Keep u Safe. escrita por Liids River


Capítulo 4
Open.


Notas iniciais do capítulo

Oláa pessoal ♥
eu disse que voltaria
esse capitulo foi muito rápido,me peguei escrevendo e depois eu levei um susto porquê não "coube" coisas que deveriam
Então vou enfiar tudo no próximo e ver como que sai
suhsush
obrigada pelo carinho
e
bem
vamos



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Eu gostaria de dizer que estava tudo bem.De que eu não queria estrangular nosso....meliante.Que estava tudo normal enquanto caminhávamos a procura de um lugar para passar a noite e de que desde que saíamo do supermercado,a atenção de Annabeth ainda estava completamente em mim.

Mas eram mentiras,e eu estava muito,muito irritado.

Quando saímos do mercado,estava ventando muito e tudo o que eu queria era um banho de água quente e uma cama.

Deuses,como eu sentia falta de uma cama e de água quente. Minha fome já não era a mesma e isso se dava ao fato de meu estômago ter embrulhado depois de ver como Annabeth se abria para Nico de uma forma que ela não fez comigo.

Isso porquê temos um mês,duas semanas e três dias juntos.

O rapaz chegou em menos de quatro horas,e eu não duvido nada de que ele já saiba o período menstrual dela.

Ambos caminharam na frente atentos,porém ainda trocavam palavras e sorrisinhos idiotas. Devolvi a arma para o garoto para o caso dele querer dar um tiro na própria cabeça. O que? Eu certamente não impediria.

Impediria sim.

Cala a boca.

Annabeth segurava a minha arma com maestria e parecia muito tranquila por andar conosco. Depois de sairmos do mercado,eu estava evitando ficar trocando olhares com ela e essas coisas. Eu não queria que ela visse o quão chateado eu estava.

Talvez...no fundo – mas bem lá no fundo. Bem no fundo mesmo – eu estivesse feliz de estar levando Nico conosco. Ele parecia realmente cansado e com fome,e eu não suportaria que ele morresse por minha causa.Também não suportaria que ele morresse por uma coisa tão banal.

Ela andava tranquilamente e de vez em quando olhava pra trás – para mim – mas eu desviava o olhar para os lados como se tivesse visto alguma coisa,e então ela voltava a olhar para frente. E Nico alheio a tudo – pelo menos isso – ou não demonstrava perceber.

– Então...vocês estão andando em círculos esse tempo todo? –ele murmurou provavelmente retomando alguma conversa que tivera com ela enquanto eu debatia comigo mesmo se deveria ou não me meter.

– É...basicamente isso – ela sussurrou.

–E vocês não teem ideia de como sair dessa?

–Não.

–Isso é....bem difícil,eu imagino – ele pigarreou. – Eu estou procurando algumas pessoas.

–Interessante – ela o olhou – Seus pais?

–Também – ele sorriu – Eu acredito que eles ainda estejam vivos....são policiais.

Balancei a cabeça. Para um cara com pais policiais...ele me parecia bem burro de coçar a nuca com o cano da arma destravada.

Ou muito auto confiante. E você não suporta isso.

Cala essa boca.

–Se vocês quiserem...me acompanhar,vocês sabem – ele se dirigiu para mim,mas eu fingi que estava muito ocupado analisando as casas ao redor.

Alguma coisa ali me parecia muito familiar. Mas todas as ruas até o limite de North Brother Island são muito parecidas.Até aquele outro limite da cidade,aquele onde tivemos a cabana de madeira.

Nunca tinha conhecido aquele lugar antes.

–Seus pais sabem a cura disso? – Annabeth perguntou.

–Bem...não –ele riu.

–Então você só está indo encontra-los para que possam andar em círculos juntos,Nico –ela murmurou sem olhá-lo – É o mesmo que estamos fazendo,com a diferença de que você tem a família.

