POV NESSIE:

Dirigi calmamente em direção á casa do meu pai ouvindo “Meet me Half Way – Black Eyed Peas” e cantando o refrão animadamente, até mais animada que o normal, eu diria.

Ultimamente eu até gostava desse tipo de música, diferente de antigamente – lê-se ontem - e essas mudanças estavam me assustando um pouco. Porém hoje eu estava me sentindo surpreendentemente feliz, um tipo de felicidade que deixava um sorriso irritantemente bobo brincar no meu rosto a todo tempo.

Cheguei à casa de meu pai 11h30min e ele já estava na porta me esperando olhando para todos os lados e depois para o relógio de forma frenética. Não pareceu ter percebido que eu havia chegado e pelo jeito que ele observada a rua, deu-me a impressão que ele esperava que eu chegasse a pé.

Sai do carro da mamãe e ele pareceu surpreso por um momento, logo em seguida, abriu um sorriso de orelha a orelha.

– Ness! – Veio andando na minha direção com os braços estendidos para um abraço. – Que bom que veio, gatinha!

– Eu falei que vinha. – Respondi retribuindo o abraço. – Não precisa ter ficado assim tão apreensivo.

– Eu sei, mas é que você nunca veio aqui. – Passou um braço pelos meus ombros e me guiou para dentro da casa. – Você nem ao menos conhece seu quarto...

– Meu o quê? – Arregalei os olhos para ele fazendo-o rir.

– Ora, onde você acha que eu irei morar depois do casamento? – Charlie falou como se fosse óbvio. – E claro que você vai vir me visitar algumas vezes, certo? Passar alguns finais de semana...

– Hei pai, eu moro com a mamãe. – Lembrei a ele.

– E isso lhe impede de passar uns dias com seu pai? – Charlie me olhou indignado.

– Claro que não pai. – Respondi medindo as palavras – É só que...

– Não tente inventar desculpas moçinhas. Você virá me visitar aqui algumas vezes sim! – Charlie encerrou o assunto de forma concreta. – Agora vamos para a sala, todos estão aqui já. Só esperávamos por você.

– Todos quem, pai? – Perguntei apreensiva.

Minha pergunta foi respondida assim que coloquei o pé na sala de estar. Era uma sala ampla cor bege, com sofás marrons, um carpete branco parecendo ser extremamente fofinho, uma TV plasma que parecia tela de cinema, muitos quadros e CDs que provavelmente pertenciam à Charlie.

Se meu quarto fosse naquele estilo eu não ficaria mais tão receosa de passar alguns dias aqui com meu pai uma vez ou outra.

Eu levei um susto com quem estava ali para almoçar também. Ao contrário do que eu havia pensando, não era apenas eu, Charlie e Sue. Para completar o super almoço de domingo em família, estavam: Leah, Bella e Edward. O que eles estava fazendo ali? Nem idéia!

Bella e Leah riam juntas de uma piada que eu não fazia idéia do que era. Edward conversa com Sue descontraidamente. Ao que parece toda família está se dando muito bem. Olhei para o relógio.

11h36min.

Então este é o meu horário de morte? Interessante.

POV JACOB

Vem pra cá, AGORA

Quil.

Recebi esta mensagem no meu celular logo após o almoço e corri para o hospital o mais rápido possível. Eu tinha uma ampla idéia do que deveria ter acontecido para este repentino pedido de meu amigo.

Era mais do que óbvio que Quil já soube que vai ser pai e muito provavelmente está entrando em coma de novo.

Pensei que a Claire realmente iria esperar mais para contar essa noticia, assim como Nessie falou. Não sabia o que dizer para meu amigo nesse momento, mas com certeza eu o ajudaria no que fosse preciso com a criança que estava para nascer daqui há alguns meses.

Entrei no quarto que a moça da recepção me indicou, informando que Quil fora transferido para um quarto normal, ao em vez de ficar na UTI sem necessidade. Isso me deixou um pouco mais aliviado. Ele não deveria ter passado mal ou piorado depois de saber da noticia.

– Cara, eu estou perdido! – Essa foi a saudação de Quil quando eu abri a porta do seu novo quarto branco depressivo.

