— Ah! Cansei, Chloe!- falou alguém se aproximando de nós duas.

Me virei para trás.

— Nós já vamos, Amy.

— Por favor, estamos mortas!- disse Ashley entrando no assunto.

— Certo, certo.

Todas foram pegando suas coisas.

Beca não tira o olho de mim. Resolvi encara-la também, ela corou, mas não parou de me olhar.

Dei um sorriso e ela retribuiu com um mais fofo ainda.

— Ei!- olhei para a voz que me chamara.- Acho melhor se você...- Stacie fez uma cara de preocupada.

— O quê? O que foi?

— Então...parece que você e a Beca já se resolveram, certo?

— Como te disse, não como antes, por quê?

— É que a... Minha nossa, ruiva, você está tão ferrada.

— Caramba, fala logo.

— É... aquela ali não é a...Melissa?- ela falou apontando com a cabeça para a porta.

Eu olhei. Não podia ser.

Ela acenou.

— Eu estou tão ferrada!

— E agora?

— Como uma boa amiga, você que deveria estar me falando isso.

— Mas eu não faço a mínima ideia do que você tem que fazer.

— É, eu também não.

Dei um suspiro.

— Você vai lá?

— Eu devo?

— Acho que sim.

Assenti com a cabeça e segui na direção da garota de olhos verdes.

Pude sentir uma pessoa de meio metro de altura me fitar, como se eu tivesse matado alguém.

— Olá?

— Oi, então, eu atrapalho?

Eu olhei para trás.

— Ãã, não.

— Beca, né?

— Ham?- ela apontou com a cabeça para minha pequena.- Ah, é...

— Como vocês estão indo?

— Ah, acho que isso é...

— Confuso?

— Complicado!

— Ah, eu imagino.

O silencio tomou conta por um instante.

— Então...?

— Ah!- ela sorriu.- Você, sei lá, queria vir almoçar?

— Poxa, então, hoje eu realmente não posso, é segunda, e segunda é meu dia na cozinha.

— Ah...

— Por que não ligou? Você poderia ter evitado vir até aqui!

— Eu...eu estava certa de que viria.

— Desculpe, eu...

— Não! Tudo bem.

— Faz assim, amanhã a gente pode... humm... podemos almoçar, você pode ir lá para casa, acho que as meninas não vão se importar...

— Não, você pode ir.- olhei confusa.- Lá para casa...quer dizer, dos meus pais, mas eles não moram aqui, então... minha.

Não estava muito afim, mas acabei por concordar.

— Certo, então...

— Eu te pego!

Dei uma risada pelo duplo sentido da frase.

— Ok!

Ela soltou um sorrisinho e foi embora.

— Podemos ir agora?- perguntou Emily.

— Ah! Claro.

 Me aproximei das meninas.

— Tudo certo?- perguntou Stacie.

— O que você acha?- falei apontando com a cabeça para Beca, que parecia triste, ela não estava sendo babaca, ela tem noção de que foi ela que pediu para que eu me afastasse, mas sei que ela ainda sente algo, tenho certeza, então, isso deve doer.

— Ninguém mandou sair pegando todo mundo.

— Cala a boca!

Saí em direção a Beca e me amarrei em seu braço. Ela levou um susto.

— O que foi?

— Já decidiu o que vai escolher para a demo?

— Na verdade, não.

— Você vai mesmo colocar David Guetta?

— Não sei.

— Se você for, pense bem em titanium, é uma música excelente, se é que você me entende...- falei dando uma piscada.

Ela soltou uma risada.

— Eu sei...

Fomos andando. E eu não despreguei de seu braço, o meu esquerdo estava entrelaçado com o seu direito, acho que nenhuma das duas queria desfazer isso.

— Você tem falado com o Jesse?

— Não muito, na ultima festa ele estava com uma garota, então resolvi não incomoda-lo, mas acredito que esteja bem.

— Jesse? Namorando?

— Pois é...

— Que bom.

— Muito.

Pensei um pouco.

— Você nunca se arrependeu de ter terminado com ele, né?

— Não.- ela me olhou.- Por que a pergunta?

— Nada, só queria saber.

