Lucy se assustou com um barulho e viu alguns alunos de pé em um canto. Claramente estava acontecendo algo grave.

– Vamos Levy. – a loira puxou o braço da baixinha e foram em direção a multidão. No centro encontraram Natsu segurando Loki contra a parede.

–Muito bem, o que está acontecendo aqui?- Ela a voz de Ezra, a temida ruiva.

– Nada. – Natsu e Loki se endireitaram, com medo de receberem uma bronca.

– Todos vocês circulando. Não tem nada acontecendo aqui. Vocês duas fiquem. – Ezra se dirigiu a Lucy e Levy. Assim que todos voltaram para seus lugares, a ruiva recomeçou: - Posso saber que baixaria foi aquela? Muito me admira que dois dos representantes de classe fiquem fazendo ameaças um para o outro na frente do colégio inteiro. E vocês duas deveriam ter impedido seus parceiros.

– Estávamos almoçando. Não tem como sermos babás deles o dia inteiro. – Levy justificou.

– Está bem, e por que vocês estavam discutindo?

– Natsu estava com ciúmes da pequena Lucy aqui. – Loki disse isso, acariciando o queixo da loira, surpreendendo-a.

– Não encosta a mão nela.

– Agora acabou o assunto. Vocês vão ficar com as tarefas das suas turmas até o fim do mês além das obrigações como representantes. Limpar as salas no final das aulas e passar os trabalhos escolares aos ausentes.

– Mas foram eles dois que brigaram...- Levy tentava argumentar, mas foi só receber um olhar de Ezra que a baixinha desistiu na hora- Está bem.

A azulada puxou a orelha de Loki e saíram do refeitório, com a garota dando bronca no loiro. Lucy ainda não entendia muito bem o que tinha acontecido mas sabia que agora era obrigada a realizar mais trabalhos por culpa do rosado. Ela se virou e voltou a mesa onde estava seu almoço. Lucy se sentou e terminou de come-lo rapidamente, ignorando Natsu.

– Lucy, não vai mesmo falar comigo?

– Por sua culpa vamos ter que dar a faxina na sala durante uma semana e meia. Limpar as mesas, cadeiras, quadro e varrer o chão.

– Não parece muita coisa.

– Mas é. Isso diminui pontos para nós e no final do ano poderemos não ser os representantes dos primeiranistas.

– Desculpa, não sabia que isso valia tanto pra você. – Natsu baixou a cabeça. Ele de fato não sabia o quão importante era ser representante de classe para Lucy. Um motivo de orgulho para seu pai, quando ele só exigia tarefas e nunca a elogiava. Quando a única coisa aceitável para ele era um 10. As intermináveis aulas de violino, ballet e pintura eram as únicas coisas que Lucy sabia que seu pai teria orgulho, antes de machucar seriamente seu ombro direito.

– Natsu, me desculpa, eu.. eu só queria ser a melhor representante. Meu pai sempre exigiu muito de mim e essa era a única coisa que faria com que ele tenha orgulho de mim novamente.

– Ele deveria ter orgulho de você todos os dias. Você é incrível Lucy. Não é uma posição escolar que te faria menos incrível. – os olhos castanhos da garota encontraram com os olhos chocolate do garoto. Eles ficaram assim até o momento que o sinal tocou. – Precisamos ir pra aula. – Natsu comentou, ruborizado. O garoto não percebeu que o coração de Lucy também estava acelerado, pelo encontro de seus olhos.

Quando as aulas acabaram, os alunos foram dispensados mais cedo, pois não precisariam realizar os trabalhos de organização naqueles dias. Lucy limpava o quadro e Natsu passava um pano nas mesas e cadeiras.

– Por que é tão importante pra você, Lucy, ser representante? Seu pai não tem orgulho de você ser apenas você mesma?- A pergunta surpreendeu Lucy.

– Meu pai é muito rigoroso. Sempre nota 10, a melhor da turma, a melhor nos esportes, nas artes. Quando disse a ele que eu era a vice representante, foi uma surpresa para mim ele ter se alegrado tanto com a noticia.

– Entendo. Então eu fiz certo em ter te escolhido...- Natsu interrompeu sua fala, pois estava carregando uma mesa bem pesada. Lucy ficou encabulada pelo que ouvira, e parou de apagar o quadro, se virando para encara-lo. – Para ser minha vice como representante da sala. Ufa. Que peso.

A loira se virou rapidamente e continuou a limpar o quadro, ruborizada. E comentou sem perceber: - Quando tinha 11 anos eu machuquei o ombro, depois de um salto no ballet. Ainda sinto dores se me esforço muito em algo. E sinto que depois disso, meu pai têm exigido mais de mim em outras coisas.

– Por isso está usando o apagador com a mão esquerda?- a garota não sabia que era algo tão visível. Imaginava que ninguém perceberia. – Deixa que eu te ajudo.

Natsu se aproximou de Lucy. Ela ainda estava de frente para o quadro e não percebeu o rosado atrás de si. Ela só o sentiu quando ele pôs sua mão sobre a dela, pegando o apagador. Lucy estava entre o quadro negro e Natsu, que apagava as partes altas, onde a garota não havia conseguido alcançar. O sangue da loira fervia e suas bochechas ficaram quentes. Ela conseguia sentir seu coração acelerado, os batimentos cardíacos percorrendo todo seu corpo, com a proximidade do garoto e sua atitude repentina.

– Pronto. Você não é muito alta então não conseguiria limpar direito o quadro. Aqui o apagador. – Lucy se virou para pegar o apagador e se viu com o rosto bem próximo ao do rosado. Ela pôde sentir a respiração dele bem perto e mal conseguia ouvir o que ele dizia, de tao alto que seu coração batia. Só conseguiu sussurrar um breve “ obrigada” .