Ele estava pálido e com uma expressão um pouco alucinada no rosto. Aproximei-me com cautela de sua cama e tentei manter minha expressão serena, assim como minha voz:

.– Relaxa meu. Eu sei que vai ser difícil, mas o que está feito...

– A Claire vem me ver depois de eu ter sofrido um acidente e simplesmente joga essa bomba na minha cabeça. – Tagarelou desesperado como se eu nem tivesse falado nada. – E ainda por cima o sogrão quer trocar uma idéia comigo sobre isso. Quer dizer, eu podia muito bem ter morrido naquele acidente... Iria economizar tempo, não acha?

– Cara, SE ACALMA! – Elevei meu tom de voz e Quil finalmente calou a boca e me olhou transtornado. – O pai dela provavelmente só quer ter certeza que você vai assumir o filho...

– Espera ai. – Interrompeu-me de novo. – Como sabe que ela está gra... Gra... – Quil gaguejava que nem um abobado remexendo as mãos nervosamente em cima do seu colo.

– Grávida? – Completei a frase e ele fez uma careta de desgosto. – Por que a Nessie me contou...

– A Nessie? – Ele me cortou MAIS UMA VEZ. Eu juro que daqui a pouco quem vai matá-lo sou eu. – Quer dizer que TODO mundo sabia da minha sina e simplesmente me deixaram na moita?

– Quer parar de fazer drama? – Sentei-me na poltrona ao lado de sua cama. – Quem sabia ou deixou de saber não é relevante agora, cara. A situação agora se resume em você...

– Ser assassinado pelo pai da minha namorada?

– QUER PARAR DE ME INTERROMPER, PORRA? – Gritei irritado e Quil revirou os olhos afundando a cabeça nos travesseiros. – Ele não vai te matar. Por que faria isso?

– Você não prestou atenção na parte em que eu ENGRAVIDEI a filha dele? – Quil desdenhou de forma desesperada.

– Sim seu mané, mas você pretende assumir essa criança, não é?

– Eu... – Quil ficou em silêncio e encarou as mãos, pensativo.

– Você VAI assumir a criança, não é? – Repeti mais urgente.

Ele não iria dar para trás, não podia deixar Claire completamente sozinha em uma situação dessas.

– Eu... Não sei. – Quil falou por fim me encarando com medo nítido.

– Como não sabe? Vai deixar a garota completamente sozinha num estado desses? Não era você que dizia ter finalmente achado a garota da sua vida? Que estava apaixonado perdidamente por ela?

– Eu sei, mas isso muda tudo Jake. – Disse como se fosse óbvio.

– Muda tudo? Como muda tudo? - Tentei entender a mente sem nexo do meu amigo.

– É complicado. – Falou depois de um momento em silêncio. – Poxa, eu só tenho dezessete anos...

– Ela também! – Lembrei a ele.

– Eu sei, mas eu ainda estou estudando...

– Ela também!

– Tudo bem, mas eu nem tenho emprego...

– Nem ela.

– Ok, mas...

– Para de achar desculpas Quil, ela não fez esse filho sozinha, ou será que fez?

Quil não respondeu. Apenas me lançou um olhar duvidoso, respirou fundo e acenou com a cabeça uma vez

– Você tem razão. – Disse por fim me fazendo suspirar aliviado.

POV NESSIE

– Ness, me passa o sal, por favor? – Oh, ótimo agora ela está me chamando por apelidos? Desde quando ficamos intimas? Urgh!

Coloquei um sorriso educado no rosto enquanto passava o sal para Leah ao meu lado na mesa. Eu sei, eu estava sendo um pouco infantil, afinal a garota nunca fez nada contra mim, mas eu simplesmente não ia com a cara dela, sabe como é?

Aquele almoço estava simplesmente insuportável. Eu sinceramente não sabia o que era pior: se era Sue e Charlie em seus momentos de “casal nojento”, se era as piadas COMPLETAMENTE sem graça de Edward ou se eram Leah e Bella rindo que nem umas gralhas escandalosas das besteiras que meu cunhado dizia.

