Opostos que se Atraem escrita por paular_GTJ


Capítulo 12
Capítulo 12




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POV NESSIE


– Ness, você ao menos está me ouvindo? – Claire ralhou comigo indignada.


Eu estava sentada ao lado dela em seu carro a caminho da escola. Lancei um olhar distraído à garota, que me olhava de forma reprovadora após ter feito aquela pergunta e eu instantemente me repreendi também.


Que tipo de amiga eu era? Era óbvio que não estava escutando o relato de como fora a reação de Quil quando Claire contou sobre sua gravidez. Ok, eu prestei atenção nos primeiros momentos, quando as expressões que ela mais usou foram “frieza” e “despreocupação”.


Segundo Claire, após saber da noticia ele simplesmente começou a tratá-la de forma mais fria. Não conversava mais com a animação de antigamente e parecia nem ao menos querer encará-la. E quando a mesma perguntou o que ele achava daquilo, Quil a olhou com descaso e murmurou simplesmente um “sei lá”.


– Claro que estou. – Menti descaradamente, tentando a muito custo parar de pensar no que insistia em não sair da minha cabeça desde o dia anterior.


O que era? Bem, já devem ter uma idéia. Depois de Sue comunicar aquela MARAVILHOSA notícia que o Black irá com a vad... Minha futura irmãzinha para a droga do casamento, eu perdi completamente o que me restava de bom humor daquela porra de almoço.


Como ele podia simplesmente ir com ela após de dar um baita fora, e ainda ter a cara de pau de me contar uma historinha mal inventada de “um mal entendido“? A qual, eu, inclusive, acreditara. Puf!


Ora, eu nem ao menos sei o porquê desta minha preocupação em relação a isso, afinal não é porque eu pensei nele para ser meu par que eu iria realmente convidá-lo.


Eu deveria estar um tanto transtornada para ter ao menos cogitado mentalmente em ir com ele. Com certeza todos os últimos acontecimentos mexeram com a minha sanidade, só pode ser isso. E olha para mim agora, pensando nesse monte de besteiras enquanto a minha melhor amiga, que tem REALMENTE um problema, está ao meu lado desabafando compulsivamente e eu completamente alienada. Bela amiga, não?


– Sei. – Claire resmungou baixinho me lançando um olhar curioso. – O que você tanto pensa, Ness? Ficou com essa cara depressiva o tempo todo hoje!


– Eu... Não viaja, garota. – Mudei de assunto antes que Claire pudesse me interromper com seus interrogatórios tediosos. – Eu acho que Quil só ficou assustado com o seu jeito de dar a notícia.


Claire ficou com a boca aberta deixando uma pergunta – provavelmente sobre meus devaneios infelizes – morrer no ar e me olhou com o cenho franzido.


– Como assim: o meu jeito de dar a noticia? - Repetiu, confusa.


– Você terá que concordar comigo que não foi de total sutileza, não é? – Ela me olhou mais confusa que antes e eu revirei os olhos antes de explicar melhor. – Você deveria ter preparado ele antes de simplesmente jogar o fato de cara. Ele deve ter demorado um bom tempo até assimilar direito às palavras e raciocinar o que fazer a respeito.


– Ora, e o que ele tem que pensar? – Claire perguntou secamente retornando a encarar a estrada. – Ele tem tanta responsabilidade nisso quanto eu.


– E você também demorou mais de dois dias para aceitar que estava grávida. Esperava que ele fosse fazer o quê? Sair da cama e dar pulinhos de felicidade? – Ela ficou pensativa. Seus olhos transpareciam tristeza. – Olha, eu tenho certeza que agora que ele já refletiu sobre tudo com mais calma, ele vai te ligar e vocês vão conversar melhor e JUNTOS sobre o que fazer a respeito.


Claire suspirou pesadamente parecendo cansada, enquanto terminava de estacionar o carro em uma vaga desocupada no pátio do colégio, desligando o motor em seguida.


– Eu já falei que estaria perdida sem você? – Comentou chorosa enquanto tirava o cinto de segurança.


