Eu queria gritar todo sentimento dentro de mim. Queria sair correndo. As lagrimas me tomaram conta, mas dessa vez, lagrimas boas. Limpei meu rosto com as costas da mão e me levantei desesperadamente.

Não me lembro de abrir a porta do quarto. Apenas de chegar no começo da escada. E agora estou no fim dela. E quase tropecei no ultimo degrau.

Avistei Beca em um dos pufes. Meu coração disparou. Depois enxerguei uma garota no sofá maior.

Melissa?

A expressão de meu rosto mudou. Percebi isso. E pelo visto elas também.  

— Uau, estou feliz em te ver também.

— Ah, desculpa. Realmente não esperava você aqui.

ISSO. É. A. PIOR. COISA. QUE. PODERIA. ACONTECER!

Percebi a forma como Beca me olhou. Seus olhos buscaram a resposta nos meus. Mas por minha expressão ao ver Melissa, ela não conseguiu encontrar. Então apenas deu um sorriso fraco.

— Pois é. Olha, sei o quão estranho é me ver aqui. Mas preciso falar com você. Há tantas coisas... você pode vir comigo? Já são seis e alguma coisa, prometo que até as oito eu te trago

— Escuta, o problema não é o horário.- olhei para Beca.- eu estou precisando muito falar com uma amiga. Queira entender... hoje realmente não dá.

— Não quero ter perdido essa viajem toda á toa. Você tem os dias todos que estiver aqui para falar com sua tal amiga. Eu não sei se vou voltar.

— Melissa, realmente não dá...

— Faz assim, você vem comigo, me dá 30 minutos para falar com você, prometo que caso ainda depois de tudo não quiser falar comigo... não olho nunca mais na sua cara.

— O problema não é esse. O que tenho para fazer não dá para deixar para depois.

— Mas, Chlo...- eu e Beca a fitamos por ter me chamado daquela forma.- opa, tinha esquecido, quis dizer Chloe.- dei um sorriso falso.

— Chlo, vai com ela. Com certeza a pessoa com quem você quer falar vai entender. Quando chegar vocês conversam.

— Mas, Becs...

— Por favor, vá. Juro que vai ficar tudo tranquilo.- ela assentiu com a cabeça quando terminou de falar. Então fiz o mesmo.

Chequei se meu celular estava no bolso.

— Valeu, Beca.- falou Melissa.

A pequena se levantou para se despedir da gente. Ela deu um beijo na bochecha da Mel e se virou para mim. Ela deu um suspiro antes de se aproximar. Me encarou. Ergui os braços e dei um abraço nela. Ah, como eu a amo.

— Desculpa.- cochichei, para que só ela ouvisse.

— Te vejo depois.- me afastei dela e a olhei.- beijo, amo você.- é normal falarmos isso uma para a outra. Mas dessa vez pareceu diferente.

— Amo você também.- reforcei a ultima palavra. Acho que ela entendeu.

Entrei no carro de Melissa, com raiva por ter que fazer isso. Ela entrou também e deu a partida.

Andamos um pouco. Não me esforcei para falar nada.

Ela parou embaixo de uma árvore.

— A última vez que nos vimos, eu estava meio...hum...não sei, não parecia eu. Então queria te pedir desculpas, pareceu ter sido meio chato para você, e também desculpa por eu não ter feito isso aqui...

Ela colocou sua mão em minha nuca e me puxou, fazendo entrarmos em um caloroso beijo. Não, não estava ruim, só não era com a pessoa que eu queria.

Me afastei. Eu não podia continuar com isso.

— Desculpa. Eu preciso voltar.

Ela olhou fixamente para frente.

— Qual é o problema?

— Eu estou afim de outra pessoa.

Ela pareceu pasma.

— E saiu comigo naquele dia?

— Eu...

— Por que saiu comigo?

— Não foi para de usar, juro que não.

— Ah, então foi por quê?

— Naquele dia eu queria...

— Se distrair?- ela chacoalhou a cabeça negativamente, indignada.- quer saber? Esquece.

— Melissa eu não saí com você para me distrair, eu estava decidida a...

— Não me importa.- ela deu a partida no carro e deu a volta.

— Não me deixa terminar de falar!

— É porque não quero te ouvir!- ela praticamente cuspiu aquelas palavras em mim.

Que droga! Eu preciso dizer, preciso dizer que naquele dia estava decidida a seguir em frente, que queria esquecer a pessoa que eu gostava, pois eu não sabia que era um sentimento reciproco. Mas ao mesmo tempo sei que não vai adiantar, primeiro que ela não me deixa falar, segundo que mesmo se deixasse, entraria por um ouvido e sairia pelo outro.

Permaneci calada.

Quando ela parou o carro em frente a casa do sitio, apenas falei:

— Ainda vou te explicar.

Não esperava por uma resposta, e ela realmente não deu nenhuma.

Desci e corri para dentro.

*Beca*

Não sei ao certo o que elas fariam, mas acho que fiz certo de falar para Chloe ir, talvez ela volte mais certa de seus sentimentos. Talvez despache de vez essa garota.

A porta de entrada se escancara rapidamente. Eu estou na cozinha, então Chloe não me vê. Ela simplesmente senta no sofá, antes tirando o celular do bolso. Ela digita alguma mensagem, pelo visto longa. Quando ela larga o celular, eu me levanto e vou até a sala.

— Chegou rápido.

— Ah, Becs. Pois é.- ela se endireita no sofá e me sento ao seu lado.

— Está tudo bem?

— Sim.

— Parece aflita.

Coloco minha mão sobre seu ombro e o aperto, para ela “relaxar”.

Ela dá um sorrisinho, que retribuo.

— Acho que devemos subir para conversar.

Concordo com a cabeça e me levanto.