Um Cupido Nem Tão Perfeito escrita por Vivs


Capítulo 26
Capítulo 26


Notas iniciais do capítulo

Oii Pessoal! Eu sei que demorei para postar, e peço desculpas, mas vou me explicar nas notas finais.

Anyway, esse é para ler ouvindo: I Know Places da Taylor Swift ou Love In The Middle of a Firefight do Dillon Francis feat Brendon Urie, vcs decidem ♥

Boa leitura ♥



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[LEIAM AS NOTAS FINAIS]

*Dan


       

Pela primeira vez desde que eu havia chegado ali, Lucy não passou a noite em casa. Fiquei preocupado, imaginando se ela havia se metido em alguma enrascada ou se estava evitando minha presença.

Talvez já houvesse passado da hora de eu sair dali. Ivye poderia me ajudar a conseguir ficar num hotel usando sua influência.

O único problema é que Ivye não estava em lugar nenhum. Desde a nossa pequena discussão, ela havia simplesmente desaparecido. Fiquei atento nos movimentos de Lucy, já que Ivye era sua cupida, mas mesmo assim ela continuava ausente, deixando sua missão de lado. Ivye não era assim, suas missões eram sua maior prioridade. A cada dia que se passava eu ficava mais preocupado. Mas o que poderia fazer? Não conseguiria me transportar para o plano superior, onde ela poderia estar. E com certeza não poderia sair por ai perguntando “Olá, por algum acaso você viu uma cupida de cabelos curtos e vermelhos, e um rosto cínico de nariz arrebitado por aí?”.

O tempo que eu não passava pensando em Ivye, eu estava procurando ela inconscientemente nos lugares. Ás vezes via algo engraçado na rua, e me virava esperando ver Ivye com um com um comentário espinhoso na ponta da língua, mas não encontrava nada. Comecei a desenvolver as teorias mais malucas possíveis. Será que eu havia me tornado humano por completo e fiquei incapaz de enxerga-la? Será que ela havia sido dispensada de sua missão? Será que ela simplesmente ainda estava com raiva?

A única coisa que conseguia me distrair de toda a preocupação era Kate. Nos encontrávamos praticamente todos os dias, exceto aqueles em que ela tinha muitos deveres da faculdade ou ia visitar sua mãe, o que acontecia bem mais frequentemente agora que sua saúde estava piorando.

Todas as vezes que eu dizia ou fazia algo ingênuo, ela sorria. Mal sabia ela que aquele tipo de coisa só acontecia porque ás vezes eu simplesmente esquecia que era humano. Ficava surpreso quando pegava alguém me olhando, porque supostamente eu deveria ser invisível aos olhos mortais. Esquecia de me alimentar, já que não tinha esse costume. Ás vezes ficava surpreso até pelo simples fato de ter tato. Sempre me controlei e disfarcei quando esses pensamentos tomavam conta de mim, mas ultimamente a preocupação constante com Ivye havia me tornado muito distraído. A única coisa boa de tudo isso é que ouvir a risada de Kate fazia valer a pena. O modo como seus olhos se iluminavam quando sorria, e se fechavam ligeiramente. Sua risada musical e seu rosto de transformando em alegria, deixando todas as suas preocupações para trás.

Assim como eu, Kate estava muito aflita. O estado de saúde de sua mãe só piorava, e ficava cada vez mais difícil se mostrar forte para seus irmãos mais novos. E ela tinha medo de que toda essa carga emocional fosse prejudica-la na faculdade. E eu sabia, mesmo sem ela falar sobre isso, que ainda estava com peso na consciência por não ter conseguido dizer que estava apaixonada por mim.

E se ela estava mal com isso, eu estava mil vezes pior. Continuava dizendo para mim mesmo que não era grande coisa e não significava nada, mas uma única pergunta continuava me assombrando o tempo todo:

Se fosse Ben ali, no meu lugar, teria sido diferente?

