Dcaa escrita por NMCMsama


Capítulo 10
Banheiros e Espelhos - Parte V


Notas iniciais do capítulo

E a aventura continua! Agora estamos no Brasil!!



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O sol estava forte. Eu não me lembrava do sol ser tão forte assim! Será que me adaptei com uma paisagem nebulosa e escura do submundo, de tal maneira, que agora esse ambiente ensolarado, tropical me parecia extremo? Estava também se sentindo cansado. Isso era estranho.

Uma sombra cobriu a minha cabeça, logo notei um guarda-chuva que estava sendo segurado por Noir.

— Os raios ultra violetas afetam os seres do submundo, diminuindo nosso poder, por isso, evitamos fazer missões em plena luz do dia, ainda mais as manifestações de fantasmas fugitivos e outras criaturas normalmente ocorrem a noite ou em ambiente escuros, seguindo a mesma lógica. O Brasil, principalmente o Nordeste aonde nos encontramos, se encontra na zona de maior incidência solar, por estar nas proximidades da linha do Equador. – Explicou em um tom acadêmico o príncipe das trevas, fazia sentindo, afinal, as terras de Hades não havia quase nenhuma luz,  a não ser aquelas provocadas por fogos fátuos, magia,  ação de algum dragão irritado (ou gripado) ou mesmo flatulência de alguns seres sobrenaturais (altamente inflamável), o submundo era uma eterna penumbra com vestígios ínfimos de luminescências.

— Então, não devíamos esperar até o anoitecer? – Inqueriu, agora se preocupando com Noir, como sua pele extremamente pálida que parecia reluzir sob o efeito  da luz solar. Se essa mesma luz o afetava não era claro por sua falta de expressão facial deixava difícil de tecer hipóteses.

— Não, a escola que iremos investigar só tem turno matutino.

— Uma coisa que não entendo de toda essa história... Essas lendas urbanas, como a loira do banheiro, digo, sempre existiam, toda a escola tem sua versão e nem por isso significa que em todos esses banheiros existe um demônio travesti pronto para capturar alguma alma inocente...

— Está certo, muitos destes casos de fato não são reais. Mas aí está a vantagem desses demônios, eles se escondem por trás das lendas e boatos enquanto podem fazer a sua coleta. Digamos que nesse momento centenas de brasileiros estão invocando a loira do banheiro, deste grupo, dois ou três irão de fato entrar em contado da entidade sobrenatural e terão suas almas roubadas. Trata-se de uma questão estatística, por isso, nosso sistema de busca por eventos paranormais teve dificuldade de localiza-los, havia muito falsos positivos que obscurecia os eventos reais...

Noir como sempre, sendo bem informado. Soltei um suspiro, eu me sentia desconfortável, mas a verdade é que eu não sabia muito bem a causa. O sol forte? O fato que iremos investigar um dos meus maiores medos da minha infância: a loira do banheiro? Ou será que...

Talvez sejam as lembranças de minha morte...

— Nossa! Aqui é quente! Isso é tão emocionante! – Otto que usava uma sunga de cor laranja gritante. Acredito que para não demonstrar que tinha denegrido e muito o rígido padrão de vestimentas de um funcionário do submundo, ainda portava a sua gravata (agora negra). Otto estava com um creme e passava vigorosamente sobre a sua pele pálida, nem ligando que, apesar do sol e do cheiro marítimo, não estavam em uma praia, mas sim no meio do centro agitado de Natal (Rio Grande do Norte). As pessoas passavam e miravam com assombro o rapaz e apontavam para a sua suga. Perfeito! Lá se vai o objetivo de ser discreto nas nossas missões.

— Idiota, expondo assim diretamente ao sol não terá nem força de conjurar a sua foice. – Reclamou Bill, pelo menos ele manteve a etiqueta de um profissional ceifador, usando seu smoking negro, óculos escuros e... Bem, pensando bem, isso também chamava atenção!

— Pessoal, que tal irmos para um local com menos huma...Digo, pessoas? – Sussurrei já começando andar para um lugar afastado.