– Eu estou ouvindo demais essa frase ultimamente. Estou começando a acreditar que grávidas são de fato insuportavelmente sensíveis. – Fiz uma careta e Claire riu baixinho saindo do carro.


– Então, vai me contar por que está pensando mais do que o normal hoje? – Perguntou assim que chegamos à frente da sala de fotografia, onde eu teria aula agora.


– Não é nada. – Tentei mostrar indiferença. Tentei.


– Você é uma péssima mentirosa, Ness. – Claire me puxou para sentar em um banco perto da porta. – Anda, desembucha!


Antes que eu conseguisse revirar os olhos e tentar mudar o foco da conversa, um carro preto foi estacionado próximo ao local onde eu e Claire estávamos sentadas. Para o meu enorme desgosto, saíram de lá Jacob e a minha futura irmãzinha mimada.


Desviei o olhar rapidamente enquanto Leah se aproximava de Jacob com aquele sorriso idiota no rosto, para provavelmente beijá-lo ou trocar algum outro tipo de caricia.


O problema é que eu não fui nem um pouco discreta e Claire reparou no meu desconforto repentino. Virou a cabeça curiosamente para trás, a fim de ver o que estava me deixando com a expressão fechada, e em seguida me olhou com uma cara de quem entendeu tudo - parecendo estar achando muita graça no que estava vendo.


– Já entendi. – Deu mais uma olhadinha para o casal mais ridículo do colégio, provavelmente no maior amasso agora. – Eu não sabia que eles tinham voltado.


– Aparentemente o Black é de lua. – Comentei ainda me policiando para não olhar para os dois. – Grande coisa! – Acrescentei dando de ombros, querendo mostrar que eu não me importava com a vida de nenhum deles.


– Estou vendo realmente que isso não está lhe incomodando. – Claire falou ironicamente me fazendo lhe lançar um olhar mortal. - Que é? É verdade! Você não sabe mentir nem disfarçar direito. E é óbvio que você gosta dele!


Olhei para ela completamente incrédula, em seguida soltei uma gargalhada sem humor, sem acreditar nesse comentário idiota de Claire. Eu? Gostar do Black? Ela só pode estar de brincadeira com a minha cara!


– Você só pode estar abobada. –Ccomentei olhando-a de forma divertida quando consegui parar de rir. – É claro que eu não estou assim por causa dele.


– Ah não? – Claire perguntou inclinando a cabeça para o lado a fim de me observar melhor e cerrando os olhos de leve, com um mínimo sorriso de deboche nos lábios. – Então me conta Ness, o que é que está te incomodando?


Fiquei temporariamente muda. Primeiro eu tinha que convencer a mim mesma que não estava assim por causa de Jacob, depois teria que pensar em uma desculpa coerente para dar à Claire e tirar aquele maldito sorriso presunçoso do seu rosto - que crescia consideravelmente rápido em decorrência a minha demora.


– Eu... Eu estou assim... Bem, é só que eu... – Gaguejei forçando meu cérebro a pensar rápido pelo menos uma vez na vida.


– Ah me poupe Ness! Admite de uma vez que você está apaixo...


– Eu-estou-assim-porque-tenho-que-achar-um-par-para-a-droga-de-casamento-do-meu-pai-nesta-semana-e-não-faço-a-mínima-idéia-de-quem-convidar! – Atropelei as palavras para que Claire não conseguisse concluir aquela maldita frase.


Ela fez cara de espanto por um momento e depois franziu o cenho, pensativa.


– Oh, eu não sabia que você precisava de um... - Começou a falar, porém, GRAÇAS AO BOM DEUS, um barulho vindo de dentro do seu bolso a informou que ela recebeu uma mensagem de texto.


Ela retirou o celular de lá e leu o que estava escrito. A medida que lia um sorriso enorme ia se formando em seu rosto.


– O que é? – Perguntei tentando manter o foco da conversa longe do tópico anterior.


– O Quil falou para eu passar lá no hospital. Ele quer me ver! – Respondeu animadamente me lançando um olhar de alivio. – E ele pediu desculpas.


– Eu falei que ele só precisava de um tempo para pensar. – Respondi sentindo o mesmo sorriso de alivio de Claire se formar no meu rosto.


