Eu voltei para dentro do quarto junto com Stacie, que eu percebi que estava louca para saber se Aubrey estaria na festa.

*Beca*
— Amy, eu preciso dar uma saidinha, se alguma das meninas perguntarem fale que eu volto rápido.
— Ok, eu aviso a Chloe.- dei risada.
Peguei minha bolsa e meu celular.
O táxi que eu chamei já deve ter chego.
Saí pela porta da cozinha.
Informei ao senhor o endereço da casa de meu pai.
Não demorou muito e já estávamos na porta da casa dele.
— Obrigada.- falei ao mesmo tempo que entregara o dinheiro.
Ele assentiu e tomou partida de volta.
Dei um suspiro antes de apertar a campainha.
— BECA!
— Pai. Oi!
— Minha filha.- ele falou me puxando para um abraço do qual me deixou sem ar.
— Pai, eu falo com você todos os dias!
— Eu sei, é só para dramatizar a cena. E aí?
— Então, estou precisando falar com você.
— Entre!
Passei por ele e me sentei no sofá da sala de visita.
— Pois é...- seu celular tocou, me interrompendo.
— Oi? Ah, tudo bem, amor, a gente marca o jantar para outro dia. Imagina, tudo bem, certo, certo. Vá com sua irmã, mande um abraço para ela.- ele desligou a chamada e se voltou para mim.
— Tudo bem?
— Ah, a irmã de sua madrasta pegou o filho na garagem com outro garoto, ela está péssima, o menino está fora de casa, e ela não sabe se ele está bem ou não. Problemas...- ele falou dando um suspiro.
— Coitado.
— Você quer dizer coitada, né? Ninguém merece um absurdo daqueles. O próprio filho...mas vamos esquecer o problema dos outro, e então?
Gelei. “Absurdo daqueles”.
— Ah, eu...bem, não é um assunto especifico, só queria conversar um pouco com você.
Ele deu um sorriso.
— Muito obrigado por isso.
O que é que eu vou fazer?

*Chloe*
Estranhei Beca ter saído. Amy também não ajudou muito, pois não sabia aonde ela tinha ido.
Por fim acabei me aprontando e ficando lá embaixo á esperar.
Ashley estava deitada no colo de Jessica quando cheguei. Elas ainda não estavam prontas, e ao me ver, se deram conta do horário e subiram de imediato para se trocarem.
Me surpreendi ao ver Stacie descendo, já pronta.
— Achei que eu fosse a única a me apressar.
Ela sorriu.
— Ruiva, está bom?- ela falou ao passar a mão sobre o vestido preto que deixava suas costas amostra.
— Está ótimo!
— Aubrey está vindo aqui, ela quis passar para ir com a gente.- ela disse ao mesmo tempo que se sentava ao meu lado.- está bom mesmo?
Peguei sua mão.
— Você está linda, pare de se preocupar. Sabe que nunca precisou de muito para os outros caírem aos seus pés.
Ela sorriu e agradeceu.
— Estou nervosa.
— Desnecessário. Mas então, você vai dormir em casa hoje? Qualquer coisa você leva a outra chave.
— Não apresse minha noite!- falou numa risada.- mas, é melhor que eu fique com a chave.
A porta da cozinha bateu e eu e Stacie viramos numa só vez para olhar.
Beca tinha chego, e parece que Aubrey também.
— Becs, estou precisando falar com você!
— É...É...Eu não posso falar agora, tenho que...que...me aprontar!- falou, mas ficou óbvio que aquilo tinha acabado de ser inventado.
Ela subiu as escadas depressa.
— Ela te deu oi?- perguntei a loira que chegara.
— Sim, mas estava aflita.
— Será que eu devo...
— Não! Deixe a quieta, vai ver só aconteceu algo no momento, e talvez não seja algo que ela queira compartilhar.
Apertei com o dedão e o dedo indicador o tronco de meu nariz, tentando me livrar da preocupação.
Dei um abraço em Aubrey, Stacie fez o mesmo. Eu nunca tinha reparado o quão bonito as duas ficavam juntas. Sorri para mim mesma.

*Beca*
— Sério? Porque não acho que eu deva contar, ah Amy, acredito que se eu falar, Chloe vai querer me dar força para contar ao meu pai de uma vez, e não estou com essa intensão, e também não quero ficar sob pressão. Eu realmente não acho que ele esteja preparado agora, talvez eu deva sair mais com ele, mostrar casais de todos os tipos, tentar passar a ideia de que o amor não é um padrão a ser seguido, e isso leva tempo, não quero prende-la comigo.
Soltei um suspiro, que viera acompanhado de uma lagrima, mas tratei de limpa-la no momento em que alguém bateu na porta.
— Se acalme, acho que você sabe quem é.- cochichou Amy, para depois dar um grito.- ENTRE!
