Bechloe: Loving you escrita por Pontinho


Capítulo 23
Are you sure?


Notas iniciais do capítulo

Desculpem, eu não pude postar ontem, estava viajando, então o capítulo saiu hoje, mas amanhã vou postar também, normal.

Boa leitura :)



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/663670/chapter/23

*Beca*

Impedi as lágrimas de descerem. O que raios eu estava fazendo? Caramba, eu não devia ter me entregue dessa forma, e não por conta do que acabou de acontecer, acho até que ela está certa, mas por saber a forma que eu fico, não consigo olhar para ela sem ter vontade de beija-la, é como se toda a energia que eu precisasse estivesse nela. E isso é horrível, pois eu me torno uma pessoa completamente dependente.

Escutei o barulho da água do chuveiro caindo. Me sentei na cama e fiquei mexendo no celular. Minutos depois escuto aquela doce voz que era tão conhecida por mim. Meu corpo estremeceu.

— Beca?- ela colocou apenas a cabeça para fora do banheiro, escondendo seu corpo atrás da porta.- Alcança aquela toalha para mim?

Avistei a toalha dobrada no pé de sua cama e me levantei para pega-la.

— Chloe, está um pouco... úmida.

— Ah, não tem problema, me dê ela aqui!

— Não, calma, usa essa.- falei pegando uma outra, dentro do armário.- está limpa!

— Obrigada!

Ela tirou a toalha de minhas mãos e encostou a porta, mas não completamente, ela não percebeu que uma fresta estava aberta.

Fiquei ali, parada, a observando. E pelo modo como meu corpo reagiu, eu não deveria mais observa-la nua.

Nossos olhos se encontraram pelo reflexo do espelho.

— Desculpe.

— Tudo bem, você sabe que sou bem a vontade com isso, só não me troco no quarto porque isso mexe com...

— Não! Pode se trocar aqui, eu não ligo, mesmo, isso não mexe comigo, não tanto, quer dizer, sei lá, isso é normal.

Ela sorriu.

— Certo.

Ela saiu do banheiro enrolada na toalha, mas a soltou assim que retirou uma roupa do armário.

“Isso não mexe comigo”, eu só podia estar de brincadeira.

Ela terminou de se vestir, então voltou para dentro do banheiro e pegou uma escova para pentear seus cabelos molhados.

Ela ficou de pé enfrente ao espelho do quarto e começou a passar a escova sobre seus cabelos.

— Ugh!- escutei-a exclamar. Sorri.

— Quer ajuda?

— Não, obrigada, está apenas um pouco embaraçado, por conta que eu corri hoje e tudo o mais...

— Ok.

Continuei a olha-la. Não me importei em ter ela sabendo que eu a fitava.

— Ai!

Me levantei de minha cama e fui até ela.

— Sente aqui.- falei arrastando a cadeira da escrivaninha para a frente do espelho.

Ela me obedeceu. Tirei a escova de suas mãos e comecei a fazer o que ela estava fazendo.

*Chloe*

Eu a olhava pelo reflexo do espelho. Eu tinha vontade de aperta-la, por tanta fofura.

Observei cada movimento. Ela penteava meu cabelo com tanta delicadeza.

— Por que está fazendo isso?

— Me desculpe, ruiva, eu já disse, não posso te explicar, eu só não posso ficar com você agora.

— É... eu estava me referindo ao fato de pentear meu cabelo.- falei rindo.

Vi um sorriso em seu rosto.

— Desculpe, entendi errado.

— Mas, por quê?

— Não sei, eu gosto de...- ela parou o que estava fazendo por um instante e me olhou.- gosto de fazer qualquer coisa que relacione a cuidar de você.

— Sei como é.

Ela sorriu e voltou ao que estava fazendo.

— Você ficou com raiva? Por eu ter tentado fazer o que eu tentei, antes de você ir tomar seu banho?

— Beca, não! Eu não fiquei com raiva. Eu queria ter feito aquilo mais do que qualquer outra coisa, eu só não podia.

— Entendi. Chlo, você se sentiu...

— Excitada?- perguntei com um sorriso. Ela concordou com a cabeça.- Muito!

Ela deu um sorriso bobo.

— Eu também.

Soltei uma gargalhada.

— Isso eu percebi!

Ela deu risada.

— Eu sempre...- percebi que ela deu um suspiro.- sempre tive muito medo de ter essa primeira vez, e hoje...ah, hoje eu estava com você e tudo fez tanto sentido. Sei que não chegamos a fazer nada, mas se fosse acontecer, eu tenho certeza de que seria meu melhor momento.

Senti uma pontada em meu coração. Eu sempre soube que Beca nunca tinha feito aquilo com ninguém, mas saber que ela se sentiu segura por estar comigo...isso foi a melhor coisa que já disseram para mim.

— Talvez eu devesse ter levado adiante.- pensei um pouco.- Ai, caramba! Eu sou uma idiota!

— Não, você...

— Cara! Eu queria ter tido esse momento com você...Nossa! que raiva!

— Ruiva, não faz isso. Um dia teremos essa oportunidade.