Eu olhava para o relógio de cinco em cinco minutos. Bem, a comida pelo menos salvava um pouco o almoço. Eu não podia ser hipócrita de não admitir que Sue cozinhava divinamente. Se não fosse por isso eu, com certeza, já teria dado uma desculpa qualquer e me mandando dali de uma vez.

– Então sobre o casamento. – Sue comentou enquanto servia a sobremesa. – Temos alguns tópicos pendentes, certo?

– Eu já cuidei daquela parte do bife. – Bella falou animadamente. – É o melhor chefe de cozinha da cidade. Será o mesmo que fará o do nosso casamento. – Lançou aquele olhar apaixonado para Edward, que sorriu abobadamente para ela.

– Oh, que ótimo! – Sue empolgou-se. – Então isso está resolvido. Quanto às damas de honra – Continuou. – Bella, Leah, Nessie... Falta uma. Quem poderia ser?

Engasguei-me com o pedaço de torta de limão que estava comendo. COMO É QUE É? Eu? Dama de Honra?

HAHAHAHA. Isso é uma piada, certo?

CERTO?

– Podíamos convidar aquela linda moça do jantar ontem. Ela virá com a família de qualquer modo. – Charlie acrescentou enquanto dava leves tapinhas nas minhas costas para eu parar de tossir que nem uma louca.

– Oh, sim! – Leah concordou de imediato praticamente quicando na cadeira. – É Rachel o nome dela, Charlie.

Um pensamento idiota veio à minha cabeça ao ouvir Leah pronunciar Rachel. Lembrei do que meu pai falara anteriormente “ela virá com a família de qualquer modo”. Oh, deixe de pensar asneiras Nessie, afinal esse é um nome muito comum, não tem porque ser exatamente a família que você está pensando que é.

– Claro, eu achei ela um amor. – Sue aprovou fazendo uma anotação em um papel que deve ter se materializado do nada. – Você a conhece filha?

– Claro que ela a conhece Sue. É irmã do namoradinho dela. – Charlie brincou piscando para Leah que sorriu marota.

Namoradinho? Nossa, garotinha rápida esta hein. Nem ao menos acabou com Jacob e já estava em outro.

– Teremos que conversar com ela sobre quem ela trará para ser seu par. Você pode fazer isso, não pode Lee? – A garota confirmou com a cabeça prontamente e Sue continuou com um sorriso de aprovação. – E Nessie, tem idéia de quem quer que seja seu par?

– Eu? Bom... – Pensei um pouco e para minha infelicidade apenas uma pessoa me veio a mente e eu com certeza não teria tanta cara de pau para convidá-lo. – Eu não sei ainda...

– Não tem problema. – Sue fez um gesto com a mão querendo dizer que estava tudo bem. – Só me de uma resposta até o final da semana, sim? Temos que saber pelo menos uma semana antes...

– Espera ai. – Interrompi-a me ajeitando melhor na cadeira. – Quando vocês pretendem se casar?

– Daqui a duas semanas. – Meu pai respondeu contente.

– Por que tão cedo assim?

– Ora, porque sim Ness! – Charlie falou indiferente, mas me pareceu que estava escondendo algo.

Ih, isso não está me cheirando boa coisa.

– Então os pares seriam: – Sue continuou lendo o papel em sua mão como se quisesse mudar o foco da conversa. – Nessie e Rachel ainda não tem, Bella e Edward, claro, e Leah e Jacob, é isso?

Agora sim eu me engasguei de verdade. Enquanto tossia até meu rim para fora mais ou menos, uma bola pesada se formava no meu estômago e as palavras de Sue faziam eco dentro da minha cabeça.

Leah e Jacob, Leah e Jacob, Leah e Jacob.

AQUELE IDIOTA VAI COM ELA? COM A LEAH? ISSO É PIADA?!

POV JACOB

– Está tudo bem, Jake? – Quil me fez voltar para a realidade com uma expressão curiosa.

Estava tudo bem? Claro que não estava tudo bem! Depois de Quil ter aceitado o fato de ser pai, eu voltei para meus devaneios infelizes. Eu só conseguia pensar no que Nessie faria se soubesse do maldito jantar da noite passada.