E esse questionamento trazia outra questão à tona, uma que eu estava dando meu máximo para ignorar nos últimos dias: Meu prazo estava acabando. Eu tinha duas semanas restantes para cumprir minha suposta missão de levar Kate até sua alma gêmea, e aqui estava eu tendo um relacionamento com ela. Bebendo café e a abraçando nos dias frios. Andando nas ruas com as mãos entrelaçadas. Indo ao cinema juntos e ignorando totalmente o filme. E eu sempre me perguntava: “e se fosse Ben no meu lugar”? O peso em minha consciência ficava insuportável e impossível de ignorar.

Eu tinha duas semanas para fazer minha decisão: Cumpriria minha missão ou quebraria todas as regras? Quando colocava dessa maneira, fazia tudo parecer bem mais simples, mas a questão era bem mais profunda. Será que eu não estava colocando minha felicidade acima da de Kate? Será que Ivye tinha razão e eu estava sendo egoísta?

Ivye... Gostaria que ela aparecesse logo. As coisas sempre pareciam mais seguras com ela ao meu lado.

—Você está fazendo aquilo de novo. –disse Kate, me despertando para a realidade. –Está pensando demais em algo, não está?

Por um momento eu apenas a observei, encantado com o fato de que ela me conhecia tão bem. Encantado com a luz fraca do sol que penetrava pelas janelas da sala refletir, dourada, em seu cabelo loiro. Ela agarrou seu casaco ao lado da porta, voltou para o sofá e se sentou ao meu lado.

—O que foi, Dan? –ela perguntou, carinhosamente, segurando minha mão. Vi que ela parecia um pouco culpada, como se achasse que meu estado de humor fosse sua culpa. Talvez ela estivesse pensando que tudo aquilo tinha a ver com não ter dito o que sentia por mim. E eu não podia deixar que Kate se sentisse triste por minha causa quando ela estava enfrentando problemas bem maiores, isso sim seria egoísmo.

—Eu só estou com saudades de casa. –respondi, o que não deixava de ser verdade. Ivye era a minha maior representação de lar e segurança. E ela não estava ali. –E... também estou preocupado com outras coisas. Algumas decisões que tenho que tomar em breve. Só espero fazer a escolha certa.

Kate não fez perguntas. Ela segurou minha mão com mais força e me olhou nos olhos.

—Eu estou aqui do seu lado. O que quer que você esteja enfrentando, não se esqueça disso. Eu vou sempre te apoiar, da mesma forma que você tem me apoiado incondicionalmente nos últimos dias. Quando chegar a hora, você irá tomar a decisão certa, eu tenho certeza disso. Você sempre segue seu coração Dan, e ele está sempre certo.

Ela não desviou o olhar por nenhum segundo, e quando terminou de falar me deu um beijo demorado na testa. Eu a abracei e apreciei aquele momento de afeto. Eu não precisava de palavras. Sabia que Kate sentia o mesmo por mim em momentos como aquele.

E mais uma vez, a sensação de carinho e calma que se instalou no meu peito foi interrompida pela pergunta: “E se fosse Ben, ao invés de mim?”.

—Obrigado, Kate. –consegui balbuciar, enquanto me levantava. Ela se levantou e entrelaçou seus dedos nos meus.

—É uma pena que sua amiga não está aqui hoje. –ela disse, enquanto caminhamos para a porta. Recentemente, Kate vinha insistindo em conhecer Lucy. Eu estava receoso, mas concordei mesmo assim, porque ela vinha parecendo sentir um pouco de ciúmes, mesmo que não fosse admitir. Mas Lucy ainda não havia chegado em casa, e Kate tinha o primeiro período livre, então decidimos ir caminhar um pouco por Venice Beach.

O cenário era o mesmo de quando nos encontramos pela primeira vez. As calçadas estavam cheias de artistas independentes, cada um fazendo algo inusitado. Caminhar por ali, com a maresia batendo no rosto e os dedos de Kate entrelaçados aos meus era indescritível. Fizemos uma parada para assistir um mimico que envolveu Kate no show e tirou uma flor do chapéu para entregar a ela, que a pôs no cabelo.

Eu estava prestes a dizer o quanto ela estava linda, quando algo chamou minha atenção. Um vulto vermelho correndo rapidamente em nossa direção. Uma pontada de esperança surgiu em meu peito, e quando ela se aproximou eu tive certeza: era Ivye.