Annabeth pigarreou e parou de andar por um momento,olhando para mim fixamente. Desta vez,não me atrevi a desviar o olhar dos olhos cinzentos. Parecia sincera e assustada,mas confiante e queria....em,parecia querer me mandar uma mensagem via pensamento.

Mas não é sempre que eu consigo decifrar o que ela quer dizer com apenas um olhar.

Nico olhou para nós dois por um momento e riu baixinho.

–Eu entendo.

Passei na frente dos dois,andando sem me importar de ter perdido aquele joguinho de ficar encarando um ao outro. Eu estava bravo,irritado,furioso.

Mas também estava com fome e sono. E com coceira.

Eu precisava tomar um banho...nem que fosse gelado.

As casas estavam sombriamente vazias,e por ser umas seis da tarde,eu já estava começando a ficar preocupado com a escuridão. Eu disse no inicio disso tudo que estar nas ruas,no escuro.....era uma das coisas mais perigosas que poderia acontecer.Duas casinhas cheias de marcas de sangue nas portas me deu a impressão de que já estive aqui. Era uma das ruas sem muitas árvores,mas isso não significava nada. As coisas lá fora não teem preferência de lugares para atacarem as pessoas.

Olhando o jardim de uma das casas,me deparei com um choque de onde estávamos.

Ótimo. Que ótimo.

–Eu não tenho ideia de onde nós podemos ficar – Annabeth sussurrou – Tudo aqui parece meio...mórbido.

A casa do Sr.Hampton continuava do mesmo jeito.Ele sempre foi um charlatão metido a riquinho.

Eu espero que ele tenha morrido.

–Eu tenho –sussurrei,indo em direção à minha antiga casa.

Aquela em que eu vi meu pai comendo o estômago da minha mãe no sofá.

Andei diretamente para o meu jardim. As coisas estavam bagunçadas ali....se minha mãe estivesse aqui,ela teria muito o que reclamar. A cerca de madeira branca estava caída no gramado. O pequeno balanço na árvore mais baixe estava jogado no chão. A calçada estava coberta por sangue seco,mas nada disso importava muito.

No topo da escada de três degraus para entrar em casa,ainda havia aquele tapete.

“You shall not pass!” e a foto do Gandalf do lado. Meu pai tinha um ótimo senso de humor.

–Percy...? – Nico mumurou,olhando-me assustado.

–É a minha casa – sussurrei,terminando de subir o último degrau e pisando no tapete – É a minha antiga casa...eu digo.

Annabeth estava com os olhos arregalados e pelo choque,abaixou a arma e olhou para mim. As bochechas rosadas por conta do frio. Ela era tão bonita.

Se mamãe estivesse aqui,ela concordaria comigo.

Mas ela não está.

Você não deveria ficar aqui.

–A gente procura outro lugar – ela sussurrou – Vamos.

–Não – balancei a cabeça,pigarreando logo em seguida – Eu....eu gostaria de dormir em lençóis conhecidos pelo menos uma vez.

Nico coçou a nuca novamente,e cruzou as mãos permanecendo em silêncio.Annabeth olhou para ele,bufando e subindo os degraus até mim.Colocou a arma na cintura,e se aproximou o bastante para que eu pudesse sentir o cheio dos seus cabelos. Levantou a cabeça,e entrelaçando os dedos nos meus,sussurrou :

–Você não precisa fazer isso.

– Você não quer ficar? –perguntei apertando seus dedos.

–Não....não se isso for difícil pra você. E eu sei que vai ser – ela ficou na ponta dos pés para beijar a minha bochecha – Vamos procurar outro lugar antes que fique escuro. Precisamos descansar e ....- ela desviou os olhos inquietos para Nico - ...alguns de nós precisam desesperadamente se alimentar.

Soltei seus dedos e franzi a testa confuso.

–Eu quero ficar – falei ouvindo minha própria voz falhar . Pigarreei e suspirei – Você pode procurar outro lugar pra ficar....não precisa ser precisamente aqui. – mordi o lado de dentro da minha boca,evitando revirar os olhos toda vez que ela olhava para Nico – Agora que sabe se cuidar,vai cuidar dos outros.