A porta se abriu.
— Sei que quer se “aprontar,”- falou fazendo aspas com as mãos.- mas primeiro, eu acho que precisamos conversar, ou sei lá, preciso que me diga algo. 
Eu encarei Amy, fazendo um sinal positivo com a cabeça, foi quando ela deixou o quarto.
Chloe encostou a porta e ficou a me encarar.
— Eu não sei o quer que eu diga.
— Eu estou com um pressentimento tão ruim, que gostaria que você não tivesse nada a dizer. Mas, ao mesmo tempo, preciso que fale logo. O que foi que aconteceu, Beca?
Eu encarei o teto, para não ter que olha-la.
— Não, não...não vai dar para...não, não sei...- falei passando a mão pelos cabelos.
— Olhe para mim e fale.
Mas quando fiz isso, ela percebeu que eu estava chorando, o que foi horrível, porque ela se aproximou e segurou minha mão, o que eu não queria que acontecesse, então me afastei, e vi sua feição como nunca tinha visto antes. Ela pareceu surpresa e arrasada ao mesmo tempo, foi quando eu me coloquei em seu lugar, e se ela estivesse se afastando de um toque meu, minha nossa, eu ficaria tão mal.
— Eu fui para a rádio hoje a tarde e fiquei pensando, e acho...- eu tentei continuar minha fala, porém as lagrimas desciam como se fossem cachoeiras e eu me senti uma criança. Então tomei fôlego e continuei.- acho que não me expressei direito, e acho que esse não seja o momento para termos algo, eu só... eu só não posso ficar com você agora, eu acho que isso é...- mas não pude continuar novamente, e dessa vez, não foi pelas minhas lagrimas, foi pelas dela.
— Beca, eu, eu não entendo, até 5 horas atrás você parecia tão...tão...
— Eu só não tinha pensado em tudo há 5 horas atrás.
Ela sacudiu a cabeça negativamente.
— Ah, Beca, eu... eu te amo tanto, eu acho que quero te esperar, seja pelo tempo que for.
Foi quando ela colocou as mãos no rosto para cobri-lo.
Foi quando as minhas lagrimas vieram á tona, de uma forma pior do que antes.
Foi quando senti meu mundo desabar.
Foi quando decidi que eu precisava que ela saísse.
E me parece que foi quando ela decidiu isso também, porque simplesmente deu as costas e se retirou.
Me levantei e fui ao banheiro.
Não quero ir á festa.
Não quero que me vejam.
Não quero ver ninguém.
Mas se eu não for...iria ficar tão obvio.

*Chloe*
Não consegui me olhar perfeitamente, a imagem que o espelho refletia estava embaçada conforme minha visão, devido as lágrimas. Tratei de seca-las e retocar a pouca maquiagem.
Me sinto obrigada a ir nesta festa. 
Respirei fundo e saí do banheiro.
Minha cabeça doía.
Desci as escadas lentamente e tratei de colocar um sorriso no rosto.
Fat Amy estava lá em baixo, e ela sabia de tudo, então me olhou. Ela queria saber se está tudo bem, mas a dor, a raiva, e os sentimentos que me percorrem no momento não me deixaram responde-la, então apenas ergui a cabeça e me dirigi até Stacie e Aubrey.
— Seria pedir muito que me incluam no assunto?
— O que houve?- perguntou Stacie, provavelmente por ver meu rosto inchado.
Senti meus olhos marejarem, mas me acalmei.
— Fica para depois.
Ela ainda me olhava, um tanto preocupada, mas não consegui encara-la, não acho que eu consiga encarar ninguém no momento.
— Então... Acho que devemos ficar um pouco afastadas essa noite, acho que Cynthia se desculpou e tudo, mas ela pode ter duvidas.
Revirei os olhos.
— Aubrey, qual é o problema de saberem que vocês estão juntas?
— Não estamos juntas.- falou Stacie num sussurro.
— Ok, então qual é o problema de se pegarem na frente dos outros?
As duas se olharam de canto.
— Eu...eu não sei.- falou Aubrey, mais para si mesma do que para nós.
— Então! Deixem que vejam, que comentem, vocês não devem nada a eles. Qual é o problema? Olhem Ashley e Jessica!
As duas coraram.
— Aubrey!- falou Emily ao descer.
— Emily!
As duas se abraçaram, tinham virado amigas desde o dia que se conheceram, no retiro.
— Vamos?- Perguntou Cynthia na metade da escada, junto com as outras meninas que faltavam, tirando Beca.
— Falta a...Beca!- falou Amy ao olhar a pequena descendo.
As meninas foram saindo.
— Você veio de carro?- perguntou Stacie. Aubrey concordou com a cabeça.- vai voltar sozinha para sua casa depois?
— Eu vim sozinha! Mas se quiser me acompanhar eu não me importo.- falou num sussurro, do qual apenas eu e Stacie escutamos.