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Aquela semana parecia ser a melhor da vida do garoto. Natsu ficara tão contente por ter permanecido depois das aulas com Lucy. Havia valido a pena ter brigado com Loki naquele dia.

– Loki, aquele desgraçado. Ele vá tem um bando de garotas atrás dele e fica querendo a Lucy.

Happy dormia tranquilo sob a mochila do garoto e o rosado não teve coragem de despertar o felino para pegar os materiais de estudo. Então teve uma ideia. Natsu tomou um banho rápido e vestiu uma de suas melhores roupas, um par de tênis all star branco, uma calça jeans e uma camiseta preta com laranja. Colocou seu cachecol branco e saiu correndo em direção á mansão dos Heathfilia.

– Olá senhor Capri, a Lucy está?

– A senhorita Lucy está em seus aposentos.

– Pode chamar ela pra mim?

– Um momento. – o garoto ficou nervoso com a situação por um momento. Ele nunca havia entrado na mansão e o hall de entrada era enorme. Depois de alguns minutos, Lucy desce as escadas, com um short jeans e uma regata rosa. Natsu nunca tinha reparado como o corpo da amiga era cheio de curvas.

– Oi Natsu, que surpresa!

– E... eu pensei que você gostaria de dar uma volta pelo bairro. E tomarmos um sorvete, que tal?

– Bem... - Lucy deu uma olhada para Capri, e o mordomo acenou com a cabeça confirmando alguma coisa. – espera um minutinho que vou só trocar de roupa.

– Está bem- Lucy subiu as escadas correndo e em pouco tempo voltou com um conjunto de saia e blusa brancas, uma bota marrom e de maria chiquinhas.

– Duas horas senhorita. – Capri disse enquanto os dois saiam pela porta da mansão.

– Ah estou tão contente pelo convite Natsu. Obrigada.- Lucy disse, quando eles passavam perto da casa do rosado.

– Eu pensei em fazer algo diferente, já que nunca te vejo andando pelo bairro. Por que o senhor Capri disse “ duas horas”?

– É por que meu pai foi a uma reunião de emergência na empresa e vai chegar ás 10. - Natsu percebeu um semblante triste na garota.

– Ele te prende mesmo né? O vovô me deixa fazer qualquer coisa. Contanto que eu não chegue em casa muito tarde e nem faça nada que prejudique ninguém.

– Gostaria de conhecer seu avô.

– Quando voltarmos. – os dois chegaram em uma sorveteria pequena, e escolheram seus sorvetes. Lucy vê Ezra andando pela rua e acena para a garota que se aproxima dos dois.

– Ora, ora, vocês já estão tendo encontros? – A ruiva dá uma piscadinha no olho, maliciosa.

– Resolvi mostrar o bairro pra Lucy. Por que não se senta com a gente Ezra?- Natsu, inocente sugeriu.

– Não quero atrapalha-los. Estou indo ver o Jellal. Precisamos terminar um trabalho da professora Evergreen.

– Ah sim, então até mais. – Lucy continuava calada. Ela não sabia o que pensar quando Ezra disse a palavra “ encontro”. – E amanha tenho um jogo, você podia ir assistir... vai ser só um treino mas depois a turma se junta pra comermos algo.

– O que?

– Eu disse que se você quiser ir ver o nosso treino, depois a turma sai. E bem divertido. Sua amiga faz parte das lideres de torcida.

– Minha amiga?

– É, a Levy. Bem. Vamos voltar. Quero que você conheça o vovô.

Os dois voltaram e Lucy ficou apreensiva por entrar na casa de Lisanna. A loira tinha medo do que poderia acontecer. Natsu por sua vez estava tão animado com o passeio que nem pensou na albina. Eles chegaram na casa e Lucy foi apresentada a Makarov. O velho estava fumando um cachimbo e logo se encantou com Lucy.

– Uau! É muito linda mesmo!

– Obrigado. Eu tento cuidar para que minha cerejeira esteja sempre bonita. – a cerejeira da casa de Natsu estava começando a brotar suas primeiras cerejas. Lucy estava maravilhada.

– Eu sempre a vejo pela janela do meu quarto.

– Pois deveria continuar lá na sua casa ao invés de vir nos perturbar. – Lisanna disse quando passou pela porta que dava ao jardim dos fundos e saiu rapidamente.

– Ah bem... – Lucy havia ficado sem jeito com o comentário da garota.

– Não se preocupe. Lisanna está com raiva do Natsu, e não de você.

– Acho que eu devo ir. Está ficando tarde.

Natsu acompanhou Lucy até a casa dela. os dois comentavam sobre o passeio e o rosado nao parava de contar casos engraçados que aconterecam no bairro.

– E teve um dia que eu tive se sair correndo por que um cachorro bravo veio na minha direção. eu estava com o Happy...

– Ai Natsu, nao consigo mais rir, minha barriga está doendo.

– Bem, já chegamos. Está entregue, e antes das duas horas. - Disse o garoto, olhando para seu relógio.

– Éh, tenho que entrar. - os dois ficaram em silencio por um momento, querendo não se despedir. - Gostei muito do passeio Natsu. Espero que possamos fazer isso mais vezes.

– Claro, sempre que voce tiver livre. - Lucy acenou um tchau e passou pelos grandes portões da mansão. enquanto ela caminhava para sua casa, sentia como seu sangue pulsar por todo seu corpo,tamanha era a força e rapidez dos batimentos cardíacos.

Natsu por sua vez sentia borboletas no estomago e um nervosismo enorme, que aumentava cada vez que Lucy dava um passo a mais em direção a porta.

– Até mais Lucy.- Gritou o rosado, quando a loira finalmente passou pela porta da casa, e assim ele pôde ir para casa, dormir.