Annabeth virou a cabeça de lado,tanto pelo meu tom hostil quanto porquê ela queria parecer adorável e me deixar com muita raiva caso ela fosse mesmo me deixar e procurar outro lugar com Nico.

Tenho certeza absoluta que ela sabe os efeitos que tem sobre mim.

– Se você for começar a agir feito um babaca de novo,talvez eu vá mesmo – murmurou baixo,mas naquele tom de urgência.

– Então vai. –desafiei,arqueando a sobrancelha esquerda.

– Vou te dar um desconto porquê estamos em frente a sua antiga casa – ela se levantou na ponta dos pés de novo,e olhou diretamente nos meus olhos – Mas se você ousar falar comigo desse jeito de novo,eu acabo com você.

– Você e quem? Seu exército de anões? – perguntei sarcástico,apontando com a cabeça para Nico.

–Eu e a minha habilidade com tacos de baisebol –ela apontou o dedo pra mim. – Você só tem desconto hoje.

–Eu não quero a sua pena,Annabeth – resmunguei – Nem a de ninguém.

Ela suspirou e balançou a cabeça impaciente. Levantou as mãos para o céu,como se esperasse que um intervenção divina fosse acontecer. Levantou os olhos de novo pra mim,e de repente me deu um sorriso tímido.

–Pra sua sorte....eu sou Ninguém.

Maldita.

Ela sabia exatamente o que dizer.

–Bom...- pigarreei, afastando-me dela. Só...só a presença dessa garoto maldita me deixava sem ar. Eu me sentia um asmático perto dela. - Se você não se importa....eu preciso ir pra casa.

Joguei o vaso de flores da pilastra esquerda da casa no chão,quebrando-o. Mamãe ficaria um fera se visse isso,mas a chave exta da casa estava embaixo dele e se eu me lembro bem....eu tranquei a porta de casa quando saí da última vez.

Há quatro meses e meio atrás.

E sim,eu poderia apenas pegá-la e deixar o vaso no lugar de novo. Mas não tinha razão o suficiente para manter tudo limpo e organizado de novo.

Mamãe não estava mais aqui. Ninguém estava.

Quando a abri a porta de casa,a poeira voou e me fez querer dar risada. Ela ficaria doida se visse a sujeira acumulada nos móveis. Ela sempre gostou de tudo devidamente limpinho.

A casa era pequena,mas era o lugar mais aconchegante que eu poderia imaginar passar a noite de hoje. A sala de estar estava ali,com a bagunça que eu mesmo havia deixado. Depois que eu desci do sótão com Paine,e me livrei do que restara dos meus pais,eu simplesmente queimei o sofá de casa,então havia apenas um grande vazio lá. E uma poltrona velha.

A poltrona velha dele. Eu me lembro de descer e ir pra faculdade e ele estar lá lendo o jornal,como se fosse um cara normal,e não um engenheiro que fazia armas para o exército.

Eu sentia mais falta deles do que eu jamais poderia imaginar.

A mesinha de centro estava com a xícara preta em cima ainda. A televisão desligada – e por mais que tivesse energia – ela continuaria daquele jeito. Os quadros na parede – os quadros dela na parede – os porta-retratos na estante.

Senti a mão de Annabeth na minha e apertei com força.

–Eu estou aqui – ela sussurrou,e olhou-me nos olhos mais uma vez – Não vou pra lugar nenhum.

E eu quase tive certeza de que poderia enfrentar aquilo.

–E eu também! – Nico sorriu com entusiasmo,fazendo-me rir verdadeiramente da sua idiotice – Olha só....ele ri!

Fechei os olhos balançando a cabeça em negação,porém rindo.

–Idiota – baguncei seus cabelos – Vamos entrar.Mi casa,su casa.