Nós fomos andando até a casa dos meninos. As meninas conversavam bastante, eu e Beca erámos as únicas que não falávamos, e se não fizéssemos isso rápido, iriam acabar percebendo.
Acho que não estou tão triste, porque a ficha ainda não caiu, acho que ainda não consigo acreditar que a pessoa com quem eu estava de manhã é a mesma agora.
— E aí, animadas para dançarem bastante?- perguntei para Ash e Jessica.
As duas caminhavam de mãos dadas e eu sorri com o gesto.
— Vou voltar morta!
— Ah, eu também.- falei entrando no clima, mesmo sabendo que não era verdade.
— Na verdade...não sei nem se você volta. Aquela não é sua amiga, ruiva?- falou Jessica apontando com a cabeça na direção da porta da casa dos meninos.
As vezes eu tenho a leve impressão de que Melissa me persegue, mas eu não poderia estar mais feliz em vê-la.
Abri um sorriso largo.
Stacie me fitou com o olhar. Ela percebeu que eu estava na direção de Melissa, então provavelmente sacou o lance com Beca, percebeu que tudo aquilo lá no sitio, fosse o que fosse, tinha acabado. E percebi seu olhar de pena, mas não liguei.
— Você!- falei quando chegamos até ela.
— Pois é, eu na verdade vim, justamente porque pensei que você estaria aqui.- ela abriu a boca para falar alguma coisa, mas fechou e olhou para as meninas atrás de mim.
— Hmmm... vocês podem ir entrando...- falei para elas.
— Você não tem jeito, Chloe.- falou Cynthia com um sorrisinho no rosto. Revirei os olhos.
— Vemos você em casa, ruiva...ou não.- falou Emily. Corei com o comentário.
Elas adoram encher meu saco.
Beca passou por mim, não falou nada, mas não foi necessário, o seu olhar bastou, sei que se sentiu mal. Eu não entendo!
— Então...- falou Melissa depois que todas as garotas entraram.
Eu escutava Runaway lá de dentro, percebi que não conseguiríamos conversar aqui.
— Vamos dar uma volta?- ela assentiu, então atravessamos o jardim e caminhamos pela calçada.
— Uau, eu não sei por onde começar.- ela disse depois de minutos de silencio.
— Acho que eu sei... Bom,- dei um suspiro.- eu gosto sim de outra pessoa, e quando saí com você, eu estava sim envolvida num outro sentimento, mas eu nunca soube que era reciproco, na verdade não é,- fechei os olhos pesadamente para evitar as lagrimas, então retomei.- mas quando saímos, eu estava disposta, mesmo, a encarar de que eu era apenas amiga dessa outra garota, então resolvi jantar com você, dar uma nova oportunidade de relacionamento, mas eu juro, não era com a intenção de te usar para esquecer alguém.
Ela sorriu fraco.
— Apesar daquele dia no carro, eu nunca realmente achei que você faria isso com alguém.- dei um sorriso.- Gosto de você, Chloe.
— Também gosto de você, Mel.
— Podemos tentar de novo?
— Eu estou bem machucada no momento, mas sim, podemos começar de novo.
— Ok, então como sua amiga, te devo meu ombro, então, o que, que foi?
Suspirei.
— Acho que vou te contar, quem sabe assim, eu explique para mim mesma.
— Certo...
— Então, eu sou completamente apaixonada por uma das minhas amigas, e uau, levei um choque quando ela falou que também era, mas hoje...ela saiu e quando voltou, foi estranho, ela falou que não poderíamos ficar juntas, que não deveríamos começar algo e... ah meu Deus, Mel, ela pode ter conhecido um outro alguém!
— Numa tarde?
— É, sei lá, e se ela ficou com alguma pessoa que ela já conhecia há muito tempo? Pode ser que tenham se reencontrado. Ou ás vezes, ela apenas sentiu medo de não dar certo. Sei lá, pode ser que...
— Chloe!- ela me olhou, com a mesma pena que Stacie.- acho que você ainda não convenceu a si mesma.
Continuamos a andar, mas já a caminho de volta.
Percebi minhas vista ficar embaçada, provavelmente por causa do vento, que agora parecia mais gelado do que antes. Senti algo se apertar e me machucar, era uma angustia. Não consegui continuar, eu não conseguia mais ver nada, tudo estava multiplicado, então me sentei no meio-fio. Foi quando vi que estava tudo embaçado devido as lágrimas, e o vento não estava tão gelado, mas meu rosto estava molhado, fazendo parecer mais fresco.
Dobrei as pernas, colocando-as prensada em meu corpo, apoiei meus cotovelos no joelho e a cabeça nas mãos. Isso deve ser normal após deixarmos a ficha cair, nunca tinha visto como despencamos junto a ela.