O fato de ela ter ido almoçar apenas com seu pai e madrasta, me fez ficar mais tranqüilo. Ela não veria aquela gralha, então não havia como descobrir ainda.

Talvez amanhã antes da aula eu conseguisse conversar com ela sobre isso, pelo menos ela saberia que mais uma vez aquilo não passou de um mal entendido do caralho.

– Jake? – Quil insistiu urgentemente.

– Ah, não é nada demais não. – Desviei o assunto tentando parecer interessado no filmezinho sem graça que passava na TV do quarto.

– Isso está me cheirando à garota. – Quil falou debochadamente dando um sorrisinho irônico. – Foi a Nessie, não foi?

– Foi a Nessie o que seu animal? – Fingi estar confuso e Quil revirou os olhos.

– Quer parar de enganar a si mesmo Jake? Admite de uma vez que a garota finalmente conseguiu mexer com o destruidor de corações Jacob Black. – Riu como se tivesse dito a coisa mais engraçada do mundo.

– Como é? – Dei uma risada fingida. – Será que a batida na cabeça deixou você abobado? Não viaja Quil!

– Você não está enganando ninguém aqui, sabia? – Deu de ombros ainda com aquela expressão curiosa. – Vai me contar o que aconteceu ou não?

– Certo, já que isso parece ser tão importante para você. – Revirei os olhos fazendo-o rir e comecei meu relato.

FLASH BACK

– Jacob você vai colocar o terno sim! – Rachel ralhou comigo na porta do banheiro.

– Mana, olha só: – Virei-me falando calmamente para ela. – Eu ODEIO usar essas coisas, eu nem quero ir nessa porra de jantar, só estou indo porque eu sei que você vai me torrar o resto da minha vida se eu não for, então POR FAVOR, não me obriga usar essa droga de pano preto que me faz suar que nem um porco, ok?!

– Credo Jake, precisa falar assim? – Rachel perguntou e eu pude ouvir o choro em sua voz.

Isso seu idiota, faz a sua irmã chorar. Com certeza isso vai fazer com que você se sinta melhor.

– Ah, não! Desculpa Rach. – Puxei-a pelo braço e lhe dei um beijo estalado em sua testa. – É só que eu não to legal, sabe? Eu ainda esto muito preocupado com o Quil e... Bom, eu estou descontando em você. Eu sou um idiota! Foi mal.

– Ah, tudo bem. – Murmurou bagunçando meus cabelos de leve. – Mas eu ainda acho que você deveria colocar o terno. Se você não quer, então tudo bem.

Revirei os olhos e lhe olhei frustrado.

– O que você não me pede chorando que eu faço sorrindo?

– É, eu sei. – Bateu palminhas animada e foi saltitando buscar o terno para eu vestir.

(...)

Jantarzinho mais fuleiro esse, hein. Ok, estava cheia de gente famosa, um bando de cantores com várias músicas de sucesso, e minha irmã estava praticamente quicando de tanta emoção ao meu lado; entretanto eu não conseguia ficar animado, por mais que eu tentasse.

Aquilo não estava me distraindo nem um pouco e eu olhava para meu celular a cada cinco minutos para ver se alguém me ligava para me dar alguma noticia nova sobre meu amigo.

– Jake, olha lá, olha lá! – Rachel exclamou puxando minha manga e apontando que nem uma histérica para um homem moreno que estava de costas para nós conversando com um monte de gente desconhecida.

– Que foi sua louca? – Desfiz seu aperto em meu braço, que já estava me incomodando e olhei indiferente para o homem já desviando o olhar em seguida.

– Aquele lá é o... É o... É o... – Pelo amor de Deus, é tão difícil falar de uma vez? Dei-lhe um tapinha nas costas e ela destravou instantemente. – É o Charlie Swan. AAAAAH, ele esta vindo pra cá!

Virei-me em direção a onde o pai de Nessie estava momento antes, e de fato, ele estava vindo para cá. Mais precisamente ele estava olhando com um sorriso para... Ele estava sorrindo PARA MIM?

Billy materializou-se do nada ao meu lado no mesmo instante em que Charlie chegava suficientemente perto e estendia a mão para... ME COMPRIMENTAR?

