer que seja pior.

— Não é assim que eu vejo – olhei para ele. – Muita coisa aconteceu comigo desde que você entrou em coma, não sei se ficou sabendo. Nova York, Washington DC, Sokovia... Barry, por onde eu passo, tudo o que acontece é destruição – suspirei, tentando segurar a lágrima que insistia em cair. – Eu não simplesmente saí dos Vingadores, sem motivo algum. Eu saí, porque estava destruindo as coisas. Eu sou como uma bomba atômica. Acho que é a minha função afastar as pessoas de mim para que elas não se machuquem.

Ele não disse nada. Apenas voltou seu olhar para a janela. A cidade, que antes eu considerava calma, estava tão barulhenta. Tão irritante. Queria apenas gritar para que todos parassem de falar.

— Oliver não está mais te ajudando? Antes de eu entrar em coma, vocês moravam juntos, não é? – Ele perguntou inocentemente.

Suspirei. Lembrar da época em que as coisas eram mais fáceis me fez sentir uma pequena nostalgia. Algo tão bom.

— Oliver tem seus próprios problemas – respirei fundo. – Além disso, não é e nunca foi obrigação dele estar ali para mim quando eu precisasse.

— Achei que vocês eram amigos.

— Eu também – suspirei. – Eu também...

— Talvez – Barry suspirou – ele apenas esteja ocupado. Você sabe como é, ser um super-herói não é fácil. Você tinha uma equipe. Oliver tem apenas Felicity e Diggle.

Olhei para ele.

— Não estou falando nada – fui um pouco arrogante. – Oliver não se importa e está tudo bem, de verdade.

Ele ficou em silêncio, como se ponderasse algo. Eu olhei novamente para a janela, ouvindo cada pensamento. A noite parecia se arrastar. Peguei-me pensando em como tudo era mais fácil antes de Steve e eu começarmos a namorar. Antes do beijo falso que Oliver e eu demos. Naquela época, eu sabia que ia demorar para voltar. Mas realmente não sabia que demoraria tanto tempo assim.

— Sabe, eu sou apaixonado por uma garota desde que eu tinha onze anos – ele tornou a falar. – Nunca foi fácil estar apaixonado por sua melhor amiga, mas o meu caso é especial porque, além de ser minha melhor amiga, ela é quase uma irmã para mim. Então eu sofro sozinho, por um amor que nunca vai acontecer.

— E o que isso tem a ver comigo? – Perguntei, impaciente.

— Achei que fosse óbvio – ele franziu a sobrancelha, confuso. – Você e Oliver estão apaixonados um pelo outro.

Ri. Mas não foi uma risada com vontade. Foi uma risada sarcástica. Aquela era uma piada realmente sem graça.

— Acho que você está me confundindo com a Felicity – suspirei. – Pode acreditar, Oliver e eu estamos tudo, menos apaixonados um pelo outro.

— Só porque você não aceita um sentimento, não quer dizer que ele não está lá – ele se recostou na cadeira, fazendo com que meus olhos se voltassem para os seus.

“Talvez” pensei.

“Bom, pelo menos agora você sabe que também pode se comunicar com as pessoas através de pensamentos” ele sorriu.

Olhei para ele com um sorriso triste.

— Eu tenho que ir – ele suspirou, se levantando. – Mas, se servir de alguma coisa, você deveria acertar as coisas com os Vingadores. Afinal, você é parte da equipe, não é?

Suspirei. Ele tocou em meu ombro, enquanto segurava seu casaco. Olhou bem fundo nos meus olhos e eu retribui o olhar.

— Obrigada – disse, baixinho. – Por ser um amigo – repousei minha mão sobre a sua.

Ele sorriu, docilmente. Então saiu pela porta, me deixando sozinha com os meus e os pensamentos de todas as pessoas próximas a mim. Definitivamente, minha estadia em Central City havia acabado. Se eu queria me afastar dos super-heróis, não podia ficar em uma cidade onde eu sabia que Barry se tornaria um grande super-herói.

Era hora de me mudar novamente. E eu já havia decido um lugar, como minha segunda opção, caso algo desse errado em Central City. Dessa vez, não havia como errar. Eu não me lembrava de nenhum super-herói que fosse daquele lugar. Hell’s Kitchen seria um lugar melhor.


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Notas finais do capítulo

E então? Sei que o Barry não teve uma participação enorme, mas acreditem em mim, ele teve uma participação importante! Ansiosos para ver a galera de Hell's Kitchen??



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