–x-

Enquanto Annabeth fazia o jantar e Nico tomava banho no banheiro de casa,eu subi só para ter certeza de que não havia mais ninguém – ou coisa. O quarto dos meus pais estava arrumado,e eu quase podia vê-los deitados ali,principalmente no dia dos pais quando nós entrávamos sem avisar e fazíamos a festa na cama deles.

Não vá até lá,Percy.

O quarto de Paine estava uma bagunça,mas eu mesmo havia feito aquilo então nada de estranho. Quando partimos,eu precisava ter certeza de que não esquecera nada. Se eu ia cuidar da minha irmã,eu precisava ser mais atento.

Pena que isso durou duas semanas e meia,até eu falhar miseravelmente nisso.

Fechei a porta e caminhei até o meu quarto.

A primeira coisa que eu fiz foi me jogar na minha cama empoeirada. Os lençóis azuis estavam do mesmo jeito de quando eu parti. A parede repleta de pôsteres de bandas e filmes. Minha estande de livros da faculdade arrumada –porém empoeirada até umas cinco ou seis camadas de poeira.A mesinha do computador repleta de folhas com testes da faculdade. A minha jenal estava fechada,mas eu me lembro de espiar a minha vizinha bonita de vez em quando,aos sábados de manhã principalmente e ela sabia disso,porquê sempre ria da minha cara envergonhada quando me pegava olhando-a. Ela era um garota muito bonita. Tinha cabelos escuros e os olhos castanhos,mas.... agora ela não me parecia nada nada atraente.

–Ei – ouvi a voz suave da porta. Olhei para Annabeth,agora com as roupas limpinhas. Usava um jeans preto e uma camiseta cinza que realçava seus olhos. Estava usando a blusa que eu havia pegado na Marshalls,mas ela estava machada.Por mais que Annabeth não parecesse se importar,não parecia certo.

Ela havia saído do banho,não deveria estar vestindo aquela blusa.

–Oi – sussurrei – Venha cá. Eu posso te dar outra blusa.

–Eu nem estou com tanto frio assim –ela coçou a nuca,envergonhada – Eu não me importo de ficar com essa,de verdade.

– Eu me importo,docinho – brinquei,sentando-mena beirada da cama e chamando-a com a mão – Ali,terceira porta –apontei para o meu armário – Pegue o que quiser.

Annabeth sorriu,e eu reparei em seus pés calçados apenas pelas meias azuis da sessão infantil da Marshalls. Ela era tão pequena que praticamente tudo que ela havia pegado era da sessão infantil.Ela veio calmamente até mim,as mãos cruzadas em frente ao corpo,o cabelo úmido.

– Eu adoro quando você finge que tá tudo bem só pra não me preocupar – sussurrou,quando chegou de frente para mim.Encaixou-se entre as minhas pernas e bagunçou o meu cabelo com as mãos. Deitei a cabeça em seu colo,recebendo o carinho. – Mas vamos esquecer isso por hoje,tudo bem? Eu preciso que você me diga se for demais para você suportar.

Eu gostava quando ela mexia no meu cabelo.

–Isso não vai acontecer – sussurrei teimoso, rodeando sua cintura com meus braços.

– Você precisa dizer – ela riu – E então nós pegaremos as nossas coisas e sairemos.

Levantei a cabeça,olhando em seus olhos cinzentos limpos e sinceros.

–Mesmo se for tarde da noite?

–Mesmo se for tarde da noite – concordou,afastando-se e indo até a terceira porta.

Ela era pequena,tinha a cintura fina,mas os seis medianos. As penas proporcionais e eu poderia passar o resto do meu tempo olhando para o seu corpo.E para o seu rosto.

E para ela toda.

Annabeth pegou uma blusa de moletom com capuz estupidamente grande demais para ela,e puxou por sobre a cabeça. Era vinho e eu me lembro usar essa blusa umas duas vezes.Era das novas,antes de isso tudo acontecer...minha mãe quem comprou.

Ela puxou até o meio das coxas e riu divertida,colocando uma mão na cintura e a outra no cabelo fazendo pose.

