O filme da Mel escrita por mdsgatinha


Capítulo 11
Geminiana sendo geminiana




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Gabriel chega tão perto que consigo ver cada detalhe de seus olhos verdes. São verdes, mas próximo à bolinha preta vejo que é azul, tão pequena a parte azul que é impossível reparar se não estiver tão perto assim. Ele canta baixinho um trecho da música do Legião Urbana.

“Nem foi tempo perdido

Somos tão jovens”

– Tá precisando de alguma coisa? – digo, mas soa quase como um sussurro.

– Na verdade to sim Mel e para de ficar tão na defensiva comigo.

– Você não tem agido de uma maneira agradável pra eu não ficar na defensiva sabe... Mas pode falar, o que quer?

Então Gabriel me beija. Seu beijo é apressado, profundo. Não é como o de Miguel, leve e calmo. Sinto sua mão em meu pescoço, depois em meus ombros e na cintura. Passo a mão pelo seu cabelo. Sei que não é certo nem comigo nem com Miguel, mas estou gostando, Gabriel também beija bem. Ele me coloca na borda da piscina que não é tão alta e continuamos nos beijando. Ouço a porta do quarto se abrindo. Paro de beijar Gabriel e o vejo.

Miguel.

Ele vem em nossa direção e Gabriel sai da piscina.

– O que você pensa que está fazendo com ela? – grita Miguel empurrando Gabriel

– Beijando. Ficou com ciúmes por ela ter gostado mais do meu beijo do que do seu? – Grita Gabriel de volta encostando o rosto próximo ao de Miguel

– Parem vocês dois agora! E isso não é verdade Gabriel – digo gritando mas eles parecem não me ouvir

O que eu temia acontece. Os dois começam a brigar. Saio correndo, pois não quero ver essa cena e sei que não conseguirei fazer os dois pararem. Entro no quarto às pressas e vejo Alice e Arthur se beijando.

– Arthur... Ajuda... Lá fora... – não consigo falar direito devido o nervosismo e a corrida que dei para vim o mais depressa possível.

– O que? – pergunta Arthur preocupado sem entender nada

– Arthur só vai lá fora e ajuda! – grito já sem paciência.

Arthur sai correndo e pela porta vejo que ele tenta separar os meninos.

– Não grita com ele desse jeito – diz Alice um pouco alto e brava

– Aé? Desde quando você decidiu me trocar por ele? Se eu soubesse que perderia minha melhor amiga nem tinha trazido ele!

– Você não me perdeu, você que só pensa em ficar com esses dois barraqueiros.

– Alice você tá ouvindo o que está falando? Um daqueles “barraqueiros” – enfatizo nas aspas – era seu melhor amigo também! Você já parou pra pensar que está se afastando de nós dois que sempre estivemos ao seu lado por causa de um garoto que te largou?

– Que me largou? Se as coisas estão ruins entre o triangulo amoroso não venha descontar em mim Melissa!

Já estamos gritando

– Sério Alice? Você que contou isso pra gente e agora ta igual um cachorro sem dono atrás dele! Não ta nem dormindo comigo lá em cima e nem pensou em me avisar.

– Nós nos amamos e você deveria aceitar isso e não avisei porque achei que entenderia!

– Isso eu aceito. O que eu não aceito é você deixar eu e o Miguel pra trás por causa de um cara! Independente de quem for.

– Não deixei...

Eu a interrompo.

– Deixou sim Alice, admita isso! Só que quando você precisar farei igual você fez comigo esses dias e especialmente hoje. Não vou estar ao seu lado! – grito tão alto e sinto meu rosto queimar. Sinto também ele molhado por causa das lágrimas que não sei a partir de que momento começaram a escorrer.

Alice me olha com a boca entreaberta. Eu corro para o andar de cima pego meu celular e uma blusa, e desço. Alice tenta segurar meu braço, mas me solto. Corro para fora do quarto em direção a recepção e a rua. Os outros que estão hospedados aqui (não são muitos) devem estar fora, pois não vejo ninguém para fora dos quartos quando passo pela piscina. Vejo apenas Arthur no meio do Gabriel e do Miguel e pelo movimento da boca dos três percebo que estão gritando, mas não ouço. Logo estou na rua. Nossa pousada fica na parte menos movimentada e no final tem uma ponte que da em um jardim e mais à frente o centro.

Finalmente quando chego ao meio da rua volto a andar. Minha cabeça dói e percebo que estou só com a parte de cima do biquíni. Coloco a blusa que peguei. Continuo andando, não sei pra onde vou, pois não peguei dinheiro. Tento apagar todos os pensamentos, mas agora parece uma tarefa impossível então apenas continuo andando. Chego ao jardim que tem depois da ponte. O lugar é bem iluminado, tem uma pista para quem quer caminhar, outra para quem quer andar de bicicleta, alguns bancos e alguns aparelhos de ginástica. Sento em um dos bancos e fico prestando atenção no movimento. Foi errado o que aconteceu, eu não deveria ter beijado nenhum dos dois. Mas se foi errado porque gostei? Exatamente por ter sido errado? Acho que to confusa. Eu acho o Gabriel atraente demais, sempre achei. Tive uma paixonite por ele quando mais nova, mas isso já havia passado. Miguel é meu amigo. Nossa amizade não pode estragar por esse erro. Mas será que foi só um erro? Isso valeu como uma experiência, gosto do Gabriel e do Miguel, mas não da mesma maneira. Já tenho uma decisão.

Lá pelas 00h: 30min minha mente parece estar mais calma e minha cabeça dói menos. Percebo que é uma boa hora para voltar e é isso o que faço.

Quando chego à recepção Alice está sentada no sofá. Quando percebe minha presença se levanta e vem na minha direção.

– Mel, conversei com os meninos e estava pensando...

Continuo andando e não a olho.

– Mel presta atenção em mim.

Me recuso.

– Me desculpe, percebi que realmente estava errada e não quero perder sua amizade. Não quero jogar tudo que já passamos fora.

Paro de repente e ela esbarra em mim por não esperar que eu parasse. Nem eu esperava.

– Tarde demais. – digo áspera demais, me viro e continuo andando.

Quando chego à sala de café onde a piscina fica de frente e tem alguns sofás vejo que Miguel, Gabriel e Arthur estão sentados nessa ordem. Olho rapidamente pra eles, (o suficiente para ver que Gabriel está mais machucado que Miguel, temos um vencedor) mas continuo andando.

– Mel espera – diz Gabriel se levantando e segurando meu braço

– Qual o problema de vocês? De repente todo mundo resolveu que se importa com o que eu penso? – digo com raiva me soltando

– Não, sempre nos importamos com você, só queríamos pedir desculpa – ele continua falando, mas não o ouço mais porque já estou entrando no quarto.

Vou para o andar de cima e me tranco no quarto. Hoje não quero falar ou ver mais ninguém.


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