Eu não podia mentir a ponto de afirmar que estava totalmente segura que Quil não fosse dar para trás, principalmente depois de saber a sua reação a noticia.


– Eu fiquei doente e precisei ir para casa, ok? – Olhou-me sugestivamente, levantando-se do banco imediatamente.


Nem deu tempo para que eu respondesse alguma coisa, já foi me dando um beijo de despedida na bochecha e correu para seu carro estacionado mais adiante com uma rapidez impressionante.


– E quem vai me levar para casa? – Gritei indignada e inutilmente, porque com certeza, ela já não me ouvia mais. Credo, não é como se ele fosse sair de onde estava...


– Se quiser, eu posso lhe dar carona. – Ouvi uma voz rouca atrás de mim interrompendo meu xingamento mental a minha suposta melhor amiga.


Droga, por que o meu coração disparou desse jeito ao sentir a presença daquele cara de pau tão próxima a mim?


– Prefiro pegar um ônibus, obrigada. – Comentei secamente, sem encará-lo e me encaminhando para dentro da sala de aula sem dizer mais nada.


– Eu ainda vou entender o seu humor lunático. – Jacob murmurou, provavelmente achando seu comentário idiota muito engraçado.


Virei-me para ele com uma expressão de poucos amigos. Fiquei um tanto perdida no olhar que ele me lançava. Era completamente diferente das outras vezes e aquilo me deixou momentaneamente muda. Havia um brilho estranho em seus olhos, deixando-o mais lindo...


Pelo amor de Deus garota, ele é um canalha! FOCO!


– Para que gastar em ônibus se pode ir comigo de graça? – Perguntou com aquele sorriso de conquistador barato.


– Acho que sua namorada não vai gostar muito se eu pegasse carona com você. – Dei de ombros, simplesmente, e assisti o sorriso de Jacob desaparecer quase instantemente.


– Namorada? – O palhaço se fez de desentendido.


Para minha grande felicidade o sinal tocou e eu não precisei mais ficar ali bancando a trouxa e respondendo as perguntas descaradas daquela criatura sem noção. Sem esperar por mais nada, dei meia volta e entrei na sala de aula.


Sentei na mesma mesa de sempre e fiquei batucando os dedos impacientes na madeira, tentando parar de pensar naquele garoto que deveria ser insignificante para mim.


Claire não estava certa, não é? Claro que não! Quer dizer, é obvio que ele mexe comigo de um jeito diferente, mas isso não significa que eu estou apaixonada por ele. Afinal todas as garotas do colégio são assim e não é porque uma atraçãozinha adolescente pela sua beleza óbvia significa uma paixão, não é? NÃO É?


– Está tudo bem Nessie? – Ouvi uma voz próxima a mim e ao me virar me deparei com um garoto loirinho me olhando de forma curiosa.


– Está tudo bem sim Narú. – Respondi com um sorrisinho mínimo nos lábios.


– Nahuel. – Corrigiu se sentando ao meu lado. – Olha, eu fiz uma parte do trabalho que era para entregar quinta. Quer dar uma olhada?


– Claro, claro. – Concordei mais para ser educada do que por interesse, afinal eu já havia errado o nome do garoto.


Ele puxou uma folha, ou melhor, quinhentas folhas e começou um relatório absurdamente tedioso sobre o que continha nos papéis. Eu apenas acenava com a cabeça e murmurava um “ah” ou “hum” quando ele fazia uma pausa – lê-se, nunca.


Eu ainda estava absolutamente compenetrada nos meus próprios devaneios para prestar atenção do que o garoto falava. Se eu sentia alguma coisa a mais por aquele canalha sem vergonha eu teria que fazer alguma coisa a respeito o mais rápido possível.


Era simplesmente inadmissível eu me apaixonar por Jacob Black, o típico homem que eu sempre desprezei a minha vida inteira.


Para isso eu terei que parar de falar com ele. Esse com certeza é o primeiro passo. Um afastamento é a solução para o meu problema. Eu teria que ver ele no casamento, mas isso é apenas um dia... E nem ao menos vamos ficar próximos, afinal ele não é meu par...