– Como eu estou?

– Ridícula – brinquei,mexendo nas minhas unhas.

–Idiota – revirou os olhos,puxando um papel do bolso da blusa – Olha só.... temos um teste aqui no bolso – ela se concentrou no papel e riu – Parece que você era um nerd hun?

–Eu...- senti meu rosto esquentar e pigarreei – Você pegou a blusa,pode sair do meu quarto agora.

Annabeth gargalhou jogando a cabeça para trás e pulou em cima de mim,fazendo-me cair no colchão coberto ,com ela por cima de mim. Imediatamente – e não me culpem por isso – minhas mãos foram para as suas coxas cobertas pela calça.Ela riu,passando uma das pernas pelo meu quadril,e sentou-se no meu abdome.

–Eu achei que o seu Percy de antes fosse mais bad boy do que o de agora – brincou,passando as mãos pelo meu cabelo,abaixando-se até deitar a cabeça no meu peito,olhando-me com aqueles olhos perfeitos.

Eu ri,olhando para o teto e passando minhas mãos pelas suas costas,retornando para as suas coxas.

–Você teria gostado do Percy de antes – murmurei,desviando os olhos dos seus – Ele era tão nerd quanto você! – empurrei-a para baixo de mim,mudando nossas posições. Ela entrelaçou as mãos por trás do meu pescoço e riu baixinho. Beijei sua bochecha quente e suspirei.

Ela estava tão perto.

–Eu gosto do Percy de agora – ela disse,olhando-me fixamente e ficando séria de repente - Mesmo ele me irritando 90% do nosso tempo junto.

–É mesmo? –perguntei,mordendo o lado de dentro da bochecha – Você nem chegou a conhecer o Percy de antes.

Annabeth levantou uma das pernas,enroscando-a no meu quadril e puxando ainda mais para perto dela. Varreu os lábios delicadamente pela minha testa e sorriu envergonhada.

–Eu cheguei a conhecê-lo na igreja – ela sussurrou,fazendo-me levantar a cabeça e olhar em seus olhos – Quando ele não me deixou voltar e ser morta pela minha melhor amiga.

–Annabeth.. – balancei a cabeça envergonhado. Quando tempo tinha que eu não ficava envergonhado? Tinha esquecido como era desconfortável e como eu sempre queria enterrar minha cabeça num buraco.

No sentido literal de “enterrar minha cabeça num buraco”.

–Eu me lembro vagamente de ter visto ele de novo,no mesmo dia.... – ela colocou o indicador no queixo,fingindo pensar – Quando eu tive um surto e ele me acalmou.

Continuei balançando a cabeça esperando que...bem esperando que Deus ou seja lá quem tenha enviado essa garota – extremamente teimosa, mandona e adorável - para minha vida visse o quão agradecido por ter mandado.

–Eu não fiz nada demais... – sussurrei sentindo meu rosto quente.Escondi a cabeça em seu pescoço e ela fez um carinho gostoso na minha nuca.

–Tem certeza? E então porquê ele apareceu um tempinho depois,me ensinando a ser mais forte e me ensinando a confiar mais em mim mesma? – sussurrou no meu ouvido.

–Bem...eu-

–E a mais recente aparição dele fez com quê eu percebesse que aquele Percy – ela fez com que eu levantasse a minha cabeça,olhando em meus olhos – E esse Percy aqui,são a mesma pessoa. Nunca deixaram de ser.

–Eu não tenho tanta certeza sobre isso – sussurrei,puxando seu cabelo para fora de seus olhos.

–Eu tenho – ela riu ,beijando minha mão no meio do caminho para os seus cabelos – Eu sei que você queria deixar o Nico sozinho lá no supermercado mas eu sei que você também queria trazê-lo pra cá. – ela olhou-me,puxando-me até estar com o nariz encostado no meu – Sabe o que eu mais gosto nos meus Percys?

