Dcaa escrita por NMCMsama


Capítulo 9
Banheiros e Espelhos - Parte IV


Notas iniciais do capítulo

Continuando a aventura pelo banheiroooooooooo



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— Oi! Noir! Noir! Me escuta! – Choramingou Dante que estava na mesa a frente do 13° filho de Hades. Era difícil acreditar que aqueles dois eram irmãos devido as diferenças não só físicas, Noir com sua pele alva e cabelos negros intensos, Dante com pele morena e cabelos castanhos meio encaracolados , como também de personalidade... Na verdade, talvez, para mim, fosse mais difícil de crer que Dante era o irmão mais velho!

— Você está perturbando o ambiente de trabalho. – Respondeu Noir, como sempre muito profissional. O príncipe do submundo estava ocupado escrevendo o relatório de nossa última missão no Japão (algo que irá ficar eternamente em meus pesadelos... Um demônio fazendo copsplay no banheiro feminino e sendo sugando pela a privada –literalmente-? Essa missão está sendo pior que a busca pelo Bob, Slender man!), Dante também deveria escrever o seu relatório de sua própria missão nos Estados Unidos, mas o que o 12° filho de Hades está de fato fazendo, além de choramingar e fazer birra, era desenhar girafas no formulário... Dante era muito estranho...

— Noir! Fale com papai... Sei que se você falar com ele tenho total certeza que ele irá reconsiderar. – Continuou a sua lamúria.

Noir, por fim, cedeu. Soltou um grande suspirou e fitou o irmão.

— Eu não vou pedir ao nosso pai que te devolva a girafa inflável, Dante!

— O nome dela é Dona Mariquinha!

— Eu não importo se você já nomeou aquele objeto inanimado...

— M-mas, isso é injusto! Eu fiz o que você me pediu!

— Eu não te pedi para roubar a câmera obscura do papai e quebra-la!

— Ela não está quebrada... Só está meio que... Saindo fumaça pelos cantos...

— Sabe quanto tempo levou para ser construída?

Dante deu os ombros.

— E para quê criar uma câmera que não se pode usar para tirar fotos!

Noir balançou a cabeça, claramente não querendo explicar ao seu irmão pela a milésima vez a função da câmera, mas eu até que entendia a necessidade do uso daquele dispositivo, afinal, não dá para levar um oioide para o mundo humano sem causar um alvoroço.

BAM!

Alguém bateu com força na mesa aonde Dante estava, fazendo todos no escritório do departamento de ceifadores se sobressaltarem.

— Cadê o seu relatório? – A garota falou, ops... Digo, garoto, sempre confundo. Que Virgílio nunca saiba que eu ainda o confundo com o sexo feminino na minha cabeça... Ele pode ser bastante vingativo quanto a essa questão delicada.  Ainda mais, considero ele meu amigo, estamos no mesmo barco: servimos de babás para a realeza do submundo e antes éramos humanos. Fantasmas tem que se unir!

— Bem... – Dante cruzou os braços e os apoio sobre o papel, detinha um sorriso bobo no rosto (algo que era quase que constante em suas feições) – Eu estou fazendo, sabe?

— Sério?– Virgílio apontou para o lado oposto da sala – Olha!  Dona Mariquinha!

— Onde?! – O jovem príncipe se levantou, ansioso para ter o vislumbre da girafa inflável. Nesse meio tempo o fantasma roubou a folha e analisou com um olhar extremamente crítico. Podia ver as veias saltando em sua testa. Ainda bem que Virgílio estava morto... Pois tenho quase certeza que Dante podia causar um aneurisma ou ataque cardíaco em seu andrógeno guardião.

— Dante... Você... – Parou para expirar e inspirar lentamente, depois praticamente enfiou a folha de papel no rosto do outro – O que significa isso? Você sendo o 12° filho de Hades deveria ter o mínimo de compromisso com o trabalho a qual foi designado! Desenhos de girafas não fazem parte do relatório!

Nesse momento, meio que me desliguei do falatório dito pelo meu companheiro fantasma, sei muito bem que ele iria proferir uma longa lista de reclamações que seriam totalmente ignoradas por Dante.

— Eric... – Para minha surpresa notei que Noir estava mostrando o seu relatório para mim. Fiquei sem saber o que responder. Ele queria que eu corrigisse? Noir nunca me pediu para tratar desses assuntos. Espera! Talvez ele quisesse outra coisa... O 13° filho de Hades, ao contrário de seu irmão mais velho, não demonstrava seus sentimentos por meio de expressões faciais, logo, para mim, as vezes Noir era um verdadeiro enigma. Mas, agora... Acho que sei o que ele quer.