—Dan! –ela gritou ao se aproximar, ofegante. –Você tem que vir comigo agora. É caso de vida ou morte. A sua morte, no caso.

Ela estava totalmente acabada. Seus olhos estavam vermelhos, seus pulsos traziam marcas horríveis, seu cabelo estava espetado. Aproveitei que Kate ainda estava distraída com o mimico e sussurrei, chocado:

—O que aconteceu com você?

Ela balançou a cabeça, se mexendo inquietamente.

—Eu vou explicar tudo. Por favor, você tem que vir comigo agora.

Me virei para Kate e disse que iria comprar alguma coisa para comermos. Ela assentiu e continuou prestando atenção no espetáculo.

Segui Ivye que se infiltrava pela multidão. Ela se movia tão rápida e desesperadamente que eu só conseguia distinguir o borrão vermelho de sua cabeleira. Então ela finalmente parou em um beco cheio de canos pingando e mofo escalando pelas parede. Aquela situação toda já me assustava, mas tive certeza que a situação era muito séria quando o olhar de Ivye encontrou o meu. Ela parecia totalmente apavorada.

—O que houve?! Onde você esteve?! Estava morrendo de preocupação! –exclamei, tentando sem sucesso controlar o tom de voz.

—Cupido me capturou. –ela disse, franzindo o rosto numa expressão de dor e passando a mão em um dos pulsos machucados.

—O que?! –exclamei.

—Dan, nós não temos muito tempo, então me escute. Cupido me acorrentou para me impedir de te ajudar, de te contar a verdade e o que ele está planejando. Ele quer te matar, Dan. Está em apuros com o Conselho de Seres Superiores e quer eliminar você de uma vez por todas. No começo eu achei que ele não estava falando sério, mas depois do que aconteceu, depois do que eu vi, a fúria dele vai se renovar como nunca. Você tem que se esconder, Dan. Nenhum lugar é seguro agora.

Ela falou tudo aquilo muito rapidamente, sem tomar fôlego e minha mente reverberava tentando assimilar todas aquelas informações. Quando percebi, estava despejando as palavras:

—Como assim ele te acorrentou?! Como ele pode me matar?! Eu não estou entendendo nada, Ivye. O que você viu de tão ruim assim?

—A verdade sobre Cupido. –Ivye respondeu, com o olhar vidrado, como se estivesse se lembrando de algo.

—O que...? –tentei começar, mas ela ergueu uma mão impaciente.

—Dan, você e Kate estão correndo um enorme perigo. Nós temos apenas alguns minutos de vantagem, temos que tirar vocês daqui.

—Mas como Cupido conseguiria nos fazer mal? Quer dizer, ele não vai simplesmente aparecer aqui e me apunhalar!

Ivye rugiu, frustrada.

—Você não entende, Dan?! Ele vai influenciar os mortais! Todas essas pessoas na rua, qualquer uma delas pode ser a que vai dar o golpe final!

Assim que Ivye terminou de falar, ouvi passos abafados atrás de nós. Na saída para a rua estava três homens corpulentos e duas mulheres com olhares mortais. Eles avançaram, alguns com facas ou pedaços de madeira nas mãos. Ouvi Ivye gritar meu nome, mas ainda estava anestesiado, tentando entender tudo aquilo. Os segundos pareceram se arrastar quando o primeiro homem ergueu um pedaço de madeira e desferiu um golpe em direção a minha cabeça. Então minha mente voltou a funcionar com um estralo, como duas peças de quebra-cabeça se encaixando e eu me abaixei instintivamente. Vi Ivye atrasando os outros, tentando influencia-los a sair dali e bater com as próprias cabeças na parede. Até funcionava, mas por pouco tempo. Depois eles se voltavam até mim, como robôs programados para matar.

E no meio de todo aquele caos, um pensamento surgiu em minha mente: Kate. Eu havia a deixado sozinha na rua, cercada por estranhos que poderiam estar tentando matá-la naquele momento. Aquilo me trouxe uma força de vontade e um senso de urgência indescritíveis. Consegui reunir forças suficientes para arrancar um dos canos carcomidos pelo mofo das paredes e o brandi com um estralo na nuca do homem que ainda me perseguia. Ele caiu com um baque surdo e eu gritei:

—Ivye, vamos dar o fora daqui! Agora!