–O que? – murmurei,mas nem eu mesmo podia ouvir minha voz. Com esperança,isso estava bem menos vergonhoso para ela e para quem assistisse de fora.

No caso....vocês.

– Os dois fingem não se importar...mas se importam muito – sussurrou – Eu gosto que eles entrem em consenso. Eu gosto que os dois tenham o mesmo jeito tímido.

–Annabeth – sussurrei,mordendo o lado de dentro da minha boca de novo – Pare com isso.

–E eu adoro que você esteja tão perto de mim carregando os dois aqui – ela colocou a mão do lado esquerdo do meu peito e beijou o canto da minha boca.

Estava prestes a beijá-la de verdade. Um trocar de salivas daqueles,mas eu ouvi um pigarro na porta do quarto e imediatamente,levantei-me.

Era só o Nico e ele interromper nosso momento fez com que eu fizesse beicinho e careta para ele.

Pô cara” – moldei com os lábios sem voz.

“Desculpa.”

– Mas eu estava com fome – ele disse em voz alta,desviando os olhos constrangido – E tem uma coisa queimando numa panela lá embaixo.

Annabeth sentou-se,ajeitando os cabelos. O rosto tão corado como se ela estivesse recebendo os elogios até agora e não eu. A boca rosada,os olhos baixos e um repuxar leve no canto da boca,num sorrisinho tímido.

–Valeu mesmo Nico – ela sussurrou,levantando-se.Porém eu puxei sua mão,fazendo-a virar para mim novamente.

Hm....o que eu ia dizer?

Continuei olhando para ela,abri a boca umas duas vezes mas as palavras não saíam de forma nenhuma.Comecei a sentir meu rosto esquentar de novo e Nico revirou os olhos.Ela olhou para mim e sorriu,mostrando os dentes perfeitos.Beijou-me na testa de novo e sorriu,sussurrando :

–Eu sei.

–x-

– Você tem uma bela colação de cds aqui,Percy - Nico chamou minha atenção,enquanto eu saia do banho,passando a toalha nos cabelos molhados. Eu sei queria um banho quente,mas depois de toda aquela atividade com Annabeth....foi bom ter um banho gelado.

Para acalmar....os ânimos. Isso.

Ela estava na cozinha ainda estilo americana,então da sala eu tinha uma visão dela sussurrando uma música enquanto terminava o que comeríamos.A minha blusa ficava muito melhor nela do que jamais esteve em mim.

Nico estava sentado ao pé da estande da minha mãe,analisando as coisas ali. Ele também vestia roupas novas,como uma calça jeans escura e uma camiseta verde clara que era minha. Ele parecia melhor,apesar de ainda aparentar fome e sono.

Ele ficaria bem,e por mais que eu não gostasse de admitir nem para o mais profundo “eu”..... estava grato por não ter deixado-o sozinho lá quando tive a chance.

– Strokes,Beatles... – ele lia os títulos enquanto passava as mãos em cada um deles – Monkeys,Fray....uau.

–É...eu gosto da maioria,apesar de grande parte deles serem do meu pai – sorri,sentando-me no chão ao lado dele,jogando a toalha na poltrona.

–Olha isso...- ele disse apreciando – Queen,Boyz II Men,Madonna....espera aí,Madonna?

Eu ri,olhando para ele.

–Bem...ele era bem eclético – sorri,lembrando do meu pai cantando e dançando Madonna.

–....era? – Nico arriscou,olhando-me novamente. Seu olhos tão escuros que ele nem parecia nem ter pupila.

Dei de ombros,perdendo o sorriso e olhando novamente para os Cds.

–Eu sinto muito – ele sussurrou.

–Tudo bem – sussurrei de volta – Eu só...sinto falta dele as vezes,sabe?

Eu não queria parecer um bebê chorão para Annabeth.Na maior parte do meu tempo – eu nunca mais admitirei isso – eu estava querendo impessioná-la. E ficar reclamando da falta que meus pais faziam,não era uma tática boa,ou algo assim. Ela tinha os problemas dela. Devia sentir falta dos próprios pais.