– Olá... Jacob... é Jacob, não é? – Perguntou simpaticamente.

– Sim esse é meu filho, Jacob Black. – Meu pai respondeu antes que eu conseguisse processar que o cantor que eu mais gosto estava falando comigo por livre e espontânea vontade. – Eu sou Billy Black, produtor.

– Ah, é um prazer conhecer o pai de Jake, posso lhe chamar de Jake, não é? – Charlie riu divertido como se fossemos amigos íntimos.

Rachel me olhava boquiaberta e eu deveria estar com a mesma expressão incrédula que ela mostrava. Como fiz momentos antes na minha irmã, meu pai precisou bater nas minhas costas discretamente para que eu respondesse a pergunta.

– Ah... Sim, sim, claro! – Gaguejei acenando a cabeça freneticamente.

– Não sabia que vocês se conheciam. – Billy lançou-me um olhar de canto, parecia estar me repreendendo. Depois voltou seu rosto para Charlie sorrindo abertamente.

– Oh sim, Leah fala muito de Jacob. – Charlie respondeu fazendo meu sorriso desaparecer instantemente e o de Rachel e de Billy ficarem ainda maiores, se possível.

– Leah? – Billy me olhou com diversão, enquanto Rachel me lançava um sorriso malicioso.

Eles só podem estar de brincadeira se pensam que Leah é a “tal garota misteriosa” que não sai da minha cabeça.

– Sim, ela é filha da minha noiva. – Charlie sorriu abertamente. – Inclusive ela estava comentando que Jacob concordou em ser o acompanhante dela no casamento.

– COMO É QUE É? – Gritei incrédulo. Os três me olharam em choque. Aliás, a festa inteira me olhou assustada. – Ah, desculpe... É... Como é que é? – Repeti baixinho.

– É, bom... Pelo menos isso foi o que Leah comentou no meio da semana... – Charlie murmurou pensativo coçando a cabeça. – Talvez ela tenha se enganado, ou se você não quiser ir...

Billy começou a gargalhar que nem um demente e todos olharam para ele com o cenho franzido.

– Mas é CLARO que ele vai, não vai filho? – Lançou-me um olhar “fala que sim ou te pego em casa”.

– Na verdade... – Tentei argumentar fingindo não ver a ameaça implícita nos olhos de meu pai, mas ele me interrompeu.

– Ele já tinha comentado sobre isso, é claro. Aliás, é só sobre isso que ele sabe falar ultimamente. – Sorriu animado, ignorando-me completamente. – Um evento assim tão importante seria uma desonra recusar.

Charlie sorriu abertamente e fez um gesto com a mão como quem queria dizer que aquilo não era nada.

– Que é isso. Será um prazer ter Jacob na cerimônia. – Fez uma pausa e analisou por um momento minha irmã e meu pai. – Inclusive, será um prazer que toda a família Black apareça por lá.

– Oh, ficamos lisonjeados. – Meu pai sacana falou, enquanto minha irmã praticamente enchia os olhos de água pela emoção.

Ficaram ali conversando por um século, mas eu me alienei totalmente da conversa. Eu não estou acreditando nisso! Será que eu joguei pedra na cruz para merecer aquela garota DE NOVO na minha vida?

Refleti por um momento sobre isso e cheguei à conclusão que talvez ela não quisesse mais ir comigo, afinal ficara um tanto magoada por eu ter terminar nosso “namoro”.

Meu pai estava fechando um negocio de fazer um show com Charlie e não sei lá quem em algum lugar por ai. Eu não sei como meu pai consegue ficar amigo e convencer as pessoas assim facilmente. Principalmente pessoas influentes e famosas.

– Então, quem é essa Leah? – Rachel perguntou com as sobrancelhas arqueadas maliciosamente ao meu lado.

– É um chicle que eu tive a infelicidade de conhecer e pegar um dia ai. – Respondi indiferente, esfregando minhas têmporas, casado.

– Ah, então não é essa a garota misteriosa? – Rachel parecia decepcionada.

– Não Rach, não é ela. – Murmurei sem pensar. – Quer dizer, NÃO. Eu já disse que não tem garota nenhuma!

Minha irmã começou a rir e pular no mesmo lugar batendo palmas.