Ela influenciou os perseguidores restantes mais uma vez, nos garantindo alguns segundos de vantagem em nossa fuga. Disparamos pela rua, numa corrida frenética até o ponto onde eu havia deixado Kate. Toda vez que alguém fazia um movimento suspeito em minha direção, eu os atingia com o pedaço de cano. Talvez não fosse a medida mais prudente, mas era sem dúvidas eficiente. Todos eles despencavam no chão ou ficavam atordoados.

Sentia o suor escorrendo por minhas costas e conseguia ouvir meu próprio coração ribombando em meu peito. Corria com uma velocidade que não achava ser humanamente possível e quando finalmente chegamos até Kate, parei, pasmo com a cena que estava se desenrolando ali.

O mimico havia arranjado um canivete e o brandia para cima de Kate, obviamente influenciado. Só que, por mais improvável que possa parecer, ele estava levando a pior. Kate o espancava com a bolsa cheia dos livros pesados da faculdade. As pessoas que antes estavam ao redor, se afastaram assustadas, o que talvez fosse melhor, nos garantiria mais um tempo para fuga antes de serem influenciadas também.

Seu. Maluco. Esquisito. Eu vou. Acabar. Com. Você!—ela gritava por entre os dentes, pontuando cada palavra com um novo golpe. Até que o mimico deixou o canivete cair inofensivamente e caiu na areia da praia, atordoado.

Essa era minha garota.

—Kate! –gritei, correndo em sua direção. Ela havia acabado de agarrar o canivete caído na areia, quando se virou para mim. Viu o pedaço de cano em minha mão direita e meu rosto assustado.

—Dan, o que... eu...? –ela gaguejou, olhando para o mimico atordoado que choramingava e a multidão de pessoas influenciadas que corriam, com expressões furiosas e gritos de guerra em nossa direção.

—Kate, nós temos que sair daqui agora! –gritei, agarrando sua mão e correndo sem esperar sua resposta. Ivye estava para trás, tentando ganhar mais tempo para nós, mas a multidão se aproximava cada vez mais. Kate e eu pulamos uma mureta, voltando para a rua. A multidão nos alcançou logo após e simplesmente destruiu a mureta. Agora o exército de mortais influenciados preenchia toda a rua, correndo até nós.

Kate, surpreendentemente, parecia mais determinada do que apavorada. Estava chocada, é claro, mas não reduzia o ritmo.

—Dan, o que você fez?! –ela gritou. –Por que essas pessoas estão nos perseguindo?! O que está acontecendo?!

Então eu soube, naquele momento, que não havia mais saída. Não poderia encobrir tudo aquilo com uma simples mentira.

Kate tinha que saber de tudo.

Enquanto cruzávamos uma esquina, de mãos dadas, correndo como loucos, com centenas de pessoas atrás de nós, eu gritei:

—Kate, você confia em mim?

—É claro que confio!

—Ótimo. Porque eu preciso te contar uma coisa.

 


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Notas finais do capítulo

Então gente, eu demorei mais do que o normal para postar porque estou desanimando com a fanfic :c Eu realmente não quero abandonar, mas sei lá... Eu não sou e nem gosto de cobrar comentários, mas tem 65 pessoas acompanhando e só umas 5 comentam, poxa, é impossível não ficar desanimada com isso.
Enfim, eu preciso reencontrar minha animação com essa história, então deixem uns comentários de apoio ai embaixo, pq eu nao quero mesmo abandonar. Me leva duas horas para escrever um capítulo, e te leva 5 minutos para comentar, então me deem uma força aí :c

AAAAANYWAAAY, o que acharam do capítulo? O que acham que vai acontecer? Quero ouvir suas teorias conspiratórias como sempre.
Muuito obrigado por ler até aqui e não esqueçam de comentar e ajudar essa pobre autora desesperada.

Até o próximo! (em tempo indeterminado).