– Nessie? NESSIE? – Nahuel praticamente gritou atraindo a atenção de várias pessoas para nós.


– Que é? – Sussurrei envergonhada pela atenção momentânea.


– Você nem ao menos está me ouvindo, não é? – Parecia decepcionado ao mesmo tempo um pouco magoado.


– É, bem é que eu estou com um problema... – Suspirei pesadamente encarando a frente da sala.


– Ah, bem eu suspeitei pela sua cara. - Nahuel comentou convencido. - Será que eu posso lhe ajudar? - Perguntou de forma simpática.



POV JACOB


Eu estava sentado na mesa da cozinha com um pedaço de torrada pela metade em uma mão, enquanto usava a outra para apoiar minha cabeça sonolentamente. Olhava fixamente para a garota morena a minha frente, que tagarelava sem parar em plena sete horas da matina.


Rachel estava simplesmente eufórica por ter sido convidava para o casamento de um famoso cantor de Rock. Ela não parou de falar um segundo se quer desde que levantou da cama. E olha que eu nem comuniquei a ela ainda que fora também convidada para ser dama de honra.


Enquanto eu a observava sem prestar o mínimo de atenção, concentrando-me mais em manter os meus olhos abertos do que em qualquer outra coisa, eu considerava a idéia de não comunicá-la do último convite. Na verdade, eu espero que ela fique sabendo sobre isso bem longe de mim.


A campainha soou depois de um tempo, interrompendo o insuportável relato de Rachel sobre como ela achava que seria a forma mais ideal de se vestir para um evento como aquele.


Engoli o ultimo pedaço da minha torrada enquanto ela saia saltitando em direção ao outro cômodo para abrir a porta. Agora que o som do ambiente não estava impregnado pela voz da minha querida irmã, eu podia voltar para meus devaneios.


Eu tinha que conversar com Nessie hoje. Talvez até me declarar para ela. É, eu sei isso está parecendo coisa de gay - ou coisa de Quil - mas que outra escolha eu tinha? A garota simplesmente não sai da minha cabeça e a vontade de ficar com ela só cresce a cada dia.


Porém, antes de partir para a viadagem total, eu tinha assuntos pendentes para resolver. Na verdade apenas UM, e era dos grandes que até valia por cinco se você parar para pensar. Teria que achar um jeito de me livrar da...


– LEAH? – Assustei-me ao mesmo tempo em que me engasgava com o suco de laranja que estava bebendo antes de olhar em direção a porta.


Ah não! Por quê? O que foi que eu fiz para merecer isso? Logo às sete horas da manhã eu sou obrigado a ver aquela criatura insuportavelmente irritante NA MINHA CASA?


– Oi Jake! – Cumprimentou-me alegremente vindo em minha direção.


– O que você... O que você está fazendo aqui? – Indaguei, levantando-me rapidamente da cadeira e mantendo a maior distância possível entre nós, assim que percebi que ela estava se encaminhando para mim com os braços estendidos - para muito provavelmente me agarrar.


– Eu vim falar com sua irmã, e bem... Ver você, claro. – Esboçou um sorrisinho tímido e seus olhos brilharam levemente.


Eu forcei um amarelo em sua direção, tentando não sair correndo da cozinha.


– Posso saber qual é a noticia tão importante? – Rachel perguntou atraindo a atenção, momentaneamente perturbada, de Leah para ela.


Rachel e Leah eram conhecidas de longa data, porém minha irmã nunca foi muito amiga dela. Para minha infelicidade, porém, contou-me que não tinha nada contra a garota - até gostava um pouco dela.


– Como assim? Jacob não lhe contou ainda? – Leah fez cara de incredulidade um pouco mais chocada do que preciso.


– Contou o quê? – Minha irmã me lançou um olhar questionador.


– Que você será dama de honra no casamento da minha mãe. – Anunciou a gralha alegremente e eu assisti um sorriso maior do que possível se formando no rosto de Rachel.


Revirei os olhos quando as duas começaram a pular feito loucas e bater palminhas animadamente. Deixei-as ali e fui para o banheiro escovar os dentes e voltar a refletir o meu problema urgente. Como eu iria dispensar Leah agora que deveria ir com ela para o casamento?