Não falei mais nada.

Ela terminou de pentear meu cabelo e eu desci para ir fazer o almoço.

*Dia seguinte*

“Tudo certo para hoje, né?”

“Sim!”

Respondi a mensagem de Melissa e fui me aprontar, já está quase na hora dela passar aqui.

Me vesti, assim que terminei meu banho.

Reparei que Beca ainda dormia. Ficamos com as meninas a tarde toda assistindo filmes ontem, e a noite também, por isso seu sono parecia tão pesado, não sei nem como eu consegui acordar.

Peguei meu celular e me dirigi até a porta.

Mas resolvi voltar e dar um beijo em sua bochecha.

Apenas Ashley e Jessica estavam lá embaixo, e eu preferi não ter descido naquele momento.

Elas estavam deitadas no sofá e pareciam quase se engolir com aquele beijo.

— Isso sim é o significado de “bom dia”, hein?

Elas se afastaram rapidamente.

— R-Ruiva, bom dia!

Soltei uma gargalhada.

— Ainda bem que quem encontrou vocês aqui foi eu e não Cynthia, vocês sabem como ela adora pegar no pé de todo mundo, fora que se fosse ela, em um instante, a casa toda já estaria sabendo que estavam se pegando no sofá.

— Pois é, acontece que sem querer nós acabamos...

— Relaxa, Ash! Aproveitem mesmo! Mas... não aqui, eu gosto desse sofá!

Elas deram risada e eu fui saindo.

— Onde vai?

— Ah, não vou almoçar por aqui hoje, o ensaio é só as 16:00, certo?

— Sim, pelo que as meninas marcaram...

— Ok. Dentro desse horário estou de volta.

— Aproveite...

Dei uma risada e saí de casa.

Parece que foi até combinado, pois no momento em que eu fechei a porta, Melissa encostou o carro.

Ela desceu sorrindo.

— Uau, estava olhando pela janela, né?

— Você que estava me espionando pela moita!

Ela deu risada.

— Bom dia!

— Bom dia! E aí?! Onde vamos?

— O almoço tem que ser preparado ainda, então vamos ao mercado comprar as coisas!

— Certo!

Entramos no carro e ela deu partida.

— Estava pensando em fazer um filé, ou algo assim.

— Ótimo!

Fomos conversando até chegar no mercado. Tivemos uma conversa excelente.

— Você vai querer descer? Só irei comprar a carne.

— Então eu fico aqui.

— Ok.

Ela saiu e foi indo para dentro do mercado. No momento em que ela estava de costas, me peguei com o olhar focado em sua bunda, me senti péssima por isso. Mas ela é realmente muito...bonita, para não dizer outra coisa.

Não demorou muito e ela voltou.

— Pronto?

— Prontinho!- ela deu partida no carro e seguimos caminho para sua casa.- Reparou bem, na hora em que eu saí do carro?

É sério isso?

Soltei uma risada.

— Como assim? É obvio que não!

— Então, como sabia ao que eu estava me referindo?

Tive um ataque de riso e não consegui parar.

— Foi a primeira coisa que me veio a cabeça!- falei entre risadas.

— É porque você estava com isso na cabeça! Repara na bunda de todas as garotas com quem você sai?

— Ah, não costumo sair com muitas garotas quando estou afim de uma só, a não ser como amiga.

— E repara na bunda de suas amigas?

— Não! É que...

— Caramba! Como você é safada, Chloe...

Dei risada.

— Não é isso! Ah, você também faz isso, todo mundo faz isso!

Ela concordou com a cabeça, rindo.

Ficamos sem se falar por um tempo.

— Chegamos!

Me lembrei do dia em que vim para cá, não cheguei a conhecer a casa nem nada, me lembro de ficar sentada no sofá e dormir por lá mesmo, naquele dia eu estava realmente muito mal.

— Pode se sentar, ou se quiser dar uma andada, conhecer a casa, fique a vontade também, vou fazer nosso almoço.

— Ok.

Ela foi para a cozinha. Eu resolvi conhecer um pouco a casa.

Entrei em um corredor, lá haviam quadros na parede, todos eram muito bonitos. Parei enfrente de um, aquele me chamou muito a atenção. Era um fundo com cores quentes, lembravam o fogo, e o desenho principal era um olho, não um par de olhos, era um lado só, e ele era de cor cinza, e muito, muito bonito. Olhei para ver o nome do pintor ou pintora: Melissa.

Será ela quem pintara o quadro? Bom, de qualquer forma, eu simplesmente amei.

Abri a porta onde tinha uma placa escrito “Se não for de bom coração, não entre!”, aquele com certeza era o quarto de Mel, por isso, me senti tranquila em abrir a porta.

Era rodeado por desenhos nas paredes de cor bege, todos feitos a mão, achei uma ideia incrível. Ela provavelmente desenhava mesmo, e pelo que estou vendo, muito bem.

Sua escrivaninha estava lotada de papéis, alguns com paisagens, outros com pessoas, todos, todos muito bonitos.

Não sei quanto tempo fiquei ali, observando tudo aquilo, mas sei que foi tempo suficiente para preparar um almoço, pois Melissa apareceu na porta.