– Admitiu, admitiu! – Revirei os olhos e ignorei-a totalmente. – Me conta quem é, por favoooooooor!

Ela me olhou com carinha de pidona, mas nesse momento Charlie me chamou para a conversa que estava tendo com meu pai.

– Olha quem apareceu por aqui! – Comentou, pousando de leve a mão no ombro de uma garota morena. AH NÃO ME MATA, POR FAVOR?!

– Ah, oi Leah. – Esboçei um sorrisinho tímido.

– Oi. – Respondeu friamente desviando o olhar para o outro lado.

Minha animação começou a aumentar ao ver a reação dela. Era óbvio que ela não me perdoou, e, consequentemente, ela não vai querer ir à porra do casamento comigo. Uma notícia boa nessa droga de dia que eu estava tendo.

– Estávamos aqui falando do casamento, Lee. – Charlie continuou indiferente à recepção fria da garota para comigo. – Jacob estava confirmando que será o seu acompanhante.

– O quê? – A garota virou o pescoço na minha direção me olhando incrédula, aos poucos um sorriso presunçoso começou a se formar no seu rosto. Ah não, ah não! – Você vai mesmo?

Não respondi. Senti aquela animação anterior ir embora lentamente enquanto meu pai me lançava o mesmo olhar mortal de antes.

– Eu... Eu... – Gaguejei um tanto incerto afrouxando um pouco o aperto da minha gravata.

– Ele vai sim. E será uma honra! – Billy respondeu por mim fazendo Leah me olhar como se tivesse ganhando na loteria.

O resto da noite foi completamente INSUPORTÁVEL. Para minha infeliz surpresa, Leah e Rachel se conheciam e passaram a noite inteira conversando animadamente e tentando me puxar para o assunto.

Aquele chicle começou a me lançar aqueles olhares apaixonadinhos de antigamente e se atirava em mim de um jeito absurdamente ridículo. Meu pai e Charlie nos olhavam com aprovação nítida.

Alguém me mata?

FIM DO FLASH BACK

– Você é um idiota mesmo! – Quil comentou após minha história depressiva.

– Valeu, cara. Isso me faz sentir bem melhor. – Murmurei ironicamente passando as mãos nos cabelos e suspirando alto.

– Você já percebeu que essa é a segunda vez que você se da mal por não ter prestado atenção no que uma garota fala? – Comentou como se tivesse feito um comentário muito inteligente e útil.

– Não brinca? – Perguntei sarcástico, olhando-o surpreso. – Uau, eu realmente não tinha me ligado disso.

Quil revirou os olhos e me lançou um olhar estranho, como se estivesse achando graça de alguma coisa.

– Que é? – Perguntei secamente. Não estava gostando nem um pouco daquela expressão.

– Por que exatamente isso está lhe incomodando, Jake?

– Porque é a LEAH! – Respondi o óbvio, sinceramente me perguntando se a pancada na cabeça de Quil não havia o deixando mais lerdo que o normal.

– Ok, isso eu sei... Mas você com certeza não ficaria desse jeito só por causa disso, que dizer, a garota é gata uma e tal. – Quil relatou me analisando com cuidando. – O Jacob que eu conhecia não iria se abalar desse jeito só porque irá para uma festa de casamento do seu cantor favorito com uma gata que nem a Leah.

– O que você quer dizer com “o Jacob que eu conhecia”. – Perguntei debochadamente.

– O Jacob de semanas atrás, sabe... O que não se preocupava com a reação de Nessie por cada coisinha que faz.

Não respondi. Apenas o encarei com a boca ligeralmente aberta. Ele estava certo, não estava? Quil estava completa e obviamente certo!

– Vai admitir de uma vez por todas que está apaixonado por essa garota Jake?

Suspirei fundo uma vez, fechando os olhos vencido. Ouvi Quil dar uma risadinha triunfante, provavelmente atribuindo essa minha reação ao um “sim”.

Não o corrigi. Eu não tinha mais argumentos nem para usar contra mim mesmo. Eu realmente estava apaixonado pela Nessie e não havia muita coisa que eu pudesse fazer para mudar esse fato.