É obvio que eu preferia ir com Nessie, porém como eu faria a troca sem que nenhum dos coroas se ofendesse? Quando eu ralhei com meu pai que eu odiava a Leah e não queria ir nem morto para a droga de casamento com ela, ele simplesmente falou “Faça isso pensando no quanto irá ajudar o trabalho de seu pai”.


Então eu comentei, mais rabugento ainda, que a idéia inicial era eu ir com a filha BIOLÓGICA de Charlie e meu pai ingrato se virou para mim falando “A culpa é sua! Deveria ter nos contado antes quem era a garota misteriosa. Assim quem sabe você aprende a abrir a boca quando é preciso”.


Segurei-me muito para não mandá-lo à merda. Será que é somente isso que vou escutar daqui para frente?


“Assim você aprende a lição, blá blá blá”


Vou precisar me foder mais quantas vezes para parar de ter que aprender a maldita lição? E ainda por cima TODAS com a Leah ao meu lado? Inferno!


Então este era meu dilema. Que porra eu fazia agora? Além de começar a escutar as mulher e compartilhar minha vida com Deus e o mundo, é claro.


E se eu achava que as coisas não podiam ficar piores, eu estava redonda e completamente enganado. Sabe quando dizem “Se está ruim... Calma, daqui a pouco piora.” Bom, eu sinceramente não duvido mais disso.


Precisei dar carona para o chicle – Lê-se Leah – e para a felicidade em pessoa – Lê-se Rachel. Minha irmã estava nitidamente em êxtase para o maldito casamento, que pela lógica eu deveria estar igual por ser um dos maiores fãs do noivo.


Deixei minha irmã, que hoje estava me irritando mais do que o normal, na faculdade e segui em direção à escola, tentando ignorar o falatório da gralha ao meu lado. Espera ai, o que eu estou fazendo? Estou com um milhão de problemas exatamente por não prestar atenção no que ela fala!


Concentrei-me em suas palavras, mas só a voz desafinada de Leah já me fazia ter vontade de pular pela janela do carro. Acelerei a velocidade o máximo que consegui para chegar de uma vez na escola e enfim de livrar dela. Também estava ansioso para ver Nessie, claro.


Estacionei na primeira vaga que achei, sem nem me importar se estaria perto da minha sala de aula ou não. Sai do carro e quando me virei após ter trancado a porta me dei de cara com aquela pessoa insuportável, encarando-me com um sorriso enorme.


– Ah Jake! Eu fiquei tão feliz em saber que você está arrependido de ter terminado nosso namoro. – Atirou os braços ao meu redor afundando sua cabeça em meu peito.


Ah, pelo amor de Deus! O carinha lá de cima está de brincadeira comigo não é? Só pode!


– Ahm, Leah... Olha só, na verdade eu não quero namorar. – Falei lentamente, medindo minhas palavras com cuidado. Não queria também magoar a garota, por mais que eu a detestasse.


– Não? – Leah levantou a cabeça do meu peito e me olhou estupefata. – Mas você... Você...


– Eu concordei em ir ao casamento, mas...


– Não em voltar comigo! – Completou a frase dando um passo para trás e me olhando tristemente.


Abri a boca com intenção de corrigi-la, mas parei quando ia começar a pronunciar a frase que tinha em mente em função da chegada de Kim - amiga de Leah. O final da minha frase era na verdade “Mas eu não estava prestando atenção à conversa quando falei que sim”.


Eu NÃO queria ir com ela. Eu queria ir com Nessie, mas como vou falar isso para a garota? E o Charlie, com certeza, irá me odiar mortalmente se eu magoar os sentimentos de sua filha - ou qualquer coisa que ela seja considerada por ele.


– Lee, lembra que tínhamos que falar com o Sr. Fuller por causa da nossa nota na prova de cálculo? – Kim murmurou para Leah que desfez rapidamente seu semblante triste.


– Ah é. – Lançou-me um olhar rápido. – Bem, acho melhor irmos logo antes que bata o sinal.


– É, vamos. – Kim olhou para mim depois para Leah, deu um sorriso malicioso para sua amiga antes de concluir. – Espero você mais adiante.