–Não...eu não sei – ele sussurrou – Quero dizer,eu sinto falta dos meus pai. Eu sei que eles estão vivos,não imagino como seria não encontra-los,Percy.

Eu não queria desanimar o Nico. Não queria. Mas havia uma grande probabilidade de que os pais dele não estivessem mais conosco. Olhei para ele novamente. Ele era só um cara como qualquer outro.

Merecia ser feliz. Merecia ter esperança.

–Eu espero...- pigarreei,falando mais baixo – Eu espero,do fundo do meu coração que você acahe quem está procurando,Nico. E que de alguma forma....vocês consigam ser um terço do que vocês eram antes.Eu desejo toda a felicidade que esse mundo de agora pode dar pra você.

E com felicidade do mundo eu queria dizer dormir com alguém que acalmasse todos os seus pensamentos. Alguém que estivesse ao lado dele o tempo todo.Alguém que trouxesse o que havia de melhor nele de antes,para o ele de agora.

Ele virou a cabeça surpreso para mim e sorriu.

–Eu agradeço,Percy – ele sorriu,e olhou discretamente para trás. Seguindo o seu olhar,eu vi Annabeth limpando os pratos que estavam no antigo armário da minha mãe. Ela analisava ainda sussurrando alguma música e quando nos viu olhando-a,ela desviou os olhos envergonhada e virou de costas ainda sussurrando. – Eu.... – ele sussurrou,tranzendo-me de volta para a sala – Eu desejaria o mesmo....não se você procura alguém,mas eu tenho a impressão de que você já encontrou. – ele apontou com o polegar para ela e riu –Você deveria ver o jeito que vocês se olham.

–O que quer dizer com isso? –perguntei,agora envergonhado de novo.

Eu achei....que disfarçava bem.

Não achou não.

Shiu.

– Eu fico até constrangido em presenciar o olhar de vocês um pro outro,Percy - ele resmungou – Parece...parece que vocês veem um ao outro nú. Eu nunca vi ninguém confiar em alguém desse jeito. – ele olhou novamente para ela – E bem...ela é linda.

–Nico – resmunguei,pigarreando.

–É sério –ele arregalou os olhos – Olha aquele cabelo,rapaz. E os olhos? Eu nunca vi nada disso. – ele riu e colocou um dos CDs de volta à estande - Você deveria se preparar sabe?

–Hn?

–Vai acontecer,Percy –ele riu. – Ouça esse cara experiente quando ele fala – disse apontando para si mesmo.

Revirei os olhos e levantei-me,puxando ele pelo braço,e arrastando-o para a cozinha.

–Esse cara experiente já falou demais – rimos.

Paramos na entrada da cozinha. Lembro de ficar esperando e brincando com Paine todos os dias antes do jantar. Ela tinha uma risadinha gostosa e eu adorava vê-la sorrir. Minha mãe – as vezes – com a ajuda do meu pai fazia o jantar,e nós esperávamos da melhor forma possível.

Mamãe sempre usava um avental verde por cima das roupas.

Annabeth não usava nada.

Mamãe não suportava um poeririnha que só nos armários.

Annabeth não tinha tempo de se importar com isso quando estavámos os três famintos.

Mamãe não cantava quando fazia o jantar.

Annabeth continuava sussurrando sua música.

Eram situação diferentes,eu sei. Mas... pareciam ser as duas melhores – talvez as duas únicas mulheres – que se importaram de verdade comigo.

E eu perdi uma deles. Não deixaria isso acontecer com a outra.

Nico me deu uma cotovelada nas costelas e revirou os olhos.

–Será que dá pra parar de olhar assim? – ele estava vermelho – Estou ficando constrangido de novo.

Baguncei seus cabelos novamente e murmurei :

–Cala a boca,Nico.


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Notas finais do capítulo

até daqui a pouco
ou mais tarde
ou amanhã,i think
bju
(não revisei esse de verdade hehe)