— Por que não estamos já dentro da escola? – Perguntei a Noir que me seguia com o guarda-chuva.

— Achei que seria mais fácil nos infiltrar sem sermos estudantes, não temos tempo para formalidades. Temos que capturar o demônio e se possível achar o centro de sua organização, por isso, não tive tempo me preocupando com identidades falsas e tudo isso.

Soltei um suspiro cansado, realmente tínhamos saído do submundo com bastante pressa, ao contrário das outras missões a qual havia uma preocupação com o planejamento e principalmente com a infiltração dos ceifadores sem muito alarde. Entendo também o motivo de nossa pressa... Esses demônios estão a algum tempo atuando, quantas almas humanas foram já capturadas? Isso afetaria diretamente o fluxo do rio dos mortos (atravessa o mundo dos vivos até o submundo em um eterno ciclo de morte e reencarnação) e alteraria o equilíbrio entre os dois mundos, o que poderia trazer um total colapso de proporções dantescas. Ou seja... Se os demônios continuarem assombrando os banheiros e os espelhos da humanidade, no final, todos seremos FERRADOS, LASCADOS, FUDID... Ok, acho que fui bastante expressivo quanto a seriedade do assunto.

O grupo conseguiu se concentrar em um lugar mais tranquilo e sem muitos olhos curiosos.

— Então, deixa eu ver se entendi...Vamos invadir uma escola assim? – Apontei para Otto com suas poucas roupas (e sunga chamativa) e Bill que parecia um agente federal de algum seriado policial. Noir também não era muito diferente, usando um terno e tendo uma aparência de um pré-adolescente era, talvez, o mais esquisito do grupo.

— Sim. – Concordou o príncipe do submundo com um aceno – E teremos que ser rápidos, fui informado pelo departamento de inteligência dos DCAA que uma invocação será feita.

Levei a minha mão a cabeça, apesar do sol e calor não estava suado. Acho que só os vivos mesmo é que poderiam produzir suor, quem sabe? Meu dever como consultor era tentar manter os ceifadores fora de confusão enquanto estavam no mundo humano, mas isso estava cada vez mais difícil... Principalmente com aquele trio.

Como para exemplificar o fato Otto tinha tirando uma toalha (Só deus sabe de onde!) e a estirou no chão de concreto e se deitou, tomando sol tranquilamente.

— Bill, passe creme nas minhas costas? – Ainda teve o descaramento de pedir. Bill, por sua vez, parecia ter sido afetado pelo sol, pois seu rosto já estava todo avermelhado...

— Pessoal... Vamos nos concentrar, sim?

— Não, Otto e Bill não serão necessários. – Disse Noir, pude notar que ele tinha cerrado o punho e chamas escuras começara a surgir ao redor do seu pulso tomando formas de serpentes e logo se desfaziam em mais chamas. Aquele era o poder do 13° filho de Hades, o fogo das trevas...

— Essa é minha tarefa, como filho de meu pai. – Continuou a dizer o príncipe – Irei capturar e encontrar o ninho dos demônios.

— N-Noir... Você sozinho? Digo... Sei das suas habilidades mas... – Falei receoso.

— Vocês viram como eles reagiram a presença de filhos de Hades, somos os únicos capazes de controla-los e extradita-los para o submundo.

Eu estava prestes a sugerir um reforço, quem sabe outro filho de Hades, mas me contive ao ver a determinação no olhar de Noir.

Conclui duas coisas naquele momento... Uma que Noir podia ser teimoso  como era inteligente, o que era uma grande contradição, pois estava prestes a fazer uma burrice...

E que era bem provável que entraríamos em uma grande... Grande... Confusão.

Além disso, nunca gostei de demônios, e ainda mais fantasiados de loira do banheiro? Só posso rogar que Hades nos ajude, de alguma forma!


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Notas finais do capítulo

Escolhi Natal pois é minha cidade!
Próximo cap será a invocação e o enfrentamento dos demonios!!

Espero que estejam gostando!



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