– Tudo bem. – Ficou em silêncio por um momento, depois falou com um sorrisinho triste. – Eu entendi errado Jacob, desculpe. Mas você ainda vai ao casamento comigo, mesmo que nós não estejamos namorando, certo?


– Eu... – Comecei incerto, olhando para a carinha tristonha de Leah. – Leah, eu...


– Olha Jake, pensa melhor sobre isso ok? – Antecipou-se assim que percebeu o que eu iria dizer. – Pode me responder depois. Não tem pressa!


– Ah, ok! – Concordei um pouco surpreso com sua reação, mas aliviado ao mesmo tempo.


Pelo menos eu teria tempo para pensar em uma desculpa plausível e poder levar Nessie em vez de Leah. Assim que a garota se afastou de mim, eu me virei para o meu lado direito e meus olhos caíram bem na pessoa que eu mais pensei meu final de semana inteiro.


Nessie estava sentada em um banco, com o sorriso mais lindo do mundo no rosto, olhando para Claire que estava de costas para mim. Ela parecia estar segurando um celular nas mãos.


Aproximei-me lentamente delas, parando um pouco atrás de Nessie no mesmo momento em que Claire saia correndo que nem uma desesperada.


– E quem vai me levar para casa? – Nessie gritou para a amiga, agora muito longe para conseguir ouvi-la, levantando-se do banco e parecendo um tanto indignada.


– Se quiser, eu posso lhe dar carona. – Murmurei sem me conter e ficando um pouco com medo de ser rejeitado.


Porém, lembrei-me que agora eu e Nessie estávamos muito mais amigos do que antes. E até parecia que ela correspondia a este meu sentimento inesperado.


– Prefiro pegar um ônibus, obrigada. –


Ook, talvez ela não fosse assim tão minha amiga ainda. Ela era completamente impossível de se prever. Talvez isso fosse o que me atraísse tanto a ela.


– Eu ainda vou entender o seu humor lunático. – Brinquei, esperando muito que aquele sorriso perfeito de momentos atrás aparecesse novamente em seu rosto.


Nessie se virou para mim no meio do caminho em direção à sala de aula, com a expressão um tanto fechada. Será que é apenas porque agora eu me dei conta que estou mesmo apaixonado por essa garota que ela parece ser a mais linda da face da Terra? Eu poderia olhar para seu rosto o dia inteiro e não me importaria nem um pouco.


– Para que gastar em ônibus se pode ir comigo de graça? - Tentei novamente.


– Acho que sua namorada não vai gostar muito se eu pegasse carona com você. – Senti meu sorriso sumir ao mesmo tempo em que aquelas palavras surtiram efeito em mim.


– Namorada?


COMO ASSIM? Ela não poderia saber! Como ela sabia? Ok, eu não estou namorando! Mas será que ela já sabia que todos achavam que eu iria com a Leah ao casamento e tirou suas próprias conclusões?


Antes que eu pudesse perguntar em voz alta as milhares de perguntas que começaram a surgir em minha mente, o sinal tocou e Nessie simplesmente virou de costas para mim e seguiu para dentro da sala de aula sem dizer mais nada.


Eu sou um idiota mesmo. Deveria ter contado a ela no hospital sobre o jantar. Agora ela está achando que eu estou namorando aquela gralha! Na última vez que ela achou isso foi um tanto complicado contar a verdade a ela. Porém, eu teria que tentar repetir aquela proeza novamente e contar o que realmente aconteceu naquela noite.


As aulas se passaram de forma lenta e torturante. Eu tentei diversas vezes procurar por Nessie durante os intervalos das aulas, ou até mesmo no refeitório no horário do almoço, mas ela aparentemente não foi almoçar, ou estava me evitando de forma eficiente.


Encaminhei-me até meu carro um tanto cabisbaixo. Eu precisarei pensar em algum jeito para encurralar a garota e fazê-la me ouvir - custe o que custar.


O lado bom desse meu dia foi que Leah me deixou em paz. Alelúia! Ao que parece a garota finalmente se deu conta de que eu não quero nada com ela, e nas raras vezes que nos encontramos durante o dia, ela simplesmente esboçou um sorrisinho tímido na minha direção e continuou o que estava fazendo.