— Mel...

— Ah, você me descobriu!

— É sério isso? Caramba, eles são lindos...

— Obrigada.

— Não, é sério!- ela sorriu.

— Depois quero te mostrar uns outros desenhos, acho que você vai gostar, mas vamos almoçar primeiro.

— Não quer me mostrar agora?- perguntei fascinada.

Ela veio até mim e me puxou pelas mãos.

— Não, nós vamos comer primeiro!

— Mas...

— A comida está esfriando, vamos logo!

Fomos de volta para a sala. Tudo já estava arrumado.

— Me desculpe, não te ajudei nem a arrumar a mesa, fiquei tão entretida com os desenhos...

— Relaxa!

— Você é muito boa! Aqueles desenhos parecem tão vivos.

— Obrigada, todos eles foram sentidos por mim, cada um tem seu significado, e eu lembro de tudo.

— Isso é o que pode se chamar de uma verdadeira artista.

Ela sorriu, pareceu ter gostado bastante de meu comentário.

Sentamos na mesa, uma de frente para a outra. Nos servimos e então, experimentei a comida que estava com uma cara ótima.

— Minha nossa! O que é isso?

— Está bom?

— Uma delicia!

— Ótimo, sério, que bom que gostou.

— Eu amei!

Ficamos conversando sobre seus desenhos, sonhos, as exposições das quais ela já participou, foi realmente bem legal.

Acabamos de almoçar e ajudei ela a tirar a mesa. Colocamos o que sujou na lava-louça e voltamos a conversar.

— Agora eu posso te mostrar os desenhos!

— Isso!- falei empolgada, seguindo ela até seu quarto.

Ela abriu a gaveta da escrivaninha e retirou duas folhas de uma pasta.

— Eu menti.- olhei para ela, confusa.- Eu disse que eu te beijei na rádio, porque eu estava mal, você estava lá e tal, a verdade, é que um pintor, do qual eu gosto muito, me falou que eu deveria sair da minha zona de conforto, fazer coisas que eu nunca fiz e coisas que eu não gosto muito, e nunca fui muito de escutar músicas, então fui para rádio, e eu fiquei lá por muito tempo, ouvi várias músicas, conheci muitos estilos musicais, e quando você me perguntou daquele cantor no jantar, eu nem o conhecia, pois nunca fui muito ligada a musica, enfim, naquele dia eu estava chorando, pois me enviaram uma foto do meu ex beijando uma garota, então você apareceu, e eu fiz uma coisa da qual eu nunca tinha feito antes: Beijei uma garota. Toda aquela história depois, de que eu tinha saído de uma festa e estava mal, foi mentira, acontece que eu estava apaixonada por você, e fiquei com medo de te contar que estava procurando coisas novas e você não querer se envolver por eu nunca ter me relacionado com garotas antes, eu sei, é difícil de entender, me desculpe.

Permaneci em silencio, dissolvendo tudo que acabei de escutar.

— Uau...

Depois disso não falei mais nada.

— Diga alguma coisa, por favor.

— É... eu estou chocada.  

— Está brava?

— Por incrível que pareça, não. Eu me sinto...me sinto feliz, de ter feito alguém se descobrir.

Ela sorriu.

— Você não só me fez entender que eu gostava de mulheres como também me ajudou a decidir qual desenho publicar.

Ela deu um suspiro e me entregou a folha em sua mão.

Era mais bonito que a pintura do corredor, chamava mais atenção que mil lantejoulas. O desenho mostrava o fogo de meus cabelos, não tinha um rosto, apenas uma boca, a minha boca, aqueles eram os meus lábios, ela retratou o ruivo do meu cabelo como chamas e a cor escura no fundo demonstrava pureza apesar do tom forte, eu me apaixonei por aquele desenho. E na outra folha havia olhos azuis, meus olhos azuis.

Eu deixei meus olhos sobre os desenhos por um longo tempo. E então, a ficha de tudo que estava acontecendo caiu. Olhei para Melissa e a encarei por um bom tempo, depois coloquei as folhas encima da mesa e cerquei ela com meus braços. Não digo que a amo, nem que ela é a pessoa mais especial para mim, mas eu gosto dela, e o que ela fez me cativou.

Soltei ela e voltei a encara-la, nossos lábios estavam próximos. Bastou. A puxei e beijei aquela boca da qual eu conhecia tão pouco.

Não tive aquela sensação de explosão e nem vi um mundo magico quando a beijei, mas não foi ruim, pelo ao contrário, eu gosto do seu toque, gosto de seu beijo.

Nos afastamos, por conta da falta de ar.

Tentei voltar a beija-la, mas ela me impediu.

— Você tem certeza?

Eu pensei em Beca, pensei no quanto eu a amo, mas pensei também na situação em que nosso “relacionamento” está.

 E eu amo o sorriso daquela pequena, amo muito, mas dessa vez, vou preferir o meu.

— Sim, eu tenho certeza.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Espero que gostem!
Comentem o que acharam, comentem mesmo!
Enorme beijo *3*
Até amanhã!