Marina Mattedi - Suécia.

Marina sempre morou no mesmo país, mesma casa, mesma cidade. Nunca gostou da ideia tola de participar da Seleção. Nem tão pouco se interessou na probabilidade de se tornar a futura rainha de sua nação. Ela só topou participar da Seleção por conta da insistência inflexionista da mãe.

— Querida, hoje é o seu grande dia. - a voz da mulher novamente interrompeu sua leitura silenciosa. Ela odiava ser interrompida enquanto lia.

— Mamãe, eu sinceramente não acredito nessa ideia tola de sorteio. - reviro um pouco os olhos. - Na minha opinião eles escolhem quem querem e uma plebeia como eu nunca vai se dar bem com milhares de princesas ricas no meio. - eu respondi, sem tirar os olhos do livro.

— Eu tenho rezado. Estou otimista. - falou para mim. - Veremos em breve. O resultado saí daqui algumas horas.

Coloquei uma mercha ondulada do meu cabelo preto atrás da orelha.

— Você é realmente bonita. O príncipe ira concordar - disse minha mãe.

— Beleza não é tão importante assim. - respondi fechando o livro com certa irritação. - Prefiro ser inteligente e feia do que burra e linda. A sociedade decide o que quer, eu também tenho esse direito. Não posso sair maquiada  na rua simplesmente porque os padrões exigem. E se ele for idiota o suficiente para se casar com alguém por conta do superficial, repetindo, é um idiota. 

— beleza é importante sim quando se deve governar um reino. - retrucou ela.

Fiquei calada. Não queria brigar, estava farta daquele assunto bobo.

FLASH BLACK

— Seus cabelos ficam tão bonitos quando estão ondulados - elogiou mamãe depois de uma hora trabalhando em meus cachos. Ela levou seu dedo aos meu delineador e tirou dali algum defeito invisível. - pronto. Está perfeita!

Eu bufei. Dentre algumas horas teria o meu rosto copiado em uma foto que seria mandado para as mãos de guardas do palácio. Já odiava aquele vestido incrivelmente justo, mas tirar fotos é algo que eu não gostava muito mais.

Bianca Leonor - Canadá.

— Bia. - Chamou Anne pela décima quinta vez. Ok, já estava ficando irritada.

— Fala. - respondi.

— Você vai realmente participar da Seleção? - perguntou a pequena, docemente.

— Isso vai depender caso o meu lindo nome saía no sorteio. - eu disse, enrolando uma mecha de cabelo castanho no dedo.

— Bem, então caso você saía...

— Caso isso aconteça vou usar esse meu corpinho divoso pra seduzir o príncipe. - ri pelo nariz.

Anne rolou os olhos, aquela garotinha tinha um ar maduro o suficiente para considerar um ato bobo incrivelmente tediante ou débil. 

— E se ele te escolher como esposa? - quis saber.

— Acho bem difícil, mas, claro que depois disso vou ser obrigada  a assumir o trono e me tornar   rainha. Vou criar uma lei para que as Segundas-feiras sejam abolida se que as folgas durassem pelos menos quatro vezes por semanas. - eu falei para ela.

— Vai ser bem fofo! - comentou Anne. - se casar com o príncipe da Suécia, queria ter a mesma sorte e participar também.

— Romances não são fofos. São fúteis e bobos - reprovei. - O amor me dá vontade de vomitar. - fingi enfiar o dedo na garganta.

Anne pareceu um tanto incomodada e saiu andando vagamente.

Kian.

Encontrei minha mãe e Amber cercada por profissionais. As duas tagarelavam sem parar, obviamente bem-dispostas. Era interessante ver o quanto Amber se parecia com a mamãe, os mesmos fios ruivos, os mesmo olhos verdes e bondosos, o mesmo rosto fino e a mesma boca fofa e macia.

— Amber está adorável. - eu entro no meio da conversa.

Minha irmã trajava um vestido verde esmeralda que combinava perfeitamente com os seus olhos. Ela sorriu agradecida.

Papai se aproximou comendo as beiradas das unhas. Era uma de suas maiores manias e certamente eu já estava acostumado com aquilo.

Jazíamos em um ambiente cheio de câmeras, então precisávamos agir formalmente.

A família real - nós - nos levantamos  e nos dirigimos as câmeras. Meu pai começou a falar sobre o futuro da nossa nação e a verdadeira importância que a Seleção trazia ao país. Mamãe foi realmente exemplar, comentou alguns fatos que ocorreram durante a preparação do evento e finalmente, Amber, que veio para mostrar o quanto estava animada para receber as garotas durante a competição.

Era minha vez. Me levantej da cadeira e me dirigi a uma mesa cheia de envelopes com informações de cada menina. Essa noite seria importante para elas.