— Hum...

— Qual foi o seu maior arrependimento?

Ela me encarou.

— Quer que eu fale?

— Uhum.

— Bom...foi ter demorado tanto tempo para dizer que te amava.

UAU, Beca! Admito que nunca havia visto ela ser tão...direta, e nem dizer uma frase como esta.

— É...

— Estranho, dessa vez eu falei, e você ficou sem graça.- nós sorrimos.- E você?

— Acho que eu também, entre outras coisas.

— Pois é... Já que estamos fazendo perguntas assim, deixa eu aproveitar, você já sentiu algo pela olhos bonitos?

— Ah, pela olhos bonitos, é?- dei risada.- Que criatividade... Ah, não, nunca.

— Mas vocês já se beijaram, né?

— No mesmo dia em que eu e você ficamos.

Ela corou.

Fui direta dessa vez também.

— Chlo...- amei vê-la me chamando pelo apelido.- O que você e Melissa fizeram na...na noite da festa?

Sorri.

— Conversamos.- ela me olhou.- Bastante.

— Só?

— Nós jantamos também.

— E depois?

— Tomamos sorvete.

— E vocês...

— Não, Becs, nós não fizemos mais nada além disso.

Ela suspirou, parecia aliviada. Achei graça.

— Que bom.

— Por que?

— Porque é bom.

— Hum...

— Não queria que outra pessoa fizesse o que eu não fiz.

Não consegui dizer mais nada.

            Não demoramos muito para chegar em casa.

Eu fui direto para meu quarto. Quase entrei no errado quando subi.

Tirei a blusa molhada de suor, ficando apenas com o top branco e o short de tactel preto, e desfiz o rabo de cavalo.

Não demorou muito e a porta se abriu.

Apesar do momento em que estamos, gosto muito de dividir o quarto com ela.

Gosto muito de tê-la aqui.

Ela não deixou de me olhar, talvez pelo fato de eu estar de top, mas eu já sabia que isso ia acontecer.

Ela parou os olhos sobre meu abdômen, posso jurar que ela lembrou da noite no sitio.

Dessa vez não precisei provoca-la.

Não precisei pedir para que fizesse isso.

Ela simplesmente se aproximou.

Colocou a mão entrelaçada no ruivo do meu cabelo.

E me beijou.

E eu pude jurar que aquilo era um sonho.

Mas eu tive a certeza de que não era no momento em que ela me soltou e abrimos os olhos. Havia sinceridade demais nesse olhar para ser um sonho.

Então, a puxei pela cintura e juntei nossos lábios novamente.

Entramos em alguma espécie de filme. Em algum mundo paralelo. Nosso mundo paralelo.

Ela me puxou pelo meus cabelos e desfez nosso beijo, e então os jogou totalmente para trás, ela inclinou minha cabeça para cima e pousou os lábios em meu pescoço, o beijando lentamente e suavemente, como são seus beijos de costume.

Num pequeno giro, ela me colocou sentada na beira da cama, e depois passou as pernas por minha cintura, sentando em meu colo. Seus lábios ainda acariciavam meu pescoço com beijos, que logo depois foram subindo e encontraram os meus novamente.

— Beca...- falei quando nos afastamos. Ela voltou a me beijar. Segurei a maçã de suas bochechas e a afastei, fazendo ela me olhar nos olhos, notei, de imediato, a expressão de confusão em seu rosto.- Eu...não irei transar com você, não quando sei que no dia seguinte você dirá que não podemos ficar juntas, não sei o que está te incomodando, mas você precisa resolver antes de termos esse momento.

Ela saiu de cima de mim e se sentou do meu lado.

— Eu...

Me levantei e segurei as maçãs de sua bochecha novamente. Inclinei sua cabeça para cima, fazendo a me olhar, mas não era seu olhar que eu queria agora. Fechei os olhos e a beijei, ela retribuiu, é um beijo profundo, um beijo intenso, envolvido de chamas e paixão, e principalmente de amor, amor, porque eu a amo. Mordi seu lábio inferior quando me soltei dela.

— Eu preciso tomar banho.- falei sorrindo e me afastando.