Parei em uma sinaleira fechada depois de um tempo, ainda refletindo sobre um jeito de contar a Leah que não iria com ela ao casamento. Com certeza agora seria mais fácil, uma vez que ela se mostrou mais apta à “rejeição” do que seria possivel acreditar.


Enquanto esperava, meus olhos caíram em uma garota morena, com uma expressão entediada e braços cruzados, olhando diretamente para o lado oposto da rua embaixo de uma parada de ônibus. Senti um sorriso se formar em meu rosto enquanto manobrava o carro para parar em frente à Nessie.


– Tem certeza de que não quer uma carona? – Perguntei abaixando o vidro enquanto ela fechava a cara ao ver quem era a pessoa de dentro do carro.


– Não. Já falei que prefiro pegar um ônibus! – Resmungou simplesmente.


– Deixa de ser teimosa, Ness. Entra logo no carro que eu não tenho permissão para ficar estacionado onde param os ônibus.


– Então vaza! – Fez sinal para eu sair, sem me encarar.


– Ótimo, você quem sabe! – Comentei indiferente. – Mas fique sabendo que este é o horário onde os ônibus mais ficam lotados.


Liguei o motor do carro ao mesmo tempo em que começava a fechar o vidro da janela de onde estava falando com a teimosia em pessoa. Pelo reflexo da janela eu conseguia a ver mordendo o lábio de forma pensativa, olhando ora para meu carro, ora para onde o seu ônibus viria.


– ESPERA! – A ouvia gritar quando pisei de leve no acelerador e meu carro andou um pouquinho para frente.


– Sim? – Fiz-me de desentendido, abaixando um pouco o vidro para poder vê-la.


– Vou aceitar sua carona. – Murmurou, abrindo a porta e entrando, parecendo revoltada consigo mesmo. – Mas é apenas porque odeio ônibus lotado! – Acrescentou irritada.


Revirei os olhos dando partida no carro. Ela é mesmo uma garotinha ingrata!


– E não fique achando também que vou ficar lhe devendo alguma coisa por essa carona. – Comentou colocando o sinto de segurança.


– Um “obrigado” já está de bom tamanho. – Disse sarcástico a ouvindo bufar em seguida.


Por incrível que parece, esse jeitinho revoltado dela só me deixa mais fascinado ainda. Essa história de “apaixonado” está me deixando muito sensível e gay para o meu gosto.


Certo, chega de pensar besteiras e vamos ao que interessa, afinal esse era o momento perfeito para contar a ela sobre o que realmente aconteceu naquele jantar. Aqui no carro ela não teria como fugir de mim de jeito nenhum. Eu não poderia ter conseguido oportunidade melhor que essa.


– Nessie...


– Que lixo de música! – Interrompeu-me como se nem tivesse me escutado.


Estava tocando a música mais recente do pai dela, e, devo dizer, uma das minhas favoritas. Nessie trocou de estação até parar em uma que estava tocando “Irreplaceable – Beyonce”.


– Ah, não! Sem musiquinhas de mulherzinha, por favor! – Murmurei, colocando de volta onde estava antes.


– Eu não sou obrigada a escutar essa droga de música! – Trocou mais uma vez para a estação anterior, a qual julgava ser audível.


– E eu não quero ouvir isso que você diz ser música. – Voltei para a música do seu pai. – Eu estou no meu carro. Eu escolho que músicas tocam aqui. - Resmunguei autoritário.


– Eu não estaria aqui se você não tivesse praticamente me forçado a entrar. – Disse, exagerando um pouquinho apenas.


– Se está tão incomodanda com a carona, eu encosto aqui mesmo e você pode continuar seu caminho a pé. – Comentei indiferente, já começando a me irritar.


Como alguém consegue ser tão ingrato? Eu estou aqui de muita boa vontade me oferecendo para deixar a garota em casa sem que ela precise andar de ônibus ou apé, e só o que eu recebo são cortes atrás de cortes!


Nessie não falou nada, apenas me lançou seu típico olhar mortal e depois virou a cabeça para o outro lado, com o nariz levemente empinado.