Estendi a minha mão e dei um tapinha carinhoso sob sua cabeleira negra.

— Está perfeito, como sempre, Noir. – O parabenizei e rezei para ter acertado em minha previsão. Uma nova surpresa, Noir deu um pequeno (quase que mínimo) sorriso.

— Hã? – Dante franziu o cenho – Por que ele ganha carinho e eu não?

Virgílio deu um tremendo tapa na nuca do príncipe do submundo.

— Se você fizesse o que deveria talvez, e só talvez, poderia ganhar uma recompensa.

— Sério? – Inqueriu massageando o local machucado – Você iria me dar uma recompensa. Qualquer coisa que eu quisesse?

Virgílio parecia relutante em responder.

— Talvez.

Dante deu um sorriso, desta vez não era o seu famoso “sorriso bobo”. Oh! Não sabia que aquele cara podia ter um sorriso malandro como aquele. Virgílio rangeu os dentes, provavelmente tinha entendido algo que eu não sabia...

— Pessoal! Pessoal! Nova missão! – Otto entrou na sala, afoito.

— Mas acabamos de voltar de uma... – Resmunguei, nem tive tempo de tomar um banho para tirar o cheiro de flores de cerejeira (deveria ser o aromatizante do banheiro que investigamos) impregnado em minha roupa.

— Essa missão parece estar relacionada com as missões anteriores. – Disse Bill, nosso ceifador que usa óculos escuros em qualquer ocasião – Nossos superiores acreditam que existe uma organização demoníaca que se utiliza do banheiro como a forma de conseguir almas frescas...

Demônios, seres do submundo criados a partir de desejos humanos. O rio das almas que atravessa o mundo inferior, levando os espíritos dos mortos rumo a reencarnação, é uma das fontes de poder sobrenatural que alimenta todo o reino de Hades. O poder do rio é tão grande que os sentimos como dores, arrependimentos, ódio, vingança... Enfim, tudo isso que os humanos carregam quando morrem, são trazidos para o submundo, e acabam se materializando em contato com a “magia” e originando novas formas vivas, esses seriam os demônios. Para evitar uma superpopulação desses seres, existe uma barreira de contensão de energia as margens do rio, mas, uma hora ou outra, existe um vazamento e novos demônios são criados. Não me admira que alguns tenham arranjado um jeito de escapar e ir ao mundo humano. Se alimentar daquilo que lhes deu origem, só que em sua totalidade: a alma.

— Temos que arrumar um jeito de seguir um deles até o seu covil. – Analisou Noir.

— Exatamente. Por isso, temos uma nova missão! – Otto estava animado para ir ao mundo humano (de novo) – Desta vez, nosso alvo está no Brasil!

— Hã?! No Brasil?

— Essa é seu antigo lar, não é mesmo, Eric? – Perguntou Noir com interesse.

— Isso... Mas... Se o nosso alvo é lá e...Oh! Não! – Caiu a ficha. Os demônios estavam se utilizando de famosas lendas urbanas relacionados a banheiros, logo, se o alvo se encontrava no Brasil.

 – Loira do banheiro... – Balbucie medroso. Um trauma da minha infância sendo revivido. Droga! Eu pensei que tinha superado esse medo bobo, ainda mais, depois de Slender man, já devia saber que nada é o que parece e que a maioria desses ditos “monstros” são uma verdadeira propaganda enganosa.

— Brasil? Lá tem mulheres com grandes... – Dante demonstrou com as mãos o que ele queria dizer. Segurou melões imaginários no seu peitoral e depois repetiu o gesto agora na sua bunda. Até ali no submundo existem os estereótipos das brasileiras?

— Você não vai. – Cortou Virgílio – Devo lembrar que tens um relatório para terminar e creio que você está de castigo. Ele te delegou uma tarefa, se não me engano.

— Ajudar o senhor Bob com as reformas do palácio... – Resmungou deixando sua cabeça cair na mesa.

De certa forma, compartilhava com o seu desespero. Bob e sua arte? Pior coisa!

Não... Pior foi ser obrigado a sair em um encontro com aquele suposto professor de arte! Ter que aguentar o seu flerte e mãos bobas...

Trauma eterno!

— Vamos nos preparar para ir ao Brasil. Desta vez, não podemos falhar. – Disse por fim Noir.

Engoli em seco, sentindo um pouco de nervosismo (e medo) me dominando. Essa era a nova missão:

 A caçada a Loira do Banheiro.


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Notas finais do capítulo

Loira do banheiro! Quase toda escola tem a sua!
Vocês sabem como invoca-la?



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