Respirei fundo me concentrado no que teria que contar agora. Estava organizando meus pensamentos quando uma musiquinha irritante – e desta vez não era do rádio – tomou conta do ambiente.


Nessie tirou o celular do bolso e deu uma rápida olhada no visor antes de atender com a voz um pouco seca demais.


– Fala pai! – Fez uma pausa curta e falou novamente. – Sim, eu queria lhe avisar que a mamãe vai querer um outro convite para o casamento. – Pausa. – Para levar um acompanhante. - Pausa mínima. - Não, é meio que um namorado.


O QUÊ? – Agora até eu ouvi a voz do mesmo carinha que estava tocando no rádio do meu carro saindo do celular da garota ao meu lado.


– Qual é o problema pai? – Nessie perguntou com um sorrisinho zombeteiro nos lábios. Depois, revirou os olhos para a resposta dele. – Sei, sei... Bom, mas era isso que eu queria. – Fez mais uma pausa, esta um pouco mais longa. – É, eu já tenho um par sim.


Com essa eu quase bati em um poste ali perto. O QUÊ? Ela já tem um par? Mas que porra! Quem é o FDP que vai levar a minha... Quer dizer, a Nessie para aquela droga de casamento?


Perdi completamente o resto da conversa da garota. Estava muito ocupado em xingar mentalmente o bostinha que vai ser seu par. Esse carinha está na minha lista negra! Quando em dei por conta Nessie já estava guardando o celular de volta no bolso e voltando a encarar a janela ao seu lado.


Agora faltavam três quadras para sua casa, e se ela já tinha par eu não teria mais nada a falar.


– Então, você já tem par? – Perguntei morrendo de curiosidade para saber quem era.


Ela virou a cabeça para mim lentamente, com as sobrancelhas levemente erguidas.


– Sim. – Disse simplesmente.


– Ahm... Eu posso saber quem é?


– Não vejo motivos para isso. – Encarava-me com os olhos cerrados e a rosto levemente inclinado mostrando curiosidade.


– Eu só estava pedindo. – Defendi-me, mostrando indiferença.


– É, bem você vai saber de qualquer forma quem é. – Comentou enquanto eu estacionava, muito contrariado, o carro em frente a sua casa. – Afinal estaremos juntos no altar.


Ela me lançou um sorrisinho mínimo recheado de desprezo. Porém, eu pude perceber nos seus olhos um brilhinho de tristeza, talvez até decepção.


Ficamos nos encarando por um momento. Eu não conseguia achar palavras para falar, apesar de uma voz gritar na minha cabeça: "FALA AGORA, AGORA!". Eu simplesmente não conseguia achar a minha voz.


Eu estava absolutamente perdido naquele seu semblante triste, e tinha certeza absoluta de que ela estava assim por minha causa. Algo que dizia também que ela esperava que eu falasse alguma coisa.


Fala de uma vez porra!


– Obrigada pela carona, Jake. – Desviou seu olhar do meu e abriu a porta, saindo sem dizer mais nada.


E eu fiquei ali sem me mexer, observando-a entrar em casa enquanto eu continuava olhando para a porta depois que foi fechada; pensando em como eu era perito em estragar tudo sempre.


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Notas finais do capítulo

Oi meus amores! =)Devo me desculpar pela demora, mas eu estava simplesmente sem criatividade. Perdi a conta de quantas vezes eu comecei e apaguei esse cap. Foi o mais difícil de todos, com certeza, e espero que tenho ficado bom =x.Eu tinha pensado em colocar muito mais coisas, mas ele já estava grandinho assim, então resolvi deixar para o próximo mesmo =))Eu sei que ficou meio tristinho esse final, mas eles não iam ficar juntos assim tão facilmente né? hahaBem é isso, me digam o que vocês acharam do cap, please? =)Eu estou simplesmente AMANDO os comentários de vocês, não sabem o quanto eu fico feliz de recebê-los e responder também! E tenho que agradecer também as indicações, eu dou pulinhos de felicidade aqui quando vejo elas hahahaMUITO OBRIGADA MESMO, AMO VOCÊS! Beijaão =@



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